Os antropólogos, as terras tradicionalmente ocupadas e as estratégias de redefinição do Estado no Brasil
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista de antropologia (São Paulo. Online) |
Texto Completo: | https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/145511 |
Resumo: | O objetivo deste texto é refletir sobre o fazer antropológico no decorrer dos processos de construção moderna do Brasil como Estado-nação, isto é, os processos do chamado “nation-building”, nos quais empreendimentos capitalistas e o Estado moderno constituem os dois mais importantes poderes que organizam o espaço hoje. O projeto modernizador de construção do Estado-nação brasileiro não envolve apenas os governantes que tentam implementá-lo, mas também aqueles que lutam contra seus efeitos negativos em espaços políticos legais estabelecidos. Juntamente com o projeto modernizador são configuradas novas formas de fazer história, principalmente após a Constituinte de 1987-8, mediante o reconhecimento das terras tradicionalmente ocupadas por indígenas, quilombolas e outras categorias de povos tradicionais. É contra esses direitos diferenciados de cidadania que é instaurada a CPI da FUNAI e do INCRA, que busca, em última instância, atingir os direitos territoriais e culturais de povos tradicionais mediante estratégias de criminalização de pesquisadores. A criminalização atua de modo a desqualificar pesquisas acadêmicas, assim como estudos realizados para a elaboração de relatórios técnicos antropológicos e laudos periciais judiciais, que venham a resultar na garantia de direitos territoriais e no questionamento dos efeitos socioambientais dramáticos. Tais estudos apontam que a implementação de metas públicas definidas pelo projeto modernizador atinge a continuidade de modos tradicionais de fazer, criar e viver. |
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Os antropólogos, as terras tradicionalmente ocupadas e as estratégias de redefinição do Estado no BrasilAnthropologists, Traditionally Occupied Lands and Strategies for the Redefinition of the State in BrazilAntropólogosCPI da Funai e do Incraterritórios de ocupação tradicionalliberdade acadêmicaAntropologiaAnthropologistsFUNAI and INCRA CPITerritories of Traditional OccupationAcademic FreedomAnthropologyO objetivo deste texto é refletir sobre o fazer antropológico no decorrer dos processos de construção moderna do Brasil como Estado-nação, isto é, os processos do chamado “nation-building”, nos quais empreendimentos capitalistas e o Estado moderno constituem os dois mais importantes poderes que organizam o espaço hoje. O projeto modernizador de construção do Estado-nação brasileiro não envolve apenas os governantes que tentam implementá-lo, mas também aqueles que lutam contra seus efeitos negativos em espaços políticos legais estabelecidos. Juntamente com o projeto modernizador são configuradas novas formas de fazer história, principalmente após a Constituinte de 1987-8, mediante o reconhecimento das terras tradicionalmente ocupadas por indígenas, quilombolas e outras categorias de povos tradicionais. É contra esses direitos diferenciados de cidadania que é instaurada a CPI da FUNAI e do INCRA, que busca, em última instância, atingir os direitos territoriais e culturais de povos tradicionais mediante estratégias de criminalização de pesquisadores. A criminalização atua de modo a desqualificar pesquisas acadêmicas, assim como estudos realizados para a elaboração de relatórios técnicos antropológicos e laudos periciais judiciais, que venham a resultar na garantia de direitos territoriais e no questionamento dos efeitos socioambientais dramáticos. Tais estudos apontam que a implementação de metas públicas definidas pelo projeto modernizador atinge a continuidade de modos tradicionais de fazer, criar e viver.The purpose of this text is to reflect on the anthropological practice in the course of the processes of modern construction of Brazil as a nation-state, that is, the processes of the so-called nation-building, in which capitalist enterprises and the modern state constitute the two most important powers that organize space today. The modernizing project of building the Brazilian nation-state involves not only the rulers who try to implement it, but also those who struggle against their negative effects in established legal political spaces. Together with the modernization project, new forms of making history are set up, especially after the 1987-8 Constituent Assembly, by recognizing lands traditionally occupied by indigenous people, quilombolas and other categories of traditional peoples. It is against these differentiated rights of citizenship that the CPI of FUNAI and INCRA is established, which seeks, ultimately, to attack the territorial and cultural rights of traditional peoples through strategies of criminalization of researchers. Criminalization acts in order to disqualify academic studies and research, as well as studies carried out for the preparation of anthropological technical reports and judicial expert reports, which would result in the guarantee of territorial rights and the questioning of dramatic socio-environmental effects. Such studies indicate that the implementation of public goals defined by the modernization project impacts the continuity of traditional ways of doing, creating and living.Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas2018-04-27info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/ra/article/view/14551110.11606/2179-0892.ra.2018.145511Revista de Antropologia; v. 61 n. 1 (2018); 33-46Revista de Antropologia; Vol. 61 No 1 (2018); 33-46Revista de Antropologia; Vol. 61 Núm. 1 (2018); 33-46Revista de Antropologia; Vol. 61 No. 1 (2018); 33-461678-98570034-7701reponame:Revista de antropologia (São Paulo. Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporhttps://www.revistas.usp.br/ra/article/view/145511/139649O’Dwyer, Eliane Cantarinoinfo:eu-repo/semantics/openAccess2020-07-03T03:57:33Zoai:revistas.usp.br:article/145511Revistahttp://www.revistas.usp.br/raPUBhttp://www.revistas.usp.br/ra/oairevista.antropologia.usp@gmail.com||revant@edu.usp.br1678-98570034-7701opendoar:2020-07-03T03:57:33Revista de antropologia (São Paulo. Online) - Universidade de São Paulo (USP)false |
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