Desenvolvimento organizacional do judô brasileiro
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/39/39136/tde-14052024-174041/ |
Resumo: | Em 1908, a imigração japonesa começou oficialmente no Brasil. Com a chegada dos imigrantes japoneses ao país, suas práticas culturais tornaram-se parte significativa da realidade social brasileira e, entre estas práticas, estava o judô. Fundado em 1882 por Jigoro Kano, o judô desempenhou um papel crucial na colônia japonesa, como meio de socialização e preservação de sua identidade cultural. Em 1933, a colônia japonesa radicada no país fundou uma organização para dirigir não somente o judô, como também o kendô, no país, que ficou conhecida como Jukendô. Entretanto, em 1941, o governo brasileiro rompeu relações com o Japão no contexto de guerra e, durante este período, foram tomadas medidas restritivas aos japoneses no país. Assim, a reunião de grupos e associações de imigrantes tornou-se proibida, e isso levou à dissolução da Jukendô, a primeira federação de judô e kendô no país. A partir de então, o judô passou a ser controlado pelo aparato burocrático brasileiro. Neste sentido, este estudou buscou descrever e explicar como o contexto político e cultural influenciou o desenvolvimento organizacional do judô no Brasil. Para isso, utilizando como arcabouço teórico a teoria contextual e, utilizando-se de artigo de jornais coletados do arquivo digital da biblioteca nacional e jornais da colônia japonesa como fonte, foi possível descrever e explicar como se deu esse processo. Assim, o desenvolvimento organizacional do judô brasileiro, foi divido em 9 períodos: 1) Período do Jiu-Jitsu; 2) Período Jukendô; 3) Período de Desintegração; 4) Período de Reintegração; 5) Período de Diferenciação; 6) Período da Consolidação; 7) Período da Contestação; 8) Período da Confrontação; 9) Período da Independência. Na Jukendô, o judô se desenvolveu sob o sistema iemoto, no qual a antiguidade, a graduação e a relação com a cultura japonesa, eram questões altamente valorizadas. Porém, a partir de 1941, pelo Decreto-lei 3.199, o governo brasileiro estabeleceu que as modalidades esportivas de combate, entre elas o judô, deveriam estar subordinadas à Confederação Brasileira de Pugilismo. Além do fato do pugilismo se tratar de modalidade estranha ao judô, o judô passou a se subordinar à presidência de Paschoal Segreto Sobrinho, que permaneceu na presidência da CBP, desde sua criação, até seu falecimento em 1969. Foi somente após o falecimento de Sobrinho que o judô brasileiro, efetivamente, teve sua entidade nacional independente, a Confederação Brasileira de Judô, reconhecida em 1972. Ainda assim, dada a influência exercida pelos parâmetros estabelecidos pelo Decreto-lei de 1941, a aculturação do judô brasileiro pode ser percebida mesmo depois de sua independência |
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Assim, a reunião de grupos e associações de imigrantes tornou-se proibida, e isso levou à dissolução da Jukendô, a primeira federação de judô e kendô no país. A partir de então, o judô passou a ser controlado pelo aparato burocrático brasileiro. Neste sentido, este estudou buscou descrever e explicar como o contexto político e cultural influenciou o desenvolvimento organizacional do judô no Brasil. Para isso, utilizando como arcabouço teórico a teoria contextual e, utilizando-se de artigo de jornais coletados do arquivo digital da biblioteca nacional e jornais da colônia japonesa como fonte, foi possível descrever e explicar como se deu esse processo. Assim, o desenvolvimento organizacional do judô brasileiro, foi divido em 9 períodos: 1) Período do Jiu-Jitsu; 2) Período Jukendô; 3) Período de Desintegração; 4) Período de Reintegração; 5) Período de Diferenciação; 6) Período da Consolidação; 7) Período da Contestação; 8) Período da Confrontação; 9) Período da Independência. Na Jukendô, o judô se desenvolveu sob o sistema iemoto, no qual a antiguidade, a graduação e a relação com a cultura japonesa, eram questões altamente valorizadas. Porém, a partir de 1941, pelo Decreto-lei 3.199, o governo brasileiro estabeleceu que as modalidades esportivas de combate, entre elas o judô, deveriam estar subordinadas à Confederação Brasileira de Pugilismo. Além do fato do pugilismo se tratar de modalidade estranha ao judô, o judô passou a se subordinar à presidência de Paschoal Segreto Sobrinho, que permaneceu na presidência da CBP, desde sua criação, até seu falecimento em 1969. Foi somente após o falecimento de Sobrinho que o judô brasileiro, efetivamente, teve sua entidade nacional independente, a Confederação Brasileira de Judô, reconhecida em 1972. Ainda assim, dada a influência exercida pelos parâmetros estabelecidos pelo Decreto-lei de 1941, a aculturação do judô brasileiro pode ser percebida mesmo depois de sua independênciaIn 1908, Japanese immigration officially began in Brazil. With the arrival of Japanese immigrants to the country, their cultural practices became a significant part of Brazilian social reality and, among these practices, was judo. Founded in 1882 by Jigoro Kano, judo played a crucial role in the Japanese colony, as a means of socialization and preservation of its cultural identity. In 1933, the Japanese community founded an organization to oversee the practice of judo and kendo, the Jukendo. However, in 1941, the Brazilian government severed relations with Japan in the context of war and, during this period, restrictive measures were taken against the Japanese in the country. Thus, the meeting of groups and associations of immigrants became prohibited, and this led to the dissolution of Jukendo, the first federation of judo and kendo in the country. From then on, judo came to be controlled by the Brazilian bureaucratic apparatus. In this sense, this study sought to describe and explain how the political and cultural context influenced the development of judo in Brazil, through the observation of its organizational development. For this, using contextual theory as a theoretical framework and, using newspaper articles collected from the digital archive of the national library and newspapers from the Japanese colony as a source, it was possible to describe and explain how this process took place. Thus, the organizational development of Brazilian judo, under the influence of its context, was divided into nine periods: 1) Period of Jiu-Jitsu; 2) Jukendo period; 3) Period of Disintegration; 4) Reinstatement Period; 5) Period of Differentiation; 6) Period of Consolidation; 7) Period of Contest; 8) Period of Confrontation; and 9), Period of Independence. In Jukendo, judo developed under the iemoto system, in which seniority, rank, and relationship to Japanese culture were highly valued. However, from 1941 onwards, by Decree-Law 3199, the Brazilian government established that fighting sports, including judo, should be subordinated to the Brazilian Boxing Confederation. In addition to the fact that boxing is a strange discipline to judo, judo came to be subordinated to the presidency of Paschoal Segreto Sobrinho, who remained in the presidency of Brazilian Boxing Confederation since its creation, until his death in 1969. It was only after Sobrinho\'s death that Brazilian judo, effectively, had its independent national organization, the Brazilian Judo Confederation, recognized in 1972. Even so, given the influence exercised by the parameters established by the 1941 Decree-law, the acculturation of Brazilian judo can still be perceived after its independenceBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPFranchini, EmersonMaçaneiro, Gustavo Goulart Braga2024-03-21info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/39/39136/tde-14052024-174041/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-05-15T18:04:03Zoai:teses.usp.br:tde-14052024-174041Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-05-15T18:04:03Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Em 1908, a imigração japonesa começou oficialmente no Brasil. Com a chegada dos imigrantes japoneses ao país, suas práticas culturais tornaram-se parte significativa da realidade social brasileira e, entre estas práticas, estava o judô. Fundado em 1882 por Jigoro Kano, o judô desempenhou um papel crucial na colônia japonesa, como meio de socialização e preservação de sua identidade cultural. Em 1933, a colônia japonesa radicada no país fundou uma organização para dirigir não somente o judô, como também o kendô, no país, que ficou conhecida como Jukendô. Entretanto, em 1941, o governo brasileiro rompeu relações com o Japão no contexto de guerra e, durante este período, foram tomadas medidas restritivas aos japoneses no país. Assim, a reunião de grupos e associações de imigrantes tornou-se proibida, e isso levou à dissolução da Jukendô, a primeira federação de judô e kendô no país. A partir de então, o judô passou a ser controlado pelo aparato burocrático brasileiro. Neste sentido, este estudou buscou descrever e explicar como o contexto político e cultural influenciou o desenvolvimento organizacional do judô no Brasil. Para isso, utilizando como arcabouço teórico a teoria contextual e, utilizando-se de artigo de jornais coletados do arquivo digital da biblioteca nacional e jornais da colônia japonesa como fonte, foi possível descrever e explicar como se deu esse processo. Assim, o desenvolvimento organizacional do judô brasileiro, foi divido em 9 períodos: 1) Período do Jiu-Jitsu; 2) Período Jukendô; 3) Período de Desintegração; 4) Período de Reintegração; 5) Período de Diferenciação; 6) Período da Consolidação; 7) Período da Contestação; 8) Período da Confrontação; 9) Período da Independência. Na Jukendô, o judô se desenvolveu sob o sistema iemoto, no qual a antiguidade, a graduação e a relação com a cultura japonesa, eram questões altamente valorizadas. Porém, a partir de 1941, pelo Decreto-lei 3.199, o governo brasileiro estabeleceu que as modalidades esportivas de combate, entre elas o judô, deveriam estar subordinadas à Confederação Brasileira de Pugilismo. Além do fato do pugilismo se tratar de modalidade estranha ao judô, o judô passou a se subordinar à presidência de Paschoal Segreto Sobrinho, que permaneceu na presidência da CBP, desde sua criação, até seu falecimento em 1969. Foi somente após o falecimento de Sobrinho que o judô brasileiro, efetivamente, teve sua entidade nacional independente, a Confederação Brasileira de Judô, reconhecida em 1972. Ainda assim, dada a influência exercida pelos parâmetros estabelecidos pelo Decreto-lei de 1941, a aculturação do judô brasileiro pode ser percebida mesmo depois de sua independência |
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