O trabalho ou a vida: o que quer o trabalhador com o trabalho e o processo de adoecimento em trabalhadores da saúde

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Maestrelli, Alessandra Moreno
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-12112013-150707/
Resumo: Este trabalho de pesquisa tem como objetivo evidenciar a relação \"inconsciente da psicanálise\" e \"inconsciente da ideologia\", a partir dos modos de produção do conhecimento de trabalhadores da área da saúde e dos modos de produção do conhecimento acerca de seus trabalhos. Durante este trabalho, considerando alguns impasses teóricos, conceituamos \"modernidade líquida\" e \"insegurança\" e, com esses conceitos, juntamente com os conceitos de \"religiosidade\" e de enfrentamento \"da morte na realidade\", traçamos contrapontos teóricos para a atualização do mal-estar na cultura moderna. Assim, de acordo com os pressupostos de Baumen (2008), da análise de discurso pêcheuxtiana e de sua interface com a psicanálise lacaniana, o foco deste trabalho é encontrar os ,,giros discursivos no mais de gozar\", lugares nos quais a dor encontra seu caminho nos registro do simbólico, isto é, o mais de gozar e a entrada ou permanência no simbólico é a saída para a dor e o sofrimento que o trabalho na área da saúde pode causar ao trabalhador que se considera impotente diante do usuário que requer atendimento e atenção. Para atingir o objetivo maior deste trabalho, propusemos a escansão de algumas destas construções em análises preliminares dos dados por meio de recortes e sequências discursivas na produção de um dos sujeitos, tentativa de construção teórica em análise do discurso, para a qual cada passo na direção de uma certeza implica em um retrocesso. Considerando o contraponto entre as formações discursivas privilegiadas por nós, a do discurso oficial dominante, e a outra, constituída por tentativas de resistência e/ou reiteração dos sujeitos, com relação a esse discurso, constatamos que o foco do discurso oficial dominante é um e o do trabalhador, ao tratar do serviço que presta na área da saúde, é outro. É nesse ponto que nos encontramos ao tentar aproximar as discrepâncias ou evidenciar as reproduções apesar delas aparecerem superficialmente como resistência ou como discurso da resistência ou ainda como marcas evidências de resistência. Os corpora são formados pelas diretrizes que orientam o trabalho em saúde, encontrados em manuais do Ministério da Saúde sobre as políticas de consolidação do Sistema Único de Saúde e nas leis e diretrizes da saúde pública, em particular a Lei 8080/90; e pela produção discursiva dos trabalhadores. A observação desses materiais favoreceu a análise das marcas linguísticas encontradas na entrevista, o que permitiu o recalque da subjetividade como trabalho da ideologia, desdobrando em outros sentidos singulares, na tentativa de homogeneizar o dizer. Com essa base teórica e metodológica, foi possível evidenciar o trabalho da ideologia no discurso dos sujeitos envolvidos com a ilusão de que o trabalho é uma redenção, um meio para acessar um benefício maior e para alcançar a felicidade e a realização. Em suma, mobilizamos os quatro discursos fundamentais na psicanálise, para apontar que, no discurso capitalista, a ausência da barra da impossibilidade discursiva pode colocar, entre outros objetos, a religião e a religiosidade como mercadorias acessíveis ao sujeito desejante e ao consumidor na modernidade.
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Assim, de acordo com os pressupostos de Baumen (2008), da análise de discurso pêcheuxtiana e de sua interface com a psicanálise lacaniana, o foco deste trabalho é encontrar os ,,giros discursivos no mais de gozar\", lugares nos quais a dor encontra seu caminho nos registro do simbólico, isto é, o mais de gozar e a entrada ou permanência no simbólico é a saída para a dor e o sofrimento que o trabalho na área da saúde pode causar ao trabalhador que se considera impotente diante do usuário que requer atendimento e atenção. Para atingir o objetivo maior deste trabalho, propusemos a escansão de algumas destas construções em análises preliminares dos dados por meio de recortes e sequências discursivas na produção de um dos sujeitos, tentativa de construção teórica em análise do discurso, para a qual cada passo na direção de uma certeza implica em um retrocesso. Considerando o contraponto entre as formações discursivas privilegiadas por nós, a do discurso oficial dominante, e a outra, constituída por tentativas de resistência e/ou reiteração dos sujeitos, com relação a esse discurso, constatamos que o foco do discurso oficial dominante é um e o do trabalhador, ao tratar do serviço que presta na área da saúde, é outro. É nesse ponto que nos encontramos ao tentar aproximar as discrepâncias ou evidenciar as reproduções apesar delas aparecerem superficialmente como resistência ou como discurso da resistência ou ainda como marcas evidências de resistência. Os corpora são formados pelas diretrizes que orientam o trabalho em saúde, encontrados em manuais do Ministério da Saúde sobre as políticas de consolidação do Sistema Único de Saúde e nas leis e diretrizes da saúde pública, em particular a Lei 8080/90; e pela produção discursiva dos trabalhadores. A observação desses materiais favoreceu a análise das marcas linguísticas encontradas na entrevista, o que permitiu o recalque da subjetividade como trabalho da ideologia, desdobrando em outros sentidos singulares, na tentativa de homogeneizar o dizer. Com essa base teórica e metodológica, foi possível evidenciar o trabalho da ideologia no discurso dos sujeitos envolvidos com a ilusão de que o trabalho é uma redenção, um meio para acessar um benefício maior e para alcançar a felicidade e a realização. Em suma, mobilizamos os quatro discursos fundamentais na psicanálise, para apontar que, no discurso capitalista, a ausência da barra da impossibilidade discursiva pode colocar, entre outros objetos, a religião e a religiosidade como mercadorias acessíveis ao sujeito desejante e ao consumidor na modernidade.This research aims at evidencing the relation \"unconsciousness of psychoanalysis\" and \"unconsciousness of ideology\", based on the production of knowledge of healthcare professionals and on the production of knowledge regarding their tasks. During this research, considering some theoretical deadlocks, we have conceptualized \"liquid modernity\" and \"insecurity\" and, having these concepts along with the concepts of \"religiousness\" and the treatment of \"death in reality\", we have drafted theoretical counterpoints to update uneasiness in modern culture. Therefore, according to the assumptions of Baumen (2008) regarding Pêcheux\"s discourse and its interface with the Lacanian psychoanalysis, the aim of this study is to find the ,,linguistic turns in the surplus-joiussance\", places where the pain finds its way in the registers of symbolic. In other words, the surplus-joiussance and the entry or permanence in the symbolic is the way out for all the pain and sorrow caused by daily healthcare tasks to the workers, who consider themselves powerless when dealing with users who need help and attention. In order to reach the major aim of this study, we have proposed the scansion of some of these constructions in preliminary data analysis through discourse sequences and cuttings in the production of one of the subjects, an attempt of theoretical construction in discourse analysis, where every step taken towards certainty implies some regression. Considering the counterpoint between the discourse formations privileged by us - one from dominant official discourse, and the other one built by attempts of resistance and/or reiteration of the subjects - regarding this discourse, we have verified that the focus of the dominant official discourse is different than the focus of the worker when dealing with healthcare service. That is where we find ourselves when trying to bring discrepancies together or to evidence reproductions in spite of the fact that they appear superficially as resistance or as discourse of resistance, or even as evidence marks of resistance. The corpora are composed of guidelines that regulate healthcare services - which can be found in manuals of the Ministry of Health regarding the consolidation policies of the Brazilian Unified Health System (SUS) and in public health laws and guidelines, particularly in the Law 8080/90 -, and of the discourse production of workers. The observation of these materials has stimulated the analysis of linguistic marks found in the interview. This has enabled the repression of subjectivity as a role of ideology, unfolding other singular senses, in an attempt to homogenize the speech. Considering this theoretical and methodological basis, it was possible to evidence the role of ideology in the discourse of subjects involved in the illusion that work is redemption, a way to access a greater benefit and to reach happiness and achievement. Finally, as a whole, we have mobilized the four fundamental discourses of psychoanalysis to indicate that in the capitalist discourse, the absence of the bar of discourse impossibility can classify religion and religiousness, among other objects, as accessible products to the willing subject and to the consumer in modern days.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPTfouni, Leda VerdianiMaestrelli, Alessandra Moreno2010-09-24info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-12112013-150707/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:02Zoai:teses.usp.br:tde-12112013-150707Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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