A dimensão infraestrutural da paisagem: uma estratégia para a \"crise hídrica\" da Grande São Paulo
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16135/tde-05122019-172426/ |
Resumo: | A \"crise hídrica\" que acometeu a Grande São Paulo entre 2014 e 2015 foi amplamente debatida, sobretudo no que tange a gestão do sistema de abastecimento de água e a influência de anomalias climáticas. No entanto, há um aspecto que foi negligenciado: o projeto desta infraestrutura urbana. A presente pesquisa parte da premissa de que a \"crise hídrica\" também se deve à inadequação do modelo de urbanização hegemônica que historicamente desconsiderou a base natural da cidade e capitulou o planejamento urbano em nome da engenharia de infraestruturas quase sempre de grande escala, centralizada, monofuncional e projetada para resistir às forças da natureza, raramente tomando partido delas. O objetivo principal deste trabalho é avaliar o atual sistema de abastecimento de água metropolitano sob o paradigma da Infraestrutura Verde a fim de verificar um conjunto encadeado de três hipóteses: a \"crise hídrica\" é melhor compreendida como colapso hidrológico causado pela urbanização; o próprio projeto do sistema de abastecimento metropolitano contribuiu para a ocorrência do episódio de 2014-2015; soluções baseadas na paisagem são capazes de trazer melhoramentos significativos para o sistema de abastecimento metropolitano. Para tanto, produziuse um arcabouço teórico que demonstra que a paisagem possui uma dimensão infraestrutural fundamental para a sobrevivência e prosperidade dos assentamentos humanos e são apresentadas renomadas práticas internacionais que preparam cidades e infraestruturas urbanas para as mudanças climáticas. Em seguida é analisada a urbanização de São Paulo frente à sua base biogeofísica e descritos cada subsistema de abastecimento (Cantareira, Alto Tietê, Guarapiranga, Cotia, Rio Claro, Rio Grande, Ribeirão da Estiva, Capivari e São Lourenço) a partir da delimitação e caracterização das respectivas bacias hidrográficas tributárias. Na parte final da pesquisa são apontadas as fragilidades do sistema de abastecimento de água atual e propostas diretrizes para o seu melhoramento. Adotando a 7 compartimentação do relevo como método para a espacialização das tipologias paisagísticas da Infraestrutura Verde, conforme adaptação que Bonzi fez do Zoneamento Ambiental desenvolvido por Schutzer a partir da clássica análise geomorfológica tripartite de Ab\'Saber, as diretrizes propostas são testadas em quatro situações espaciais típicas (rural, periurbano, urbanização precária e área densamente povoada). Conclui-se que a paisagem é uma chave analítica que permite entender a inadequação do atual sistema de abastecimento e da urbanização paulistana. Ademais, soluções baseadas no entendimento de que a paisagem pode desempenhar funções infraestruturais, como preconiza a Infraestrutura Verde, permitem maior harmonização entre a ocupação humana e os processos naturais da base natural em que se assenta, colaborando assim para a reversão do colapso hidrológico urbano e para o melhoramento do sistema de abastecimento de água metropolitano. |
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A dimensão infraestrutural da paisagem: uma estratégia para a \"crise hídrica\" da Grande São PauloThe infrastructural dimension of landscape: a strategy for the \"water crisis\" of Greater São PauloCrise hídricaGreen infrastructureInfraestrutura urbanaInfraestrutura verdeLandscape planningPlanejamento da paisagemSistema de abastecimento de águaUrban infrastructureWater crisisWater supply systemA \"crise hídrica\" que acometeu a Grande São Paulo entre 2014 e 2015 foi amplamente debatida, sobretudo no que tange a gestão do sistema de abastecimento de água e a influência de anomalias climáticas. No entanto, há um aspecto que foi negligenciado: o projeto desta infraestrutura urbana. A presente pesquisa parte da premissa de que a \"crise hídrica\" também se deve à inadequação do modelo de urbanização hegemônica que historicamente desconsiderou a base natural da cidade e capitulou o planejamento urbano em nome da engenharia de infraestruturas quase sempre de grande escala, centralizada, monofuncional e projetada para resistir às forças da natureza, raramente tomando partido delas. O objetivo principal deste trabalho é avaliar o atual sistema de abastecimento de água metropolitano sob o paradigma da Infraestrutura Verde a fim de verificar um conjunto encadeado de três hipóteses: a \"crise hídrica\" é melhor compreendida como colapso hidrológico causado pela urbanização; o próprio projeto do sistema de abastecimento metropolitano contribuiu para a ocorrência do episódio de 2014-2015; soluções baseadas na paisagem são capazes de trazer melhoramentos significativos para o sistema de abastecimento metropolitano. Para tanto, produziuse um arcabouço teórico que demonstra que a paisagem possui uma dimensão infraestrutural fundamental para a sobrevivência e prosperidade dos assentamentos humanos e são apresentadas renomadas práticas internacionais que preparam cidades e infraestruturas urbanas para as mudanças climáticas. Em seguida é analisada a urbanização de São Paulo frente à sua base biogeofísica e descritos cada subsistema de abastecimento (Cantareira, Alto Tietê, Guarapiranga, Cotia, Rio Claro, Rio Grande, Ribeirão da Estiva, Capivari e São Lourenço) a partir da delimitação e caracterização das respectivas bacias hidrográficas tributárias. Na parte final da pesquisa são apontadas as fragilidades do sistema de abastecimento de água atual e propostas diretrizes para o seu melhoramento. Adotando a 7 compartimentação do relevo como método para a espacialização das tipologias paisagísticas da Infraestrutura Verde, conforme adaptação que Bonzi fez do Zoneamento Ambiental desenvolvido por Schutzer a partir da clássica análise geomorfológica tripartite de Ab\'Saber, as diretrizes propostas são testadas em quatro situações espaciais típicas (rural, periurbano, urbanização precária e área densamente povoada). Conclui-se que a paisagem é uma chave analítica que permite entender a inadequação do atual sistema de abastecimento e da urbanização paulistana. Ademais, soluções baseadas no entendimento de que a paisagem pode desempenhar funções infraestruturais, como preconiza a Infraestrutura Verde, permitem maior harmonização entre a ocupação humana e os processos naturais da base natural em que se assenta, colaborando assim para a reversão do colapso hidrológico urbano e para o melhoramento do sistema de abastecimento de água metropolitano.The \"water crisis\" that affected Greater São Paulo between 2014 and 2015 was largely debated, especially regarding the management of the water supply system and the influence of climatic anomalies. However, there is one aspect that has been neglected: the design of this urban infrastructure. The present research is based on the premise that the \"water crisis\" is also due to the inadequacy of the hegemonic urbanization model that historically disregarded the natural basis of the city and capitulated urban planning in the name of infrastructures engineering almost always on a large scale, centralized, monofunctional and designed to resist the forces of nature, rarely taking advantage of them. The main objective of this work is to evaluate the current metropolitan water supply system under the Green Infrastructure paradigm in order to verify a set of three hypotheses: the \"water crisis\" is better understood as a hydrological collapse caused by urbanization; the design of the metropolitan supply system contributed to the occurrence of the 2014-2015 episode; landscape-based solutions are capable of bringing significant improvements to the metropolitan supply system. To this end, a theoretical framework has been developed that demonstrates that the landscape has a fundamental infrastructure dimension for the survival and prosperity of human settlements, and are presented the international practices that prepare cities and urban infrastructures for climate change. Next, the urbanization of São Paulo in front of its biogeophysical base is analyzed, and each subsystem of supply (Cantareira, Alto Tietê, Guarapiranga, Cotia, Rio Claro, Rio Grande, Ribeirao da Estiva, Capivari and São Lourenço) is analyzed from the delimitation and characterization of the respective tributary river basins. In the final part of the research the weaknesses of the current water supply system are pointed out and proposed guidelines for its improvement. Adopting the compartmentalisation of relief as a method for the spatialisation of the Green Infrastructure landscape typologies, as Bonzi adapted the Environmental Zoning 9 developed by Schutzer from the classic tripartite geomorphological analysis of Ab\'Saber, the proposed guidelines are tested in four typical spatial situations (rural, peri-urban, precarious urbanization and densely populated area). We conclued that landscape is an analytical key that allows us to understand the inadequacy of the current supply system and urbanization in São Paulo. In addition, solutions based on the understanding that the landscape can perform infrastructural functions, as advocated by the Green Infrastructure, allow better harmonization between the human occupation and the natural processes of the natural base on which it is based, thus contributing to the reversal of the urban hydrological collapse and for the improvement of the metropolitan water supply system.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPPellegrino, Paulo Renato MesquitaBonzi, Ramón Stock2019-11-12info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16135/tde-05122019-172426/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-12-09T22:14:01Zoai:teses.usp.br:tde-05122019-172426Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-12-09T22:14:01Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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