Novos espaços e cotidiano desigual nas periferias da metrópole

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Volochko, Danilo
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-10082012-183616/
Resumo: A produção do espaço na urbanização contemporânea de São Paulo inclui como uma de suas faces a expansão dos negócios imobiliários em direção às periferias metropolitanas, a partir da produção de um espaço habitacional homogêneo-produtivo que expressa e realiza diversos processos. Entre eles, a atualização das estratégias dos capitais financeiros nacionais e internacionais ligados à sua reprodução no urbano, o que remete às tentativas, por parte do setor imobiliário, de superação de barreiras espaciais como a crescente raridade do espaço edificável nas regiões mais valorizadas, tomadas pela propriedade privada do solo. As contradições vindas do espaço disparam uma série de mecanismos postos a resolver tal situação. Procuro analisar, neste trabalho, o modo como as articulações entre uma financeirização imobiliária representada pela capitalização das maiores incorporadoras do país via aberturas de capital em bolsa de valores (Bovespa) e algumas políticas de governo sobretudo o Programa Minha Casa, Minha Vida buscam ampliar os espaços de reprodução capitalista, demandando a produção de novas espacialidades: os condomínios habitacionais fechados que passam a marcar a paisagem das periferias, onde o tecido urbano é fragmentado por terrenos mais ou menos grandes, até então desvalorizados. O Residencial Valle Verde Cotia empreendimento de grande porte localizado na cidade de Cotia (Região Metropolitana de São Paulo), destinado à moradia de quase 2.500 famílias pode situar estes processos, nos quais frações sociais compostas por famílias de rendas reduzidas que moravam de aluguel ou com parentes, em moradias muitas vezes autoconstruídas passam a ser capitalizadas pelos financiamentos imobiliários e empurradas para estes espaços. Neles, realiza-se uma metamorfose radical da casa, da rua, do bairro, das práticas espaciais e do habitar implicado no acesso a um espaço massificado, simétrico e repetitivo, edificado nos moldes ditos formais/legais, o que coloca estas famílias diante de um possível acesso à propriedade privada do solo. A discussão que se torna pertinente a partir daí se refere ao reconhecimento da reprodução das desigualdades sociais em novos patamares, um aumento da base social de reprodução capitalista, que se resolve na produção de um cotidiano desigual em novos espaços que se revelam, inclusive, em seu conjunto, como novas franjas de valorização/capitalização imobiliária nas periferias. Esse processo, ao mesmo tempo em que inclui alguns, certamente também espolia outros, os mais pobres entre os empobrecidos, que podem ser banidos para espaços cada vez mais distantes. E mesmo aqueles que por ventura efetivem a propriedade não estarão livres de uma possível perda de suas casas, pois seu endividamento futuro pode apontar esta situação. Observa-se, com isso, uma agudização da segregação socioespacial através de novas fragmentações e hierarquizações dos espaços metropolitanos periféricos.
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As contradições vindas do espaço disparam uma série de mecanismos postos a resolver tal situação. Procuro analisar, neste trabalho, o modo como as articulações entre uma financeirização imobiliária representada pela capitalização das maiores incorporadoras do país via aberturas de capital em bolsa de valores (Bovespa) e algumas políticas de governo sobretudo o Programa Minha Casa, Minha Vida buscam ampliar os espaços de reprodução capitalista, demandando a produção de novas espacialidades: os condomínios habitacionais fechados que passam a marcar a paisagem das periferias, onde o tecido urbano é fragmentado por terrenos mais ou menos grandes, até então desvalorizados. O Residencial Valle Verde Cotia empreendimento de grande porte localizado na cidade de Cotia (Região Metropolitana de São Paulo), destinado à moradia de quase 2.500 famílias pode situar estes processos, nos quais frações sociais compostas por famílias de rendas reduzidas que moravam de aluguel ou com parentes, em moradias muitas vezes autoconstruídas passam a ser capitalizadas pelos financiamentos imobiliários e empurradas para estes espaços. Neles, realiza-se uma metamorfose radical da casa, da rua, do bairro, das práticas espaciais e do habitar implicado no acesso a um espaço massificado, simétrico e repetitivo, edificado nos moldes ditos formais/legais, o que coloca estas famílias diante de um possível acesso à propriedade privada do solo. A discussão que se torna pertinente a partir daí se refere ao reconhecimento da reprodução das desigualdades sociais em novos patamares, um aumento da base social de reprodução capitalista, que se resolve na produção de um cotidiano desigual em novos espaços que se revelam, inclusive, em seu conjunto, como novas franjas de valorização/capitalização imobiliária nas periferias. Esse processo, ao mesmo tempo em que inclui alguns, certamente também espolia outros, os mais pobres entre os empobrecidos, que podem ser banidos para espaços cada vez mais distantes. E mesmo aqueles que por ventura efetivem a propriedade não estarão livres de uma possível perda de suas casas, pois seu endividamento futuro pode apontar esta situação. Observa-se, com isso, uma agudização da segregação socioespacial através de novas fragmentações e hierarquizações dos espaços metropolitanos periféricos.The production of space in Sao Paulos present-day urbanization involves, as one of its aspects, the extension of property development to the metropolitan peripheries as an outcome of the construction of homogeneous and productive housing projects that express and materialize a host of different processes. Among these processes, it is worth mentioning the refinement of (domestic and foreign) finance capitals strategies linked with its reproduction in the city, especially concerning the attempts by the property sector at overcoming spatial barriers such as the lack of developable land in the citys upscale districts due to the existence of private property. The contradictions of space give rise to a range of mechanisms that work to solve this situation. I have attempted to analyze, in this research, the ways in which the intertwining between the financialization of real estate represented here by large developers raising capital by issuing stocks in the stock exchange (Bovespa) and government policies such as Minha Casa, Minha Vida housing program extend the spaces of capitalist reproduction, demanding the production of new spatialities: residential condominiums that have become part of the landscape in peripheral areas, where the urban fabric is fractured by fairly large vacant land plots up until recently largely devalued. Valle Verde Cotia a large development located in Cotia (Sao Paulo metropolitan area) sheltering almost 2500 families epitomizes the process by which social fractions composed primarily of low-income households (people that used to rent or live with relatives often in self-built houses) are integrated into the mortgage market and pushed to such places. In such housing developments, there is a radical metamorphosis of the home, of the street, of the neighborhood, and of spatial and housing practices that stems from the production of massive, symmetric and repetitive spatial forms within the parameters of formal/legal housing markets, thus opening up for these families the perspective of an eventual access to private property. In light of this, the appropriate point to be made here concerns the reproduction of social inequality on a whole new level, as well as the widening of the social foundations of capitalist reproduction. All this produces an unequal everyday life in new spaces that become, in their entirety, new fields for real estate profits on the outskirts of the metropolis. While this process certainly includes some people, it also dispossesses others chiefly the poorest among the poor, who may be displaced to ever more distant areas. And even those who by chance effect the property, will not be free of a possible loss of their homes because their future debt can point this. An intensification of socio-spatial segregation through fragmentations and hierarchizations of metropolitan peripheral spaces is an observable outcome these trends.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCarlos, Ana Fani AlessandriVolochko, Danilo2012-02-27info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-10082012-183616/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:32Zoai:teses.usp.br:tde-10082012-183616Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:32Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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description A produção do espaço na urbanização contemporânea de São Paulo inclui como uma de suas faces a expansão dos negócios imobiliários em direção às periferias metropolitanas, a partir da produção de um espaço habitacional homogêneo-produtivo que expressa e realiza diversos processos. Entre eles, a atualização das estratégias dos capitais financeiros nacionais e internacionais ligados à sua reprodução no urbano, o que remete às tentativas, por parte do setor imobiliário, de superação de barreiras espaciais como a crescente raridade do espaço edificável nas regiões mais valorizadas, tomadas pela propriedade privada do solo. As contradições vindas do espaço disparam uma série de mecanismos postos a resolver tal situação. Procuro analisar, neste trabalho, o modo como as articulações entre uma financeirização imobiliária representada pela capitalização das maiores incorporadoras do país via aberturas de capital em bolsa de valores (Bovespa) e algumas políticas de governo sobretudo o Programa Minha Casa, Minha Vida buscam ampliar os espaços de reprodução capitalista, demandando a produção de novas espacialidades: os condomínios habitacionais fechados que passam a marcar a paisagem das periferias, onde o tecido urbano é fragmentado por terrenos mais ou menos grandes, até então desvalorizados. O Residencial Valle Verde Cotia empreendimento de grande porte localizado na cidade de Cotia (Região Metropolitana de São Paulo), destinado à moradia de quase 2.500 famílias pode situar estes processos, nos quais frações sociais compostas por famílias de rendas reduzidas que moravam de aluguel ou com parentes, em moradias muitas vezes autoconstruídas passam a ser capitalizadas pelos financiamentos imobiliários e empurradas para estes espaços. Neles, realiza-se uma metamorfose radical da casa, da rua, do bairro, das práticas espaciais e do habitar implicado no acesso a um espaço massificado, simétrico e repetitivo, edificado nos moldes ditos formais/legais, o que coloca estas famílias diante de um possível acesso à propriedade privada do solo. A discussão que se torna pertinente a partir daí se refere ao reconhecimento da reprodução das desigualdades sociais em novos patamares, um aumento da base social de reprodução capitalista, que se resolve na produção de um cotidiano desigual em novos espaços que se revelam, inclusive, em seu conjunto, como novas franjas de valorização/capitalização imobiliária nas periferias. Esse processo, ao mesmo tempo em que inclui alguns, certamente também espolia outros, os mais pobres entre os empobrecidos, que podem ser banidos para espaços cada vez mais distantes. E mesmo aqueles que por ventura efetivem a propriedade não estarão livres de uma possível perda de suas casas, pois seu endividamento futuro pode apontar esta situação. Observa-se, com isso, uma agudização da segregação socioespacial através de novas fragmentações e hierarquizações dos espaços metropolitanos periféricos.
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