Bastilhas de pobres e prisões da democracia: uma reflexão sobre um "trade-off" entre liberdade e (auto)controle

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Melossi, Dario
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Tempo Social (Online)
Texto Completo: https://www.revistas.usp.br/ts/article/view/176240
Resumo: Este ensaio pretende analisar a relação entre luta de classes e prisão a partir de duas de suas dimensões nas sociedades modernas: como mecanismo repressivo que opera contra vanguardas políticas e como mecanismo produtor de disciplina sobre amplas camadas sociais, mais especificamente, as classes despossuídas. Para cumprir este objetivo, recorremos à imagem da bastilha tradicional, para ilustrar a primeira dimensão, e da bastilha dos pobres, para nos referirmos à segunda. As bastilhas dos pobres se constituíram como meio de transformação antropológica do povo, fortemente vinculadas a uma ideia de democracia como autogoverno. O autocontrole, a ser adquirido na prisão, estava inerentemente vinculado ao autogoverno da democracia, como em um trade-off. Esse foi o caso na elaboração do Iluminismo, dos Quakers do século XVII a Beccaria e ao Panóptico de Bentham. O caso dos Estados Unidos é exemplar nesse sentido, pois nos permite compreender a relação entre o autocontrole, inscrito no projeto da disciplina prisional, e o autogoverno, como livre exercício da cidadania política.
id USP-41_bd0a930161af52efe6234ec4d0d5a525
oai_identifier_str oai:revistas.usp.br:article/176240
network_acronym_str USP-41
network_name_str Tempo Social (Online)
repository_id_str
spelling Bastilhas de pobres e prisões da democracia: uma reflexão sobre um "trade-off" entre liberdade e (auto)controlePoor people’s Bastilles and democracy’s prisons: a reflection about a “trade-off” between liberty and (self-)controlPrisonsSelf-controlSelf-governmentDemocracyPrisõesAutocontroleAutogovernoDemocraciaEste ensaio pretende analisar a relação entre luta de classes e prisão a partir de duas de suas dimensões nas sociedades modernas: como mecanismo repressivo que opera contra vanguardas políticas e como mecanismo produtor de disciplina sobre amplas camadas sociais, mais especificamente, as classes despossuídas. Para cumprir este objetivo, recorremos à imagem da bastilha tradicional, para ilustrar a primeira dimensão, e da bastilha dos pobres, para nos referirmos à segunda. As bastilhas dos pobres se constituíram como meio de transformação antropológica do povo, fortemente vinculadas a uma ideia de democracia como autogoverno. O autocontrole, a ser adquirido na prisão, estava inerentemente vinculado ao autogoverno da democracia, como em um trade-off. Esse foi o caso na elaboração do Iluminismo, dos Quakers do século XVII a Beccaria e ao Panóptico de Bentham. O caso dos Estados Unidos é exemplar nesse sentido, pois nos permite compreender a relação entre o autocontrole, inscrito no projeto da disciplina prisional, e o autogoverno, como livre exercício da cidadania política.This essay intends to analyze the relationship between class struggle and prison from two dimensions in modern societies: as a repressive mechanism that operates against political vanguards and as a mechanism that produces discipline over broad social strata, more specifically the dispossessed classes. To fulfill this objective, we use the image of the traditional Bastille, to illustrate the first dimension, and the poor people’s bastilles, to refer to the second. Poor people’s bastilles were constituted as a means of anthropological transformation of the people strongly linked to an idea of democracy as self-government. The self-control to be acquired in prison was inherently tied to the self-government of democracy, as in a “trade-off”. This was the case in the elaboration of the Enlightenment, from seventeenth-century Quakers to Beccaria to Bentham’s Panopticon. The case of the USA is exemplary in this sense, as it allows us to understand the relationship between self-control, inscribed in the project of prison discipline, and self-government, as the free exercise of political citizenship.Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas2020-12-11info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/ts/article/view/17624010.11606/0103-2070.ts.2020.176240Tempo Social; Vol. 32 No. 3 (2020); 229-245Tempo Social; v. 32 n. 3 (2020); 229-245Tempo Social; Vol. 32 Núm. 3 (2020); 229-2451809-45540103-2070reponame:Tempo Social (Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporhttps://www.revistas.usp.br/ts/article/view/176240/165578Copyright (c) 2020 Dario Melossihttp://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessMelossi, Dario2023-04-26T12:28:27Zoai:revistas.usp.br:article/176240Revistahttps://www.revistas.usp.br/ts/indexPUBhttps://old.scielo.br/oai/scielo-oai.phptemposoc@edu.usp.br1809-45540103-2070opendoar:2023-04-26T12:28:27Tempo Social (Online) - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.none.fl_str_mv Bastilhas de pobres e prisões da democracia: uma reflexão sobre um "trade-off" entre liberdade e (auto)controle
Poor people’s Bastilles and democracy’s prisons: a reflection about a “trade-off” between liberty and (self-)control
title Bastilhas de pobres e prisões da democracia: uma reflexão sobre um "trade-off" entre liberdade e (auto)controle
spellingShingle Bastilhas de pobres e prisões da democracia: uma reflexão sobre um "trade-off" entre liberdade e (auto)controle
Melossi, Dario
Prisons
Self-control
Self-government
Democracy
Prisões
Autocontrole
Autogoverno
Democracia
title_short Bastilhas de pobres e prisões da democracia: uma reflexão sobre um "trade-off" entre liberdade e (auto)controle
title_full Bastilhas de pobres e prisões da democracia: uma reflexão sobre um "trade-off" entre liberdade e (auto)controle
title_fullStr Bastilhas de pobres e prisões da democracia: uma reflexão sobre um "trade-off" entre liberdade e (auto)controle
title_full_unstemmed Bastilhas de pobres e prisões da democracia: uma reflexão sobre um "trade-off" entre liberdade e (auto)controle
title_sort Bastilhas de pobres e prisões da democracia: uma reflexão sobre um "trade-off" entre liberdade e (auto)controle
author Melossi, Dario
author_facet Melossi, Dario
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Melossi, Dario
dc.subject.por.fl_str_mv Prisons
Self-control
Self-government
Democracy
Prisões
Autocontrole
Autogoverno
Democracia
topic Prisons
Self-control
Self-government
Democracy
Prisões
Autocontrole
Autogoverno
Democracia
description Este ensaio pretende analisar a relação entre luta de classes e prisão a partir de duas de suas dimensões nas sociedades modernas: como mecanismo repressivo que opera contra vanguardas políticas e como mecanismo produtor de disciplina sobre amplas camadas sociais, mais especificamente, as classes despossuídas. Para cumprir este objetivo, recorremos à imagem da bastilha tradicional, para ilustrar a primeira dimensão, e da bastilha dos pobres, para nos referirmos à segunda. As bastilhas dos pobres se constituíram como meio de transformação antropológica do povo, fortemente vinculadas a uma ideia de democracia como autogoverno. O autocontrole, a ser adquirido na prisão, estava inerentemente vinculado ao autogoverno da democracia, como em um trade-off. Esse foi o caso na elaboração do Iluminismo, dos Quakers do século XVII a Beccaria e ao Panóptico de Bentham. O caso dos Estados Unidos é exemplar nesse sentido, pois nos permite compreender a relação entre o autocontrole, inscrito no projeto da disciplina prisional, e o autogoverno, como livre exercício da cidadania política.
publishDate 2020
dc.date.none.fl_str_mv 2020-12-11
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.revistas.usp.br/ts/article/view/176240
10.11606/0103-2070.ts.2020.176240
url https://www.revistas.usp.br/ts/article/view/176240
identifier_str_mv 10.11606/0103-2070.ts.2020.176240
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://www.revistas.usp.br/ts/article/view/176240/165578
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 2020 Dario Melossi
http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 2020 Dario Melossi
http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
dc.source.none.fl_str_mv Tempo Social; Vol. 32 No. 3 (2020); 229-245
Tempo Social; v. 32 n. 3 (2020); 229-245
Tempo Social; Vol. 32 Núm. 3 (2020); 229-245
1809-4554
0103-2070
reponame:Tempo Social (Online)
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Tempo Social (Online)
collection Tempo Social (Online)
repository.name.fl_str_mv Tempo Social (Online) - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv temposoc@edu.usp.br
_version_ 1800221917440901120