A ideia de racionalidade subjacente ao modelo da interação entre a ciência e os valores: florescimento cognitivo, humano e da vida
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Scientiae Studia (Online) |
Texto Completo: | https://www.revistas.usp.br/ss/article/view/98138 |
Resumo: | No presente artigo, proponho uma interpretação da epistemologia de Hugh Lacey no que se refere à articulação entre o conceito de racionalidade e os conceitos de florescimento cognitivo, humano e da vida. Sustento que a crítica do autor aos aspectos teóricos e práticos da tecnociência envolve a substituição do progresso pelo florescimento, que é consistente com uma concepção de natureza humana que valoriza seus aspectos singulares e individuais sem comprometer-se com formas teóricas e práticas de indivi dualismo egoísta. Tais posições permitem elaborar uma ética do florescimento contrária à moral do progresso e à atividade científica orientada pelo éthos científico comercial. Tal orientação, segundo minha leitura, compromete a autonomia do cientista individual, da instituição de pesquisa e, no limite, da própria ciência. Discuto ainda a análise dos valores que Lacey realiza tematizando a crença e os desejos como causas da adoção de valores. Proponho que o desejo de saber está associado a certo grau de es pontaneidade (que, segundo o autor, se pode argumentar como sendo um valor em si mesmo) e que, juntamente com a criatividade, são dois valores que integram a ética do florescimento. Em conclusão, caracterizo a racionalidade subjacente ao modelo da interação entre a ciência e os valores como flexível, plural e comprometida com uma concepção de ciência construtivamente voltada para uma existência humana legítima e não dissociada do mundo da vida. Tais atributos também estão ligados à racionalidade como disposição a agir de modo inteligente e responsável a razões, que marca a vida comum e as práticas comunicativas que entrelaçam intencionalidade e racionalidade. |
id |
USP-16_033ae5fb3a27c3c5be29b8e1ff5597c5 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:revistas.usp.br:article/98138 |
network_acronym_str |
USP-16 |
network_name_str |
Scientiae Studia (Online) |
repository_id_str |
|
spelling |
A ideia de racionalidade subjacente ao modelo da interação entre a ciência e os valores: florescimento cognitivo, humano e da vidaThe idea of rationality beyond the model of the interaction between science and values: cognitive, human and life flourishingNo presente artigo, proponho uma interpretação da epistemologia de Hugh Lacey no que se refere à articulação entre o conceito de racionalidade e os conceitos de florescimento cognitivo, humano e da vida. Sustento que a crítica do autor aos aspectos teóricos e práticos da tecnociência envolve a substituição do progresso pelo florescimento, que é consistente com uma concepção de natureza humana que valoriza seus aspectos singulares e individuais sem comprometer-se com formas teóricas e práticas de indivi dualismo egoísta. Tais posições permitem elaborar uma ética do florescimento contrária à moral do progresso e à atividade científica orientada pelo éthos científico comercial. Tal orientação, segundo minha leitura, compromete a autonomia do cientista individual, da instituição de pesquisa e, no limite, da própria ciência. Discuto ainda a análise dos valores que Lacey realiza tematizando a crença e os desejos como causas da adoção de valores. Proponho que o desejo de saber está associado a certo grau de es pontaneidade (que, segundo o autor, se pode argumentar como sendo um valor em si mesmo) e que, juntamente com a criatividade, são dois valores que integram a ética do florescimento. Em conclusão, caracterizo a racionalidade subjacente ao modelo da interação entre a ciência e os valores como flexível, plural e comprometida com uma concepção de ciência construtivamente voltada para uma existência humana legítima e não dissociada do mundo da vida. Tais atributos também estão ligados à racionalidade como disposição a agir de modo inteligente e responsável a razões, que marca a vida comum e as práticas comunicativas que entrelaçam intencionalidade e racionalidade.In this article, I propose an interpretation of Hugh Lacey epistemology in respect to the relationship between the concept of rationality and the concepts of cognitive, human and life flourishing. I argue that the criticism of the author to the theoretical and practical aspects of technoscience involves replacing the concept of progress by the flourishing, which is consistent with a conception of human nature that values their unique and individual aspects, without compromising with theoretical and practical forms of selfish individualism. These positions allow the elaboration of an ethic of flourishing contrary to the moral of progress and the scientific activity driven by the commercial scientific ethos. This approach, according to my reading, compromises the autonomy of the individual scientist, the research institution and, ultimately, of science itself. I also discuss the analysis of the values that Lacey performs taking beliefs and desires as causes of adopting values. I propose that the desire to know is associated with some degree of spontaneity (which, according to the author, it can be argued as being a value in itself) and that, with creativity, are two values that are part of the ethic of flourishing. In conclusion, I characterize the rationality underlying the model of the interaction between science and values as flexible, pluralistic and committed to a conception of science toward a legitimate human existence, not separated from the world of life. Such attributes are also linked to rationality as intelligent responsiveness to reasons, which marks the common life and the communicative practices that intertwine intentionality and rationality.Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas2014-12-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/ss/article/view/9813810.1590/S1678-31662014000500005Scientiae Studia; v. 12 n. 4 (2014); 711-726Scientiae Studia; Vol. 12 Núm. 4 (2014); 711-726Scientiae Studia; Vol. 12 No. 4 (2014); 711-7262316-89941678-3166reponame:Scientiae Studia (Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporhttps://www.revistas.usp.br/ss/article/view/98138/96974Copyright (c) 2015 Scientiae Studiainfo:eu-repo/semantics/openAccessRamos, Maurício de Carvalho2015-10-20T16:00:59Zoai:revistas.usp.br:article/98138Revistahttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=1678-3166&lng=pt&nrm=isoPUBhttps://www.revistas.usp.br/ss/oaiariconda@usp.br2316-89941678-3166opendoar:2015-10-20T16:00:59Scientiae Studia (Online) - Universidade de São Paulo (USP)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
A ideia de racionalidade subjacente ao modelo da interação entre a ciência e os valores: florescimento cognitivo, humano e da vida The idea of rationality beyond the model of the interaction between science and values: cognitive, human and life flourishing |
title |
A ideia de racionalidade subjacente ao modelo da interação entre a ciência e os valores: florescimento cognitivo, humano e da vida |
spellingShingle |
A ideia de racionalidade subjacente ao modelo da interação entre a ciência e os valores: florescimento cognitivo, humano e da vida Ramos, Maurício de Carvalho |
title_short |
A ideia de racionalidade subjacente ao modelo da interação entre a ciência e os valores: florescimento cognitivo, humano e da vida |
title_full |
A ideia de racionalidade subjacente ao modelo da interação entre a ciência e os valores: florescimento cognitivo, humano e da vida |
title_fullStr |
A ideia de racionalidade subjacente ao modelo da interação entre a ciência e os valores: florescimento cognitivo, humano e da vida |
title_full_unstemmed |
A ideia de racionalidade subjacente ao modelo da interação entre a ciência e os valores: florescimento cognitivo, humano e da vida |
title_sort |
A ideia de racionalidade subjacente ao modelo da interação entre a ciência e os valores: florescimento cognitivo, humano e da vida |
author |
Ramos, Maurício de Carvalho |
author_facet |
Ramos, Maurício de Carvalho |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Ramos, Maurício de Carvalho |
description |
No presente artigo, proponho uma interpretação da epistemologia de Hugh Lacey no que se refere à articulação entre o conceito de racionalidade e os conceitos de florescimento cognitivo, humano e da vida. Sustento que a crítica do autor aos aspectos teóricos e práticos da tecnociência envolve a substituição do progresso pelo florescimento, que é consistente com uma concepção de natureza humana que valoriza seus aspectos singulares e individuais sem comprometer-se com formas teóricas e práticas de indivi dualismo egoísta. Tais posições permitem elaborar uma ética do florescimento contrária à moral do progresso e à atividade científica orientada pelo éthos científico comercial. Tal orientação, segundo minha leitura, compromete a autonomia do cientista individual, da instituição de pesquisa e, no limite, da própria ciência. Discuto ainda a análise dos valores que Lacey realiza tematizando a crença e os desejos como causas da adoção de valores. Proponho que o desejo de saber está associado a certo grau de es pontaneidade (que, segundo o autor, se pode argumentar como sendo um valor em si mesmo) e que, juntamente com a criatividade, são dois valores que integram a ética do florescimento. Em conclusão, caracterizo a racionalidade subjacente ao modelo da interação entre a ciência e os valores como flexível, plural e comprometida com uma concepção de ciência construtivamente voltada para uma existência humana legítima e não dissociada do mundo da vida. Tais atributos também estão ligados à racionalidade como disposição a agir de modo inteligente e responsável a razões, que marca a vida comum e as práticas comunicativas que entrelaçam intencionalidade e racionalidade. |
publishDate |
2014 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2014-12-01 |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://www.revistas.usp.br/ss/article/view/98138 10.1590/S1678-31662014000500005 |
url |
https://www.revistas.usp.br/ss/article/view/98138 |
identifier_str_mv |
10.1590/S1678-31662014000500005 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
https://www.revistas.usp.br/ss/article/view/98138/96974 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
Copyright (c) 2015 Scientiae Studia info:eu-repo/semantics/openAccess |
rights_invalid_str_mv |
Copyright (c) 2015 Scientiae Studia |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas |
dc.source.none.fl_str_mv |
Scientiae Studia; v. 12 n. 4 (2014); 711-726 Scientiae Studia; Vol. 12 Núm. 4 (2014); 711-726 Scientiae Studia; Vol. 12 No. 4 (2014); 711-726 2316-8994 1678-3166 reponame:Scientiae Studia (Online) instname:Universidade de São Paulo (USP) instacron:USP |
instname_str |
Universidade de São Paulo (USP) |
instacron_str |
USP |
institution |
USP |
reponame_str |
Scientiae Studia (Online) |
collection |
Scientiae Studia (Online) |
repository.name.fl_str_mv |
Scientiae Studia (Online) - Universidade de São Paulo (USP) |
repository.mail.fl_str_mv |
ariconda@usp.br |
_version_ |
1800222737072914432 |