Usos alternativos do bagaço de cana de açúcar na indústria avícola e da borracharia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Del Pino, Jose Claudio
Data de Publicação: 1994
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/189654
Resumo: A cana-de-açúcar contém em média 12% de fibra que no processo de extração do caldo se transforma no bagaço de cana. Esta fibra tem composição química típica, contendo em média 36% de a-celulose, 31% de hemicelulose, 22% de lignina e 11% de outros constituintes. O bagaço de cana é usado preferencialmente na indústria açucareira e alcooleira como combustível para gerar energia térmica, consumida localmente. Sua produção é da ordem de 25% do total da cana moída, e seu consumo é dependente das necessidades energéticas do complexo industrial, podendo haver um excedente de bagaço de até 30% do total produzido. Este poderá ser utilizado para diversos fins, como para co-geração de energia elétrica, biodigestão, ração animal, fertilizante, química fina, matéria plástica, entre outros. Neste trabalho de pesquisa propõe-se o estudo da viabilidade da utilização do bagaço de cana na indústria avícola, do calçado e da construção civil.Em função de suas propriedades fisicas e químicas o bagaço de cana pode ser utilizado como carga inerte em composições de artefatos de borracha, em substituição ao caulim e aos carbonatos. Associado a materiais plastificantes, como resinas fenólicas, facilitam o processamento industrial e melhoram propriedades mecânicas do vulcanizado. A composição de borracha com bagaço de cana utilizado na fabricação de solados de sapato, apresenta baixa densidade hidrostática, boa aparência, dureza elevada, resistência a abrasão, a flexão e ao rasgamento progressivo, propriedades específicas que permitem avaliar a qualidade deste produto Testes de campo também mostram a viabilidade da utilização desta composição de borracha em solado de sapato. Quanto à fabricação de aglomerados elastoméricos, estes apresentam boa flexibilidade e dureza compatível com o fim a que se destinam. Estes podem ser serrados, pregados ou parafusados, com desempenho equivalente a madeira.Em relação a utilização do bagaço de cana como cama de aviário, verificou-se que a pré-fennentação, processo que ocasiona a redução da umidade e do teor de açúcares no bagaço, e procedimentos adequados de manejo são fatores determinantes para a obtenção de condições que não interfiram no desenvolvimento dos animais. Comparativamente a maravalha, o bagaço de cana apresentou boa capacidade de absorção de água e de compactação. Não há diferença significativa no ganho de peso, mortalidade dos animais e crescimento de microorganismos. Não detectou-se presença de aflatoxinas. O acompanhamento clínico dos animais não evidenciou alterações locomotoras ou aparecimento de outros tipos de lesão. Após a criação dos animais, a cama constitui-se numa fonte de nutrientes para a produção agrícola ou animal. A análise econômica para comercialização do bagaço de cana, é dependente do custo de sua produção e do tipo de utilização industrial. Uma unidade de produção de 5.000 litros de álcool por dia operando durante seis meses por ano produz um excedente de bagaço de cana, que ao ser comercializado na indústria avícola, ao valor de US$ 2/m3 , gera uma receita de US$ 11.340/ano, pennitindo um retomo do investimento num período de três a quatro anos. Na indústria do calçado e da construção civíl, onde o bagaço é utilizado como carga inerte na composição da borracha, este será comercializado por US$ 0,05 /Kg, obtendo-se uma receita de US$ 48.495/ano, permitindo um retomo do investimento, no período de um ano. Deve-se salientar que esta é uma receita adicional àquela conseguida com a comercialização do álcool combustível, e que 70% do bagaço de cana já foi utilizado como fonte energética na destilaria.
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