Transtorno depressivo maior em jovens : uma abordagem categórica, dimensional e de rede
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/231947 |
Resumo: | O transtorno depressivo maior (TDM) é uma das principais causas de carga de doença no mundo, com curso frequentemente recorrente e crônico, além de peso pessoal e social pela sua alta incidência na juventude. Como períodos de mudanças biopsicossociais significativas, a adolescência e a transição para a vida adulta são momentos críticos para identificar e entender o diagnóstico e os sintomas de depressão. Além disso, o TDM é um construto eminentemente heterogêneo, com apresentações clínicas e vias neurobiológicas diversas. Nessa tese, buscamos integrar a heterogeneidade fenomenológica e biológica da depressão por meio de três estudos. No estudo #1, investigamos o diagnóstico categórico, a estrutura fatorial e dimensional do TDM e de seus sintomas em jovens de 22-23 anos participantes da Coorte de Nascidos Vivos de 1993 de Pelotas. Com análises epidemiológicas, psicométricas e de rede, encontramos resultados condizentes com a literatura internacional em termos de prevalência-ponto do diagnóstico, estrutura fatorial da escala e centralidade dos sintomas depressivos. No estudo #2, ampliamos a investigação da amostra do estudo #1 ao utilizar técnicas analíticas de rede para examinar, longitudinal e transversalmente, a relação de dois marcadores inflamatórios, Proteína C Reativa (PCR) e Interleucina-6 (IL-6), com sintomas depressivos e covariáveis biopsicossociais. Apesar de não encontrarmos associações entre os marcadores inflamatórios e o diagnóstico categórico ou a soma total da escala dimensional de sintomas, encontramos relações diferenciais transversais e longitudinais de sintomas específicos com IL-6. Sendo assim, concluímos que analisar de maneira progressivamente mais detalhada a relação entre sintomas depressivos e marcadores biológicos pode ser uma avenida para melhorar o entendimento destes. No estudo #3, avaliamos duas amostras de adolescentes de escolas públicas de Porto 9 Alegre, recrutadas de maneira semelhante e que responderam a dois questionários de sintomas depressivos distintos, porém complementares. Na amostra que respondeu a Patient Health Questionnaire (PHQ-A; n=7,720), encontramos que os sintomas de humor triste e sentimento de culpa excessiva foram os sintomas mais centrais da rede da escala PHQ-A. Na amostra que respondeu a Mood and Feelings Questionnaire (MFQ; n=1,070), itens de ódio a si mesmo e de sentimento de solidão, ambos classificados como não explicitamente contemplados no DSM de acordo com a literatura prévia, foram os mais centrais da rede de sintomas. Encontramos que itens refletindo critérios diagnósticos do DSM e itens não explicitamente contemplados nessa classificação nosológica fazem parte de uma rede altamente interconectada de itens. Ao focarmo-nos exclusivamente nos critérios incluídos do DSM para definição nosológica, podemos estar arriscando perder informações importantes da experiência adolescente do TDM. Com os três estudos, concluímos que incorporar a heterogeneidade inerente ao transtorno depressivo maior, em oposição a buscar alternativas reducionistas, é um passo fundamental para o avanço do entendimento dos sintomas depressivos em jovens. |
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Manfro, Pedro Henrique GaivaKieling, Christian Costa2021-11-18T04:24:16Z2021http://hdl.handle.net/10183/231947001132530O transtorno depressivo maior (TDM) é uma das principais causas de carga de doença no mundo, com curso frequentemente recorrente e crônico, além de peso pessoal e social pela sua alta incidência na juventude. Como períodos de mudanças biopsicossociais significativas, a adolescência e a transição para a vida adulta são momentos críticos para identificar e entender o diagnóstico e os sintomas de depressão. Além disso, o TDM é um construto eminentemente heterogêneo, com apresentações clínicas e vias neurobiológicas diversas. Nessa tese, buscamos integrar a heterogeneidade fenomenológica e biológica da depressão por meio de três estudos. No estudo #1, investigamos o diagnóstico categórico, a estrutura fatorial e dimensional do TDM e de seus sintomas em jovens de 22-23 anos participantes da Coorte de Nascidos Vivos de 1993 de Pelotas. Com análises epidemiológicas, psicométricas e de rede, encontramos resultados condizentes com a literatura internacional em termos de prevalência-ponto do diagnóstico, estrutura fatorial da escala e centralidade dos sintomas depressivos. No estudo #2, ampliamos a investigação da amostra do estudo #1 ao utilizar técnicas analíticas de rede para examinar, longitudinal e transversalmente, a relação de dois marcadores inflamatórios, Proteína C Reativa (PCR) e Interleucina-6 (IL-6), com sintomas depressivos e covariáveis biopsicossociais. Apesar de não encontrarmos associações entre os marcadores inflamatórios e o diagnóstico categórico ou a soma total da escala dimensional de sintomas, encontramos relações diferenciais transversais e longitudinais de sintomas específicos com IL-6. Sendo assim, concluímos que analisar de maneira progressivamente mais detalhada a relação entre sintomas depressivos e marcadores biológicos pode ser uma avenida para melhorar o entendimento destes. No estudo #3, avaliamos duas amostras de adolescentes de escolas públicas de Porto 9 Alegre, recrutadas de maneira semelhante e que responderam a dois questionários de sintomas depressivos distintos, porém complementares. Na amostra que respondeu a Patient Health Questionnaire (PHQ-A; n=7,720), encontramos que os sintomas de humor triste e sentimento de culpa excessiva foram os sintomas mais centrais da rede da escala PHQ-A. Na amostra que respondeu a Mood and Feelings Questionnaire (MFQ; n=1,070), itens de ódio a si mesmo e de sentimento de solidão, ambos classificados como não explicitamente contemplados no DSM de acordo com a literatura prévia, foram os mais centrais da rede de sintomas. Encontramos que itens refletindo critérios diagnósticos do DSM e itens não explicitamente contemplados nessa classificação nosológica fazem parte de uma rede altamente interconectada de itens. Ao focarmo-nos exclusivamente nos critérios incluídos do DSM para definição nosológica, podemos estar arriscando perder informações importantes da experiência adolescente do TDM. Com os três estudos, concluímos que incorporar a heterogeneidade inerente ao transtorno depressivo maior, em oposição a buscar alternativas reducionistas, é um passo fundamental para o avanço do entendimento dos sintomas depressivos em jovens.Major depressive disorder (MDD) is a main cause of global burden of disease, with a recurring and chronic course, as well as elevated personal and social burden due to its high incidence during youth. As a period of profound biopsychosocial change, adolescence and the transition to emerging adulthood are critical periods for the early identification and the understanding of depressive phenomenology. Beyond that, MDD is an inherently heterogeneous construct, with multiple possible clinical presentations and diverse neurobiological pathways. On this thesis, we aimed to evaluate depression’s phenomenologic and biological heterogeneity with three studies. On study #1, we investigated MDD’s categorical diagnosis, as well as its factorial and dimensional structures in early adults from the 1993 Pelotas Birth Cohort. Using epidemiologic, psychometric and network analysis, our results were consistent with international literature on point-prevalence, factorial structure and symptom centrality. On study #2, we expanded study #1 by using network analytical techniques to investigate longitudinal and cross-sectional associations between depressive symptoms, C-Reactive Protein (CRP), Interleukin-6 (IL-6) and commonly studied covariates. Even though we did not find associations between inflammatory markers and either categorical diagnosis or the total sum-score on a dimensional scale, we found differential longitudinal and cross-sectional connections between specific symptoms and IL-6. As such, we came to the conclusion that employing progressively more detailed levels of analysis for the study of depressive symptoms and biomarkers may be a fruitful avenue for understanding their relations. On study #3, we evaluated two adolescent samples from public schools, similarly recruited but that answered different depression symptom assessments. In the sample that answered the Patient 11 Health Questionnaire – Adolescent Version (PHQ-A; n=7,720), we found that low mood and worthlessness/excessive guilt items were the most central items in the PHQ-A. In the sample that answered the Mood and Feelings Questionnaire (MFQ; n=1,070), self-hatred and feelings of loneliness, both not explicitly contemplated by the DSM according to previous literature, were the most central items. Examining two different but complementary scales in adolescents, we found that items reflecting DSM criteria and those not explicitly contemplated by the DSM criteria are part of a highly interconnect network of items. By focusing mainly on DSM criteria for defining MDD, we may risk losing important information on the adolescent experience of depressive symptoms. With these three studies, we conclude that embracing the inherent biopsychosocial heterogeneity of MDD, in opposition of searching for reductionist alternatives, is a crucial step for advancing the research of depressive symptoms during youth.application/pdfporDepressãoSaúde mentalAdolescenteEpidemiologiaPsicometriaTranstorno depressivo maiorDepressionAdolescenceEpidemiologyPsychometricsNetwork analysisTranstorno depressivo maior em jovens : uma abordagem categórica, dimensional e de redeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de MedicinaPrograma de Pós-Graduação em Psiquiatria e Ciências do ComportamentoPorto Alegre, BR-RS2021doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001132530.pdf.txt001132530.pdf.txtExtracted Texttext/plain274325http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/231947/2/001132530.pdf.txt9d34b977178c2c46fb7e70bb62df010eMD52ORIGINAL001132530.pdfTexto completoapplication/pdf7238533http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/231947/1/001132530.pdfd1bc35ed63e442f221eef73b3c1d5738MD5110183/2319472021-11-20 05:58:00.190203oai:www.lume.ufrgs.br:10183/231947Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532021-11-20T07:58Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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O transtorno depressivo maior (TDM) é uma das principais causas de carga de doença no mundo, com curso frequentemente recorrente e crônico, além de peso pessoal e social pela sua alta incidência na juventude. Como períodos de mudanças biopsicossociais significativas, a adolescência e a transição para a vida adulta são momentos críticos para identificar e entender o diagnóstico e os sintomas de depressão. Além disso, o TDM é um construto eminentemente heterogêneo, com apresentações clínicas e vias neurobiológicas diversas. Nessa tese, buscamos integrar a heterogeneidade fenomenológica e biológica da depressão por meio de três estudos. No estudo #1, investigamos o diagnóstico categórico, a estrutura fatorial e dimensional do TDM e de seus sintomas em jovens de 22-23 anos participantes da Coorte de Nascidos Vivos de 1993 de Pelotas. Com análises epidemiológicas, psicométricas e de rede, encontramos resultados condizentes com a literatura internacional em termos de prevalência-ponto do diagnóstico, estrutura fatorial da escala e centralidade dos sintomas depressivos. No estudo #2, ampliamos a investigação da amostra do estudo #1 ao utilizar técnicas analíticas de rede para examinar, longitudinal e transversalmente, a relação de dois marcadores inflamatórios, Proteína C Reativa (PCR) e Interleucina-6 (IL-6), com sintomas depressivos e covariáveis biopsicossociais. Apesar de não encontrarmos associações entre os marcadores inflamatórios e o diagnóstico categórico ou a soma total da escala dimensional de sintomas, encontramos relações diferenciais transversais e longitudinais de sintomas específicos com IL-6. Sendo assim, concluímos que analisar de maneira progressivamente mais detalhada a relação entre sintomas depressivos e marcadores biológicos pode ser uma avenida para melhorar o entendimento destes. No estudo #3, avaliamos duas amostras de adolescentes de escolas públicas de Porto 9 Alegre, recrutadas de maneira semelhante e que responderam a dois questionários de sintomas depressivos distintos, porém complementares. Na amostra que respondeu a Patient Health Questionnaire (PHQ-A; n=7,720), encontramos que os sintomas de humor triste e sentimento de culpa excessiva foram os sintomas mais centrais da rede da escala PHQ-A. Na amostra que respondeu a Mood and Feelings Questionnaire (MFQ; n=1,070), itens de ódio a si mesmo e de sentimento de solidão, ambos classificados como não explicitamente contemplados no DSM de acordo com a literatura prévia, foram os mais centrais da rede de sintomas. Encontramos que itens refletindo critérios diagnósticos do DSM e itens não explicitamente contemplados nessa classificação nosológica fazem parte de uma rede altamente interconectada de itens. Ao focarmo-nos exclusivamente nos critérios incluídos do DSM para definição nosológica, podemos estar arriscando perder informações importantes da experiência adolescente do TDM. Com os três estudos, concluímos que incorporar a heterogeneidade inerente ao transtorno depressivo maior, em oposição a buscar alternativas reducionistas, é um passo fundamental para o avanço do entendimento dos sintomas depressivos em jovens. |
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