A família diante dos serviços de acolhimento institucional para crianças e adolescentes
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-07102016-171151/ |
Resumo: | No cenário atual do acolhimento institucional de crianças e adolescentes, o trabalho com famílias e a reintegração familiar tem sido amplamente fomentados e discutidos, temas que aparecem na literatura específica, bem como na legislação atual e manuais e outros documentos complementares. A efetivação dos princípios forjados no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma preocupação dessas publicações, visando como objetivo romper com as práticas de internamento e institucionalização. Diante desse panorama, a voz dos familiares que formam a clientela dos abrigos nem sempre tem espaço, ainda assim, expectativas e pressupostos sobre suas intenções e ações e recomendações sobre seu melhor destino, figuram nas falas de profissionais dentro dos serviços e orientam intervenções sobre as crianças e famílias e também a comunicação com outras esferas como, por exemplo, o judiciário. Visamos no presente trabalho delinear as relações possíveis entre abrigo e familia no discurso dos familiares das crianças e adolescentes em situação de acolhimento institucional. Em nossa análise buscaremos mapear nessas relações onde a família está situada, o abrigo, a criança, o judiciário, entre outros. O método utilizado é a Análise Institucional do Discurso (AID), tomando em foco os conceitos de discurso, instituição e sujeito. Realizamos a análise de entrevistas semi-dirigidas direcionadas a familiares de crianças e adolescentes acolhidos, buscando mapear os lugares delineados e as relações que aparecem desenhadas nesses discursos, bem como imagens de família e abrigo. A partir da análise das entrevistas nota-se que a relação entre família e abrigo aparece como possível, condição marcada pela presença das mães, avós, etc. aos serviços. Nela, os jogos de forças poder-resistência se apresenta com intensidade, especialmente em cenas em que há intervenções do abrigo sobre as famílias; cabe salientar que nesses jogos aparece mobilidade e mudança de lugares na cenografia e que os familiares tensionam a relação com os serviços à sua maneira. São considerados os efeitos do acolhimento institucional sobre as crianças, tanto positivos (como amadurecer e fazer tarefas domésticas) quanto negativos (como acordar tarde e ficar na rua). A criação das crianças e a maternidade também são temas recorrentes que aparecem na interface e por vezes no confronto com o serviço de acolhimento; nesse sentido o abrigo é delineado como lugar não desejável, vinculado ao abandono e falha - sobretudo dos pais. Ainda assim, o acolhimento institucional tem lugar de recurso necessário utilizado pelas famílias. No discurso dos familiares, na interface com as práticas de acolhimento se desenha uma certa família como adequada, legitimada como locus privilegiado da educação e da criação de crianças e adolescentes; os entrevistados se vêem nesse lugar. Por fim, consideramos que relação entre a presença da família nas práticas é marca do acolhimento institucional, que a coloca como alvo de intervenção, e, ao mesmo tempo, permite aos familiares demarcarem posições no interior dessas práticas. A imagem de família e de abrigo que se apresenta nos discursos parece distanciada daquela apresentada na legislação da área e no discurso dos agentes, o que parece constituir foco de tensão em seu encontro |
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Diante desse panorama, a voz dos familiares que formam a clientela dos abrigos nem sempre tem espaço, ainda assim, expectativas e pressupostos sobre suas intenções e ações e recomendações sobre seu melhor destino, figuram nas falas de profissionais dentro dos serviços e orientam intervenções sobre as crianças e famílias e também a comunicação com outras esferas como, por exemplo, o judiciário. Visamos no presente trabalho delinear as relações possíveis entre abrigo e familia no discurso dos familiares das crianças e adolescentes em situação de acolhimento institucional. Em nossa análise buscaremos mapear nessas relações onde a família está situada, o abrigo, a criança, o judiciário, entre outros. O método utilizado é a Análise Institucional do Discurso (AID), tomando em foco os conceitos de discurso, instituição e sujeito. Realizamos a análise de entrevistas semi-dirigidas direcionadas a familiares de crianças e adolescentes acolhidos, buscando mapear os lugares delineados e as relações que aparecem desenhadas nesses discursos, bem como imagens de família e abrigo. A partir da análise das entrevistas nota-se que a relação entre família e abrigo aparece como possível, condição marcada pela presença das mães, avós, etc. aos serviços. Nela, os jogos de forças poder-resistência se apresenta com intensidade, especialmente em cenas em que há intervenções do abrigo sobre as famílias; cabe salientar que nesses jogos aparece mobilidade e mudança de lugares na cenografia e que os familiares tensionam a relação com os serviços à sua maneira. São considerados os efeitos do acolhimento institucional sobre as crianças, tanto positivos (como amadurecer e fazer tarefas domésticas) quanto negativos (como acordar tarde e ficar na rua). A criação das crianças e a maternidade também são temas recorrentes que aparecem na interface e por vezes no confronto com o serviço de acolhimento; nesse sentido o abrigo é delineado como lugar não desejável, vinculado ao abandono e falha - sobretudo dos pais. Ainda assim, o acolhimento institucional tem lugar de recurso necessário utilizado pelas famílias. No discurso dos familiares, na interface com as práticas de acolhimento se desenha uma certa família como adequada, legitimada como locus privilegiado da educação e da criação de crianças e adolescentes; os entrevistados se vêem nesse lugar. Por fim, consideramos que relação entre a presença da família nas práticas é marca do acolhimento institucional, que a coloca como alvo de intervenção, e, ao mesmo tempo, permite aos familiares demarcarem posições no interior dessas práticas. A imagem de família e de abrigo que se apresenta nos discursos parece distanciada daquela apresentada na legislação da área e no discurso dos agentes, o que parece constituir foco de tensão em seu encontroPresent views of institutional care of children and adolescents have emphasysed the role of working with the family toward family reintegration. This is a recurrent theme in the literature, as well as in the present Brazilian legislation and additional documents. Implementing the principles of the Children and Adolescents Statute is one concern of these publications, aiming at breaking up with practices of institutionalization. Against this background, the voice of families who are targets of shelters do not always have space, even though expectations and assumptions about their intentions, and recommendations on their destiny appear in professional speeches inside institutions. Moreover, these speeches often direct interventions on children and families as well as the communication with other areas such as the Judicial System. Our aim in the present work is to outline the possible relationships between shelter and family based on the speech of families of children and adolescents in institutional care situation. In our analysis we will seek to map where in these relationships the family, the shelter, the child, the judicial instances, among others, are located. The method employed is the Institutional Analysis of Discourse (IAD), focusing on the concepts of discourse, institution and subject. We performed the analysis of four semi-structured interviews with relatives of children and adolescents cared in three shelters in São Paulo, seeking to map the relationships as well as the images of family and shelter that appear outlined in these speeches. From the analysis of the interviews it is noted that the relationship between family and shelter appears as possible, due to the presence of mothers, grandmothers, etc. in the institutions. The game of forces of power-resistance shows up with intensity, especially in scenes where there are shelter interventions on the families; it should be noted that in these games relatives bring a tension to the relationship with the institution and, still, flexibility of position shows up. Interviewers considered that the effects of institutional care on children are both positive (such as acting mature or doing house tasks) and negative (such as waking up late). Motherhood and the bringing up of children are also reccurrent themes that appear interrelated in the speeches about shelter. Sometimes the shelter is figured as an undesirable place, linked to abandonment and failure mainly of parents. Still, care by the institution remains a necessary resource to be used by families. In the discourse of relatives, an adequate family image is pictured, and seen as a privileged locus for education and upbringing of children and adolescents; interviewed participants see themselves in such place. Finally, we consider that the presence of the family in the practices is the hallmark of institutional care, placing it as a target of intervention, and at the same time allowing relatives to delimit their position as to these practices. The image of family and shelter that emerges from the speeches seems distant from that contemplated in the legislation and in the discourse of agents, and that seems to create a focus of tensionBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPGuirado, MarleneSilva, Heloisa Schvarzman de Araujo2016-05-12info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-07102016-171151/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2017-09-04T21:05:35Zoai:teses.usp.br:tde-07102016-171151Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212017-09-04T21:05:35Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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