O jogo como modelo onto-cosmológico de compreensão filosófica

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Autor(a) principal: Schuck, José Fernando
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNISINOS (RBDU Repositório Digital da Biblioteca da Unisinos)
Texto Completo: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/10801
Resumo: A investigação ora aventada visa defender a noção de jogo como um modelo e termo medial da compreensão filosófica entendida não apenas como decorrente de uma "interpretação racional", mas de uma “experiência vivencial" adquirida em meio ao mundo da vida. Nessa inquirição do jogo, a questão de fundo que permanece é a de saber se a autoconstituição e autorregulação – dinâmicas próprias do fenômeno lúdico –, podem ser compreendidas em “correspondência” com um originário e prevalente jogo onto-cosmológico. Nesse percurso investigativo, as principais referências teóricas serão as filosofias de Heráclito, Friedrich Nietzsche e Eugen Fink, numa via preponderantemente cosmológica; e as abordagens de Martin Heidegger e Hans-Georg Gadamer, numa via preponderantemente ontológica. Como caminho preparatório, apresentamos no primeiro capítulo o lugar do jogo no mundo grego através do agon e da mímesis, lembrando que estas concepções primevas acabaram por determinar o modo de recepção do jogo ao longo da tradição filosófica. Ainda no primeiro capítulo introduzimos a interpretação “antropológica” de Immanuel Kant que aponta o humano como um "co-jogador do mundo”, concepção que orientou Friedrich Schiller e sua interpretação da subjetividade estética e lúdica como fundamental à formação (Bildung) de nossa humanidade. No segundo capítulo introduzimos a perspectiva lúdico/agonística presente no pensamento de Nietzsche, a qual reposicionou o ludus como refletindo um impulsivo e irracional "jogo do mundo" (Weltspiel), no qual o ser encontra-se em correspondência com o devir. Ainda no segundo capítulo apontamos para duas vias que se consolidaram no pensamento pós-nietzschiano: uma que retoma, a partir de Nietzsche e Heráclito, a perspectiva cosmológica de um “jogo do mundo”, e outra que privilegia a ideia do ludus como refletindo um “jogo do ser”. O terceiro capítulo apresenta inicialmente a interpretação heideggeriana do existente humano (Dasein) como aquele que, "sendo lançado" (geworfen) pelo ser, encontra-se movido por uma "tonalidade afetiva" (Stimmung) de jogo que o capacita à compreensão (Verstehen) e "formação de mundo” (Weltbildung). Tal perspectiva refletiu-se na proposta hermenêutica desenvolvida por Gadamer, que apontou o "jogo da arte" como modelo de “compreensão hermenêutica" estruturado pela relação com o “mundo da vida” (Lebenswelt) e a temporalidade histórica. Este último capítulo será concluído com a abordagem onto-cosmológica de Fink, para quem o jogar constitui um símbolo e “metáfora cósmica” capaz de mediar a compreensão da emergência e desaparecimento dos entes – e do próprio humano – no espaço e tempo do mundo. Para Fink, o filosofar promove um "sair de si" pelo qual efetuamos a autocompreensão de nossos papéis (Rollen) em meio ao espaço de jogo (Spielraum) finito e intramundano.
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spelling 2021-12-22T18:21:46Z2021-12-22T18:21:46Z2021-09-24Submitted by Jeferson Carlos da Veiga Rodrigues (jveigar@unisinos.br) on 2021-12-22T18:21:46Z No. of bitstreams: 1 José Fernando Schuck_.pdf: 1888787 bytes, checksum: 841ccd074320d3d070f02c5f48c0004b (MD5)Made available in DSpace on 2021-12-22T18:21:46Z (GMT). No. of bitstreams: 1 José Fernando Schuck_.pdf: 1888787 bytes, checksum: 841ccd074320d3d070f02c5f48c0004b (MD5) Previous issue date: 2021-09-24A investigação ora aventada visa defender a noção de jogo como um modelo e termo medial da compreensão filosófica entendida não apenas como decorrente de uma "interpretação racional", mas de uma “experiência vivencial" adquirida em meio ao mundo da vida. Nessa inquirição do jogo, a questão de fundo que permanece é a de saber se a autoconstituição e autorregulação – dinâmicas próprias do fenômeno lúdico –, podem ser compreendidas em “correspondência” com um originário e prevalente jogo onto-cosmológico. Nesse percurso investigativo, as principais referências teóricas serão as filosofias de Heráclito, Friedrich Nietzsche e Eugen Fink, numa via preponderantemente cosmológica; e as abordagens de Martin Heidegger e Hans-Georg Gadamer, numa via preponderantemente ontológica. Como caminho preparatório, apresentamos no primeiro capítulo o lugar do jogo no mundo grego através do agon e da mímesis, lembrando que estas concepções primevas acabaram por determinar o modo de recepção do jogo ao longo da tradição filosófica. Ainda no primeiro capítulo introduzimos a interpretação “antropológica” de Immanuel Kant que aponta o humano como um "co-jogador do mundo”, concepção que orientou Friedrich Schiller e sua interpretação da subjetividade estética e lúdica como fundamental à formação (Bildung) de nossa humanidade. No segundo capítulo introduzimos a perspectiva lúdico/agonística presente no pensamento de Nietzsche, a qual reposicionou o ludus como refletindo um impulsivo e irracional "jogo do mundo" (Weltspiel), no qual o ser encontra-se em correspondência com o devir. Ainda no segundo capítulo apontamos para duas vias que se consolidaram no pensamento pós-nietzschiano: uma que retoma, a partir de Nietzsche e Heráclito, a perspectiva cosmológica de um “jogo do mundo”, e outra que privilegia a ideia do ludus como refletindo um “jogo do ser”. O terceiro capítulo apresenta inicialmente a interpretação heideggeriana do existente humano (Dasein) como aquele que, "sendo lançado" (geworfen) pelo ser, encontra-se movido por uma "tonalidade afetiva" (Stimmung) de jogo que o capacita à compreensão (Verstehen) e "formação de mundo” (Weltbildung). Tal perspectiva refletiu-se na proposta hermenêutica desenvolvida por Gadamer, que apontou o "jogo da arte" como modelo de “compreensão hermenêutica" estruturado pela relação com o “mundo da vida” (Lebenswelt) e a temporalidade histórica. Este último capítulo será concluído com a abordagem onto-cosmológica de Fink, para quem o jogar constitui um símbolo e “metáfora cósmica” capaz de mediar a compreensão da emergência e desaparecimento dos entes – e do próprio humano – no espaço e tempo do mundo. Para Fink, o filosofar promove um "sair de si" pelo qual efetuamos a autocompreensão de nossos papéis (Rollen) em meio ao espaço de jogo (Spielraum) finito e intramundano.The investigation discussed herein aims to defend the notion of play as a model and medial term of philosophical understanding, which is understood not only as a result of a “rational interpretation”, but of an “living experience”, acquired in the midst of the life-world. In this inquiry into play, the basic remaining question is whether self-constitution and self-regulation – dynamics of the phenomenon of play – can be understood in “correspondence” with an original and prevalent onto-cosmological play. In this investigative path, the main theoretical references will be, in a predominantly cosmological way, the philosophies of Heraclitus, Friedrich Nietzsche and Eugen Fink; and, in a predominantly ontological way, the approaches of Martin Heidegger and Hans-Georg Gadamer. As a preparatory path, we present in the first chapter the place of the play in the Greek world through agon and mimesis, remembering that these early conceptions ended up determining the way in which the game was received throughout the philosophical tradition. Also in the first chapter, we introduce Immanuel Kant’s “anthropological” interpretation that points out the human as a “co-player of the world”, a conception that guided Friedrich Schiller and his interpretation of aesthetic and ludic subjectivity as fundamental to the formation (Bildung) of our humanity. In the second chapter, we introduce the ludic/agonistic perspective present in Nietzsche’s thought, which repositioned ludus as reflecting an impulsive and irrational “world play” (Weltspiel), in which being is in correspondence to becoming. Also in the second chapter, we point to two paths that were consolidated in post-Nietzschean thought: one that resumes, from Nietzsche and Heraclitus, the cosmological perspective of a “world play”, and another that privileges the idea of ludus as reflecting a “play of being”. The third chapter initially introduces the Heideggerian interpretation of human existence (Dasein) that, in a condition of "being played" (geworfen) by Being, finds itself moved by a "disposition" (Stimmung) of play that enables it to understanding (Verstehen) and to "world formation" (Weltbildung). Such perspective reflects the hermeneutic proposal developed by Gadamer, who pointed out the "art of play" as a model for the "hermeneutic understanding" structured in its relation to "life-world" (Lebenswelt) and historical temporality. This last chapter is concluded with Fink's onto-cosmological approach, for whom playing constitutes a symbol and "cosmic metaphor" able to mediate the understanding of the emergence and disappearance of beings – and of the human itself – in the space and time of the world. For Fink, philosophizing enables us to "come out of ourselves" through which we self-understand our roles (Rollen) in the midst of the finite and intramundane space of play (Spielraum).NenhumaSchuck, José Fernandohttp://lattes.cnpq.br/8704924681306761http://lattes.cnpq.br/8262728507671434Rohden, LuizUniversidade do Vale do Rio dos SinosPrograma de Pós-Graduação em FilosofiaUnisinosBrasilEscola de HumanidadesO jogo como modelo onto-cosmológico de compreensão filosóficaACCNPQ::Ciências Humanas::FilosofiaJogoFilosofiaCompreensãoOnto-cosmologiaPlayPhilosophyUnderstandingOnto-cosmologyinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesishttp://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/10801info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UNISINOS (RBDU Repositório Digital da Biblioteca da Unisinos)instname:Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)instacron:UNISINOSORIGINALJosé Fernando Schuck_.pdfJosé Fernando Schuck_.pdfapplication/pdf1888787http://repositorio.jesuita.org.br/bitstream/UNISINOS/10801/1/Jos%C3%A9+Fernando+Schuck_.pdf841ccd074320d3d070f02c5f48c0004bMD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82175http://repositorio.jesuita.org.br/bitstream/UNISINOS/10801/2/license.txt320e21f23402402ac4988605e1edd177MD52UNISINOS/108012021-12-22 15:23:43.856oai:www.repositorio.jesuita.org.br:UNISINOS/10801Ck5PVEE6IENPTE9RVUUgQVFVSSBBIFNVQSBQUsOTUFJJQSBMSUNFTsOHQQoKRXN0YSBsaWNlbsOnYSBkZSBleGVtcGxvIMOpIGZvcm5lY2lkYSBhcGVuYXMgcGFyYSBmaW5zIGluZm9ybWF0aXZvcy4KCkxpY2Vuw6dhIERFIERJU1RSSUJVScOHw4NPIE7Dg08tRVhDTFVTSVZBCgpDb20gYSBhcHJlc2VudGHDp8OjbyBkZXN0YSBsaWNlbsOnYSwgdm9jw6ogKG8gYXV0b3IgKGVzKSBvdSBvIHRpdHVsYXIgZG9zIGRpcmVpdG9zIGRlIGF1dG9yKSBjb25jZWRlIMOgIApVbml2ZXJzaWRhZGUgZG8gVmFsZSBkbyBSaW8gZG9zIFNpbm9zIChVTklTSU5PUykgbyBkaXJlaXRvIG7Do28tZXhjbHVzaXZvIGRlIHJlcHJvZHV6aXIsICB0cmFkdXppciAoY29uZm9ybWUgZGVmaW5pZG8gYWJhaXhvKSwgZS9vdSAKZGlzdHJpYnVpciBhIHN1YSB0ZXNlIG91IGRpc3NlcnRhw6fDo28gKGluY2x1aW5kbyBvIHJlc3VtbykgcG9yIHRvZG8gbyBtdW5kbyBubyBmb3JtYXRvIGltcHJlc3NvIGUgZWxldHLDtG5pY28gZSAKZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgYSBTaWdsYSBkZSBVbml2ZXJzaWRhZGUgcG9kZSwgc2VtIGFsdGVyYXIgbyBjb250ZcO6ZG8sIHRyYW5zcG9yIGEgc3VhIHRlc2Ugb3UgZGlzc2VydGHDp8OjbyAKcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBhIFNpZ2xhIGRlIFVuaXZlcnNpZGFkZSBwb2RlIG1hbnRlciBtYWlzIGRlIHVtYSBjw7NwaWEgYSBzdWEgdGVzZSBvdSAKZGlzc2VydGHDp8OjbyBwYXJhIGZpbnMgZGUgc2VndXJhbsOnYSwgYmFjay11cCBlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBhIHN1YSB0ZXNlIG91IGRpc3NlcnRhw6fDo28gw6kgb3JpZ2luYWwgZSBxdWUgdm9jw6ogdGVtIG8gcG9kZXIgZGUgY29uY2VkZXIgb3MgZGlyZWl0b3MgY29udGlkb3MgCm5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRhIHN1YSB0ZXNlIG91IGRpc3NlcnRhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IApjb25oZWNpbWVudG8sIGluZnJpbmdlIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIGRlIG5pbmd1w6ltLgoKQ2FzbyBhIHN1YSB0ZXNlIG91IGRpc3NlcnRhw6fDo28gY29udGVuaGEgbWF0ZXJpYWwgcXVlIHZvY8OqIG7Do28gcG9zc3VpIGEgdGl0dWxhcmlkYWRlIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcywgdm9jw6ogCmRlY2xhcmEgcXVlIG9idGV2ZSBhIHBlcm1pc3PDo28gaXJyZXN0cml0YSBkbyBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgcGFyYSBjb25jZWRlciDDoCBTaWdsYSBkZSBVbml2ZXJzaWRhZGUgCm9zIGRpcmVpdG9zIGFwcmVzZW50YWRvcyBuZXN0YSBsaWNlbsOnYSwgZSBxdWUgZXNzZSBtYXRlcmlhbCBkZSBwcm9wcmllZGFkZSBkZSB0ZXJjZWlyb3MgZXN0w6EgY2xhcmFtZW50ZSAKaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHRlc2Ugb3UgZGlzc2VydGHDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBURVNFIE9VIERJU1NFUlRBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgCkFQT0lPIERFIFVNQSBBR8OKTkNJQSBERSBGT01FTlRPIE9VIE9VVFJPIE9SR0FOSVNNTyBRVUUgTsODTyBTRUpBIEEgU0lHTEEgREUgClVOSVZFUlNJREFERSwgVk9Dw4ogREVDTEFSQSBRVUUgUkVTUEVJVE9VIFRPRE9TIEUgUVVBSVNRVUVSIERJUkVJVE9TIERFIFJFVklTw4NPIENPTU8gClRBTULDiU0gQVMgREVNQUlTIE9CUklHQcOHw5VFUyBFWElHSURBUyBQT1IgQ09OVFJBVE8gT1UgQUNPUkRPLgoKQSBTaWdsYSBkZSBVbml2ZXJzaWRhZGUgc2UgY29tcHJvbWV0ZSBhIGlkZW50aWZpY2FyIGNsYXJhbWVudGUgbyBzZXUgbm9tZSAocykgb3UgbyhzKSBub21lKHMpIGRvKHMpIApkZXRlbnRvcihlcykgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIGRhIHRlc2Ugb3UgZGlzc2VydGHDp8OjbywgZSBuw6NvIGZhcsOhIHF1YWxxdWVyIGFsdGVyYcOnw6NvLCBhbMOpbSBkYXF1ZWxhcyAKY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KBiblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.repositorio.jesuita.org.br/oai/requestopendoar:2021-12-22T18:23:43Repositório Institucional da UNISINOS (RBDU Repositório Digital da Biblioteca da Unisinos) - Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)false
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