Darwin e o colapso do projeto epistemológico fundacional moderno
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2004 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Scientiae Studia (Online) |
Texto Completo: | https://www.revistas.usp.br/ss/article/view/11010 |
Resumo: | O colapso do projeto epistemológico fundacional do século XVII tem levado alguns autores a declarar que a epistemologia está morta. Tem havido, nas últimas décadas, um recuo em direção a uma abordagem pragmática do conhecimento, segundo a qual nada há a ser dito a respeito do conhecimento exceto o que possa vir a resultar de uma investigação sobre os modos como certas crenças se formam ou, alternativamente, um esforço, inspirado em Kant e em Heidegger, de superar a epistemologia via crítica das premissas antropológicas subjacentes ao anseio cartesiano por conhecimento apodítico. Dificilmente se percebe, entretanto, que Popper iniciou toda essa discussão sobre a pertinência do projeto epistemológico fundacional moderno sem, entretanto, decretar que qualquer projeto epistemológico concebível está necessariamente fadado ao fracasso. Ele vislumbrou uma solução no pensamento evolutivo darwiniano. Argumenta-se aqui que abordar o conhecimento à luz da evolução permite-nos evitar tanto o anseio por fundamentos últimos de validação do conhecimento, peculiar ao projeto epistemológico do século XVII, quanto a insustentável demanda, comum ao recuo pragmatista, tão em voga nos dias atuais, e ao esforço kantiano-heideggeriano de "superar a epistemologia", de que todo corpo de conhecimento seja confinado ao seu próprio tempo - ou, em outras palavras, de que o passado se torne irrelevante para o presente. |
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Darwin e o colapso do projeto epistemológico fundacional moderno Darwin and the collapse of the modern project of foundationalist epistemology Epistemologia fundacionalRecuo pragmatistaPensamento evolutivoFoundational epistemologyPragmatic retreatEvolutionary thought O colapso do projeto epistemológico fundacional do século XVII tem levado alguns autores a declarar que a epistemologia está morta. Tem havido, nas últimas décadas, um recuo em direção a uma abordagem pragmática do conhecimento, segundo a qual nada há a ser dito a respeito do conhecimento exceto o que possa vir a resultar de uma investigação sobre os modos como certas crenças se formam ou, alternativamente, um esforço, inspirado em Kant e em Heidegger, de superar a epistemologia via crítica das premissas antropológicas subjacentes ao anseio cartesiano por conhecimento apodítico. Dificilmente se percebe, entretanto, que Popper iniciou toda essa discussão sobre a pertinência do projeto epistemológico fundacional moderno sem, entretanto, decretar que qualquer projeto epistemológico concebível está necessariamente fadado ao fracasso. Ele vislumbrou uma solução no pensamento evolutivo darwiniano. Argumenta-se aqui que abordar o conhecimento à luz da evolução permite-nos evitar tanto o anseio por fundamentos últimos de validação do conhecimento, peculiar ao projeto epistemológico do século XVII, quanto a insustentável demanda, comum ao recuo pragmatista, tão em voga nos dias atuais, e ao esforço kantiano-heideggeriano de "superar a epistemologia", de que todo corpo de conhecimento seja confinado ao seu próprio tempo - ou, em outras palavras, de que o passado se torne irrelevante para o presente. The collapse of the modern foundational epistemological project has led some authors to claim that epistemology is dead. There has been either a retreat to a pragmatic approach to knowledge, according to which there is nothing to be said about knowledge except what can result from an investigation of the ways in which certain beliefs are formed, or a Kantian- and Heideggerian-inspired attempt to "overcome epistemology" by "bringing into light" the untenable anthropological premises that underlie the Cartesian failed quest for apodictic knowledge. It has hardly been noticed, however, that Popper pioneered all this discussion about the feasibility of the modern epistemological project without thereby concluding that any conceivable epistemological project is necessarily doomed to failure. He envisaged a solution in Darwin's evolutionary thought. I argue that by making sense of knowledge in the light of evolution one can avoid both the modern anxiety for apodictic knowledge, and the untenable requirement, which in fact underlies both the pragmatic and the Kantian-Heideggerian rejection of foundational epistemology, that every piece of knowledge be encapsulated in its own time - in other words, that the past becomes irrelevant for the present. Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas2004-09-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/ss/article/view/1101010.1590/S1678-31662004000300002Scientiae Studia; v. 2 n. 3 (2004); 313-325Scientiae Studia; Vol. 2 Núm. 3 (2004); 313-325Scientiae Studia; Vol. 2 No. 3 (2004); 313-3252316-89941678-3166reponame:Scientiae Studia (Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporhttps://www.revistas.usp.br/ss/article/view/11010/12778Freitas, Renan Springer deinfo:eu-repo/semantics/openAccess2014-09-08T10:49:47Zoai:revistas.usp.br:article/11010Revistahttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=1678-3166&lng=pt&nrm=isoPUBhttps://www.revistas.usp.br/ss/oaiariconda@usp.br2316-89941678-3166opendoar:2014-09-08T10:49:47Scientiae Studia (Online) - Universidade de São Paulo (USP)false |
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