Movimentos socioterritoriais e gênero: feminismos emergentes nas periferias de São Paulo e de Buenos Aires a partir da atuação de mulheres no MTST e na FPDS

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cunha, Helena Sabino Rodrigues
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/84/84131/tde-07112023-173920/
Resumo: Esta dissertação tem como objetivo analisar os modelos de organização social das populações periféricas urbanas latino-americanas, comparando a atuação política de mulheres e a organização de redes de solidariedade no âmbito do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), na cidade de São Paulo, e da Frente Popular Darío Santillán (FPDS), em Buenos Aires, durante a pandemia de Covid-19. Para entender o contexto em que atuam os movimentos, foi comparado o desenvolvimento da urbanização de ambas as cidades, dando especial ênfase aos processos de periferização e de formação de movimentos sociais urbanos em cada um dos contextos. A atuação do MTST e da FPDS foi analisada, principalmente, sob a perspectiva dos estudos sobre movimentos socioterritoriais, considerando a crise intensificada pela pandemia enquanto método de leitura de sociedades atravessadas pela colonialidade do poder. Metodologicamente, esta é uma pesquisa qualitativa, que utiliza a pesquisa bibliográfica e a história oral como método de coleta de dados. Foram realizadas entrevistas abertas com militantes de ambos os movimentos, em pesquisa de campo realizada em São Paulo e em Buenos Aires. Com base nessa metodologia, constatou-se que os processos de urbanização de ambas as cidades guardam bastante semelhanças entre si, devido, entre outros fatores, ao processo de industrialização implementado no Brasil e na Argentina. Todavia, são as particularidades históricas de cada processo que explicam o desenvolvimento de diferentes tipos de movimentos socioterritoriais em cada contexto. No caso da Argentina, por diversos motivos, incluindo os altos índices de desemprego, predominou a formação de movimentos de trabalhadores desempregados nas periferias de Buenos Aires. No Brasil, o rápido e desorganizado crescimento urbano foi um dos fatores que levou à formação de movimentos socioterritoriais que têm como centralidade a reivindicação de uma reforma urbana em cidades como São Paulo. Ambos os movimentos contam com alta participação de mulheres, o que pode ser explicado, entre outros motivos, pelo maior índice de desemprego e informalidade entre elas e pela centralidade que ocupam historicamente na manutenção do lar e nas tarefas de cuidado, devido aos padrões de gênero estabelecidos. Durante a pandemia, observou-se que se por um lado houve um aumento na demanda de acolhimento por casos de violência de gênero, por outro, estas mulheres tiveram papel central para a garantia da sobrevivência de suas comunidades, a partir de sua atuação em refeitórios comunitários, na garantia dos cuidados de seus familiares e vizinhos, bem como de suas fontes de trabalho. Partindo da perspectiva do feminismo decolonial, dos feminismos latino-americanos e das entrevistas realizadas, foi analisado como, nesse processo, são forjadas novas sociabilidades, pautadas na valorização dos cuidados, na horizontalidade e na coletividade, contribuindo para a emergência de feminismos periféricos.
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Para entender o contexto em que atuam os movimentos, foi comparado o desenvolvimento da urbanização de ambas as cidades, dando especial ênfase aos processos de periferização e de formação de movimentos sociais urbanos em cada um dos contextos. A atuação do MTST e da FPDS foi analisada, principalmente, sob a perspectiva dos estudos sobre movimentos socioterritoriais, considerando a crise intensificada pela pandemia enquanto método de leitura de sociedades atravessadas pela colonialidade do poder. Metodologicamente, esta é uma pesquisa qualitativa, que utiliza a pesquisa bibliográfica e a história oral como método de coleta de dados. Foram realizadas entrevistas abertas com militantes de ambos os movimentos, em pesquisa de campo realizada em São Paulo e em Buenos Aires. Com base nessa metodologia, constatou-se que os processos de urbanização de ambas as cidades guardam bastante semelhanças entre si, devido, entre outros fatores, ao processo de industrialização implementado no Brasil e na Argentina. Todavia, são as particularidades históricas de cada processo que explicam o desenvolvimento de diferentes tipos de movimentos socioterritoriais em cada contexto. No caso da Argentina, por diversos motivos, incluindo os altos índices de desemprego, predominou a formação de movimentos de trabalhadores desempregados nas periferias de Buenos Aires. No Brasil, o rápido e desorganizado crescimento urbano foi um dos fatores que levou à formação de movimentos socioterritoriais que têm como centralidade a reivindicação de uma reforma urbana em cidades como São Paulo. Ambos os movimentos contam com alta participação de mulheres, o que pode ser explicado, entre outros motivos, pelo maior índice de desemprego e informalidade entre elas e pela centralidade que ocupam historicamente na manutenção do lar e nas tarefas de cuidado, devido aos padrões de gênero estabelecidos. Durante a pandemia, observou-se que se por um lado houve um aumento na demanda de acolhimento por casos de violência de gênero, por outro, estas mulheres tiveram papel central para a garantia da sobrevivência de suas comunidades, a partir de sua atuação em refeitórios comunitários, na garantia dos cuidados de seus familiares e vizinhos, bem como de suas fontes de trabalho. Partindo da perspectiva do feminismo decolonial, dos feminismos latino-americanos e das entrevistas realizadas, foi analisado como, nesse processo, são forjadas novas sociabilidades, pautadas na valorização dos cuidados, na horizontalidade e na coletividade, contribuindo para a emergência de feminismos periféricos.This dissertation aims to analyse the models of social organisation of Latin American urban peripheral populations, comparing women\'s political performances and the organisation of solidarity network in the scope of the Homeless Workers Movement (MTST), in Sao Paulo City, and the Popular Front Darío Santillán (FPDS), in Buenos Aires, in the course of Covid-19 pandemic. To understand the context in which each movement act, there have been made comparisons of both cities\' urbanisation development, giving special emphasis to the process of peripherization and the formation of urban social movements in each context. The MTST\'s and FPDS\'s performances have been analysed, mainly, from the perspective of socio-territorial movements studies, considering the crisis intensified by the pandemic as a method of reading societies affected by the coloniality of power. The focus of this work was to identify women\'s participation in the building of solidarities during the pandemic. Methodologically, it is a qualitative research, which uses oral history as the method of collecting data. There have been interviews with militants from both of the movements, through ground research conducted in Sao Paulo and in Buenos Aires. Based on this methodology, it has been verified that both of the cities\' processes of urbanisation keep a lot of similarities due to, among other factors, the industrialization process implemented in Brazil and Argentina. However, there are historical particularities in each process that explains the development of different kinds of socio-territorial movements in each context. In the case of Argentina, due to many reasons, including the high indexes of unemployment, there has been a predominance of the formation of unemployment workers\' movements in the outskirts of Buenos Aires. In Brazil, the fast and disorganised urban growth was one of the reasons that led to the formation of socio-territorial movements that centre their claims for an urban reform in cities like Sao Paulo. Both of the movements count with a high participation of women, which can be explained, among other reasons, by the higher unemployment and informality index among them and because of women\'s historical centrality in the maintenance of the home and in the care tasks, due to established gender standards. During the pandemic, it has been observed that, in one hand, there has been a growth of the demand for gender violence services, while in the other hand these women had a central role to guarantee the survival of their communities, since their acting in comunitary dining halls and in the guarantee of their families and neighbours care. From the decolonial and Latin American feminisms perspective and based on the interviews that have been conducted for this research, it has been analysed how, in this process, new sociabilities are forged, guided on care valorization, horizontality and collectivity, contributing therefore for the emergence of peripheral feminisms.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPUrquidi, Vivian Grace Fernandez DavilaCunha, Helena Sabino Rodrigues2023-09-22info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/84/84131/tde-07112023-173920/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2023-11-07T19:55:03Zoai:teses.usp.br:tde-07112023-173920Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-11-07T19:55:03Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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