Redes de comunicação e território: a formação e a organização socioespacial da internet no Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Alves, Ludmila Girardi
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-18122013-144628/
Resumo: As redes de comunicação por internet são um sistema e uma forma de organização que têm introduzido e modificado padrões de produção preexistentes em espaços de todo o mundo. Este estudo teve o objetivo de analisar as bases materiais e sociais que trouxeram a internet à sua organização atual no território brasileiro, bem como contribuir teoricamente para a relação entre espaço e interações sociais, por meio da aquisição de conhecimento dos objetos que compõem a internet enquanto um conjunto sociotecnico. Apresentamos os conceitos de rede e território em Geografia, bem como suas relações com comunicação, informação e espaço, em referência a autores que têm em comum a abordagem espacial com relevo nos fenômenos sociais engendrados pela comunicação à distância, especialmente Boris Beaude (2008). Sob as categorias de análise formação socioespacial e território usado de Milton Santos (2002), propomos uma periodização da internet no Brasil e caracterizamos a distribuição espacial das redes e acessos à internet no território no período mais recente. Para o aprofundamento da análise espacial, nos apoiamos teoricamente em Jacques Lévy (2003) para o estudo da internet enquanto um fenômeno eminentemente urbano, que torna as cidades lugares ainda mais privilegiados do contato. A metodologia se baseou nos princípios da semiologia gráfica (Bertin, 1967), da análise espacial (Pumain, 1994 et al.) e da coremática (Brunet, 1980) para a realização da pesquisa empírica, que partiu da coleta de dados de fontes oficiais (sobretudo IBGE e Anatel), com os quais produzimos mapas temáticos sobre as estruturas de internet nos municípios brasileiros. A Cartografia e os métodos de representação do espaço afirmaram seu potencial de análise da internet. Foi possível identificar a recente evolução dos acessos, dos serviços e das redes de transmissão da informação digital do país, assim como caracterizar a distribuição atual como altamente concentrada, sobretudo nas metrópoles, num padrão típico da rede urbana, mas com características próprias. O percurso da implantação das bases da internet no Brasil nos últimos cinco anos foi marcado pela expansão da fibra ótica, que culmina na constituição do meio técnico-científico-informacional para além da Região Concentrada. Contraditório, esse processo foi marcado por fragmentações que acentuaram a hierarquia urbana nacional, pois é um fenômeno mais de concentração do que de dispersão territorial. Há forte correlação da geografia da internet com a distribuição populacional, mas sobretudo com as atividades econômicas altamente especializadas. O caráter da rede é de distinção das regiões de concentração de riqueza daquelas periféricas, marcado por uniformidade no acesso e pela concentração de redes e tecnologias num número limitado de espaços. As prestadoras de serviços oferecem acesso à internet em velocidades compatíveis com suas redes, mas a tendência dessas empresas é valorizar o próprio modelo de negócios. A economia-política da internet vive um status quo, uma propensão a manter uma situação idêntica em detrimento da mudança. Reverter essa lógica seria o ideário para se almejar a capilaridade da rede e fundamental no processo de inclusão digital, mas exige a abertura das estruturas a mais pessoas.
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Apresentamos os conceitos de rede e território em Geografia, bem como suas relações com comunicação, informação e espaço, em referência a autores que têm em comum a abordagem espacial com relevo nos fenômenos sociais engendrados pela comunicação à distância, especialmente Boris Beaude (2008). Sob as categorias de análise formação socioespacial e território usado de Milton Santos (2002), propomos uma periodização da internet no Brasil e caracterizamos a distribuição espacial das redes e acessos à internet no território no período mais recente. Para o aprofundamento da análise espacial, nos apoiamos teoricamente em Jacques Lévy (2003) para o estudo da internet enquanto um fenômeno eminentemente urbano, que torna as cidades lugares ainda mais privilegiados do contato. A metodologia se baseou nos princípios da semiologia gráfica (Bertin, 1967), da análise espacial (Pumain, 1994 et al.) e da coremática (Brunet, 1980) para a realização da pesquisa empírica, que partiu da coleta de dados de fontes oficiais (sobretudo IBGE e Anatel), com os quais produzimos mapas temáticos sobre as estruturas de internet nos municípios brasileiros. A Cartografia e os métodos de representação do espaço afirmaram seu potencial de análise da internet. Foi possível identificar a recente evolução dos acessos, dos serviços e das redes de transmissão da informação digital do país, assim como caracterizar a distribuição atual como altamente concentrada, sobretudo nas metrópoles, num padrão típico da rede urbana, mas com características próprias. O percurso da implantação das bases da internet no Brasil nos últimos cinco anos foi marcado pela expansão da fibra ótica, que culmina na constituição do meio técnico-científico-informacional para além da Região Concentrada. Contraditório, esse processo foi marcado por fragmentações que acentuaram a hierarquia urbana nacional, pois é um fenômeno mais de concentração do que de dispersão territorial. Há forte correlação da geografia da internet com a distribuição populacional, mas sobretudo com as atividades econômicas altamente especializadas. O caráter da rede é de distinção das regiões de concentração de riqueza daquelas periféricas, marcado por uniformidade no acesso e pela concentração de redes e tecnologias num número limitado de espaços. As prestadoras de serviços oferecem acesso à internet em velocidades compatíveis com suas redes, mas a tendência dessas empresas é valorizar o próprio modelo de negócios. A economia-política da internet vive um status quo, uma propensão a manter uma situação idêntica em detrimento da mudança. Reverter essa lógica seria o ideário para se almejar a capilaridade da rede e fundamental no processo de inclusão digital, mas exige a abertura das estruturas a mais pessoas.The communication networks for internet are a system and a form of organization that have introduced and modified patterns in existing production areas around the world. This study aimed to analyze the material and social bases that brought the internet to its current organization in Brazil, and theoretically intended to contribute to the relationship between space and social interactions, through the acquisition of knowledge of the objects that make up the internet as a sociotechnical ensemble. We present the concepts of network and territory in Geography, as well as its relations with communication, information and space, in reference to authors who have in common the spatial approach with emphasis in social phenomena engendered by distance communication, especially Boris Beaude (2008). Under the analysis categories of sociospatial formation and used territory by Milton Santos (2002), we proposed a periodization of the internet in Brazil and characterize the spatial distribution of networks and internet access in the territory at the most recent period. To deepen the spatial analysis, we rely theoretically on Jacques Lévy (2003) to study the internet while an eminently urban phenomenon, which makes the cities turn in places even more privileged of contact. The methodology is based on the principles of graphic semiology (BERTIN, 1967), spatial analysis (PUMAIN, 1994 et al.) and coremática (BRUNET, 1980) in conducting empirical research, that began with a collection of data from official sources (especially IBGE and Anatel) to produce thematic maps on the internet structures in Brazilians municipalities. Cartography and methods of spatial representation have affirmed their great potential for internet analysis. It was possible to identify recent developments in access, services and transmission networks of digital information in the country, as well as characterize the current distribution as highly concentrated, especially in metropolis, a typical pattern of the urban network, but with own characteristics. The implementation of internets bases in Brazil in the last five years was marked by the expansion of fiber optics, which culminated in the establishment of the technical-scientific-informational environment beyond the Concentrated Region. Contradictory, this process was marked by uniformity in access and the concentration of networks and technologies on a limited number of spaces. The service providers offer internet access at speeds compatible with their networks, but the trend of these companies is to enhance their own business model. The political economy of the internet is experiencing a status quo, a propensity to maintain a similar situation in detriment of the change. Reversing this logic would be the ideal to aim for a capillary network and key in the process of digital inclusion, but it requires the opening of the structures to more people.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPFonseca, Fernanda PadovesiAlves, Ludmila Girardi2013-11-08info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-18122013-144628/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:02Zoai:teses.usp.br:tde-18122013-144628Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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