Feminismo, nacionalismo, e a luta pelo significado do adé no Candomblé: ou, como Edison Carneiro e Ruth Landes inverteram o curso da história
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2008 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista de antropologia (São Paulo. Online) |
Texto Completo: | https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27302 |
Resumo: | Durante os anos de 1930 e 1940, Edison Carneiro, Arthur Ramos e Ruth Landes se encontraram no Candomblé, e por meio do seu diálogo - às vezes antagônico, às vezes amoroso -, transformaram essa religião. Carneiro empregou o Candomblé como um símbolo do Nordeste, Ramos o empregou como um símbolo do Brasil, e Landes, como um símbolo do feminismo internacional. O debate sobre o significado do Candomblé não foi meramente acadêmico, mas estabeleceu um novo padrão de gênero na liderança dos templos da Bahia. Ao contrário da história convencional, o Candomblé, uma religião que dava espaço igual a sacerdotes masculinos e femininos nos anos de 1930, se transformou, pela primeira vez nas décadas depois do encontro de Ramos, Carneiro e Landes, num matriarcado. No plano teórico e transcultural, este caso mostra que a imaginação das comunidades - inclusive a do Estado-nação - é um processo transnacional. A identidade nacional resulta não apenas da interação entre famílias de nações, mas também da luta entre comunidades superpostas pela autoridade de definir certos símbolos compartilhados - como o sacerdote adé, o homossexual. Esta interação pode mudar as vidas humanas e mesmo o curso da história. |
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Feminismo, nacionalismo, e a luta pelo significado do adé no Candomblé: ou, como Edison Carneiro e Ruth Landes inverteram o curso da história CandomblégênerohomossexualidadenacionalismotransnacionalismoRuth LandesEdison CarneiroArthur RamosadéCandomblegenderhomosexualitynationalismtransnationalismRuth LandesEdison CarneiroArthur Ramosade Durante os anos de 1930 e 1940, Edison Carneiro, Arthur Ramos e Ruth Landes se encontraram no Candomblé, e por meio do seu diálogo - às vezes antagônico, às vezes amoroso -, transformaram essa religião. Carneiro empregou o Candomblé como um símbolo do Nordeste, Ramos o empregou como um símbolo do Brasil, e Landes, como um símbolo do feminismo internacional. O debate sobre o significado do Candomblé não foi meramente acadêmico, mas estabeleceu um novo padrão de gênero na liderança dos templos da Bahia. Ao contrário da história convencional, o Candomblé, uma religião que dava espaço igual a sacerdotes masculinos e femininos nos anos de 1930, se transformou, pela primeira vez nas décadas depois do encontro de Ramos, Carneiro e Landes, num matriarcado. No plano teórico e transcultural, este caso mostra que a imaginação das comunidades - inclusive a do Estado-nação - é um processo transnacional. A identidade nacional resulta não apenas da interação entre famílias de nações, mas também da luta entre comunidades superpostas pela autoridade de definir certos símbolos compartilhados - como o sacerdote adé, o homossexual. Esta interação pode mudar as vidas humanas e mesmo o curso da história. Throughout the 1930's and 40's, Edison Carneiro, Arthur Ramos and Ruth Landes have met in candomble, and their dialogues- sometimes antagonistic, sometimes lovingly - changed this religion. Carneiro used Candomble as a symbol of the northeast; Ramos used it as symbol of Brazil; and Landes, as a symbol of international feminism. The debate on the meaning of Candomble was not merely academic, and it established a new gender pattern in Bahian temples leadership. Opposing to conventional history, Candomble - a religion that gave equal space for male and female priests in the 1930's - became for the first time in the decades following the meeting between Ramos, Carneiro and Landes a matriarchate. In terms of theoretical and transcultural matters, this case shows that imagining communities - including nation-state - is a transnational process. National identity results not only from the interaction between groups of nations, but also from the dispute between overlapping communities on the authority of defining certain shared symbols - as the ade priest, the homosexual. This interaction can change human lives as well as the course of history. Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas2008-01-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/ra/article/view/2730210.1590/S0034-77012008000100004Revista de Antropologia; v. 51 n. 1 (2008); 107-121 Revista de Antropologia; Vol. 51 No 1 (2008); 107-121 Revista de Antropologia; Vol. 51 Núm. 1 (2008); 107-121 Revista de Antropologia; Vol. 51 No. 1 (2008); 107-121 1678-98570034-7701reponame:Revista de antropologia (São Paulo. Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporhttps://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27302/29074Matory, J. Lorandinfo:eu-repo/semantics/openAccess2020-07-03T04:02:08Zoai:revistas.usp.br:article/27302Revistahttp://www.revistas.usp.br/raPUBhttp://www.revistas.usp.br/ra/oairevista.antropologia.usp@gmail.com||revant@edu.usp.br1678-98570034-7701opendoar:2020-07-03T04:02:08Revista de antropologia (São Paulo. Online) - Universidade de São Paulo (USP)false |
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