A rede de apoio social de usuários de crack acompanhados por um equipe de consultório na rua de uma cidade no interior de Minas Gerais
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22131/tde-30052018-104914/ |
Resumo: | O apoio social consiste em recursos provenientes dos laços sociais estabelecidos por um indivíduo e que provém auxílio principalmente em situações adversas, possibilitando amenizar efeitos negativos do estresse, atenuar efeitos psicológicos inerentes às patologias crônicas e promover ações de solidariedade e cidadania. Trata-se de um recurso presente na vida de todos os indivíduos, incluindo usuários de crack, sendo que, nesse caso, a análise de redes sociais mostra-se relevante, tendo em vista as consequências que tal consumo provoca no envolvimento social desses sujeitos, repercutindo nas relações familiares, de trabalho e restrição de possibilidades de cultura, lazer e acesso à saúde. Entre os serviços existentes para atender a essa população está o Consultório na Rua, programa implantado em 2011 e pautado na lógica de redução de danos, o que leva a considerar que esse configura-se como importante fonte de apoio social aos indivíduos atendidos. Entretanto, investigar a percepção dos usuários em relação ao papel de tal serviço em sua rede de apoio social ainda se faz necessário. Dessa forma, objetivou-se analisar as características da rede de apoio social de usuários de crack e o papel do Consultório na Rua para esses indivíduos. Para tanto, foi desenvolvido estudo transversal qualitativo, descritivo-exploratório em uma cidade de médio porte do interior de Minas Gerais, tendo como participantes 17 usuários de crack acompanhados por um programa de Consultório na Rua, bem como os quatro profissionais que compõem tal equipe. A coleta de dados se deu por meio de observação participante, entrevistas semiestruturadas com os usuários de crack e grupo focal com os profissionais. A análise dos dados ocorreu através de análise dos aspectos estruturais da rede de apoio dos usuários, seguida de análise de conteúdo das informações transcritas a partir das diferentes fontes, e, para abordagem metodológica, foi adotada a Análise de Redes Sociais. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob Protocolo nº 50051015.4.0000.5393, e foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Processo nº 2016/05135-0. Os resultados apontaram um grupo composto majoritariamente de indivíduos pretos ou pardos, do gênero feminino, solteiros, com ensino fundamental incompleto, sem profissão, sem renda, que professavam a religião católica e com idade média de 37,2 anos. No tocante à rede de apoio dos usuários, evidenciou-se que esta é composta de familiares, pares, membros da comunidade e da equipe do Consultório na Rua, que proveem apoio material, informacional e emocional. Também foi observado que o trabalho desenvolvido pelo Consultório na Rua apresenta potencialidades como o respeito às condições individuais dos usuários, a existência de uma relação de confiança entre usuários e profissionais e a interlocução com a Rede de Atenção Psicossocial. Por outro lado, o serviço enfrenta desafios como a falta de capacitação de profissionais de outras instituições de saúde e a existência de serviços não sensíveis às diferenças de gênero, orientação sexual e estilo de vida dos usuários. Portanto, recomenda-se que a rede de compartilhamento de influências desses sujeitos seja levada em consideração para a elaboração de ações de prevenção e promoção de saúde, ainda que os profissionais de diferentes instituições de saúde trabalhem de modo colaborativo, a fim de combater o estigma sobre os usuários de drogas, e que em estudos futuros se busque explorar profundamente a dinâmica das relações da população em situação de rua, com foco nos apoiadores informais, e que sejam pensadas estratégias de ampliação da perspectiva de atuação do Consultório na Rua, visando os eixos da reabilitação psicossocial |
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A rede de apoio social de usuários de crack acompanhados por um equipe de consultório na rua de uma cidade no interior de Minas GeraisThe social support network of crack users accompanied by an Outreach Service team in the countryside of Minas GeraisEnfermagem; Reabilitação psicossocial; Uso de substânciasNursing; Psychosocial rehabilitation; Substance useO apoio social consiste em recursos provenientes dos laços sociais estabelecidos por um indivíduo e que provém auxílio principalmente em situações adversas, possibilitando amenizar efeitos negativos do estresse, atenuar efeitos psicológicos inerentes às patologias crônicas e promover ações de solidariedade e cidadania. Trata-se de um recurso presente na vida de todos os indivíduos, incluindo usuários de crack, sendo que, nesse caso, a análise de redes sociais mostra-se relevante, tendo em vista as consequências que tal consumo provoca no envolvimento social desses sujeitos, repercutindo nas relações familiares, de trabalho e restrição de possibilidades de cultura, lazer e acesso à saúde. Entre os serviços existentes para atender a essa população está o Consultório na Rua, programa implantado em 2011 e pautado na lógica de redução de danos, o que leva a considerar que esse configura-se como importante fonte de apoio social aos indivíduos atendidos. Entretanto, investigar a percepção dos usuários em relação ao papel de tal serviço em sua rede de apoio social ainda se faz necessário. Dessa forma, objetivou-se analisar as características da rede de apoio social de usuários de crack e o papel do Consultório na Rua para esses indivíduos. Para tanto, foi desenvolvido estudo transversal qualitativo, descritivo-exploratório em uma cidade de médio porte do interior de Minas Gerais, tendo como participantes 17 usuários de crack acompanhados por um programa de Consultório na Rua, bem como os quatro profissionais que compõem tal equipe. A coleta de dados se deu por meio de observação participante, entrevistas semiestruturadas com os usuários de crack e grupo focal com os profissionais. A análise dos dados ocorreu através de análise dos aspectos estruturais da rede de apoio dos usuários, seguida de análise de conteúdo das informações transcritas a partir das diferentes fontes, e, para abordagem metodológica, foi adotada a Análise de Redes Sociais. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob Protocolo nº 50051015.4.0000.5393, e foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Processo nº 2016/05135-0. Os resultados apontaram um grupo composto majoritariamente de indivíduos pretos ou pardos, do gênero feminino, solteiros, com ensino fundamental incompleto, sem profissão, sem renda, que professavam a religião católica e com idade média de 37,2 anos. No tocante à rede de apoio dos usuários, evidenciou-se que esta é composta de familiares, pares, membros da comunidade e da equipe do Consultório na Rua, que proveem apoio material, informacional e emocional. Também foi observado que o trabalho desenvolvido pelo Consultório na Rua apresenta potencialidades como o respeito às condições individuais dos usuários, a existência de uma relação de confiança entre usuários e profissionais e a interlocução com a Rede de Atenção Psicossocial. Por outro lado, o serviço enfrenta desafios como a falta de capacitação de profissionais de outras instituições de saúde e a existência de serviços não sensíveis às diferenças de gênero, orientação sexual e estilo de vida dos usuários. Portanto, recomenda-se que a rede de compartilhamento de influências desses sujeitos seja levada em consideração para a elaboração de ações de prevenção e promoção de saúde, ainda que os profissionais de diferentes instituições de saúde trabalhem de modo colaborativo, a fim de combater o estigma sobre os usuários de drogas, e que em estudos futuros se busque explorar profundamente a dinâmica das relações da população em situação de rua, com foco nos apoiadores informais, e que sejam pensadas estratégias de ampliação da perspectiva de atuação do Consultório na Rua, visando os eixos da reabilitação psicossocialSocial support consists in resources derived from social bonds established by an individual and which provides assistance in adverse situations, making it possible to alleviate negative effects of stress, attenuate the psychological effects inherent in chronic pathologies, and promote solidarity and citizenship actions. It is a resource present in the lives of all individuals, including users of crack, and in this case, the analysis of social networks is relevant, considering the consequences that such consumption causes in the social involvement of these subjects, reverberating on family relationships, work and restriction of possibilities of culture, leisure and access to health. Among the services available to attend this population, there is the Outreach Service, a program implemented in 2011 and based on the logic of harm reduction, which leads to consider that this is an important source of social support for the individuals attended by it. However, investigating users\' perceptions regarding the role of such service in their social support network is still necessary. The aim of this study was to analyze the characteristics of the social support network of crack users and the role of this Outreach Service for these individuals. For that, a qualitative, descriptive-exploratory cross-sectional study was carried out in a medium-sized city in the countryside of Minas Gerais, with 17 crack users accompanied in an Outreach Service program, as well as the four professionals that compose the team. Data collection was made through participant observation, semi-structured interviews with crack users and a focus group with professionals. Data analysis was performed through analysis of the structural aspects of the users\' support network, followed by content analysis of the information transcribed from the different sources and, for methodological approach, the Social Networks Analysis was adopted. The study was approved by the Research Ethics Committee, under protocol no. 50051015.4.0000.5393, and was funded by the Research Support Foundation of the State of São Paulo, process nº 2016/05135-0. The results showed a group composed mainly of black or brown individuals, female, single, with incomplete elementary school, without profession, without income, who professed the Catholic religion and with an average age of 37.2 years. Regarding to the user support network, it has been evidenced that it is composed of family members, peers, members of the community and the team of the Outreach Service, who provide material, informational and emotional support. It was also observed that the work developed by the Outreach Service presents potentialities such as respect for the individual conditions of users, the existence of a trust relationship between users and professionals and the interlocution with the Psychosocial Attention Network. On the other hand, the service faces challenges such as the lack of training of professionals from other health institutions and the existence of services that are not sensitive to the gender, sexual orientation and lifestyle of users. Therefore, it is recommended that the network of sharing of influences of these subjects could be taken into account for the elaboration of actions of prevention and health promotion, although the professionals of different health institutions work in a collaborative way, in order to combat stigma on drug users, and for future studies it is sought to explore deeply the dynamics of the relations of the population in a street situation, with a focus on informal supporters, and to devise strategies to expand the perspective of the Outreach Service, focusing on psychosocial rehabilitationBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSouza, Jacqueline deSilva, Lucas Duarte2018-02-16info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22131/tde-30052018-104914/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2018-07-19T20:50:39Zoai:teses.usp.br:tde-30052018-104914Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212018-07-19T20:50:39Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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O apoio social consiste em recursos provenientes dos laços sociais estabelecidos por um indivíduo e que provém auxílio principalmente em situações adversas, possibilitando amenizar efeitos negativos do estresse, atenuar efeitos psicológicos inerentes às patologias crônicas e promover ações de solidariedade e cidadania. Trata-se de um recurso presente na vida de todos os indivíduos, incluindo usuários de crack, sendo que, nesse caso, a análise de redes sociais mostra-se relevante, tendo em vista as consequências que tal consumo provoca no envolvimento social desses sujeitos, repercutindo nas relações familiares, de trabalho e restrição de possibilidades de cultura, lazer e acesso à saúde. Entre os serviços existentes para atender a essa população está o Consultório na Rua, programa implantado em 2011 e pautado na lógica de redução de danos, o que leva a considerar que esse configura-se como importante fonte de apoio social aos indivíduos atendidos. Entretanto, investigar a percepção dos usuários em relação ao papel de tal serviço em sua rede de apoio social ainda se faz necessário. Dessa forma, objetivou-se analisar as características da rede de apoio social de usuários de crack e o papel do Consultório na Rua para esses indivíduos. Para tanto, foi desenvolvido estudo transversal qualitativo, descritivo-exploratório em uma cidade de médio porte do interior de Minas Gerais, tendo como participantes 17 usuários de crack acompanhados por um programa de Consultório na Rua, bem como os quatro profissionais que compõem tal equipe. A coleta de dados se deu por meio de observação participante, entrevistas semiestruturadas com os usuários de crack e grupo focal com os profissionais. A análise dos dados ocorreu através de análise dos aspectos estruturais da rede de apoio dos usuários, seguida de análise de conteúdo das informações transcritas a partir das diferentes fontes, e, para abordagem metodológica, foi adotada a Análise de Redes Sociais. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob Protocolo nº 50051015.4.0000.5393, e foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Processo nº 2016/05135-0. Os resultados apontaram um grupo composto majoritariamente de indivíduos pretos ou pardos, do gênero feminino, solteiros, com ensino fundamental incompleto, sem profissão, sem renda, que professavam a religião católica e com idade média de 37,2 anos. No tocante à rede de apoio dos usuários, evidenciou-se que esta é composta de familiares, pares, membros da comunidade e da equipe do Consultório na Rua, que proveem apoio material, informacional e emocional. Também foi observado que o trabalho desenvolvido pelo Consultório na Rua apresenta potencialidades como o respeito às condições individuais dos usuários, a existência de uma relação de confiança entre usuários e profissionais e a interlocução com a Rede de Atenção Psicossocial. Por outro lado, o serviço enfrenta desafios como a falta de capacitação de profissionais de outras instituições de saúde e a existência de serviços não sensíveis às diferenças de gênero, orientação sexual e estilo de vida dos usuários. Portanto, recomenda-se que a rede de compartilhamento de influências desses sujeitos seja levada em consideração para a elaboração de ações de prevenção e promoção de saúde, ainda que os profissionais de diferentes instituições de saúde trabalhem de modo colaborativo, a fim de combater o estigma sobre os usuários de drogas, e que em estudos futuros se busque explorar profundamente a dinâmica das relações da população em situação de rua, com foco nos apoiadores informais, e que sejam pensadas estratégias de ampliação da perspectiva de atuação do Consultório na Rua, visando os eixos da reabilitação psicossocial |
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