Depressão materna e saúde mental infantil aos cinco anos de idade: Estudo de coorte MINA-Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Matijasevich, Alicia
Data de Publicação: 2023
Outros Autores: Faisal-Cury, Alexandre, Giacomini, Isabel, Rodrigues, Julia de Souza, Castro, Marcia C., Cardoso, Marly A.
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
eng
Título da fonte: Revista de Saúde Pública
Texto Completo: https://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/219368
Resumo: OBJETIVO: Identificar padrões longitudinais de depressão materna entre três meses e cinco anos após o nascimento de seus filhos, analisar variáveis preditoras dessas trajetórias e avaliar se trajetórias distintas de depressão predizem problemas de saúde mental infantil aos cinco anos de idade.MÉTODOS: Utilizou-se dados do estudo sobre saúde e nutrição materno infantil no Acre (MINA-Brasil), uma coorte de nascimentos de base populacional na Amazônia ocidental brasileira. Os sintomas depressivos maternos foram avaliados pela Escala de DepressãoPós-parto de Edimburgo (EPDS) aos 3 e 6–8 meses e 1 e 2 anos após o parto. Problemas de saúde mental em crianças com cinco anos de idade foram avaliados pelo Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ – Strengths and Difficulties Questionnaire), respondido pelos pais.As trajetórias de depressão materna foram calculadas usando uma abordagem de modelagem baseada em grupos.RESULTADOS: Foram identificadas quatro trajetórias de sintomas depressivos maternos: “baixa” (67,1%), “crescente” (11,5%), “decrescente” (17,4%) e “alta-crônica” (4,0%). As mulheres na trajetória “alta/crônica” eram mais pobres, menos escolarizadas, mais velhas e multíparas e relataram tabagismo com maior frequência e menor número de consultas de pré-natal durante a gestação do que as demais. Nas análises ajustadas, a razão de chances de qualquer transtornodo SDQ foi 3,23 (IC95%:2,00–5,22) e 2,87 (IC95%: 1,09–7,57) vezes maior entre os filhos de mães nos grupos de trajetória “crescente” e “alta-crônica”, respectivamente, do que de mães do grupo de sintomas depressivos “baixos”. As características maternas e infantis incluídas nas análises multivariadas foram incapazes de explicar essas diferenças.CONCLUSÕES: Identificou-se piores desfechos de saúde mental para filhos de mães atribuídas às trajetórias “crônica/grave” e “crescente” de sintomas depressivos. Iniciativas de prevenção e tratamento para evitar os efeitos adversos a curto, médio e longo prazo da depressão materna sobre o desenvolvimento de seus filhos devem se concentrar principalmente nas mulheres nesses grupos.
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Problemas de saúde mental em crianças com cinco anos de idade foram avaliados pelo Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ – Strengths and Difficulties Questionnaire), respondido pelos pais.As trajetórias de depressão materna foram calculadas usando uma abordagem de modelagem baseada em grupos.RESULTADOS: Foram identificadas quatro trajetórias de sintomas depressivos maternos: “baixa” (67,1%), “crescente” (11,5%), “decrescente” (17,4%) e “alta-crônica” (4,0%). As mulheres na trajetória “alta/crônica” eram mais pobres, menos escolarizadas, mais velhas e multíparas e relataram tabagismo com maior frequência e menor número de consultas de pré-natal durante a gestação do que as demais. Nas análises ajustadas, a razão de chances de qualquer transtornodo SDQ foi 3,23 (IC95%:2,00–5,22) e 2,87 (IC95%: 1,09–7,57) vezes maior entre os filhos de mães nos grupos de trajetória “crescente” e “alta-crônica”, respectivamente, do que de mães do grupo de sintomas depressivos “baixos”. As características maternas e infantis incluídas nas análises multivariadas foram incapazes de explicar essas diferenças.CONCLUSÕES: Identificou-se piores desfechos de saúde mental para filhos de mães atribuídas às trajetórias “crônica/grave” e “crescente” de sintomas depressivos. Iniciativas de prevenção e tratamento para evitar os efeitos adversos a curto, médio e longo prazo da depressão materna sobre o desenvolvimento de seus filhos devem se concentrar principalmente nas mulheres nesses grupos.OBJECTIVE: To identify longitudinal patterns of maternal depression between three months and five years after child’s birth, to examine predictor variables for these trajectories, and to evaluate whether distinct depression trajectories predict offspring mental health problems at age 5 years. METHODS: We used data from the Maternal and Child Health and Nutrition in Acre (MINA-Brazil) study, a population-based birth cohort in the Western Brazilian Amazon. Maternal depressive symptoms were assessed with the Edinburgh Postnatal Depression Scale (EPDS) at 3 and 6–8 months, and 1 and 2 years after delivery. Mental health problems in 5-year-old children were evaluated with the Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ) reported by parents. Trajectories of maternal depression were calculated using a group-based modelling approach. RESULTS: We identified four trajectories of maternal depressive symptoms: “low” (67.1%), “increasing” (11.5%), “decreasing” (17.4%), and “high-chronic” (4.0%). Women in the “high/ chronic” trajectory were the poorest, least educated, and oldest compared with women in the other trajectory groups. Also, they were more frequently multiparous and reported smoking and having attended fewer prenatal consultations during pregnancy. In the adjusted analyses, the odds ratio of any SDQ disorder was 3.23 (95%CI: 2.00–5.22) and 2.87 (95%CI: 1.09–7.57) times higher among children of mothers belonging to the “increasing” and “high-chronic” trajectory groups, respectively, compared with those of mothers in the “low” depressive symptoms group. These differences were not explained by maternal and child characteristics included in multivariate analyses. CONCLUSIONS: We identified poorer mental health outcomes for children of mothers assigned to the “chronic/severe” and “increasing” depressive symptoms trajectories. Prevention and treatment initiatives to avoid the adverse short, medium, and long-term effects of maternal depression on offspring development should focus on women belonging to these groups.Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública2023-11-30info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfapplication/pdftext/xmlhttps://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/21936810.11606/s1518-8787.2023057005560Revista de Saúde Pública; v. 57 n. Supl.2 (2023): Suplemento Mina-Brasil; 1-13Revista de Saúde Pública; Vol. 57 Núm. Supl.2 (2023): Suplemento Mina-Brasil; 1-13Revista de Saúde Pública; Vol. 57 No. Supl.2 (2023): Suplemento Mina-Brasil; 1-131518-87870034-8910reponame:Revista de Saúde Públicainstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporenghttps://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/219368/202981https://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/219368/202980https://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/219368/202979Copyright (c) 2023 Alicia Matijasevich, Alexandre Faisal-Cury, Isabel Giacomini, Julia de Souza Rodrigues, Marcia C. Castro, Marly A. Cardosohttps://creativecommons.org/licenses/by/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessMatijasevich, AliciaFaisal-Cury, AlexandreGiacomini, IsabelRodrigues, Julia de SouzaCastro, Marcia C.Cardoso, Marly A.Matijasevich, AliciaFaisal-Cury, AlexandreGiacomini, IsabelRodrigues, Julia de SouzaCastro, Marcia C.Cardoso, Marly A.Matijasevich, AliciaFaisal-Cury, AlexandreGiacomini, IsabelRodrigues, Julia de SouzaCastro, Marcia C.Cardoso, Marly A.2024-03-15T21:43:05Zoai:revistas.usp.br:article/219368Revistahttps://www.revistas.usp.br/rsp/indexONGhttps://www.revistas.usp.br/rsp/oairevsp@org.usp.br||revsp1@usp.br1518-87870034-8910opendoar:2024-03-15T21:43:05Revista de Saúde Pública - Universidade de São Paulo (USP)false
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