Mulheres na gestão da saúde : marcas e atravessamentos de gênero

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Portes, Virgínia de Menezes
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/217992
Resumo: A temática circunscreve-se na agenda de organismos internacionais das discussões sobre a busca pela igualdade de gênero, onde a gestão em saúde é analisada sob a ótica da construção cultural e social, situada no campo da Saúde Coletiva em sua dimensão científica e política. O objetivo do estudo foi analisar as trajetórias de mulheres que ocupam cargos de gestão nas regiões sanitárias em saúde de um município de grande porte no sul do Brasil a partir de marcas e atravessamentos de gênero. Este é um estudo qualitativo que utilizou como instrumentos para a produção do material empírico a entrevista, o diário de campo, a pesquisa documental e bibliográfica. Foram realizadas nove entrevistas, as quais foram transcritas e organizadas em um corpus textual, sendo analisadas a partir da utilização da técnica de Análise de Conteúdo do tipo Temática. Os dados foram agrupados a partir da repetição de conteúdos comuns à maioria dos respondentes e relevância implícita. A partir de marcas e atravessamentos de gênero foram identificadas possibilidades e impossibilidades nas trajetórias das entrevistadas, configurando-se em um paradoxo em suas experiências no campo da gestão pública. As trajetórias de gestão das mulheres foram marcadas pelo cumprimento do padrão social das identidades de gênero, que valoriza comportamentos tidos como masculinos no âmbito da gestão em saúde, resultando na desvalorização de características comumente atribuídas ao feminino; A maternidade representou um fator decisório para atuação como gestora nas regiões sanitárias, acompanhada da culpa pela ausência na vida dos filhos. Além do mais, ser mãe representa um fator potencializador de gestos capazes de auxiliarem no processo da tomada de decisão, apresentado como "dom natural". A relação entre gênero e profissão surgiu nas narrativas relativas à hegemonia da categoria profissional médica – historicamente masculina - no cotidiano da gestão em saúde. Daí resultando na hierarquização da profissão – medicina, a qual possui prestígio social em função das relações de poder exercidas nos serviços de saúde. A naturalização dos mecanismos geradores de desigualdades de gênero contribui significativamente para o fortalecimento das relações de poder-saber hegemônicas no campo da gestão em saúde. Este estudo contribui para afirmarmos que a gestão na saúde está marcada por relações e desigualdades de gênero, expressas por marcas e atravessamentos advindos de experiências de mulheres gestoras de saúde, cuja maximização de atributos historicamente associados aos homens tende a vulnerabilizar a atuação de mulheres no exercício da gestão.
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Os dados foram agrupados a partir da repetição de conteúdos comuns à maioria dos respondentes e relevância implícita. A partir de marcas e atravessamentos de gênero foram identificadas possibilidades e impossibilidades nas trajetórias das entrevistadas, configurando-se em um paradoxo em suas experiências no campo da gestão pública. As trajetórias de gestão das mulheres foram marcadas pelo cumprimento do padrão social das identidades de gênero, que valoriza comportamentos tidos como masculinos no âmbito da gestão em saúde, resultando na desvalorização de características comumente atribuídas ao feminino; A maternidade representou um fator decisório para atuação como gestora nas regiões sanitárias, acompanhada da culpa pela ausência na vida dos filhos. Além do mais, ser mãe representa um fator potencializador de gestos capazes de auxiliarem no processo da tomada de decisão, apresentado como "dom natural". A relação entre gênero e profissão surgiu nas narrativas relativas à hegemonia da categoria profissional médica – historicamente masculina - no cotidiano da gestão em saúde. Daí resultando na hierarquização da profissão – medicina, a qual possui prestígio social em função das relações de poder exercidas nos serviços de saúde. A naturalização dos mecanismos geradores de desigualdades de gênero contribui significativamente para o fortalecimento das relações de poder-saber hegemônicas no campo da gestão em saúde. Este estudo contribui para afirmarmos que a gestão na saúde está marcada por relações e desigualdades de gênero, expressas por marcas e atravessamentos advindos de experiências de mulheres gestoras de saúde, cuja maximização de atributos historicamente associados aos homens tende a vulnerabilizar a atuação de mulheres no exercício da gestão.The theme is circumscribed in the agenda of international organizations of the discussions on the search for gender equality, where health management is analyzed from the perspective of cultural and social construction, situated in the field of Collective Health in its scientific and political dimension. The objective of the study was to analyze the trajectories of women occupying management positions in the health health regions of a large municipality in the south of Brazil from brands and gender crossings. This is a qualitative study that used as instruments for the production of the empirical material the interview, the field diary, the documentary and bibliographical research. Nine interviews were carried out, which were transcribed and organized into a textual corpus, being analyzed using the Thematic Content Analysis technique. The data were grouped from the repetition of content common to most respondents and implied relevance. From brands and gender crossings, possibilities and impossibilities were identified in the trajectories of the interviewees, becoming a paradox in their experiences in the field of public management. The management trajectories of women were marked by the fulfillment of the social standard of gender identities, which values behaviors considered as masculine in the scope of health management, resulting in the devaluation of characteristics commonly attributed to the feminine; Motherhood was a decisive factor for acting as a manager in the health regions, accompanied by guilt for the absence in the children's lives. In addition, being a mother is a potentiating factor of gestures capable of assisting in the process of decision making, presented as a "natural gift". The relation between gender and profession emerged in the narratives related to the hegemony of the medical professional category - historically male - in the daily life of health management. This results in the hierarchy of the profession - medicine, which has social prestige according to the power relations exercised in the health services. The naturalization of the mechanisms that generate gender inequalities contributes significantly to the strengthening of hegemonic power-knowledge relations in the field of health management. This study contributes to the assertion that health management is marked by gender relations and inequalities, expressed by brands and trajectories derived from the experiences of women health managers, whose maximization of attributes historically associated with men tends to vulnerate the performance of women in the exercise management.La temática se circunscribe en la agenda de organismos internacionales de las discusiones sobre la búsqueda de la igualdad de género, donde la gestión en salud es analizada bajo la óptica de la construcción cultural y social, situada en el campo de la Salud Colectiva en su dimensión científica y política. El objetivo del estudio fue analizar las trayectorias de mujeres que ocupan cargos de gestión en las regiones sanitarias en salud de un municipio de gran porte en el sur de Brasil a partir de marcas y atravesamientos de género. Este es un estudio cualitativo que utilizó como instrumentos para la producción del material empírico la entrevista, el diario de campo, la investigación documental y bibliográfica. Se realizaron nueve entrevistas, las cuales fueron transcritas y organizadas en un corpus textual, siendo analizadas a partir de la utilización de la técnica de Análisis de Contenido del tipo Temática. Los datos se agruparon a partir de la repetición de contenidos comunes a la mayoría de los encuestados y la relevancia implícita. A partir de marcas y atravesamientos de género se identificaron posibilidades e imposibilidades en las trayectorias de las entrevistadas, configurándose en una paradoja en sus experiencias en el campo de la gestión pública. Las trayectorias de gestión de las mujeres fueron marcadas por el cumplimiento del patrón social de las identidades de género, que valora comportamientos tenidos como masculinos en el ámbito de la gestión en salud, resultando en la devaluación de características comúnmente atribuidas al femenino; La maternidad representó un factor decisorio para actuación como gestora en las regiones sanitarias, acompañada de la culpa por la ausencia en la vida de los hijos. Además, ser madre representa un factor potencializador de gestos capaces de auxiliar en el proceso de toma de decisión, presentado como "don natural". La relación entre género y profesión surgió en las narrativas relativas a la hegemonía de la categoría profesional médica - históricamente masculina - en el cotidiano de la gestión en salud. De ahí resultando en la jerarquización de la profesión - medicina, la cual posee prestigio social en función de las relaciones de poder ejercidas en los servicios de salud. La naturalización de los mecanismos generadores de desigualdades de género contribuye significativamente al fortalecimiento de las relaciones de poder-saber hegemónicas en el campo de la gestión en salud. Este estudio contribuye a afirmar que la gestión en la salud está marcada por relaciones y desigualdades de género, expresadas por marcas y atravesamientos provenientes de experiencias de mujeres gestoras de salud, cuya maximización de atributos históricamente asociados a los hombres tiende a vulnerabilizar la actuación de mujeres en el ejercicio de la gestión.application/pdfporMulheresGestão em saúdeGênero : MulherSaúde coletivaWomenCollective healthGenderHealth managementMujeresGestión de la saludGéneroSalud públicaMulheres na gestão da saúde : marcas e atravessamentos de gêneroinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulEscola de EnfermagemPrograma de Pós-Graduação em Saúde ColetivaPorto Alegre, BR-RS2018mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001082839.pdf.txt001082839.pdf.txtExtracted Texttext/plain177653http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/217992/2/001082839.pdf.txtab0975960ce6293304e3ce85fcdb1d38MD52ORIGINAL001082839.pdfTexto completoapplication/pdf873254http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/217992/1/001082839.pdf6afce5436f7336cbe5ec848c04bea215MD5110183/2179922021-03-09 04:49:14.351992oai:www.lume.ufrgs.br:10183/217992Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532021-03-09T07:49:14Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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