Percursos entre afectos e corpos : a criação de arquivos de experiência através de encontros narrativos com a juventude
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/213029 |
Resumo: | O encontro com a juventude produz questionamento sobre os modos de pensar, produzir conhecimento e intervenção. Sua intensidade força um ato criativo do pensamento que se coloca a experimentar com a vida, a partir do lugar do corpo. A pesquisa com jovens, na relação com as políticas públicas nos coloca em contato com os dados de violência e morte, que tornam essas vidas notícias de cunho estatístico, índices para planejar gestão do viver e do morrer. O pensamento foucaultiano nos dá a pensar a infâmia de vidas com valor de notícia: de suas transgressões, de seus desajustes, de sua não correspondência à norma. Vidas que existem apenas por este discurso. Discurso dos índices de mortalidade juvenil, discurso dos índices de criminalidade juvenil. Contudo, estar com jovens é estar viva. Testemunhar alegria de quem ensaia viver, ainda que em arranjos sociais que podem produzir a legitimidade do morrer. No contágio com vidas que pulsam, intensas em sua criação de um modo de ser e estar no mundo, sentimos necessidade de abrir espaço para contar desta experiência, arquivo que dê passagem à complexidade destas vidas que transbordam discursos. Produzimos, então, encontros narrativos: experimentações em ato com a própria teoria que orienta esta dissertação, exercício de utilizar e ampliar o alcance dos conceitos, em contágio com a vida. Os encontros narrativos não se sustentam por sua extensão cronológica, mas pela duração sensível que percorre nossos corpos, a partir de sua vivência. Nestes encontros, a escrita oscila entre uma narradora pesquisadora, uma narradora coletiva, ou ainda, uma narradora que caberá a-ao leitor-a nomear. As noções de corpo e afecto, a partir de Espinosa, deslocam a prática com a clínica e atualizam o que pode a psicologia. No exercício com as palavras, operamos um modo de escrita que é afirmação de um posicionamento ético-estético-político em relação à formação, ao trabalho da psicologia e do pesquisar. É preciso implicar-se! E implicando-se, deixar-se percorrer e expandir pela potência da alegria. Uma clínica em abertura a experimentação de viver e deixar-se afetar, também produzir afetações, para compor corpos em transito, ao logo de nossa existência, acionados pela necessidade de criar espaço para o que nos marca, para as intensidades que nos pedem espaço e também corpo, em pensamento e produção de conhecimento. Uma clínica que não se assuste, nem iniba ou intervenha de forma a neutralizar o que nos toca, mas que utilize como aliado e elemento de análise essa relação singular com os afectos. |
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