Caminhoneiros, caminhos e caminhões: uma etnografia sobre mobilidades nas estradas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gomes, Arthur Fontgaland
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-21082018-100640/
Resumo: Esta dissertação busca identificar os elementos integrados pelos caminhoneiros autônomos em suas vidas móveis. Analisa como estes motoristas extraem permanência de suas mobilidades, constitutivas desses modos de vidas. Os caminhoneiros são profissionais especializados em operar veículos automotores de carga e fazer circular mercadorias a partir do transporte rodoviário. Trata-se de um conjunto disperso e heterogêneo que executa grandes jornadas de trabalho distantes de seus endereços fixos, para onde retornam intermitentemente. Sem desvincular-se dos cotidianos mais sedentários, intensificam o convívio com os caminhões e as estradas. Instrumento de trabalho, mas também casa móvel, o caminhão é onde se realiza obrigações, prazeres e lazeres. Os veículos adquirem diverso usos, modificações, valores, afetos e podem operar nas distinções entre pares. Cuidados de si e dos caminhões se misturam e revestem a boleia de domesticidade masculina que ajuda a viabilizar o ser caminhoneiro. Nas estradas, cumpre-se o itinerário, cujas rotas e prazos são estipulados pelo mercado. O itinerário é preenchido pelos caminhoneiros por intensas negociações entre tarefas laborais e extralaborais manifestadas nas escolhas e efetivações das paradas que pontuam o trajeto. Nos estabelecimentos comerciais, os motoristas se vinculam ao pessoal do posto, chapas e putas. São interações afetivas, trabalhistas, sexuais e de consumo que se articulam e animam as estradas. Tendo em vista a vida social das BRs esta etnografia se desenvolveu a partir de caronas nas boleias de caminhão, um tipo de mobilidade informal e gratuita inteligível neste contexto, em especial, para os caminhoneiros. As teorias elaboradas pelos motoristas inspiraram esta dissertação e suscitam dialogo com algumas discussões acadêmicas sobre mobilidades e trabalho caminhoneiro no campo das humanidades. Com isso, leva-se em conta que quando os motoristas e caminhões se movem pelas estradas, não só as mercadorias são postas em circulação através de itinerários. Junto a elas se movimentam também certa economia corporal, material e simbólica numa trama adensada de relações que cria e recria caminhos. Estes, indispensáveis para a permanência dessas vidas móveis.
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Os veículos adquirem diverso usos, modificações, valores, afetos e podem operar nas distinções entre pares. Cuidados de si e dos caminhões se misturam e revestem a boleia de domesticidade masculina que ajuda a viabilizar o ser caminhoneiro. Nas estradas, cumpre-se o itinerário, cujas rotas e prazos são estipulados pelo mercado. O itinerário é preenchido pelos caminhoneiros por intensas negociações entre tarefas laborais e extralaborais manifestadas nas escolhas e efetivações das paradas que pontuam o trajeto. Nos estabelecimentos comerciais, os motoristas se vinculam ao pessoal do posto, chapas e putas. São interações afetivas, trabalhistas, sexuais e de consumo que se articulam e animam as estradas. Tendo em vista a vida social das BRs esta etnografia se desenvolveu a partir de caronas nas boleias de caminhão, um tipo de mobilidade informal e gratuita inteligível neste contexto, em especial, para os caminhoneiros. As teorias elaboradas pelos motoristas inspiraram esta dissertação e suscitam dialogo com algumas discussões acadêmicas sobre mobilidades e trabalho caminhoneiro no campo das humanidades. Com isso, leva-se em conta que quando os motoristas e caminhões se movem pelas estradas, não só as mercadorias são postas em circulação através de itinerários. Junto a elas se movimentam também certa economia corporal, material e simbólica numa trama adensada de relações que cria e recria caminhos. Estes, indispensáveis para a permanência dessas vidas móveis.This dissertation aims to identify what are the elements that truck drivers integrate in their mobile lives. We analyze how these truck drivers extract permanence of their mobilities, constitutive of those ways of living. The truck drivers professionals specializes in operate cargo automotive vehicles, transporting goods across the road network. They are a heterogeneous disperse set of professionals performing long work periods away from their fixed homes, to which they return intermittently. Thus, they keep bonds with their settled dwellings while they intensify their sociality with trucks and roads. The truck is both a work tool and a mobile house, where they perform duties, pleasures and leisure. The vehicles are put to different uses, customizations, values, affections and may engender distinction amongst colleagues. Drivers intertwine self-care and truck maintenance, investing the truck lorry of a masculine domesticity which instantiate what is to be a truck driver. On the road, an itinerary is fulfilled, with market stipulated routes and schedules. Meanwhile, truck drivers entangle their itinerary with intense negotiations between work tasks and other activities, which take place in the truck drivers choices of where they stop along the way. At side road shops and stores, drivers relate to gas station workers, local guides and prostitutes. Labor, affective, sexual and consumption relations that makes the road alive. Regarding the social life of Brazilian federal highways and roads, this ethnographic research was carried out by means of hitchhiking truck lorries, a free and non-official way of faring used to translate to the drivers the anthropological research. The theories conceived by those truckers have inspired this work and are presented in dialogue with academic debates on mobilities and truck drivers professional realities. Thus, we consider that not only goods are set in motion when drivers and trucks fare their itineraries, but there is also a specific bodily, material and symbolic economy moving along a thick meshwork of relations that make and unmake paths. Those are constitutive of the permanence of those mobile lives.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPNascimento, Silvana de SouzaGomes, Arthur Fontgaland2017-11-30info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-21082018-100640/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2018-10-03T01:45:28Zoai:teses.usp.br:tde-21082018-100640Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212018-10-03T01:45:28Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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