Interação social e comunicação na primeira infância
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2008 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-06062008-173748/ |
Resumo: | Esta pesquisa parte da visão da criança como agente ativo de seu próprio desenvolvimento. Buscou-se investigar a interação criança-criança, os processos formadores de \"cultura\" no grupo de brinquedo e o papel dos modos de comunicação verbal e não-verbal nestes processos de co-construção de significados compartilhados. Foram estudados os estilos de brincadeiras das crianças, as parcerias preferenciais entre elas e as mudanças nas formas de comunicação durante o período estudado. Os sujeitos foram crianças de 1 a 3 anos de idade, acompanhados semanalmente, durante 1 ano e meio, numa creche em São Paulo. Foram realizadas filmagens das crianças em momentos de atividade lúdica livre (com pouca interferência das educadoras), utilizando-se os métodos de amostragem \"focal\" e \"varredura instantânea\". Além disso, foram feitas sessões de observação semicontrolada, filmando-se, separadamente, duplas de crianças com maior ou menor afinidade social, brincando com 10 pares de objetos pré-selecionados. Os resultados mostram que as crianças comunicaram-se mais entre si do que com adultos, tanto de modo verbal quanto não-verbal. Do período inicial de coleta de dados para o final, houve uma diminuição significativa de comportamentos não-verbais indicativos de comunicação e um aumento significativo de episódios de verbalização. No período inicial, houve uma freqüência significativamente maior de verbalizações em contextos de interações agonísticas e imperativas, e no período final houve uma freqüência significativamente maior de verbalizações de convite para interação. Verificou-se um aumento da comunicação verbal quando as crianças estavam com idades entre 1 ano e 10 meses (a mais nova) e 2 anos e 6 meses (a mais velha). Quanto ao comportamento não-verbal, as crianças se comunicaram mais por olhares e expressões faciais, no entanto, no período inicial houve uma freqüência significativamente maior de vocalizações, no período intermediário houve uma freqüência significativamente maior de gestos e acenos e, no período final, de imitações. A imitação foi considerada como um meio das crianças compartilharem significados e de iniciarem ou manterem interações sociais. A situação de duplas foi favorecedora de episódios de imitação e ocorreu maior freqüência de interações sociais após imitação principalmente quando as crianças estavam com idades próximas a 3 anos. Em relação aos estilos de brincadeiras, duplas com maior afinidade social apresentaram freqüência significativamente maior de brincadeiras de contingência social do que duplas com menor afinidade; duplas formadas apenas por meninas brincaram mais de faz-de-conta, duplas formadas somente por meninos brincaram mais de brincadeiras paralelas e duplas mistas brincaram mais de brincadeiras do tipo \"física\". Quando em grupo, as meninas brincaram mais com outras crianças do que sozinhas, diferentemente dos meninos. Foram identificadas e descritas qualitativamente algumas formas de brincadeiras particulares do grupo estudado. A conclusão foi que crianças dessa faixa etária são capazes de construir e compartilhar significados no grupo, mesmo antes de dominarem a comunicação verbal. Porém, também há indícios de que a fala facilite os processos de compartilhamento e persistência de significados no grupo e favoreça o aumento da complexidade das brincadeiras entre as crianças. |
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Interação social e comunicação na primeira infânciaSocial interaction and communication in early childhoodbrincadeiraschildhoodcomunicação não-verbalcomunicação verbaletologia humanahuman ethologyinfânciainteração socialnonverbal communicationsocial interactiontricksverbal communicationEsta pesquisa parte da visão da criança como agente ativo de seu próprio desenvolvimento. Buscou-se investigar a interação criança-criança, os processos formadores de \"cultura\" no grupo de brinquedo e o papel dos modos de comunicação verbal e não-verbal nestes processos de co-construção de significados compartilhados. Foram estudados os estilos de brincadeiras das crianças, as parcerias preferenciais entre elas e as mudanças nas formas de comunicação durante o período estudado. Os sujeitos foram crianças de 1 a 3 anos de idade, acompanhados semanalmente, durante 1 ano e meio, numa creche em São Paulo. Foram realizadas filmagens das crianças em momentos de atividade lúdica livre (com pouca interferência das educadoras), utilizando-se os métodos de amostragem \"focal\" e \"varredura instantânea\". Além disso, foram feitas sessões de observação semicontrolada, filmando-se, separadamente, duplas de crianças com maior ou menor afinidade social, brincando com 10 pares de objetos pré-selecionados. Os resultados mostram que as crianças comunicaram-se mais entre si do que com adultos, tanto de modo verbal quanto não-verbal. Do período inicial de coleta de dados para o final, houve uma diminuição significativa de comportamentos não-verbais indicativos de comunicação e um aumento significativo de episódios de verbalização. No período inicial, houve uma freqüência significativamente maior de verbalizações em contextos de interações agonísticas e imperativas, e no período final houve uma freqüência significativamente maior de verbalizações de convite para interação. Verificou-se um aumento da comunicação verbal quando as crianças estavam com idades entre 1 ano e 10 meses (a mais nova) e 2 anos e 6 meses (a mais velha). Quanto ao comportamento não-verbal, as crianças se comunicaram mais por olhares e expressões faciais, no entanto, no período inicial houve uma freqüência significativamente maior de vocalizações, no período intermediário houve uma freqüência significativamente maior de gestos e acenos e, no período final, de imitações. A imitação foi considerada como um meio das crianças compartilharem significados e de iniciarem ou manterem interações sociais. A situação de duplas foi favorecedora de episódios de imitação e ocorreu maior freqüência de interações sociais após imitação principalmente quando as crianças estavam com idades próximas a 3 anos. Em relação aos estilos de brincadeiras, duplas com maior afinidade social apresentaram freqüência significativamente maior de brincadeiras de contingência social do que duplas com menor afinidade; duplas formadas apenas por meninas brincaram mais de faz-de-conta, duplas formadas somente por meninos brincaram mais de brincadeiras paralelas e duplas mistas brincaram mais de brincadeiras do tipo \"física\". Quando em grupo, as meninas brincaram mais com outras crianças do que sozinhas, diferentemente dos meninos. Foram identificadas e descritas qualitativamente algumas formas de brincadeiras particulares do grupo estudado. A conclusão foi que crianças dessa faixa etária são capazes de construir e compartilhar significados no grupo, mesmo antes de dominarem a comunicação verbal. Porém, também há indícios de que a fala facilite os processos de compartilhamento e persistência de significados no grupo e favoreça o aumento da complexidade das brincadeiras entre as crianças.This research is based on the view of the child as an active agent of his/her own development. It aimed to investigate the child-child interaction, the processes of \"culture\" creation within the playgroup and the role of verbal and nonverbal forms of communication in those processes of joint construction of shared meanings. The style of the children\'s play, the preferential partnerships between them and the changes in the forms of communication during the study period were examined. The subjects were 1-to-3-year-old children, weekly monitored over a year and a half at a daycare center in São Paulo. The children were videorecorded during free-play activity (with little interference from the educators), and the \"focalsubject\" and \"scan-sampling\" methods were used. In addition, semi-controlled observation sessions were conducted, and pairs of children with greater or smaller social affinity were separately recorded playing with ten pairs of pre-selected objects. Results show that the children communicated more between themselves than with adults, both verbally and nonverbally. From the period the data started to be collected to the end of the study, a significant decrease in nonverbal behaviors indicative of communication and a significant increase in verbalization episodes were observed. A significantly higher frequency of verbalizations in contexts of agonistic and imperative interactions was observed in the initial period, whereas a significantly higher frequency of verbalizations of invitation to interaction was observed in the final period. The verbal communication increased when the children were 1 year and 10 months old (youngest child) to 2 years and 6 months old (oldest child). As for nonverbal behavior, the children\'s communication was predominantly through looks and facial expressions, however there has been a significantly higher frequency of vocalizations in the initial period, a significantly higher frequency of gestures and nods and waves in the intermediary period and of imitations in the final period. Imitation was considered a means through which children share meanings and start or maintain social interactions. The situation of pairs favored episodes of imitation and social interactions were more frequent after imitation mainly when the children were near 3 years of age. Concerning play styles, pairs with greater social affinity produced a significantly higher frequency of social-contingency play than pairs with smaller affinity; pairs formed only by girls did more make-believe play, pairs formed only by boys did more parallel play and mixed pairs did more \"physical\" play. When the girls were in group, they played more with other children than when they were alone, differently from the boys. Some forms of play particular to the studied group were identified and qualitatively described. The research concluded that children in this age bracket are able to build and share meanings within the group, even before mastering the verbal communication. However, there are also signs that the speech facilitates the sharing processes and the persistence of meanings within the group and leads to more complex play between the children.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPBussab, Vera Silvia RaadSestini, Ana Elisa2008-04-23info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-06062008-173748/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:09:56Zoai:teses.usp.br:tde-06062008-173748Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:09:56Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Esta pesquisa parte da visão da criança como agente ativo de seu próprio desenvolvimento. Buscou-se investigar a interação criança-criança, os processos formadores de \"cultura\" no grupo de brinquedo e o papel dos modos de comunicação verbal e não-verbal nestes processos de co-construção de significados compartilhados. Foram estudados os estilos de brincadeiras das crianças, as parcerias preferenciais entre elas e as mudanças nas formas de comunicação durante o período estudado. Os sujeitos foram crianças de 1 a 3 anos de idade, acompanhados semanalmente, durante 1 ano e meio, numa creche em São Paulo. Foram realizadas filmagens das crianças em momentos de atividade lúdica livre (com pouca interferência das educadoras), utilizando-se os métodos de amostragem \"focal\" e \"varredura instantânea\". Além disso, foram feitas sessões de observação semicontrolada, filmando-se, separadamente, duplas de crianças com maior ou menor afinidade social, brincando com 10 pares de objetos pré-selecionados. Os resultados mostram que as crianças comunicaram-se mais entre si do que com adultos, tanto de modo verbal quanto não-verbal. Do período inicial de coleta de dados para o final, houve uma diminuição significativa de comportamentos não-verbais indicativos de comunicação e um aumento significativo de episódios de verbalização. No período inicial, houve uma freqüência significativamente maior de verbalizações em contextos de interações agonísticas e imperativas, e no período final houve uma freqüência significativamente maior de verbalizações de convite para interação. Verificou-se um aumento da comunicação verbal quando as crianças estavam com idades entre 1 ano e 10 meses (a mais nova) e 2 anos e 6 meses (a mais velha). Quanto ao comportamento não-verbal, as crianças se comunicaram mais por olhares e expressões faciais, no entanto, no período inicial houve uma freqüência significativamente maior de vocalizações, no período intermediário houve uma freqüência significativamente maior de gestos e acenos e, no período final, de imitações. A imitação foi considerada como um meio das crianças compartilharem significados e de iniciarem ou manterem interações sociais. A situação de duplas foi favorecedora de episódios de imitação e ocorreu maior freqüência de interações sociais após imitação principalmente quando as crianças estavam com idades próximas a 3 anos. Em relação aos estilos de brincadeiras, duplas com maior afinidade social apresentaram freqüência significativamente maior de brincadeiras de contingência social do que duplas com menor afinidade; duplas formadas apenas por meninas brincaram mais de faz-de-conta, duplas formadas somente por meninos brincaram mais de brincadeiras paralelas e duplas mistas brincaram mais de brincadeiras do tipo \"física\". Quando em grupo, as meninas brincaram mais com outras crianças do que sozinhas, diferentemente dos meninos. Foram identificadas e descritas qualitativamente algumas formas de brincadeiras particulares do grupo estudado. A conclusão foi que crianças dessa faixa etária são capazes de construir e compartilhar significados no grupo, mesmo antes de dominarem a comunicação verbal. Porém, também há indícios de que a fala facilite os processos de compartilhamento e persistência de significados no grupo e favoreça o aumento da complexidade das brincadeiras entre as crianças. |
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