Entre saúde e segurança pública : homens marcados pela violência nos hospitais de trauma
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/205400 |
Resumo: | Homens que chegam nos hospitais de trauma por conflitos violentos. As masculinidades são diversas, elas são reiteradas e recolocadas entre diversos atores sociais: usuários de saúde, profissionais de saúde e profissionais da segurança pública. A pesquisa etnográfica, realizada em dois hospitais de trauma no município de Porto Alegre, buscou explicitar como as práticas terapêuticas e as práticas penais se produzem a partir de fronteiras borradas, indicando as convergências e divergências na intersecção entre saúde e segurança pública. Dos arredores do hospital de trauma, entrando pela emergência, passando por enfermarias, unidades de terapia intensiva e os leitos de internação de custódia, bem como imersões pontuais no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e no Centro de Custódia Hospitalar Vila Nova, observou-se as interações entre múltiplos atores sociais, as produções discursivas no cotidiano hospitalar e os múltiplos fluxos de atendimento. O processo etnográfico possibilitou perceber aspectos como: A) a inseparabilidade entre morte física e morte social (por vezes mortes iminentes), o dentro e fora do hospital de trauma enquanto separações ilusórias que expõem as territorialidades interconectadas; e, obviamente, entre os processos que criminalizam e que medicalizam os homens envolvidos em conflitos violentos. B) As práticas discursivas dos profissionais (de saúde e de segurança pública) são fortemente articuladas com produções de masculinidades criminalizadas por meio do que chamaremos de economia moral, conceito explorado por Didier Fassin. C) reiterando o exposto, fronteiras de tratamento médico e penal são borradas justamente porque o hospital demonstra-se firmemente articulado ao dispositivo da segurança pública. Todavia, o fluxo de entrada/permanência/saída entre o que é do sistema de saúde e o que é da segurança pública é indefinido, não somente para a pesquisadora, mas para os profissionais de saúde e da segurança pública (brigada militar, polícia civil e Susepe). No entanto a segurança pública está ali, não apenas para algemar/acorrentar aos leitos de custódia até que o presídio seja o destino, (gestão da população perigosa) mas é convocada como proteção/prevenção à violência contra os profissionais de saúde e outros cidadão de “bem” (a vigilância dos corpos), também quando ela mesma produz diretamente o motivo de internação de determinadas masculinidades criminalizadas (sua função punitiva). As considerações finais sinalizam que esse estudo pretende não apenas aprofundar a análise sobre temática original e relevante, igualmente pretende mobilizar ações estratégicas de qualificação da gestão do cuidado aos profissionais e usuários de saúde que estão expostos aos efeitos deletérios da violência. |
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Santos, Helen Barbosa dosNardi, Henrique Caetano2020-02-04T04:14:33Z2019http://hdl.handle.net/10183/205400001111314Homens que chegam nos hospitais de trauma por conflitos violentos. As masculinidades são diversas, elas são reiteradas e recolocadas entre diversos atores sociais: usuários de saúde, profissionais de saúde e profissionais da segurança pública. A pesquisa etnográfica, realizada em dois hospitais de trauma no município de Porto Alegre, buscou explicitar como as práticas terapêuticas e as práticas penais se produzem a partir de fronteiras borradas, indicando as convergências e divergências na intersecção entre saúde e segurança pública. Dos arredores do hospital de trauma, entrando pela emergência, passando por enfermarias, unidades de terapia intensiva e os leitos de internação de custódia, bem como imersões pontuais no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e no Centro de Custódia Hospitalar Vila Nova, observou-se as interações entre múltiplos atores sociais, as produções discursivas no cotidiano hospitalar e os múltiplos fluxos de atendimento. O processo etnográfico possibilitou perceber aspectos como: A) a inseparabilidade entre morte física e morte social (por vezes mortes iminentes), o dentro e fora do hospital de trauma enquanto separações ilusórias que expõem as territorialidades interconectadas; e, obviamente, entre os processos que criminalizam e que medicalizam os homens envolvidos em conflitos violentos. B) As práticas discursivas dos profissionais (de saúde e de segurança pública) são fortemente articuladas com produções de masculinidades criminalizadas por meio do que chamaremos de economia moral, conceito explorado por Didier Fassin. C) reiterando o exposto, fronteiras de tratamento médico e penal são borradas justamente porque o hospital demonstra-se firmemente articulado ao dispositivo da segurança pública. Todavia, o fluxo de entrada/permanência/saída entre o que é do sistema de saúde e o que é da segurança pública é indefinido, não somente para a pesquisadora, mas para os profissionais de saúde e da segurança pública (brigada militar, polícia civil e Susepe). No entanto a segurança pública está ali, não apenas para algemar/acorrentar aos leitos de custódia até que o presídio seja o destino, (gestão da população perigosa) mas é convocada como proteção/prevenção à violência contra os profissionais de saúde e outros cidadão de “bem” (a vigilância dos corpos), também quando ela mesma produz diretamente o motivo de internação de determinadas masculinidades criminalizadas (sua função punitiva). As considerações finais sinalizam que esse estudo pretende não apenas aprofundar a análise sobre temática original e relevante, igualmente pretende mobilizar ações estratégicas de qualificação da gestão do cuidado aos profissionais e usuários de saúde que estão expostos aos efeitos deletérios da violência.Men who arrive at trauma hospitals for conflict violent. Masculinities are manifold, reiterated, and relocated between social levels: health users, health professionals, and public health professionals. The ethnographic research, conducted in two hospitals in Porto Alegre, sought to explain how therapeutic practices and penal practices from blurred borders, pointing as convergences and divergences at the intersection between health and public safety. From the hospital to trauma hospital, having the emergency, passing by patients, intensive care units and the management of hospitalization of custody, as well as occasional immersions in the emergency service in hospital (SAMU) and Vila Nova Hospital Custody Center. These are interactions between social actors, such as discursive productions in daily hospital life and multiple care flows. The ethnographic process made possible dimensions such as: a) Inseparability between social death and physical death, in the hospital of trauma and illusory separations that exposed interconnected territorialities; and, obviously, among the processes that criminalize and medicalize men involved in violent conflict. B) The discursive practices of public health professionals are elucidated with productions of criminalized masculinities through what we call Moral Economy, concept explored by Didier Fassin. C) reiterating the above, clinical and criminal treatment boundaries are rightly charged by the hospital. However, the flow of entry / stay / exit between what is in the health system and what is in public safety is undefined, not only for the researcher, but for health and public safety professionals (military brigade, civil police and prison guards). Regardless of, public safety is there, not only to handcuff / chain the custody beds until the prison is the destination (dangerous population management) but is called for protection / prevention of violence against health professionals and other citizens of “Good” (the vigilance of the bodies), also when she herself directly produces the reason for the hospitalization of certain criminalized masculinities (their punitive function). The final considerations indicate that this study intends not only to deepen the analysis of the original and relevant theme, but also to mobilize strategic actions to qualify care management for professionals and populations exposed to the deleterious effects of violence.application/pdfporSaúdeSegurança públicaPsicologia socialSaúdeViolênciaHospitaisMasculinidadePublic securityHealthMasculinitiesHospitalTraumaViolent conflictsEntre saúde e segurança pública : homens marcados pela violência nos hospitais de traumainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de PsicologiaPrograma de Pós-Graduação em Psicologia Social e InstitucionalPorto Alegre, BR-RS2019doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001111314.pdf.txt001111314.pdf.txtExtracted Texttext/plain686603http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/205400/2/001111314.pdf.txtda8e3900bdfd3a36648d6d6c12b41d37MD52ORIGINAL001111314.pdfTexto completoapplication/pdf3137635http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/205400/1/001111314.pdf33b84e17a75ce58c787b4da2bdaa12f4MD5110183/2054002020-02-05 05:10:06.329569oai:www.lume.ufrgs.br:10183/205400Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532020-02-05T07:10:06Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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