O estigma da má esposa : a insubordinação de Clitemnestra
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/277542 |
Resumo: | Este estudo analisa a personagem mítica Clitemnestra, sobretudo suas razões para realizar o ato extremo de executar o marido e a repercussão, a reação que tamanho feito causa. Na Antiguidade Clássica, o casamento era uma relação de poder e a esposa era uma subordinada hierárquica do marido. Ao eliminar o marido, Clitemnestra se insubordina de forma violenta, subverte a ordem e involuntariamente contesta todo o sistema político patriarcal de seu tempo: revolta-se contra a obediência absoluta que dela é exigida, reivindica o direito de fazer justiça pela filha sacrificada e se ira contra os desmandos do marido. Ela encarna a maior ameaça ao sistema político de que uma esposa é capaz (Foley, 2001, p. 201). As versões do mito da Oresteia variam e esse mito central para a pólis de Atenas foi retratado diversas vezes: na poesia épica, por Homero; na poesia lírica grega, por Píndaro; e na poesia trágica pelos três grandes tragediógrafos: Ésquilo, Sófocles e Eurípides. Um fator comum a todas as versões do mito é o empenho de reduzir as pertinentes interpretações, reivindicações e questionamentos de seu ato radical ao fato dela ser uma “má esposa”, de acordo com a maldição homérica nela lançada (Odisseia, Canto XI, v. 409-446). No entanto, esse esforço para refutar Clitemnestra parece falhar (Chesi, 2014, p. 1-2), sobretudo nas obras trágicas. Longe da questão ser dada como resolvida ao reduzir Clitemnestra a um mal exemplo de esposa, a tensão entre os sexos numa cultura que prega que um gênero deve dominar o outro se mantém consistentemente (Zeitlin, 1978, p. 163) (Pomeroy, 1995, p. 97). |
id |
URGS_96522eeba28ce79c10beed3d4f8a8379 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:www.lume.ufrgs.br:10183/277542 |
network_acronym_str |
URGS |
network_name_str |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
repository_id_str |
1853 |
spelling |
Bem, Tiago Irigaray deBrunhara, Rafael de Carvalho Matiello2024-08-23T06:29:20Z2024http://hdl.handle.net/10183/277542001209175Este estudo analisa a personagem mítica Clitemnestra, sobretudo suas razões para realizar o ato extremo de executar o marido e a repercussão, a reação que tamanho feito causa. Na Antiguidade Clássica, o casamento era uma relação de poder e a esposa era uma subordinada hierárquica do marido. Ao eliminar o marido, Clitemnestra se insubordina de forma violenta, subverte a ordem e involuntariamente contesta todo o sistema político patriarcal de seu tempo: revolta-se contra a obediência absoluta que dela é exigida, reivindica o direito de fazer justiça pela filha sacrificada e se ira contra os desmandos do marido. Ela encarna a maior ameaça ao sistema político de que uma esposa é capaz (Foley, 2001, p. 201). As versões do mito da Oresteia variam e esse mito central para a pólis de Atenas foi retratado diversas vezes: na poesia épica, por Homero; na poesia lírica grega, por Píndaro; e na poesia trágica pelos três grandes tragediógrafos: Ésquilo, Sófocles e Eurípides. Um fator comum a todas as versões do mito é o empenho de reduzir as pertinentes interpretações, reivindicações e questionamentos de seu ato radical ao fato dela ser uma “má esposa”, de acordo com a maldição homérica nela lançada (Odisseia, Canto XI, v. 409-446). No entanto, esse esforço para refutar Clitemnestra parece falhar (Chesi, 2014, p. 1-2), sobretudo nas obras trágicas. Longe da questão ser dada como resolvida ao reduzir Clitemnestra a um mal exemplo de esposa, a tensão entre os sexos numa cultura que prega que um gênero deve dominar o outro se mantém consistentemente (Zeitlin, 1978, p. 163) (Pomeroy, 1995, p. 97).This study analyzes the mythical character Clytemnestra, especially her reasons for carrying out the extreme act of executing her husband and the repercussions, the reaction that such an act causes. In Classical Antiquity, marriage was a power relation and the wife was a hierarchical subordinate of her husband. By eliminating her husband, Clytemnestra becomes violently insubordinate, subverts the order and involuntarily contests the entire patriarchal political system of her time: she revolts against the absolute obedience demanded of her, demands the right to do justice for her sacrificed daughter and anger against her husband's abuses. She embodies the greatest threat to the political system that a wife is capable of (Foley, 2001, p. 201). Versions of the myth of the Oresteia vary and this central myth for the polis of Athens was portrayed several times: in epic poetry, by Homer; in Greek lyric poetry, by Pindar; and in tragic poetry by the three great tragedians: Aeschylus, Sophocles and Euripides. A common factor in all versions of the myth is the effort to reduce the pertinent interpretations, claims and questions of her radical act to the fact that she was a “bad wife”, in accordance with the Homeric curse placed on her (Odyssey, Canto XI, v 409-446). However, this effort to refute Clytemnestra seems to fail (Chesi, 2014, p. 1-2), especially in the tragic works. Far from the issue being considered resolved by reducing Clytemnestra to a bad example of a wife, the tension between the sexes in a culture that preaches that one gender should dominate the other is consistently maintained (Zeitlin, 1978, p. 163) (Pomeroy, 1995, p. 97).application/pdfporLiteratura clássicaÉsquilo, 525-456 A.C. OrestéiaPindaroSófocles, 496?-406 A.CEurípides, 480-406 A.CClytemnestraOresteiaHomerAeschylusPindarSophoclesEuripidesO estigma da má esposa : a insubordinação de Clitemnestrainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de LetrasPrograma de Pós-Graduação em LetrasPorto Alegre, BR-RS2024mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001209175.pdf.txt001209175.pdf.txtExtracted Texttext/plain374587http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/277542/2/001209175.pdf.txta3b9baa4190fd3e7c97b7f37de5b6a48MD52ORIGINAL001209175.pdfTexto completoapplication/pdf1906474http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/277542/1/001209175.pdf9a2062b6abaeee68df50b18cc700e927MD5110183/2775422024-08-24 06:42:11.181512oai:www.lume.ufrgs.br:10183/277542Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532024-08-24T09:42:11Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
O estigma da má esposa : a insubordinação de Clitemnestra |
title |
O estigma da má esposa : a insubordinação de Clitemnestra |
spellingShingle |
O estigma da má esposa : a insubordinação de Clitemnestra Bem, Tiago Irigaray de Literatura clássica Ésquilo, 525-456 A.C. Orestéia Pindaro Sófocles, 496?-406 A.C Eurípides, 480-406 A.C Clytemnestra Oresteia Homer Aeschylus Pindar Sophocles Euripides |
title_short |
O estigma da má esposa : a insubordinação de Clitemnestra |
title_full |
O estigma da má esposa : a insubordinação de Clitemnestra |
title_fullStr |
O estigma da má esposa : a insubordinação de Clitemnestra |
title_full_unstemmed |
O estigma da má esposa : a insubordinação de Clitemnestra |
title_sort |
O estigma da má esposa : a insubordinação de Clitemnestra |
author |
Bem, Tiago Irigaray de |
author_facet |
Bem, Tiago Irigaray de |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Bem, Tiago Irigaray de |
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv |
Brunhara, Rafael de Carvalho Matiello |
contributor_str_mv |
Brunhara, Rafael de Carvalho Matiello |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Literatura clássica Ésquilo, 525-456 A.C. Orestéia Pindaro Sófocles, 496?-406 A.C Eurípides, 480-406 A.C |
topic |
Literatura clássica Ésquilo, 525-456 A.C. Orestéia Pindaro Sófocles, 496?-406 A.C Eurípides, 480-406 A.C Clytemnestra Oresteia Homer Aeschylus Pindar Sophocles Euripides |
dc.subject.eng.fl_str_mv |
Clytemnestra Oresteia Homer Aeschylus Pindar Sophocles Euripides |
description |
Este estudo analisa a personagem mítica Clitemnestra, sobretudo suas razões para realizar o ato extremo de executar o marido e a repercussão, a reação que tamanho feito causa. Na Antiguidade Clássica, o casamento era uma relação de poder e a esposa era uma subordinada hierárquica do marido. Ao eliminar o marido, Clitemnestra se insubordina de forma violenta, subverte a ordem e involuntariamente contesta todo o sistema político patriarcal de seu tempo: revolta-se contra a obediência absoluta que dela é exigida, reivindica o direito de fazer justiça pela filha sacrificada e se ira contra os desmandos do marido. Ela encarna a maior ameaça ao sistema político de que uma esposa é capaz (Foley, 2001, p. 201). As versões do mito da Oresteia variam e esse mito central para a pólis de Atenas foi retratado diversas vezes: na poesia épica, por Homero; na poesia lírica grega, por Píndaro; e na poesia trágica pelos três grandes tragediógrafos: Ésquilo, Sófocles e Eurípides. Um fator comum a todas as versões do mito é o empenho de reduzir as pertinentes interpretações, reivindicações e questionamentos de seu ato radical ao fato dela ser uma “má esposa”, de acordo com a maldição homérica nela lançada (Odisseia, Canto XI, v. 409-446). No entanto, esse esforço para refutar Clitemnestra parece falhar (Chesi, 2014, p. 1-2), sobretudo nas obras trágicas. Longe da questão ser dada como resolvida ao reduzir Clitemnestra a um mal exemplo de esposa, a tensão entre os sexos numa cultura que prega que um gênero deve dominar o outro se mantém consistentemente (Zeitlin, 1978, p. 163) (Pomeroy, 1995, p. 97). |
publishDate |
2024 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2024-08-23T06:29:20Z |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2024 |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/masterThesis |
format |
masterThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10183/277542 |
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv |
001209175 |
url |
http://hdl.handle.net/10183/277542 |
identifier_str_mv |
001209175 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) instacron:UFRGS |
instname_str |
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) |
instacron_str |
UFRGS |
institution |
UFRGS |
reponame_str |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
collection |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
bitstream.url.fl_str_mv |
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/277542/2/001209175.pdf.txt http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/277542/1/001209175.pdf |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
a3b9baa4190fd3e7c97b7f37de5b6a48 9a2062b6abaeee68df50b18cc700e927 |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) |
repository.mail.fl_str_mv |
lume@ufrgs.br||lume@ufrgs.br |
_version_ |
1810085649619877888 |