O período juvenil em macacos-prego (Sapajus sp.): ontogenia das relações sociais e do forrageamento

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Winandy, Mariana Mascarenhas
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-19072012-105740/
Resumo: Primatas apresentam maturação tardia em relação a outros mamíferos, com infância e, particularmente, juventude prolongadas. Duas hipóteses para explicar esta característica da ordem são a hipótese da necessidade de aprendizagem, que aponta a necessidade de aquisição de habilidades sociais ou de forrageamento como fator-chave, e a hipótese de aversão a riscos, segundo a qual primatas apresentam crescimento lento de modo a reduzir suas taxas metabólicas, uma vez que sofrem com a competição por alimento com indivíduos adultos devido à baixa posição hierárquica ou a uma menor eficiência no forrageamento. O presente trabalho analisou o desenvolvimento comportamental de jovens macacos-prego (Sapajus sp.) de um grupo que vive em semi-liberdade no Parque Ecológico do Tietê, São Paulo, de outubro de 2007 a maio de 2010. Os dados foram obtidos com os métodos Focal de Varredura e Todas as Ocorrências. Os resultados mostram uma hierarquia de dominância, de modo geral, herdada da mãe entre as fêmeas e dependente de idade entre os machos. O grande número de indivíduos com pouca participação em interações agonísticas e de díades sem relações de dominância e o baixo número de coalizões, que envolveram principalmente indivíduos dominantes, sugerem um mecanismo de evitação de conflitos por parte dos subordinados. Ao longo do desenvolvimento, houve uma redução na agressão sofrida pelos jovens, sugerindo que esse mecanismo de evitação é aprendido ao longo do desenvolvimento. As relações afiliativas de proximidade e catação dependeram fortemente do parentesco entre os indivíduos e de sua posição hierárquica, sendo que nas relações de proximidade houve também efeito da idade, com jovens mantendo-se próximos entre si. Jovens fêmeas investiram mais na construção e manutenção de redes afiliativas, por meio da catação, do que os jovens machos, e foram mais toleradas. O orçamento de atividades e o comportamento alimentar diferiram entre as categorias etárias, porém houve pouca influência do sexo. Houve evidências de sincronia de atividades entre os jovens e seus vizinhos mais próximos, porém as diferenças na dieta entre jovens e adultos sugerem que a aprendizagem social não foi o principal fator influenciando o comportamento alimentar dos jovens. Sua maior dedicação a recursos de fácil obtenção (frutos) do que a recursos mais difíceis de obter (invertebrados) indica menor eficiência no forrageamento. A menor dedicação a alimentos aprovisionados, por sua vez, sugere desvantagem na competição intra-grupo. O comportamento dos jovens no grupo estudado dá suporte ao modelo de aversão a riscos, embora haja evidências de que a aquisição de habilidades sociais e de forrageamento seja um fator importante no seu desenvolvimento
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spelling O período juvenil em macacos-prego (Sapajus sp.): ontogenia das relações sociais e do forrageamentoThe juvenile period in tufted capuchin monkeys (Sapajus sp.): ontogeny of social relationships and foraging behaviorCapuchin monkeysForagingForrageamentoMacaco-pregoNeotropicaisNeotropical primatesOntogeniaOntogenyRelações sociaisSocial relationshipsPrimatas apresentam maturação tardia em relação a outros mamíferos, com infância e, particularmente, juventude prolongadas. Duas hipóteses para explicar esta característica da ordem são a hipótese da necessidade de aprendizagem, que aponta a necessidade de aquisição de habilidades sociais ou de forrageamento como fator-chave, e a hipótese de aversão a riscos, segundo a qual primatas apresentam crescimento lento de modo a reduzir suas taxas metabólicas, uma vez que sofrem com a competição por alimento com indivíduos adultos devido à baixa posição hierárquica ou a uma menor eficiência no forrageamento. O presente trabalho analisou o desenvolvimento comportamental de jovens macacos-prego (Sapajus sp.) de um grupo que vive em semi-liberdade no Parque Ecológico do Tietê, São Paulo, de outubro de 2007 a maio de 2010. Os dados foram obtidos com os métodos Focal de Varredura e Todas as Ocorrências. Os resultados mostram uma hierarquia de dominância, de modo geral, herdada da mãe entre as fêmeas e dependente de idade entre os machos. O grande número de indivíduos com pouca participação em interações agonísticas e de díades sem relações de dominância e o baixo número de coalizões, que envolveram principalmente indivíduos dominantes, sugerem um mecanismo de evitação de conflitos por parte dos subordinados. Ao longo do desenvolvimento, houve uma redução na agressão sofrida pelos jovens, sugerindo que esse mecanismo de evitação é aprendido ao longo do desenvolvimento. As relações afiliativas de proximidade e catação dependeram fortemente do parentesco entre os indivíduos e de sua posição hierárquica, sendo que nas relações de proximidade houve também efeito da idade, com jovens mantendo-se próximos entre si. Jovens fêmeas investiram mais na construção e manutenção de redes afiliativas, por meio da catação, do que os jovens machos, e foram mais toleradas. O orçamento de atividades e o comportamento alimentar diferiram entre as categorias etárias, porém houve pouca influência do sexo. Houve evidências de sincronia de atividades entre os jovens e seus vizinhos mais próximos, porém as diferenças na dieta entre jovens e adultos sugerem que a aprendizagem social não foi o principal fator influenciando o comportamento alimentar dos jovens. Sua maior dedicação a recursos de fácil obtenção (frutos) do que a recursos mais difíceis de obter (invertebrados) indica menor eficiência no forrageamento. A menor dedicação a alimentos aprovisionados, por sua vez, sugere desvantagem na competição intra-grupo. O comportamento dos jovens no grupo estudado dá suporte ao modelo de aversão a riscos, embora haja evidências de que a aquisição de habilidades sociais e de forrageamento seja um fator importante no seu desenvolvimentoPrimates exhibit delayed maturation in comparison to other mammals, with a long juvenile period. Two attempts to explain this characteristic are the needing to learn hypothesis, which points towards the need to acquire social or foraging skills as important challenges for juveniles, and the juvenile risk aversion hypothesis, according to which primates have slow growth rates in order to reduce metabolic rates, because they have a disadvantage in the competition for resources against adults, due to lower hierarchical position or to less foraging efficiency. The present work analyses the behavioral development of juvenile capuchin monkeys (Sapajus sp) from a semi-freeranging group at Parque Ecológico do Tietê (PET), São Paulo, Brazil, from October 2007 to May 2010. Data was obtained using scan sampling and all occurrences methods. Results show that the dominance hierarchy was mostly inherited from the mother, for juvenile females, and age-related, for males. The large number of individuals with little or no participation in agonistic interactions and of 0x0 ties, and the low number of coalitions, which involved mostly dominant individuals, suggest that a conflict-avoidance mechanism is being used by subordinates. There was a reduction in the aggression suffered by juveniles through time, suggesting that this mechanism is learned throughout the development. Affiliative relationships were highly dependent on kinship and hierarchical position, and in proximity there was also an effect of age, with juveniles close to one another. Juvenile females invested more in building and maintaining social networks, through grooming, than male juveniles, and were more tolerated in proximity. The activity budget and feeding behavior differed among age categories, but there was little influence of sex. There was evidence of synchrony of activities between juveniles and individuals in proximity, but differences in diet between juveniles and adults suggest that social learning was not the main influence on juveniles\' foraging behavior. They allocated more foraging time to resources easy to obtain (fruits) than to more difficult to obtain resources (invertebrates), which indicates they are less efficient in foraging. They also dedicated less time to provisioned food, suggesting a disadvantage in intra-group competition. The behavior of the juveniles observed in this study supports the risk aversion model, although there are evidences that the acquisition of social and foraging skills also plays an important role on their developmentBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMauro, Patricia IzarWinandy, Mariana Mascarenhas2012-05-08info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-19072012-105740/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:32Zoai:teses.usp.br:tde-19072012-105740Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:32Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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