Vieses na orientação da atenção em crianças em risco de transtornos emocionais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Montagner, Rachel
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/117079
Resumo: Os Transtornos Emocionais ou Transtornos Internalizantes compreendem os Transtornos de Ansiedade e a Depressão Maior. São condições comuns, com frequência apresentam um curso crônico, podem chegar a ser incapacitantes e estão associados ao desenvolvimento de outros transtornos mentais ao longo da vida. Existe um vasto campo de pesquisa buscando identificar fatores de risco e de vulnerabilidade para estes transtornos. Entre estes, a história familiar é notoriamente conhecida como um dos fatores de risco mais consistentes. Contudo, os mecanismos pelos quais transtornos psiquiátricos nos pais conferem risco de psicopatologia nos filhos ainda são desconhecidos. Nesta dissertação, buscaremos investigar se alterações no sistema de orientação da atenção para ameaças podem estar envolvidas na transmissão de risco de transtornos emocionais de mães para filhos. Participaram do estudo 1280 crianças com desenvolvimento típico, entre 6-14 anos, participantes da Coorte de Escolares de Alto Risco para Transtornos Psiquiátricos na Infância e Adolescência. A ausência de diagnóstico psiquiátrico nas crianças foi avaliada por meio do Developing and Well-Being Behaviour Assessment (DAWBA) e os diagnósticos de ansiedade ou depressão nas mães foram realizados através do Mini International Diagnosis Interview (MINI). Duas tarefas dot-probe, com diferentes tempos de exposição (500ms e 1250ms) foram utilizadas para avaliar vieses de atenção para faces de felicidade e para faces de raiva. Os resultados mostraram que meninas com mães com transtornos emocionais apresentaram uma maior atenção direcionada para ameaças em comparação com filhas de mães sem transtornos emocionais (i. e. humor ou ansiedade). Em contraste, o viés atencional para ameaças em meninos depende do tipo de transtorno emocional que a mãe apresenta. Ou seja, em comparação com filhos de mães sem transtornos emocionais, meninos com mães com depressão maior (na ausência de transtorno de ansiedade) mostraram um aumento da atenção em direção à ameaça, enquanto que este viés está ausente em meninos cujas mães apresentam transtorno de ansiedade. Conclui-se que o viés atencional pode ser um mecanismo mediador do risco parental para transtornos emocionais, o que deve ser melhor investigado em estudos longitudinais. Ainda, especula-se que a prevalência mais alta de transtornos de ansiedade em meninas poderia ser parcialmente explicada como um reflexo desta transmissão de risco, uma vez que meninos são afetados por viés em seus processos de informação apenas quando possuem mães deprimidas, enquanto que meninas têm estes processos afetados quando possuem mães deprimidas ou ansiosas. Os resultados têm implicações tanto para o entendimento dos mecanismos de transmissão de risco para transtornos de ansiedade e depressão, quanto para o desenvolvimento de intervenções preventivas e pesquisas futuras em crianças em risco para estes transtornos emocionais na infância e adolescência.
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Nesta dissertação, buscaremos investigar se alterações no sistema de orientação da atenção para ameaças podem estar envolvidas na transmissão de risco de transtornos emocionais de mães para filhos. Participaram do estudo 1280 crianças com desenvolvimento típico, entre 6-14 anos, participantes da Coorte de Escolares de Alto Risco para Transtornos Psiquiátricos na Infância e Adolescência. A ausência de diagnóstico psiquiátrico nas crianças foi avaliada por meio do Developing and Well-Being Behaviour Assessment (DAWBA) e os diagnósticos de ansiedade ou depressão nas mães foram realizados através do Mini International Diagnosis Interview (MINI). Duas tarefas dot-probe, com diferentes tempos de exposição (500ms e 1250ms) foram utilizadas para avaliar vieses de atenção para faces de felicidade e para faces de raiva. Os resultados mostraram que meninas com mães com transtornos emocionais apresentaram uma maior atenção direcionada para ameaças em comparação com filhas de mães sem transtornos emocionais (i. e. humor ou ansiedade). Em contraste, o viés atencional para ameaças em meninos depende do tipo de transtorno emocional que a mãe apresenta. Ou seja, em comparação com filhos de mães sem transtornos emocionais, meninos com mães com depressão maior (na ausência de transtorno de ansiedade) mostraram um aumento da atenção em direção à ameaça, enquanto que este viés está ausente em meninos cujas mães apresentam transtorno de ansiedade. Conclui-se que o viés atencional pode ser um mecanismo mediador do risco parental para transtornos emocionais, o que deve ser melhor investigado em estudos longitudinais. Ainda, especula-se que a prevalência mais alta de transtornos de ansiedade em meninas poderia ser parcialmente explicada como um reflexo desta transmissão de risco, uma vez que meninos são afetados por viés em seus processos de informação apenas quando possuem mães deprimidas, enquanto que meninas têm estes processos afetados quando possuem mães deprimidas ou ansiosas. Os resultados têm implicações tanto para o entendimento dos mecanismos de transmissão de risco para transtornos de ansiedade e depressão, quanto para o desenvolvimento de intervenções preventivas e pesquisas futuras em crianças em risco para estes transtornos emocionais na infância e adolescência.Emotional Disorders or Internalizing Disorders comprise Major Depression and Anxiety Disorders. These disorders are common, frequently have a chronic course, could lead to disability and are associated with the development of other mental disorders later in life. There is a vast field of research aiming to identify risk factors to these disorders. Among these, family history of psychiatric disorders is one of the most consistent risk factors for emotional disorders. However, the mechanisms by which parental psychiatric disorders confer risk for psychopathology in children are still unknown. In this dissertation, we aim to investigate whether changes in the attention orienting system towards threats might be involved in the risk transmission of emotional disorders from mothers to children. The study included 1280 typically developing children, 6-14 years of age, participants from the High Risk Cohort Study for Psychiatric Disorders. Absence of childhood diagnosis was performed using the Developing and Well-Being Behavior Assessment (DAWBA). Maternal diagnosis of Anxiety and Depression was performed using the Mini International Diagnosis Interview (MINI). Two dot-probe tasks, which differed in stimulus exposure (500ms and 1250ms), assessed attention biases for happy-face and threat-face cues. Results showed that girls with maternal emotion disorder showed increased attention to threat compared to daughters of disorder-free mothers, irrespective of the type of maternal emotion disorder (i.e. mood or anxiety). In contrast, attention bias to threat in boys depends on the type of maternal emotion disorder. That is, in comparison with sons of disorder-free mothers, boys with maternal mood disorder (in the absence of anxiety disorder) showed increased attention to threat, whereas this bias is absent in boys with maternal anxiety disorder. We conclude that threat bias could be a mechanism mediating parental risk for emotional disorders. Longitudinal studies must be conducted to investigate this. Moreover, it is speculated that the higher prevalence of anxiety in girls might be partially a reflection of this risk transmission, since boys are only affected by information processing bias with depressed mothers, whereas both depressed and anxious mothers affect such processes on girls. The results have implications both for understanding the mechanisms underlying risk transmission for anxiety and depressive disorders and developing of preventive interventions and future research in children at risk for emotional disorders in childhood and adolescence.application/pdfporSintomas afetivosAtenção à saúdeGrupos de riscoCriançaAttentional biasChildrenMothersEmotional disordersParental risk transmissionVieses na orientação da atenção em crianças em risco de transtornos emocionaisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de MedicinaPrograma de Pós-Graduação em Ciências Médicas: PsiquiatriaPorto Alegre, BR-RS2015mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000966725.pdf000966725.pdfTexto completoapplication/pdf853606http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/117079/1/000966725.pdf17c8ec43a5346bc1c5c9e2eff8e876adMD51TEXT000966725.pdf.txt000966725.pdf.txtExtracted Texttext/plain135184http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/117079/2/000966725.pdf.txtab11f6521c5c7890de169dd13752a01aMD52THUMBNAIL000966725.pdf.jpg000966725.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1111http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/117079/3/000966725.pdf.jpg8be56563cdeabf48e701a7c1c40e1e5eMD5310183/1170792018-10-22 08:51:28.131oai:www.lume.ufrgs.br:10183/117079Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532018-10-22T11:51:28Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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