Avaliação da presença de trauma e da qualidade do apego em pacientes com transtorno do pânico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Seganfredo, Ana Carolina Gaspar
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/14939
Resumo: A presença de trauma e a qualidade do apego têm sido freqüentemente estudadas nos transtornos de ansiedade, em especial no Transtorno de Pânico (TP). Diversos estudos têm utilizado instrumentos para avaliar esses dois fatores de forma mais específica. A mensuração da qualidade do apego, descrevendo o tipo de parentagem, pode ser realizada através do Parental Bonding Instrument (PBI) e as características das situações traumáticas podem ser medidas através do Childhood Trauma Questionnaire (CTQ). Ambos os instrumentos possuem boa confiabilidade interna. Diversos estudos têm sugerido que pacientes com TP apresentam pais mais superprotetores e pouco afetivos, e que estes mesmos apresentam maior número de situações traumáticas na infância e na adolescência. Na primeira etapa deste estudo participaram 123 pacientes com TP e 123 controles sem transtornos psiquiátricos em Eixo I. Os dois grupos foram avaliados através do M.I.N.I. (Mini International Neuropsychiatric Interview – Brazilian version 5.0 – DSM IV): uma entrevista estruturada que avalia de modo padronizado os principais transtornos psiquiátricos do Eixo I, de acordo com os critérios do DSM-IV. Para a avaliação do apego foi utilizado o PBI que divide o tipo de parentagem em dois aspectos: afeto e superproteção. Para a avaliação do trauma foi utilizado o CTQ que divide as situações traumáticas em 5 itens: abuso emocional, abuso físico e abuso sexual, negligência emocional e negligência física. O objetivo desta avaliação seria o de observar as diferenças existentes entre pacientes e controles em relação ao tipo de parentagem e trauma. Os pacientes apresentaram pais mais superprotetores em comparação ao grupo controle. Além disso, pode-se constatar que mulheres com TP apresentaram pais mais superprotetores, ao passo que homens com TP apresentaram mães mais superprotetoras. Em relação ao trauma, foi encontrada maior freqüência de abuso emocional entre os pacientes com TP comparados ao grupo controle. Em uma segunda etapa deste estudo, participaram 87 mulheres com TP pareadas por idade e nível socioeconômico com um grupo controle de 87 mulheres sem patologias psiquiátricas. Os grupos foram avaliados da mesma forma que na etapa anterior, utilizando-se o M.I.N.I., o PBI e o CTQ. Neste estudo de interação entre apego e trauma no TP pôde ser observado que em mulheres traumatizadas que apresentaram mães superprotetoras não se observou uma associação com TP na vida adulta, enquanto que em mulheres não traumatizadas, na presença de mães superprotetoras, observou-se uma maior chance de TP na vida adulta. Este estudo sugeriu que a presença de trauma e de um padrão de apego superprotetor está associada ao TP, com diferenças entre os gêneros. Por outro lado, também estas duas variáveis (trauma e apego) interagem, podendo modificar esta associação com TP na vida adulta. Portanto, estes fatores devem ser considerados durante o processo de avaliação e diagnóstico dos pacientes assim como durante o planejamento terapêutico.
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