Brasil e os acordos internacionais de cacau, café e açúcar: 1962 - 1982

• Autor(a) principal: Menezes, Socorro de Maria Arraes
• Data de Publicação: 1985
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
• Texto Completo: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-20220208-041057/
• topic: ACORDOS INTERNACIONAIS; AÇÚCAR; BRASIL; CACAU; CAFÉ

O mercado internacional de commodities caracteriza-se por frequentes asei lações de preços. A instabilidade nos preços das commodities levou países produtores e consumidores a negociarem Acordos Internacionais, com o objetivo de estabilizar os preços. Entre as principais commodities comercializadas no mercado internacional, destacam-se cacau, café e açúcar. Sendo o Brasil grande produtor e com participação significativa no comércio mundial destes produtos, o estudo tem como objetivo analisar as negociações dos Acordos Internacionais de Cacau, Café e Açúcar assim, como a evolução do mercado internacional destes produtos, enfatizando as dificuldades de negociações e os efeitos dos respectivos acordos. Inicialmente apresenta-se uma retrospectiva histórica das negociações para implementação dos Acordos internacionais de Cacau, Café e Açúcar. Procura-se destacar os principais objetivos e mecanismos propostos para a formalização destes acordos, assim, como os pontos de maior divergência entre países produtores e consumidores de cada produto. Em seguida analisa-se a evolução do mercado internacional de cacau, café e açúcar no período 1962-1982·. Através do comportamento dos principais indicadores, como produção, exportação, consumo e preços de exportação destas commodities, destaca-se o caso do Brasil. Procura-se também relacionar o comportamento do comércio internacional destes produtos, com a atuação dos respectivos acordos e com as políticas adotadas pelo Governo brasileiro de incremento do comércio exterior a partir de meados da década de 60. Na análise do comportamento do mercado internacional de cacau, café e açúcar e da atuação dos acordos internacionais destes produtos, salienta-se que as dificuldades de entendimento entre países exportadores e importadores durante as negociações dos Acordos, são atribuídas particularmente, as distintas características dos países participantes destes Acordos. De um lado, países industrializados, do outro países em desenvolvimento. A fragilidade dos países exportadores diante d os importadores, é atribuída entre outros fatore s, a falta de sistemas adequados de estocagem e de habilidade para conter a expansão da produção do produto, uma vez que em sua As análises deste estudo, mostram que de modo geral, os Acordos, com seus mecanismos de estabilização de preços, não têm surtido o efeito esperado. Verifica-se que os desequilíbrios entre oferta e demanda têm anulado os esforços dos países exportadores e importadores, na busca de estabilização de preços no mercado internacional. Tal situação pode ser atribuída a falhas nas expectativas e previsões de oferta e demanda por parte dos países negociadores dos acordos destas commodities Ressalta-se que em geral, o Acordo Internacional do Café tem sido efetivo. Com seus mecanismos de estabilização, notadamente cota de exportação, vem sendo possível manter os preços do produto relativamente estáveis, o que pode ser atribuído a política de comercialização e estocagem do produto, assim, como maior integração entre os grandes países produtores. O Brasil possui determinadas condições que o coloca em posição favorável nas negociações dos Acordos Internacionais destas commodities. Ao possuir um sistema adequa- do de estocagem e elevado consumo interno, notadamente, de café e açúcar, o país conta com alternativas favoráveis, para redução das flutuações de preços no mercado externo. Embora a estratégia instituída pelo governo brasileiro de expansão das exportações venha alcançando resultados favoráveis, o Brasil deveria rever sua política de comércio exterior, não só com o objetivo de ampliar as vendas para os compradores tradicionais, mas, principalmente, para conquista de novos mercados. O incremento das exportações é o meio de aumento da renda e, entrada de divisas. Entretanto, a diversificação é uma política que diminui a vulnerabilidade e limitações impostas pelo mercado internacional. Verifica-se que embora os efeitos dos Acordos Internacionais destas commodities, sejam de curto prazo, a existência dos mesmos é de suma importância pois, além de constituir o respaldo político dos países em desenvolvimento, funcionam como elemento psicológico de estabilização de preços no mercado internacional.