Da escola à empresa educadora : a inclusão como uma estratégia de fluxo-habilidade

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rech, Tatiana Luiza
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/115966
Resumo: A presente Tese tem por principal objetivo problematizar a relação entre escola e empresa no Brasil; mais especificamente, verificar como a escola e a empresa se articulam em prol da inclusão de jovens com deficiência no mercado de trabalho. Inspirada na genealogia e a partir dos estudos de Michel Foucault, a investigação procurou compreender alguns aspectos da proveniência e as condições de emergência da articulação entre escola e empresa e, nesse movimento, demonstrou como ambas as instituições iniciaram tentativas de aproximação desde as primeiras décadas do século XX, quando houve a necessidade de se investir em capital humano por meio da Educação. Para tal empreendimento, a pesquisa valeu-se de dois conjuntos de materiais que foram escolhidos por conterem documentos considerados orientadores, ou seja, são utilizados como referência no Brasil. No primeiro, chamado de Conjunto de documentos governamentais, foram analisados oito documentos elaborados no âmbito do Ministério da Educação (MEC) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), incluindo programas, projetos, políticas e manuais que surgiram no Brasil nas últimas três décadas. No segundo grupo, chamado de Conjunto de documentos do 2° Setor articulados com ações do 3° Setor, analisaram-se cinco documentos que visam à inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, organizados pelo Instituto Ethos, pelo Instituto Brasileiro da Pessoa com Deficiência, pela Fundação Roberto Marinho e por duas organizações do Sistema S — SENAC e SENAI. A partir das incursões nos materiais de análise — tendo como ferramenta analítica a noção foucaultiana de governamento —, percebeu-se que, na década de 1990, a aproximação entre escola e empresa foi potencializada, configurando-se como uma articulação. Tal articulação foi possível porque tivemos, justamente nesse momento histórico, a emergência do imperativo da inclusão, passando ela a funcionar como um articulador estratégico que aproximou os setores educacional e empresarial. Tal aproximação e posterior articulação são sustentadas por três meios articuladores que se conectam entre si e operam para o funcionamento de práticas que buscam a condução das condutas dos sujeitos: a mobilização social, a qualificação e a responsabilidade social. A mobilização social pode ser vista como investimento necessário; a qualificação, como chave para a eficiência; e a responsabilidade social, como princípio a ser seguido. A partir desses articuladores, é colocada em operação uma série de práticas que se dirigem a sensibilizar, capacitar, profissionalizar, responsabilizar, integrar, incluir e, acima de tudo, normalizar os sujeitos. Também são percebidas estratégias de reeducação e de sedução que contribuem para que tais práticas sejam colocadas em funcionamento. Pode-se concluir que, a partir do momento em que escola e empresa se articulam, a inclusão se potencializa, nas duas instâncias, por meio de movimentos de fluxo, podendo ser pensada também como uma estratégia de fluxo-habilidade. É por meio desse movimento de fluxo que a inclusão dos jovens com deficiência se reorganiza, ou seja, ela transcende a lógica da circulação que visava a movimentos de saída e retorno e propõe que a inclusão se dê em saída e fluxo contínuo. Isso contribui para que os jovens com deficiência cheguem à escola e posteriormente ingressem no mercado de trabalho e, sobretudo, para que eles desenvolvam as habilidades necessárias em ambos os espaços.
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No primeiro, chamado de Conjunto de documentos governamentais, foram analisados oito documentos elaborados no âmbito do Ministério da Educação (MEC) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), incluindo programas, projetos, políticas e manuais que surgiram no Brasil nas últimas três décadas. No segundo grupo, chamado de Conjunto de documentos do 2° Setor articulados com ações do 3° Setor, analisaram-se cinco documentos que visam à inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, organizados pelo Instituto Ethos, pelo Instituto Brasileiro da Pessoa com Deficiência, pela Fundação Roberto Marinho e por duas organizações do Sistema S — SENAC e SENAI. A partir das incursões nos materiais de análise — tendo como ferramenta analítica a noção foucaultiana de governamento —, percebeu-se que, na década de 1990, a aproximação entre escola e empresa foi potencializada, configurando-se como uma articulação. Tal articulação foi possível porque tivemos, justamente nesse momento histórico, a emergência do imperativo da inclusão, passando ela a funcionar como um articulador estratégico que aproximou os setores educacional e empresarial. Tal aproximação e posterior articulação são sustentadas por três meios articuladores que se conectam entre si e operam para o funcionamento de práticas que buscam a condução das condutas dos sujeitos: a mobilização social, a qualificação e a responsabilidade social. A mobilização social pode ser vista como investimento necessário; a qualificação, como chave para a eficiência; e a responsabilidade social, como princípio a ser seguido. A partir desses articuladores, é colocada em operação uma série de práticas que se dirigem a sensibilizar, capacitar, profissionalizar, responsabilizar, integrar, incluir e, acima de tudo, normalizar os sujeitos. Também são percebidas estratégias de reeducação e de sedução que contribuem para que tais práticas sejam colocadas em funcionamento. Pode-se concluir que, a partir do momento em que escola e empresa se articulam, a inclusão se potencializa, nas duas instâncias, por meio de movimentos de fluxo, podendo ser pensada também como uma estratégia de fluxo-habilidade. É por meio desse movimento de fluxo que a inclusão dos jovens com deficiência se reorganiza, ou seja, ela transcende a lógica da circulação que visava a movimentos de saída e retorno e propõe que a inclusão se dê em saída e fluxo contínuo. Isso contribui para que os jovens com deficiência cheguem à escola e posteriormente ingressem no mercado de trabalho e, sobretudo, para que eles desenvolvam as habilidades necessárias em ambos os espaços.The main objective of this thesis is to problematize the relationship between school and business in Brazil; more specifically it aims to examine the way in which school and business have been articulated in favor of the inclusion of young disabled people in the labor market. This genealogy-inspired investigation, based on studies by Michel Foucault, has attempted to understand some features of the provenience and the conditions of emergence of the articulation between school and business; by doing so, it has evidenced the way in which both institutions have attempted an approximation since the early twentieth century, when there was a need to invest in human capital by means of education. In order to do that, this research has used two sets of materials regarded as guidances, i.e. they have been used as references in Brazil. In the first set, called Set of governmental documents, eight documents produced by the Ministry of Education (MEC) and the Ministry of Labor and Employment (MTE) have been analyzed, including programs, projects, policies and handbooks publicized along the last three decades. The second set, called Set of documents of the 2nd sector articulated with actions by the 3rd sector, consisted of five documents aimed at the inclusion of disabled people in the labor market. The documents were organized by Ethos Institute, Brazilian Institute of Disabled People, Roberto Marinho Foundation and two organizations of the S System - SENAC and SENAI. The analysis of the materials with the use of the Foucauldian notion of government as an analytical tool has shown that, in the 1990s, the approximation between school and business was potentialized, thus becoming an articulation. Such articulation was possible because the inclusion imperative emerged at that very historical moment. Then, inclusion started working as a strategic articulator that approximated the educational and business sectors. Such approximation and later articulation have been supported by three connected articulators that operate to trigger practices intended to conduct the subjects‘ conducts: social mobilization, qualification and social responsibility. Social mobilization can be seen as a necessary investment; qualification as a key for effectiveness; and social responsibility as a principle to be followed. From these articulators, a number of practices are performed to sensitize, enable, profissionalize, charge, integrate, include and, above all, normalize subjects. One can also notice reeducation and seduction strategies that contribute towards the functioning of those practices. It is possible to conclude, from the articulation between school and business, that inclusion is potentialized in both by means of flow movements and can be also regarded as a skill-flow strategy. It is through this flow movement that the inclusion of disabled youths is reorganized, i.e. it transcends the logic of circulation, which aimed at departure and return movements, and proposes that inclusion occurs in departure and continued flow. This helps disbled youths enter school and later join the labor market and, particularly, develop the required skills in both places.application/pdfporEnsino a distânciaInclusão socialDeficiênciaMercado de trabalhoSchool-business articulationInclusionDisabled peopleLabor marketSkill-flowDa escola à empresa educadora : a inclusão como uma estratégia de fluxo-habilidadeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de EducaçãoPrograma de Pós-Graduação em EducaçãoPorto Alegre, BR-RS2015doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000965141.pdf000965141.pdfTexto completoapplication/pdf3085876http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/115966/1/000965141.pdf8b6d7675ae3eede7211dc18c3ea1e7afMD51TEXT000965141.pdf.txt000965141.pdf.txtExtracted Texttext/plain709613http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/115966/2/000965141.pdf.txt1f9ed6ba7dfc58ebabd980caa7ae0e98MD52THUMBNAIL000965141.pdf.jpg000965141.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg2035http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/115966/3/000965141.pdf.jpg6c812eb35872b06a6bc4f20ae72e785fMD5310183/1159662021-12-06 05:42:53.720137oai:www.lume.ufrgs.br:10183/115966Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532021-12-06T07:42:53Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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