Expressão das iodotironinas desiodases nos carcinomas da tireóide

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Meyer, Erika Laurini de Souza
Data de Publicação: 2007
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/12144
Resumo: Os carcinomas da tireóide são as neoplasias malignas mais freqüentes do sistema endócrino. Classificam-se histologicamente em carcinomas papilar e folicular, derivados das células foliculares; carcinoma medular, derivado das células C ou parafoliculares, e carcinoma anaplásico. Os carcinomas diferenciados, papilar e folicular, representam mais do que 85% de todos os tipos histológicos. O carcinoma medular, compreende 5 a 10% e o anaplásico ou indiferenciado, 2% de todos os cânceres da tireóide. Os carcinomas diferenciados da tireóide geralmente conservam as características bioquímicas da célula folicular tireoidiana. No entanto, vários estudos têm descrito anormalidades na expressão das principais proteínas envolvidas na biossíntese dos hormônios tireoidianos, tais como o receptor do TSH, o cotransportador de Na+/I- (NIS), a tireoglobulina (Tg) e a tireoperoxidase (TPO). As iodotironinas desiodases tipo 1 (D1) e tipo 2 (D2) são enzimas responsáveis pela ativação do T4 e produção do hormônio biologicamente ativo T3 na tireóide e nos tecidos periféricos. Poucos estudos analisaram a expressão das 5’-desiodases nos carcinomas diferenciados da tireóide. Estudos prévios demonstraram que a expressão da isoenzima D2 está reduzida no carcinoma papilar e aumentada no carcinoma folicular metastático. No entanto, uma expressão variável da D1 foi descrita em amostras de carcinomas papilares, sendo que não havia uma avaliação sistemática da expressão dessa isoenzima nos carcinomas foliculares. O objetivo inicial do nosso estudo foi avaliar a expressão da D1 e da D2 nos tumores benignos e malignos da tireóide. De forma interessante, demonstramos que nos vários subtipos histológicos de carcinoma papilar, inclusive em microcarcinomas, os níveis de RNA mensageiro (RNAm) e de atividade da D1 estavam significativamente diminuídos em relação ao tecido tireoidiano normal correspondente (0,25 ± 0,24 vs. 1,09 ± 0,54 unidades arbitrárias (UA), P<0,001 e 0,08 ± 0,07 vs. 0,24 ± 0,15 pmol T4/min/mg proteína, P=0,045, respectivamente) . Por outro lado, observamos um aumento da expressão dessa enzima nos adenomas (1,9 ± 1,5 vs. 0,83 ± 0,58 UA, P= 0,028 e 2,67 ± 1,42 vs. 0,22 ± 0,06 pmol T4/min/mg proteína, P=0,044, respectivamente) e nos carcinomas foliculares (1,2 ± 0,46 vs. 0,67 ± 0,18 UA, P=0,038 e 1,20 ± 0,58 vs. 0,20 ± 0,10 pmol T4/min/mg proteína, P<0,001, respectivamente). Da mesma forma, confirmamos dados prévios sobre o aumento da atividade da D2 no carcinoma folicular metastático. A análise desses resultados permitiu concluir, originalmente, que a alteração na expressão da D1 parece ser um evento precoce e específico da desdiferenciação celular do carcinoma papilar (Souza Meyer EL et al, Clinical Endocrinology 2005;62:672-78). O interesse pelo padrão de expressão das 5’-desiodases em outros tumores humanos e pelos mecanismos ou implicações do aumento ou da diminuição das desiodases na patogênese neoplásica, determinou um estudo da literatura que foi publicado em artigo de revisão (Meyer ELS et al, Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia 2007;51/5:690-700). Uma observação inesperada durante as nossas pesquisas foi a presença da D2 no carcinoma medular da tireóide (CMT). A atividade da D2 em amostras de CMT estava comparável ao tecido folicular normal (0,41 ± 0,10 vs. 0,43 ± 0,41 fmol T4/min/mg proteína, P=0,913). Para descartar a possibilidade de contaminação do tecido tumoral por tecido tireoidiano normal, a investigação foi ampliada para a análise dessa enzima nas células TT, uma linhagem celular humana de CMT. Os resultados confirmaram os achados nas amostras tumorais e evidenciaram a manutenção das propriedades bioquímicas da D2, tais como a inibição pelos hormônios tireoidianos, a insensibilidade à inibição pelo propiltiouracil e a baixa Constante de Michaelis-Menten, apesar da desdiferenciação celular. Sendo assim, os nossos dados propõem uma nova perspectiva sobre o papel dos hormônios tireoidianos nas células C da tireóide (artigo submetido à publicação).
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