Pele negra, jalecos brancos: racismo, cor(po) e (est)ética no trabalho de campo antropológico
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por eng |
Título da fonte: | Revista de antropologia (São Paulo. Online) |
Texto Completo: | https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/192796 |
Resumo: | Durante pesquisa de campo de doutorado, acompanhei o trabalho de algumas médicas brancas em suas atividades de condução de protocolos de pesquisa clínica. Minha presença nos consultórios foi condicionada ao uso de um jaleco branco, peça que, por vezes, colocou-me em posição de explicar aos pacientes que não era uma estagiária de medicina e, por outras, tornou explícitos os limites de confusões supostamente automáticas entre mim e uma profissional da medicina. Por meio de uma análise de situações de racismo genderificado que vivi durante o trabalho de campo enquanto vestia um jaleco, reflito sobre o campo da medicina como espaço marcado pela branquidade e, estendendo tal crítica à antropologia, argumento que a reflexão ética sobre a pesquisa de campo deve levar em conta, necessariamente, as hierarquizações raciais e de gênero que compõem as interações com interlocutores de pesquisa – em especial, as experimentadas por pesquisadoras negras em contextos nos quais a branquidade é normalizada. |
id |
USP-55_76515215971d8a2436ad963b598933fd |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:revistas.usp.br:article/192796 |
network_acronym_str |
USP-55 |
network_name_str |
Revista de antropologia (São Paulo. Online) |
repository_id_str |
|
spelling |
Pele negra, jalecos brancos: racismo, cor(po) e (est)ética no trabalho de campo antropológicoBlack skin, white coats: racism, body and ethics in anthropological fieldworkRacismBodyFieldworkEthicsMedicineRacismoCorpoTrabalho de campoÉticaMedicinaDurante pesquisa de campo de doutorado, acompanhei o trabalho de algumas médicas brancas em suas atividades de condução de protocolos de pesquisa clínica. Minha presença nos consultórios foi condicionada ao uso de um jaleco branco, peça que, por vezes, colocou-me em posição de explicar aos pacientes que não era uma estagiária de medicina e, por outras, tornou explícitos os limites de confusões supostamente automáticas entre mim e uma profissional da medicina. Por meio de uma análise de situações de racismo genderificado que vivi durante o trabalho de campo enquanto vestia um jaleco, reflito sobre o campo da medicina como espaço marcado pela branquidade e, estendendo tal crítica à antropologia, argumento que a reflexão ética sobre a pesquisa de campo deve levar em conta, necessariamente, as hierarquizações raciais e de gênero que compõem as interações com interlocutores de pesquisa – em especial, as experimentadas por pesquisadoras negras em contextos nos quais a branquidade é normalizada.During doctoral field research, I followed the work of a few white doctors while they conducted clinical research protocols. My presence in their offices was conditioned to the use of a white coat, which sometimes put me in a position to explain to patients that I was not a medical intern and, at other times, made the limits of supposedly automatic confusions between me and a medical professional explicit. By analyzing situations of gendered racism that I experienced during the fieldwork while dressing a white coat, I characterize medicine as a space marked by whiteness and, extending this reflection to anthropology, I argue that the ethical issues on anthropological fieldwork must necessarily take into account the racial and gender hierarchies that make up interactions with research interlocutors - in particular, those experienced by black ethnographers in contexts where whiteness is normalized.Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas2022-04-27info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/otherapplication/pdfapplication/pdftext/xmlhttps://www.revistas.usp.br/ra/article/view/19279610.11606/1678-9857.ra.2022.192796Revista de Antropologia; v. 65 n. 1 (2022); e192796 Revista de Antropologia; Vol. 65 No 1 (2022); e192796 Revista de Antropologia; Vol. 65 Núm. 1 (2022); e192796 Revista de Antropologia; Vol. 65 No. 1 (2022); e192796 1678-98570034-7701reponame:Revista de antropologia (São Paulo. Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporenghttps://www.revistas.usp.br/ra/article/view/192796/181377https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/192796/182160https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/192796/184126Copyright (c) 2022 Revista de Antropologiahttp://creativecommons.org/licenses/by/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessCastro, Rosana2022-10-19T19:38:45Zoai:revistas.usp.br:article/192796Revistahttp://www.revistas.usp.br/raPUBhttp://www.revistas.usp.br/ra/oairevista.antropologia.usp@gmail.com||revant@edu.usp.br1678-98570034-7701opendoar:2022-10-19T19:38:45Revista de antropologia (São Paulo. Online) - Universidade de São Paulo (USP)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
Pele negra, jalecos brancos: racismo, cor(po) e (est)ética no trabalho de campo antropológico Black skin, white coats: racism, body and ethics in anthropological fieldwork |
title |
Pele negra, jalecos brancos: racismo, cor(po) e (est)ética no trabalho de campo antropológico |
spellingShingle |
Pele negra, jalecos brancos: racismo, cor(po) e (est)ética no trabalho de campo antropológico Castro, Rosana Racism Body Fieldwork Ethics Medicine Racismo Corpo Trabalho de campo Ética Medicina |
title_short |
Pele negra, jalecos brancos: racismo, cor(po) e (est)ética no trabalho de campo antropológico |
title_full |
Pele negra, jalecos brancos: racismo, cor(po) e (est)ética no trabalho de campo antropológico |
title_fullStr |
Pele negra, jalecos brancos: racismo, cor(po) e (est)ética no trabalho de campo antropológico |
title_full_unstemmed |
Pele negra, jalecos brancos: racismo, cor(po) e (est)ética no trabalho de campo antropológico |
title_sort |
Pele negra, jalecos brancos: racismo, cor(po) e (est)ética no trabalho de campo antropológico |
author |
Castro, Rosana |
author_facet |
Castro, Rosana |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Castro, Rosana |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Racism Body Fieldwork Ethics Medicine Racismo Corpo Trabalho de campo Ética Medicina |
topic |
Racism Body Fieldwork Ethics Medicine Racismo Corpo Trabalho de campo Ética Medicina |
description |
Durante pesquisa de campo de doutorado, acompanhei o trabalho de algumas médicas brancas em suas atividades de condução de protocolos de pesquisa clínica. Minha presença nos consultórios foi condicionada ao uso de um jaleco branco, peça que, por vezes, colocou-me em posição de explicar aos pacientes que não era uma estagiária de medicina e, por outras, tornou explícitos os limites de confusões supostamente automáticas entre mim e uma profissional da medicina. Por meio de uma análise de situações de racismo genderificado que vivi durante o trabalho de campo enquanto vestia um jaleco, reflito sobre o campo da medicina como espaço marcado pela branquidade e, estendendo tal crítica à antropologia, argumento que a reflexão ética sobre a pesquisa de campo deve levar em conta, necessariamente, as hierarquizações raciais e de gênero que compõem as interações com interlocutores de pesquisa – em especial, as experimentadas por pesquisadoras negras em contextos nos quais a branquidade é normalizada. |
publishDate |
2022 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2022-04-27 |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article info:eu-repo/semantics/publishedVersion info:eu-repo/semantics/other |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/192796 10.11606/1678-9857.ra.2022.192796 |
url |
https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/192796 |
identifier_str_mv |
10.11606/1678-9857.ra.2022.192796 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por eng |
language |
por eng |
dc.relation.none.fl_str_mv |
https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/192796/181377 https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/192796/182160 https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/192796/184126 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
Copyright (c) 2022 Revista de Antropologia http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 info:eu-repo/semantics/openAccess |
rights_invalid_str_mv |
Copyright (c) 2022 Revista de Antropologia http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf application/pdf text/xml |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas |
dc.source.none.fl_str_mv |
Revista de Antropologia; v. 65 n. 1 (2022); e192796 Revista de Antropologia; Vol. 65 No 1 (2022); e192796 Revista de Antropologia; Vol. 65 Núm. 1 (2022); e192796 Revista de Antropologia; Vol. 65 No. 1 (2022); e192796 1678-9857 0034-7701 reponame:Revista de antropologia (São Paulo. Online) instname:Universidade de São Paulo (USP) instacron:USP |
instname_str |
Universidade de São Paulo (USP) |
instacron_str |
USP |
institution |
USP |
reponame_str |
Revista de antropologia (São Paulo. Online) |
collection |
Revista de antropologia (São Paulo. Online) |
repository.name.fl_str_mv |
Revista de antropologia (São Paulo. Online) - Universidade de São Paulo (USP) |
repository.mail.fl_str_mv |
revista.antropologia.usp@gmail.com||revant@edu.usp.br |
_version_ |
1797242191122268160 |