Uso e seleção de hábitat, atividade diária e comportamento de Nasua nasua (Linnaeus, 1766) (Carnivora; Procyonidae) na Ilha do Campeche, Florianópolis, Santa Catarina

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bonatti, Juliano
Data de Publicação: 2006
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/12022
Resumo: O carnívoro procionídeo Nasua nasua, o coati, é uma espécie típica da América do Sul da qual, até pouco tempo, havia escassas informações. Na ilha do Campeche, localizada na costa sudeste de Florianópolis-SC e com área aproximada de 50 ha, buscou-se avaliar os seguintes aspectos de N. nasua: uso e seleção de hábitat, padrão de atividade diária, influência de fatores abióticos sobre a atividade dos animais, uso do espaço vertical e comportamento. Também foram coletados dados descritivos, principalmente de observações casuais, tais como reação à presença de observador, interação com os humanos, relações com o meio, início e término das atividades diárias, período reprodutivo, coesão de grupo, competição, predadores e mortalidade. Entre fevereiro de 2005 e fevereiro de 2006, para a obtenção dos dados, sazonalmente, foram percorridas trilhas fixas, as quais abrangiam a maioria dos hábitats da ilha, isso de maneira sistematizada e em classes horárias preestabelecidas. Durante 60 dias de amostragem, totalizando 420 horas de busca, foram registradas 270 detecções, 80 de indivíduos solitários e 190 de bandos. O padrão de atividade diária dos bandos e dos animais solitários não esteve correlacionado. Houve variação da atividade dos bandos ao longo do dia, ocorrendo picos de atividade no início da manhã e no final da tarde. A variação da atividade dos animais solitários não foi significativa, mas o maior número de detecções ocorreu pela manhã. O padrão diário de atividade dos bandos e dos solitários não foi o mesmo entre as estações do ano. Além disso, a intensidade de atividade foi maior na primavera e no verão para ambas as organizações sociais. Entre 18.00 h e 19.00 h houve uma redução da atividade dos bandos, ao passo que os solitários tenderam a continuar ativos no mesmo período no outono e no verão. Os hábitats foram usados de maneira heterogênea, havendo um mesmo padrão de uso e seleção geral por parte dos bandos e dos solitários. A floresta ombrófila densa foi usada preponderantemente e, em segundo plano, a formação antrópica, sendo ambas selecionadas positivamente. Sazonal e diariamente, os animais mantêm o mesmo padrão de uso dos hábitats, havendo uma diversificação maior do uso na primavera. A floresta ombrófila densa foi usada em maior proporção na maior parte do dia, principalmente nos períodos iniciais e finais. A maior variação no uso dos hábitats ocorreu nos períodos próximos do meio-dia. A seleção de hábitat variou ao longo do ano, sendo observada a seleção da floresta ombrófila densa pelos bandos e a formação antrópica pelos animais solitários. O número de detecções dos coatis em atividade esteve relacionado positivamente com o fotoperíodo e negativamente com os períodos da metade do dia e com a tarde. Ao perceberem a presença de observador, freqüentemente os animais emitiram vocalização de alarme, fugindo em seguida ou, principalmente quando arborícolas, permanecendo imóveis. Os coatis interagiram com os humanos fundamentalmente para obtenção de alimento, o que geralmente provocava conflitos. Tocas entre rochas eventualmente foram usadas pelos animais para forragear. Em condições de chuva forte os animais permaneceram inativos em árvores. Os coatis construíram ninhos nas árvores para descansar. Esses foram encontrados freqüentemente em Syagrus romanzoffiana e Syzygium jambolanum, das quais os animais consumiram os frutos, principalmente da primeira. Os coatis construíram conexões entre as árvores, unindo galhos suspensos, para facilitar o deslocamento arborícola. Além disso, foram observados animais percorrendo um mesmo trajeto no estrato arbóreo. Foi constatada certa sincronia do início e término das atividades diárias dos animais com o nascer e pôr-do-sol, entretanto foram registrados coatis solitários ativos durante a noite no inverno e na primavera. O período de acasalamento, provavelmente, compreende o final do inverno, setembro, ocorrendo o nascimento dos filhotes entre o final de novembro e início de dezembro, na primavera. Durante o dia os coatis usam mais o solo, havendo variações durante o outono e inverno, bem como nos primeiros e nos últimos períodos do dia, quando o estrato arbóreo foi mais usado. As categorias comportamentais registradas foram o forrageio, deslocamento, postura neutra, manutenção, interação social não-agonística e vocalização, sendo as duas primeiras as mais representativas. Os bandos demonstraram uma diversificação comportamental maior. Sazonalmente, os animais solitários mostraram maior variação comportamental, enquanto que os bandos apresentaram um padrão mais uniforme, ocorrendo no verão a maior diversificação comportamental. Os dados deste estudo contribuíram para ampliar o conhecimento sobre a biologia e ecologia da espécie N. nasua. Entretanto, é necessário que outros estudos sejam realizados para corroborar com estes resultados, vislumbrando, assim, identificar padrões que possam evidenciar a plasticidade da espécie em viver nos diferentes ambientes ao longo de sua distribuição geográfica e, sobretudo, subsidiar estratégias de conservação.
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Entre fevereiro de 2005 e fevereiro de 2006, para a obtenção dos dados, sazonalmente, foram percorridas trilhas fixas, as quais abrangiam a maioria dos hábitats da ilha, isso de maneira sistematizada e em classes horárias preestabelecidas. Durante 60 dias de amostragem, totalizando 420 horas de busca, foram registradas 270 detecções, 80 de indivíduos solitários e 190 de bandos. O padrão de atividade diária dos bandos e dos animais solitários não esteve correlacionado. Houve variação da atividade dos bandos ao longo do dia, ocorrendo picos de atividade no início da manhã e no final da tarde. A variação da atividade dos animais solitários não foi significativa, mas o maior número de detecções ocorreu pela manhã. O padrão diário de atividade dos bandos e dos solitários não foi o mesmo entre as estações do ano. Além disso, a intensidade de atividade foi maior na primavera e no verão para ambas as organizações sociais. Entre 18.00 h e 19.00 h houve uma redução da atividade dos bandos, ao passo que os solitários tenderam a continuar ativos no mesmo período no outono e no verão. Os hábitats foram usados de maneira heterogênea, havendo um mesmo padrão de uso e seleção geral por parte dos bandos e dos solitários. A floresta ombrófila densa foi usada preponderantemente e, em segundo plano, a formação antrópica, sendo ambas selecionadas positivamente. Sazonal e diariamente, os animais mantêm o mesmo padrão de uso dos hábitats, havendo uma diversificação maior do uso na primavera. A floresta ombrófila densa foi usada em maior proporção na maior parte do dia, principalmente nos períodos iniciais e finais. A maior variação no uso dos hábitats ocorreu nos períodos próximos do meio-dia. A seleção de hábitat variou ao longo do ano, sendo observada a seleção da floresta ombrófila densa pelos bandos e a formação antrópica pelos animais solitários. O número de detecções dos coatis em atividade esteve relacionado positivamente com o fotoperíodo e negativamente com os períodos da metade do dia e com a tarde. Ao perceberem a presença de observador, freqüentemente os animais emitiram vocalização de alarme, fugindo em seguida ou, principalmente quando arborícolas, permanecendo imóveis. Os coatis interagiram com os humanos fundamentalmente para obtenção de alimento, o que geralmente provocava conflitos. Tocas entre rochas eventualmente foram usadas pelos animais para forragear. Em condições de chuva forte os animais permaneceram inativos em árvores. Os coatis construíram ninhos nas árvores para descansar. Esses foram encontrados freqüentemente em Syagrus romanzoffiana e Syzygium jambolanum, das quais os animais consumiram os frutos, principalmente da primeira. Os coatis construíram conexões entre as árvores, unindo galhos suspensos, para facilitar o deslocamento arborícola. Além disso, foram observados animais percorrendo um mesmo trajeto no estrato arbóreo. Foi constatada certa sincronia do início e término das atividades diárias dos animais com o nascer e pôr-do-sol, entretanto foram registrados coatis solitários ativos durante a noite no inverno e na primavera. O período de acasalamento, provavelmente, compreende o final do inverno, setembro, ocorrendo o nascimento dos filhotes entre o final de novembro e início de dezembro, na primavera. Durante o dia os coatis usam mais o solo, havendo variações durante o outono e inverno, bem como nos primeiros e nos últimos períodos do dia, quando o estrato arbóreo foi mais usado. As categorias comportamentais registradas foram o forrageio, deslocamento, postura neutra, manutenção, interação social não-agonística e vocalização, sendo as duas primeiras as mais representativas. Os bandos demonstraram uma diversificação comportamental maior. Sazonalmente, os animais solitários mostraram maior variação comportamental, enquanto que os bandos apresentaram um padrão mais uniforme, ocorrendo no verão a maior diversificação comportamental. Os dados deste estudo contribuíram para ampliar o conhecimento sobre a biologia e ecologia da espécie N. nasua. Entretanto, é necessário que outros estudos sejam realizados para corroborar com estes resultados, vislumbrando, assim, identificar padrões que possam evidenciar a plasticidade da espécie em viver nos diferentes ambientes ao longo de sua distribuição geográfica e, sobretudo, subsidiar estratégias de conservação.The carnivore procyonids, Nasua nasua, the brown-nosed coati, is a typical South American species which, until recently, there was little information about it. On the Campeche Island, southeast coast of Florianópolis, Santa Catarina state, with an area nearly 50 ha, an attempt was made to evaluate the following aspects of N. nasua: use and selection of habitat, daily activity pattern, influence of abiotic factors on the activity of the animals; and the use of the vertical space and behavior. Descriptive data were also collected, mainly those of casual observation such as: the reaction to the observer’s presence, interaction with human being, relations with the environment, beginning and ending of the daily activities, reproductive period, group cohesion, competition, predators and mortality. In order to obtain the data, between February 2005 and February 2006, tracks, over the most habitats of the island, were traveled around, seasonally, in such a systematized way and in pre-established time. In 60 days of sampling, performing 420 hours of searching, 270 detections were recorded, 80 of solitary individuals and 190 of bands. The daily activity pattern of the bands and of the solitary animals were not correlated. The activity of bands varied throughout the day with peaks in the early morning and in the late afternoon. The variation of the solitary animals activity was not significant, but it was more detected in the morning. The activity daily pattern of the bands and the solitary animals was not the same among the seasons of the years. Moreover, the intensity of the activity was bigger in the spring and in the summer for both social organizations. Between 18.00 h and 19.00 h there was a reduction in the activity of the bands, whereas the solitary ones, tended to keep active in the same period, in the autumn and in the summer. The habitats were used, heterogeneously, having a similar use and general selection pattern, on the part of the bands and the solitary animals. The dense rain forest was preponderantly used, and secondly, the anthropic formation, with both being positively selected. Daily and seasonally, the animals keep the same use pattern of the habitats with a greater diversification of the use, in the spring. The dense rain forest was used in greater proportion, in the most part of the day, mainly in the initial and final periods. The biggest variation in the habitat use occurred in the period next to midday. Habitat selection varied throughout the year, with the selection of the dense rain forest being observed by the bands and the anthropic formation being observed by the solitary animals. The number of detections of the active coatis has been positively related with the photoperiod, and negatively, with the periods of the middle of the day and afternoon. When noticing the presence of the observer the animals often produced an alarm vocalization, immediately running away, or, when they were on trees, getting immobile. Coatis interacted with humans beings, basically, for the attainment of food, what generally caused conflicts. Burrows among rocks were eventually used to forage. Under storm conditions the animals remained inactive on the trees. Coatis built nests on the trees in order to rest. These ones were frequently found in Syagrus romanzoffiana and Syzygium jambolanum, from which the animals consumed the fruits, mainly from the first one. Coatis built connections between trees, joining suspended branches, to facilitate the arboreal dislocation. Moreover, animals going through the same route on the arboreal stratum were observed. Synchronism between the beginning and ending of the animals daily activities with sunset and sunrise was observed. However, in the winter and in the spring, solitary active coatis were detected in the evening. The mating period probably occurs in the end of winter, September, with nestling birth happening between the end of November and in the beginning of December. During the day coatis use the ground a lot more, with variation during the autumn and winter as well as in the first and last periods of the day, when the arboreal stratum was more used. Foraging, dislocating, neutral posture, carrying, nonagonistic social interaction and vocalizating were the behavioral categories registered. The two first were the most representative. Bands showed a greater behavioral diversification. Seasonally, the solitary animals presented greater behavioral variation, whereas the bands showed a more uniform pattern. In the summer, there was the biggest behavioral diversification. The data of this study have contributed to enlarge the knowledge of biology and ecology of N. nasua. However, other studies are necessary to corroborate with the data presented here. This aiming identify patterns that evidencing the species’ plasticity, what is responsible to it living in different environments along its geographic range, and above all, to subsidize strategies of conversation.application/pdfporNasua nasuaComportamento animalCampeche, Ilha do (SC)Uso e seleção de hábitat, atividade diária e comportamento de Nasua nasua (Linnaeus, 1766) (Carnivora; Procyonidae) na Ilha do Campeche, Florianópolis, Santa Catarinainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de BiociênciasPrograma de Pós-Graduação em EcologiaPorto Alegre, BR-RS2006mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000605669.pdf000605669.pdfTexto completoapplication/pdf3518239http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/12022/1/000605669.pdff3e444090cead44b77b05c98efa53cfcMD51TEXT000605669.pdf.txt000605669.pdf.txtExtracted Texttext/plain320060http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/12022/2/000605669.pdf.txta2369a98c80b801ee44b9460ecd9d50eMD52THUMBNAIL000605669.pdf.jpg000605669.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1728http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/12022/3/000605669.pdf.jpg18ff7c71638b7ddc8a7b661784767427MD5310183/120222018-10-11 08:34:36.35oai:www.lume.ufrgs.br:10183/12022Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532018-10-11T11:34:36Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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Durante 60 dias de amostragem, totalizando 420 horas de busca, foram registradas 270 detecções, 80 de indivíduos solitários e 190 de bandos. O padrão de atividade diária dos bandos e dos animais solitários não esteve correlacionado. Houve variação da atividade dos bandos ao longo do dia, ocorrendo picos de atividade no início da manhã e no final da tarde. A variação da atividade dos animais solitários não foi significativa, mas o maior número de detecções ocorreu pela manhã. O padrão diário de atividade dos bandos e dos solitários não foi o mesmo entre as estações do ano. Além disso, a intensidade de atividade foi maior na primavera e no verão para ambas as organizações sociais. Entre 18.00 h e 19.00 h houve uma redução da atividade dos bandos, ao passo que os solitários tenderam a continuar ativos no mesmo período no outono e no verão. Os hábitats foram usados de maneira heterogênea, havendo um mesmo padrão de uso e seleção geral por parte dos bandos e dos solitários. A floresta ombrófila densa foi usada preponderantemente e, em segundo plano, a formação antrópica, sendo ambas selecionadas positivamente. Sazonal e diariamente, os animais mantêm o mesmo padrão de uso dos hábitats, havendo uma diversificação maior do uso na primavera. A floresta ombrófila densa foi usada em maior proporção na maior parte do dia, principalmente nos períodos iniciais e finais. A maior variação no uso dos hábitats ocorreu nos períodos próximos do meio-dia. A seleção de hábitat variou ao longo do ano, sendo observada a seleção da floresta ombrófila densa pelos bandos e a formação antrópica pelos animais solitários. O número de detecções dos coatis em atividade esteve relacionado positivamente com o fotoperíodo e negativamente com os períodos da metade do dia e com a tarde. Ao perceberem a presença de observador, freqüentemente os animais emitiram vocalização de alarme, fugindo em seguida ou, principalmente quando arborícolas, permanecendo imóveis. Os coatis interagiram com os humanos fundamentalmente para obtenção de alimento, o que geralmente provocava conflitos. Tocas entre rochas eventualmente foram usadas pelos animais para forragear. Em condições de chuva forte os animais permaneceram inativos em árvores. Os coatis construíram ninhos nas árvores para descansar. Esses foram encontrados freqüentemente em Syagrus romanzoffiana e Syzygium jambolanum, das quais os animais consumiram os frutos, principalmente da primeira. Os coatis construíram conexões entre as árvores, unindo galhos suspensos, para facilitar o deslocamento arborícola. Além disso, foram observados animais percorrendo um mesmo trajeto no estrato arbóreo. Foi constatada certa sincronia do início e término das atividades diárias dos animais com o nascer e pôr-do-sol, entretanto foram registrados coatis solitários ativos durante a noite no inverno e na primavera. O período de acasalamento, provavelmente, compreende o final do inverno, setembro, ocorrendo o nascimento dos filhotes entre o final de novembro e início de dezembro, na primavera. Durante o dia os coatis usam mais o solo, havendo variações durante o outono e inverno, bem como nos primeiros e nos últimos períodos do dia, quando o estrato arbóreo foi mais usado. As categorias comportamentais registradas foram o forrageio, deslocamento, postura neutra, manutenção, interação social não-agonística e vocalização, sendo as duas primeiras as mais representativas. Os bandos demonstraram uma diversificação comportamental maior. Sazonalmente, os animais solitários mostraram maior variação comportamental, enquanto que os bandos apresentaram um padrão mais uniforme, ocorrendo no verão a maior diversificação comportamental. Os dados deste estudo contribuíram para ampliar o conhecimento sobre a biologia e ecologia da espécie N. nasua. Entretanto, é necessário que outros estudos sejam realizados para corroborar com estes resultados, vislumbrando, assim, identificar padrões que possam evidenciar a plasticidade da espécie em viver nos diferentes ambientes ao longo de sua distribuição geográfica e, sobretudo, subsidiar estratégias de conservação.
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