Kunta Kinte entre a história e a ficção: escravidão, identidade afro-americana e a questão racial em Raízes de Alex Haley

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Edson Pedro da
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-08032023-111529/
Resumo: A presente tese de doutorado tem como objetivo elucidar questões relacionadas à emergência da valorização da ancestralidade pelos afro-americanos a partir do romance Raízes (1976), do escritor e jornalista Alex Haley, e de sua adaptação televisiva em uma minissérie homônima exibida em 1977 nos Estados Unidos. O livro recupera um relato de tradição oral transmitido por um ancestral africano do escritor que foi repassado por seus familiares de geração a geração. Na criação desta obra, e em sua adaptação audiovisual, Alex Haley procurou imprimir uma narrativa mítica para os afro-americanos cuja intenção foi conformar o orgulho da ancestralidade africana a um modelo integracionista, que se identifica com a narrativa da nação. Fenômeno de audiência e apontada como uma obra pioneira na representação do passado escravista para o grande público, Raízes também foi alvo de uma série de controvérsias no que concerne à precisão histórica de sua narrativa e de seu significado social. Ao detalhar as intenções discursivas desses dois objetos de cultura (livro e adaptação televisiva), além de alguns aspectos de sua recepção pública e de sua avaliação crítica, pretende-se demonstrar que os paradoxos de Raízes, enquanto memória social, reproduzem as próprias contradições da questão racial nos Estados Unidos. Por fim, tal detalhamento tem como proposta apontar que apenas uma consideração sobre o caráter polissêmico desta obra permite uma compreensão mais aprofundada de seus alcances e limites.
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