O trabalho do(a)s assistentes sociais em tempos de precarização do trabalho e das políticas sociais : desafios e resistências

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Corrêa, Laís Duarte
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/222614
Resumo: Esta dissertação trata de um estudo que versa sobre a temática o trabalho do(a) Assistente Social no contexto contemporâneo, e teve como objetivo geral Analisar como se dá o trabalho dos(as) Assistentes Sociais vinculado(a)s às Seccionais do CRESS 10ª Região, seus desafios e resistências, frente aos impactos da contrarreforma do Estado e a crescente precarização das políticas sociais. Importa mencionar que esta pesquisa foi incluída enquanto adendo de um Projeto Guarda-Chuva de cunho interinstitucional denominado “Perfil, Formação e Trabalho dos(as) Assistentes Sociais do Rio Grande do Sul”. A vertente teórica que orientou este estudo foi o método dialético marxista, em uma pesquisa de enfoque misto, a partir da realização de dois grupos focais em cada Seccional do CRESS 10ª Região: Caxias do Sul e Pelotas. Além disso, também se utilizou dos questionários enviados a partir da Pesquisa Interinstitucional, com um recorte a partir das cidades que compõem as Seccionais. O questionário foi armazenado na Plataforma Survey Monkey, a partir da qual os dados foram extraídos já quantificados, e organizados permitindo a análise de variáveis de tipo inferencial. Foi realizado tratamento estatístico simples. Em relação aos grupos focais, foram realizados em dois momentos sob a moderação da mestranda, gravados e posteriormente transcritos. As transcrições foram categorizadas, a partir da análise de conteúdo, privilegiando recortes frequenciais e temáticos. Responderam ao questionário 491 Assistentes Sociais vinculados às Seccionais de Caxias do Sul e Pelotas. Este número corresponde a 16,7% do total de respondentes da pesquisa guarda-chuva, os quais totalizaram 2.930 respondentes. A partir deste estudo foi possível identificar que os(as) Assistentes Sociais das regiões adstritas às Seccionais são majoritariamente mulheres (84,58%), brancas (74,86%), casadas (37,24%), solteiras (14,43%) e em união estável (15,23%). A maior porcentagem de profissionais está inserida no âmbito das políticas sociais de seguridade social, 78% em Pelotas e 83% em Caxias do Sul. A política de Assistência Social, dentro do tripé representa a maioria das inserções, 58,79%, dado que se relaciona diretamente com o avanço da implementação do SUAS no país a partir dos governos petistas. Em Caxias do Sul, o vínculo estatutário (51,26%) se dá em porcentagem maior aos demais vínculos, dos quais os mais precários (sem vínculo, temporário, terceirizados) totalizam 9,5%. Já em Pelotas, o vínculo estatutário (49,33%) e celetista (24,67%) somam 73,9%, e os vínculos de trabalho mais precários, somam 10% das inserções, permitindo a identificação de tendências de precarização à profissão. Além disso, identificou-se que os(as) Assistentes Sociais ao caracterizarem seu trabalho o fazem a partir das precarizações que vivenciam no trabalho. Neste sentido, a intensificação do trabalho é considerada uma dificuldade/desafio vivenciada em maior porcentagem tanto pelos profissionais da região de Pelotas (36,00%), quanto em Caxias do Sul (44,72%). Ainda, foi possível identificar diferentes concepções acerca do trabalho, e que os(as) Assistentes Sociais utilizam diferentes referenciais teóricos. Neste sentido, em relação aos referenciais teóricos utilizados no trabalho, em Pelotas, os referenciais que diferem do marxista , se somados, chegam a 93%, com destaque para os clínicos (36%) e pós-modernos (26%), ou seja, o conjunto ultrapassa o uso do referencial marxista (54,6%), diferente de Caxias do Sul, onde o referencial marxista é informado por 78,3% dos respondentes, e outros referenciais somam 51%, com destaque para os referenciais clínicos e terapêuticos que somam sozinhos 20,6%. Somados os dados das duas Seccionais, os referenciais clínicos aparecem em 62% das expressões. Também e ainda, não identificam somente a questão social como objeto de trabalho. A Seccional de Pelotas identificou em maior porcentagem as vulnerabilidades e riscos sociais como objeto de trabalho, 81,33%, sendo seguidas das relações sociais e/ou familiares, 74,67%, e em terceiro lugar, as múltiplas expressões da questão social, com 58%. O mesmo se repete na Seccional de Caxias do Sul, sendo as relações sociais e/ou familiares o objeto de trabalho com maior porcentagem, 83,92%, seguidos das múltiplas expressões da questão social, 74,87%, que representam a mesma porcentagem, ou seja, 74,87%, em relação às vulnerabilidades sociais. Contudo, apesar das dificuldades vivenciadas no trabalho, os(as) Assistentes Sociais identificam possibilidades de resistência. Tais possibilidades foram identificadas tanto no âmbito individual, quanto no âmbito coletivo. Contudo, vale-se dizer que nenhuma estratégia individual se efetiva sem a organização coletiva. Nessa via, os(as) Assistentes Sociais referiram os conselhos, a rede de políticas sociais, os movimentos sociais, sindicatos e as entidades político-representativas da categoria como espaços de resistência. Foi identificada a pouca participação de Assistentes Sociais. Aponta-se para a necessidade de fortalecimento da dimensão políticoorganizativa da categoria, como estratégia de enfretamento frente ao avanço da precarização do mundo do trabalho e das políticas sociais.
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Além disso, também se utilizou dos questionários enviados a partir da Pesquisa Interinstitucional, com um recorte a partir das cidades que compõem as Seccionais. O questionário foi armazenado na Plataforma Survey Monkey, a partir da qual os dados foram extraídos já quantificados, e organizados permitindo a análise de variáveis de tipo inferencial. Foi realizado tratamento estatístico simples. Em relação aos grupos focais, foram realizados em dois momentos sob a moderação da mestranda, gravados e posteriormente transcritos. As transcrições foram categorizadas, a partir da análise de conteúdo, privilegiando recortes frequenciais e temáticos. Responderam ao questionário 491 Assistentes Sociais vinculados às Seccionais de Caxias do Sul e Pelotas. Este número corresponde a 16,7% do total de respondentes da pesquisa guarda-chuva, os quais totalizaram 2.930 respondentes. 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Além disso, identificou-se que os(as) Assistentes Sociais ao caracterizarem seu trabalho o fazem a partir das precarizações que vivenciam no trabalho. Neste sentido, a intensificação do trabalho é considerada uma dificuldade/desafio vivenciada em maior porcentagem tanto pelos profissionais da região de Pelotas (36,00%), quanto em Caxias do Sul (44,72%). Ainda, foi possível identificar diferentes concepções acerca do trabalho, e que os(as) Assistentes Sociais utilizam diferentes referenciais teóricos. Neste sentido, em relação aos referenciais teóricos utilizados no trabalho, em Pelotas, os referenciais que diferem do marxista , se somados, chegam a 93%, com destaque para os clínicos (36%) e pós-modernos (26%), ou seja, o conjunto ultrapassa o uso do referencial marxista (54,6%), diferente de Caxias do Sul, onde o referencial marxista é informado por 78,3% dos respondentes, e outros referenciais somam 51%, com destaque para os referenciais clínicos e terapêuticos que somam sozinhos 20,6%. Somados os dados das duas Seccionais, os referenciais clínicos aparecem em 62% das expressões. Também e ainda, não identificam somente a questão social como objeto de trabalho. A Seccional de Pelotas identificou em maior porcentagem as vulnerabilidades e riscos sociais como objeto de trabalho, 81,33%, sendo seguidas das relações sociais e/ou familiares, 74,67%, e em terceiro lugar, as múltiplas expressões da questão social, com 58%. O mesmo se repete na Seccional de Caxias do Sul, sendo as relações sociais e/ou familiares o objeto de trabalho com maior porcentagem, 83,92%, seguidos das múltiplas expressões da questão social, 74,87%, que representam a mesma porcentagem, ou seja, 74,87%, em relação às vulnerabilidades sociais. Contudo, apesar das dificuldades vivenciadas no trabalho, os(as) Assistentes Sociais identificam possibilidades de resistência. Tais possibilidades foram identificadas tanto no âmbito individual, quanto no âmbito coletivo. Contudo, vale-se dizer que nenhuma estratégia individual se efetiva sem a organização coletiva. Nessa via, os(as) Assistentes Sociais referiram os conselhos, a rede de políticas sociais, os movimentos sociais, sindicatos e as entidades político-representativas da categoria como espaços de resistência. Foi identificada a pouca participação de Assistentes Sociais. Aponta-se para a necessidade de fortalecimento da dimensão políticoorganizativa da categoria, como estratégia de enfretamento frente ao avanço da precarização do mundo do trabalho e das políticas sociais.This dissertation deals with a study that deals with the theme the work of the Social Worker in the contemporary context, and had the general objective of analyzing how the work of the Social Assistants linked to the Sectionals of CRESS 10ª Region, its challenges and resistance, in the face of the impacts of the State's counter-reform and the growing precariousness of social policies. It is important to mention that this research was included as an addendum to an interinstitutional umbrella project called “Profile, Training and Work of Social Assistants in Rio Grande do Sul”. The theoretical aspect that guided this study was the Marxist dialectic method, in a research with a mixed focus, based on the realization of two focus groups in each Sectionals of CRESS 10th Region: Caxias do Sul and Pelotas. In addition, questionnaires sent from the Interinstitutional Survey were also used, with a cut from the cities that make up the Sectionals. The questionnaire was stored on the Survey Monkey Platform, from which the data were extracted already quantified, and organized allowing the analysis of inferential variables. Simple statistical treatment was performed. Regarding the focus groups, they were carried out in two moments under the moderation of the master's student, recorded and later transcribed. The transcripts were categorized, based on content analysis, favoring frequent and thematic clippings. 491 Social Workers linked to the Caxias do Sul and Pelotas branches answered the questionnaire. This number corresponds to 16.7% of the total respondents in the Survey Monkey, which totaled 2,930 respondents. From this study it was possible to identify that the Social Workers in the regions assigned to the Sectionals are mostly women (84.58%), white (74.86%), married (37.24%), single (14.43%) ) and in a stable union (15.23%). Most have training in the face-toface teaching modality (72.41%), and are working in the area (81.68%). The highest percentage of professionals is inserted in the scope of social policies of social security, 78% in Pelotas and 83% in Caxias do Sul. The Social Work policy, within the tripod represents the majority of insertions, 58.79%, given that it is directly related to the progress of the implementation of SUAS in the country from PT governments. In Caxias do Sul, the statutory bond (51.26%) occurs in a higher percentage than the other bonds, of which the most precarious (without bond, temporary, outsourced) total 9.5%. In Pelotas, the statutory (49.33%) and hired labor (24.67%) bonds add up to 73.9%, and the most precarious work bonds add up to 10% of insertions, allowing the identification of precariousness trends in the profession . In addition, it was identified that Social Workers, when characterizing their work, do so from the precariousness they experience at work. In this sense, intensification of work is considered a difficulty / challenge experienced in a greater percentage both by professionals in the Pelotas region (36.00%) and in Caxias do Sul (44.72%). Still, it was possible to identify different conceptions about work, and that Social Workers use different theoretical references. In this sense, in relation to the theoretical references used in the work, in Pelotas, the references that differ from the Marxist, if added, reach 93%, with emphasis on the clinicians (36%) and post-modern (26%), that is , the group goes beyond the use of the Marxist framework (54.6%), differently from Caxias do Sul, where the Marxist framework is informed by 78.3% of the respondents, and other references add up to 51%, with emphasis on the clinical and treatments that add up to 20.6% alone. Adding the data from the two sectionals, the clinical references appear in 62% of the expressions. Also and still, they do not identify only the social issue as an object of work. The Sectional de Pelotas identified a greater percentage of vulnerabilities and social risks as the object of work, 81.33%, followed by social and / or family relationships, 74.67%, and thirdly, the multiple expressions of the social issue, with 58%. The same is repeated in the Caxias do Sul Sectional, with social and / or family relations being the object of work with the highest percentage, 83.92%, followed by the multiple expressions of the social issue, 74.87%, which represent the same percentage , that is, 74.87%, in relation to social vulnerabilities. However, despite the difficulties experienced at work, Social Workers identify possibilities for resistance. Such possibilities have been identified both at the individual and collective levels. However, it is worth saying that no individual strategy is effective without collective organization. In this way, the Social Workers referred to the councils, the social policy network, the social movements, unions and the political-representative entities of the category as spaces of resistance. Little participation by Social Workers was identified. It points to the need to strengthen the political-organizational dimension of the category, as a coping strategy in the face of the advancing precariousness of the world of work and social policies.application/pdfporAssistente socialFormação profissionalServiço socialPolítica socialWork of the social workerSocial workPolitical-organizational dimensionO trabalho do(a)s assistentes sociais em tempos de precarização do trabalho e das políticas sociais : desafios e resistênciasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de PsicologiaPrograma de Pós-Graduação em Política Social e Serviço SocialPorto Alegre, BR-RS2020mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001118367.pdf.txt001118367.pdf.txtExtracted Texttext/plain338425http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/222614/2/001118367.pdf.txta29284f3683c02e4dfaad37fbaeb9bc1MD52ORIGINAL001118367.pdfTexto completoapplication/pdf1129767http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/222614/1/001118367.pdf67c02f6197bcbc87eebace40629e0109MD5110183/2226142021-06-26 04:37:23.743297oai:www.lume.ufrgs.br:10183/222614Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532021-06-26T07:37:23Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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O questionário foi armazenado na Plataforma Survey Monkey, a partir da qual os dados foram extraídos já quantificados, e organizados permitindo a análise de variáveis de tipo inferencial. Foi realizado tratamento estatístico simples. Em relação aos grupos focais, foram realizados em dois momentos sob a moderação da mestranda, gravados e posteriormente transcritos. As transcrições foram categorizadas, a partir da análise de conteúdo, privilegiando recortes frequenciais e temáticos. Responderam ao questionário 491 Assistentes Sociais vinculados às Seccionais de Caxias do Sul e Pelotas. Este número corresponde a 16,7% do total de respondentes da pesquisa guarda-chuva, os quais totalizaram 2.930 respondentes. A partir deste estudo foi possível identificar que os(as) Assistentes Sociais das regiões adstritas às Seccionais são majoritariamente mulheres (84,58%), brancas (74,86%), casadas (37,24%), solteiras (14,43%) e em união estável (15,23%). A maior porcentagem de profissionais está inserida no âmbito das políticas sociais de seguridade social, 78% em Pelotas e 83% em Caxias do Sul. A política de Assistência Social, dentro do tripé representa a maioria das inserções, 58,79%, dado que se relaciona diretamente com o avanço da implementação do SUAS no país a partir dos governos petistas. Em Caxias do Sul, o vínculo estatutário (51,26%) se dá em porcentagem maior aos demais vínculos, dos quais os mais precários (sem vínculo, temporário, terceirizados) totalizam 9,5%. Já em Pelotas, o vínculo estatutário (49,33%) e celetista (24,67%) somam 73,9%, e os vínculos de trabalho mais precários, somam 10% das inserções, permitindo a identificação de tendências de precarização à profissão. Além disso, identificou-se que os(as) Assistentes Sociais ao caracterizarem seu trabalho o fazem a partir das precarizações que vivenciam no trabalho. Neste sentido, a intensificação do trabalho é considerada uma dificuldade/desafio vivenciada em maior porcentagem tanto pelos profissionais da região de Pelotas (36,00%), quanto em Caxias do Sul (44,72%). Ainda, foi possível identificar diferentes concepções acerca do trabalho, e que os(as) Assistentes Sociais utilizam diferentes referenciais teóricos. Neste sentido, em relação aos referenciais teóricos utilizados no trabalho, em Pelotas, os referenciais que diferem do marxista , se somados, chegam a 93%, com destaque para os clínicos (36%) e pós-modernos (26%), ou seja, o conjunto ultrapassa o uso do referencial marxista (54,6%), diferente de Caxias do Sul, onde o referencial marxista é informado por 78,3% dos respondentes, e outros referenciais somam 51%, com destaque para os referenciais clínicos e terapêuticos que somam sozinhos 20,6%. Somados os dados das duas Seccionais, os referenciais clínicos aparecem em 62% das expressões. Também e ainda, não identificam somente a questão social como objeto de trabalho. A Seccional de Pelotas identificou em maior porcentagem as vulnerabilidades e riscos sociais como objeto de trabalho, 81,33%, sendo seguidas das relações sociais e/ou familiares, 74,67%, e em terceiro lugar, as múltiplas expressões da questão social, com 58%. O mesmo se repete na Seccional de Caxias do Sul, sendo as relações sociais e/ou familiares o objeto de trabalho com maior porcentagem, 83,92%, seguidos das múltiplas expressões da questão social, 74,87%, que representam a mesma porcentagem, ou seja, 74,87%, em relação às vulnerabilidades sociais. Contudo, apesar das dificuldades vivenciadas no trabalho, os(as) Assistentes Sociais identificam possibilidades de resistência. Tais possibilidades foram identificadas tanto no âmbito individual, quanto no âmbito coletivo. Contudo, vale-se dizer que nenhuma estratégia individual se efetiva sem a organização coletiva. 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