O acontecimento Eloísa Cartonera: memória e identificações

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Flavia Braga Krauss de Vilhena
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/T.8.2016.tde-20122016-140926
Resumo: Neste trabalho, a partir da Análise do Discurso de linha materialista, interpretamos a constituição e o funcionamento de Eloísa Cartonera como um acontecimento que ressoa na dimensão da memória discursiva, desatando uma ampla rede de filiações por identificação (cf. PÊCHEUX, 1990a). Nessa direção, começamos por analisar não só as condições de produção da aparição de Eloísa, na Buenos Aires de 2003, mas também os modos pelos quais o trabalho do cartonero um sujeito social que surge com força nesse contexto histórico, marcado pela crise de 2001 se inscreve no centro de produção desse coletivo, algo que ressoará posteriormente no funcionamento de outras cartoneras. Imediatamente, passamos a abordar aspectos do funcionamento de três cartoneras pioneiras a própria Eloísa, Dulcineia Catadora em São Paulo e Yerba Mala em Cochabamba interpretando que o fazer da primeira teria significado uma desestruturação-reestruturação de certas redes e trajetos (cf. PÊCHEUX, ibidem) no que se refere a práticas de publicação editorial. Para trabalhar especificamente os modos pelos quais as cartoneras se representam e projetam no dizer de si seu trabalho nos debruçamos sobre os manifestos, escritos a convite pelas oito primeiras; às já mencionadas, somam-se outras cinco, a saber: Sarita, Animita, Mandrágora, La Cartonera e Yiyi Jambo. Esses textos foram publicados em Akademia Cartonera: Un ABC de las editoriales cartoneras latinoamericanas (BILBIJA & CARBAJAL, 2009). Na análise, primeiramente nos centramos no dispositivo paratextual que acompanha tais manifestos, abordando o que chamamos de gesto de interpretação no interior de um processo de identificação das editoras desta obra: nesse sentido, compreendemos o significante manifiesto como um índice da antecipação imaginária do lugar que as editoras projetam para os coletivos que são convidados a se manifestarem. Na sequência, nos detemos na análise do escrito pelas próprias cartoneras ao responderem a essa interpelação e analisamos algumas regularidades a partir de dois eixos: a interpretação das condições de produção por parte do sujeito do discurso e o modo como, nessas textualidades, se projeta ou antecipa a relação com a própria prática. Como uma das conclusões, depreendemos que Eloísa retomaria a posição simbólica do cartonero e a resignificaria, sendo que isto parece operar como uma regularidade no funcionamento dos coletivos que estudamos. Cabe ainda observar que o trabalho das cartoneras, desse conjunto sempre em aberto, ganha reconhecimento em outros âmbitos e circuitos, graças ao gesto de interpretação formulado a partir da academia.
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis O acontecimento Eloísa Cartonera: memória e identificações The event Eloísa Cartonera: memory and identifications 2016-10-21Maria Teresa CeladaValdir Heitor BarzottoPablo Fernando GaspariniMarisa GrigolettoCecilia Angelina PacellaFlavia Braga Krauss de VilhenaUniversidade de São PauloLetras (Língua Espanhola e Literaturas Espanholas e Hispano-Americana)USPBR Acontecimento Cartoneras Cartoneras Discourse Discurso Event Identificação Identification Memória Memory Neste trabalho, a partir da Análise do Discurso de linha materialista, interpretamos a constituição e o funcionamento de Eloísa Cartonera como um acontecimento que ressoa na dimensão da memória discursiva, desatando uma ampla rede de filiações por identificação (cf. PÊCHEUX, 1990a). Nessa direção, começamos por analisar não só as condições de produção da aparição de Eloísa, na Buenos Aires de 2003, mas também os modos pelos quais o trabalho do cartonero um sujeito social que surge com força nesse contexto histórico, marcado pela crise de 2001 se inscreve no centro de produção desse coletivo, algo que ressoará posteriormente no funcionamento de outras cartoneras. Imediatamente, passamos a abordar aspectos do funcionamento de três cartoneras pioneiras a própria Eloísa, Dulcineia Catadora em São Paulo e Yerba Mala em Cochabamba interpretando que o fazer da primeira teria significado uma desestruturação-reestruturação de certas redes e trajetos (cf. PÊCHEUX, ibidem) no que se refere a práticas de publicação editorial. Para trabalhar especificamente os modos pelos quais as cartoneras se representam e projetam no dizer de si seu trabalho nos debruçamos sobre os manifestos, escritos a convite pelas oito primeiras; às já mencionadas, somam-se outras cinco, a saber: Sarita, Animita, Mandrágora, La Cartonera e Yiyi Jambo. Esses textos foram publicados em Akademia Cartonera: Un ABC de las editoriales cartoneras latinoamericanas (BILBIJA & CARBAJAL, 2009). Na análise, primeiramente nos centramos no dispositivo paratextual que acompanha tais manifestos, abordando o que chamamos de gesto de interpretação no interior de um processo de identificação das editoras desta obra: nesse sentido, compreendemos o significante manifiesto como um índice da antecipação imaginária do lugar que as editoras projetam para os coletivos que são convidados a se manifestarem. Na sequência, nos detemos na análise do escrito pelas próprias cartoneras ao responderem a essa interpelação e analisamos algumas regularidades a partir de dois eixos: a interpretação das condições de produção por parte do sujeito do discurso e o modo como, nessas textualidades, se projeta ou antecipa a relação com a própria prática. Como uma das conclusões, depreendemos que Eloísa retomaria a posição simbólica do cartonero e a resignificaria, sendo que isto parece operar como uma regularidade no funcionamento dos coletivos que estudamos. Cabe ainda observar que o trabalho das cartoneras, desse conjunto sempre em aberto, ganha reconhecimento em outros âmbitos e circuitos, graças ao gesto de interpretação formulado a partir da academia. In this work, from the Discourse Analysis of the materialistic approach, we interpret the constitution and operation of Eloísa Cartonera as an event that resonates in the dimension of discursive memory, untying a wide network of affiliations identification (cf. PÊCHEUX, 1990a). In this direction, we begin by analyzing not only the conditions of production of the appearance of Eloisa, in Buenos Aires in 2003, but also the ways in which the work of cartonero - a social subject that arises with force in a historical context, marked by the 2001 crisis - falls within the production center of this collective, which later resound in the functioning of other cartoneras. Immediately, we began to address aspects of the operation of three pioneering cartoneras - Eloísa herself, Dulcinea Catadora in São Paulo and Yerba Mala in Cochabamba - interpreting that the making of the first would have meant a disruptionrestructuring of certain networks and paths (cf. PÊCHEUX, ibidem) concerning some editorial publication practices. To specifically work on the ways in which cartoneras represent and design themselves in the speech itself - we look back on the \"manifestations\", written at the invitation by the first eight; those already mentioned, are added five others, namely: Sarita, Animita, Mandrágora, La Cartonera and Yiyi Jambo. These texts were published in \"Akademia Cartonera: Un ABC de las editoriales cartoneras Latin American\" (BILBIJA & CARBAJAL, 2009). In the analysis, first we focus on paratextual device that accompanies such manifestations addressing what we call \"interpretation gesture\" - within a process of identification - the publishers of this work: in this sense, we understand the significant \"manifiesto\" as an index the imaginary anticipation of the place that publishers design for the collectives are invited to submit comments. Following, we stop in the analysis written by cartoneras themselves to answer this interpellation and analyze some regularities from two axes: the interpretation of production conditions by the subject of the speech and how, these textualities, project or anticipate the relationship with the practice itself. As one of the conclusions, we infer that Eloísa would take back the symbolic position of cartonero and it would resignify itself, and this seems to operate as a regular way in the functioning of groups which we study. It should be observed that the work of cartoneras, of this set always open, gains recognition in other areas and circuits thanks to the gesture interpretation formulated by the academy. https://doi.org/10.11606/T.8.2016.tde-20122016-140926info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T19:34:57Zoai:teses.usp.br:tde-20122016-140926Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T12:59:48.050654Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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