Recanalização endovascular percutânea da oclusão crônica da veia porta em pacientes não cirróticos com hipertensão portal sintomática
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5151/tde-27082024-152023/ |
Resumo: | Introdução: O objetivo principal da recanalização da oclusão crônica da veia porta (OCVP) é reduzir a hipertensão portal (HP) pré-hepática e/ou limitar a progressão trombótica do eixo esplênico-mesentérico portal diante da falha do tratamento clínico e/ou endoscópico. O objetivo deste estudo é avaliar a eficácia e segurança da recanalização endovascular percutânea da OCVP com transformação cavernomatosa associada ao shunt portossistêmico intra-hepático transjugular (PVR-TIPS) em pacientes não cirróticos com HP sintomática e/ou com progressão da trombose portal. Métodos: De maio de 2015 a dezembro de 2020, 94 pacientes consecutivos foram submetidos ao shunt portossistêmico intra-hepático transjugular (TIPS) para o tratamento de HP sintomática e/ou progressão trombótica da veia porta. Dentre estes, 31 pacientes eram não cirróticos, dos quais 87% (27/31) apresentavam trombose portal e destes 78% (21/27) OCVP com transformação cavernomatosa. Foram revisados os prontuários dos 21 pacientes não cirróticos com OCVP e transformação cavernomatosa, apresentando HP sintomática e/ou progressão do trombo portal submetidos PVR-TIPS. O último acompanhamento foi realizado em dezembro de 2023. A avaliação da eficácia foi baseada na obtenção de sucesso hemodinâmico (redução do gradiente de pressão portossistêmica durante o procedimento), bem como no sucesso clínico (sangramento gastrointestinal, dor abdominal, ascite e presença de varizes esofágicas). Exames de acompanhamento com US-Doppler foram utilizados para avaliar a perviedade do stent (primária e secundária) após 1 mês, 6 meses e anualmente. As classificações de Marot e Yerdel foram utilizadas para avaliar a gravidade da trombose portal em tomografias computadorizadas trifásicas antes e após o procedimento. A segurança foi avaliada por meio de complicações relacionadas ao procedimento, de acordo com a classificação de Clavien-Dindo. Resultados: O tempo médio entre o início dos sintomas e o procedimento de PVR-TIPS foi de 3,1 ± 1,8 anos. O tempo médio de acompanhamento após o procedimento foi de 33 meses (0-82 meses). 67% dos pacientes eram do sexo masculino, com idade mediana de 44,7 anos (24-69 anos). Após o procedimento, o gradiente de pressão portal reduziu significativamente em 10 mmHg (p < 0,001), com melhora dos sintomas da HP. Não foi observada progressão trombótica da veia porta após o procedimento. Complicações ocorreram em 33% (7/21) dos pacientes, incluindo 6 complicações de grau IIIa (1 sangramento e 5 oclusões de stent) e 1 complicação de grau V (morte após 4 dias do procedimento devido à gravidade clínica da paciente). A taxa de perviedade primária foi de 76%, com duração média de 21,3 meses (0,2-82 meses) e a perviedade secundária foi de 100% em 5 pacientes em 17,4 meses (3,8-40,8 meses). A taxa de mortalidade foi de 5%, ocorrendo um óbito em paciente com envolvimento de trombo intra-hepático distalmente, concomitante com trombose esplênico-mesentérica e isquemia intestinal. O evento foi atribuído à complicações devido à gravidade da condição do paciente e não relacionado ao procedimento. A taxa de sobrevida global ao final do período de acompanhamento foi de 90,4%, com um óbito devido a causas infecciosas relacionadas à colangiopatia sete meses após o procedimento. O transplante de fígado foi realizado em um paciente, enquanto outros três se tornaram elegíveis ao transplante após a recanalização portal. Conclusões: A PVR-TIPS é segura e eficaz em pacientes não cirróticos com OCVP e cavernoma portal apresentando HP sintomática e/ou trombose portal progressiva. Após o procedimento, observaram-se reduções significativas no gradiente pressórico portossistêmico, resultando na atenuação dos sintomas decorrentes da HP sem evidência de progressão trombótica da veia porta |
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Recanalização endovascular percutânea da oclusão crônica da veia porta em pacientes não cirróticos com hipertensão portal sintomáticaPercutaneous endovascular recanalization of chronic portal vein occlusion in non-cirrhotic patients with symptomatic portal hypertensionHipertensão portalHypertension portalLiver transplantationNon-cirrhotic patientsPacientes não-cirróticosPortal vein/abnormalitiesRecanalizaçãoRecanalizationTransplante de fígadoVeia porta/anormalidadesIntrodução: O objetivo principal da recanalização da oclusão crônica da veia porta (OCVP) é reduzir a hipertensão portal (HP) pré-hepática e/ou limitar a progressão trombótica do eixo esplênico-mesentérico portal diante da falha do tratamento clínico e/ou endoscópico. O objetivo deste estudo é avaliar a eficácia e segurança da recanalização endovascular percutânea da OCVP com transformação cavernomatosa associada ao shunt portossistêmico intra-hepático transjugular (PVR-TIPS) em pacientes não cirróticos com HP sintomática e/ou com progressão da trombose portal. Métodos: De maio de 2015 a dezembro de 2020, 94 pacientes consecutivos foram submetidos ao shunt portossistêmico intra-hepático transjugular (TIPS) para o tratamento de HP sintomática e/ou progressão trombótica da veia porta. Dentre estes, 31 pacientes eram não cirróticos, dos quais 87% (27/31) apresentavam trombose portal e destes 78% (21/27) OCVP com transformação cavernomatosa. Foram revisados os prontuários dos 21 pacientes não cirróticos com OCVP e transformação cavernomatosa, apresentando HP sintomática e/ou progressão do trombo portal submetidos PVR-TIPS. O último acompanhamento foi realizado em dezembro de 2023. A avaliação da eficácia foi baseada na obtenção de sucesso hemodinâmico (redução do gradiente de pressão portossistêmica durante o procedimento), bem como no sucesso clínico (sangramento gastrointestinal, dor abdominal, ascite e presença de varizes esofágicas). Exames de acompanhamento com US-Doppler foram utilizados para avaliar a perviedade do stent (primária e secundária) após 1 mês, 6 meses e anualmente. As classificações de Marot e Yerdel foram utilizadas para avaliar a gravidade da trombose portal em tomografias computadorizadas trifásicas antes e após o procedimento. A segurança foi avaliada por meio de complicações relacionadas ao procedimento, de acordo com a classificação de Clavien-Dindo. Resultados: O tempo médio entre o início dos sintomas e o procedimento de PVR-TIPS foi de 3,1 ± 1,8 anos. O tempo médio de acompanhamento após o procedimento foi de 33 meses (0-82 meses). 67% dos pacientes eram do sexo masculino, com idade mediana de 44,7 anos (24-69 anos). Após o procedimento, o gradiente de pressão portal reduziu significativamente em 10 mmHg (p < 0,001), com melhora dos sintomas da HP. Não foi observada progressão trombótica da veia porta após o procedimento. Complicações ocorreram em 33% (7/21) dos pacientes, incluindo 6 complicações de grau IIIa (1 sangramento e 5 oclusões de stent) e 1 complicação de grau V (morte após 4 dias do procedimento devido à gravidade clínica da paciente). A taxa de perviedade primária foi de 76%, com duração média de 21,3 meses (0,2-82 meses) e a perviedade secundária foi de 100% em 5 pacientes em 17,4 meses (3,8-40,8 meses). A taxa de mortalidade foi de 5%, ocorrendo um óbito em paciente com envolvimento de trombo intra-hepático distalmente, concomitante com trombose esplênico-mesentérica e isquemia intestinal. O evento foi atribuído à complicações devido à gravidade da condição do paciente e não relacionado ao procedimento. A taxa de sobrevida global ao final do período de acompanhamento foi de 90,4%, com um óbito devido a causas infecciosas relacionadas à colangiopatia sete meses após o procedimento. O transplante de fígado foi realizado em um paciente, enquanto outros três se tornaram elegíveis ao transplante após a recanalização portal. Conclusões: A PVR-TIPS é segura e eficaz em pacientes não cirróticos com OCVP e cavernoma portal apresentando HP sintomática e/ou trombose portal progressiva. Após o procedimento, observaram-se reduções significativas no gradiente pressórico portossistêmico, resultando na atenuação dos sintomas decorrentes da HP sem evidência de progressão trombótica da veia portaIntroduction: The primary goal of recanalization of chronic portal vein occlusion (CPVO) is to reduce prehepatic portal hypertension (PH) and/or limit thrombotic progression of the spleno-mesenteric portal axis in patients who fail medical and/or endoscopic treatment. The aim of this study is to evaluate the efficacy and safety of percutaneous endovascular recanalization of CPVO with cavernomatous transformation using a transjugular intrahepatic portosystemic shunt (PVR-TIPS) in non-cirrhotic patients with symptomatic PH and/or progressive portal thrombosis. Methods: From May 2015 to December 2020, 94 consecutive patients underwent transhepatic portosystemic shunt (TIPS) for the treatment of symptomatic PH and/or portal vein thrombotic progression. Among these, 31 patients were non-cirrhotic, of whom 87% (27/31) had portal vein thrombosis, with 78% (21/27) of them having CPVO with cavernomatous transformation. Medical records of 21 non-cirrhotic patients diagnosed with CPVO and portal cavernomatous transformation, presenting with symptomatic portal hypertension and/or progressive portal thrombosis, and who underwent PVR-TIPS were retrospectively reviewed. The latest follow-up was conducted in December 2023. Efficacy assessment was based on achieving hemodynamic success (reduction in portosystemic pressure gradient during the procedure), as well as clinical success (gastrointestinal bleeding, abdominal pain, ascites, and presence of esophageal varices). Follow-up examinations with US-Doppler were used to assess stent patency (primary and secondary) at 1 month, 6 months, and annually. Marot and Yerdel classifications were used to assess the severity of portal thrombosis on triphasic CT scans before and after the procedure. Safety was assessed through procedure-related complications, according to the Clavien-Dindo classification. Results: The average time between symptoms onset and the PVR-TIPS procedure was 3.1 ± 1.8 years. The average follow-up time after the procedure was 33,26 months (range 0-82 months). Sixty-seven percent of these patients were male, with a median age of 44.7 years (ranging from 24 to 69 years). After the procedure, portal pressure gradient significantly reduced by 10 mmHg (p < 0.001), with improvement in PH symptoms. No progression of portal vein thrombosis was observed after the procedure. Complications occurred in 33% (7/21) of patients, including 6 grade IIIa complications (1 case of bleeding and 5 cases of stent occlusion) and 1 grade V complication (death occurring 4 days after the procedure due to the patient\'s clinical severity). The primary patency rate was 76%, with an average duration of 21.3 months (range: 0.2-82 months), and secondary patency was 100% in 5 patients at 17.4 months (range: 3.8-40.8 months). The mortality rate was 5%, with one death in a patient with distal intrahepatic thrombus involvement, concomitant with spleno-mesenteric thrombosis and intestinal ischemia. The event was attributed to complications due to the severity of the patient\'s condition and not related to the procedure. Overall survival rate at the end of the follow-up period was 90.4%, with one death due to infectious causes related to cholangiopathy seven months after the procedure. Liver transplantation was performed in one patient, while three others became eligible for transplantation after portal recanalization. Conclusions: PVR-TIPS is safe and effective in non-cirrhotic patients with CPVO and portal cavernoma presenting symptomatic PH and/or progressive portal thrombosis. Following the procedure, significant reductions in portosystemic pressure gradient were observed, resulting in symptoms of PH alleviation without evidence of portal vein thrombotic progressionBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCarnevale, Francisco CesarBarbosa, Fabiane Silva2024-05-27info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5151/tde-27082024-152023/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-09-06T17:08:02Zoai:teses.usp.br:tde-27082024-152023Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-09-06T17:08:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Introdução: O objetivo principal da recanalização da oclusão crônica da veia porta (OCVP) é reduzir a hipertensão portal (HP) pré-hepática e/ou limitar a progressão trombótica do eixo esplênico-mesentérico portal diante da falha do tratamento clínico e/ou endoscópico. O objetivo deste estudo é avaliar a eficácia e segurança da recanalização endovascular percutânea da OCVP com transformação cavernomatosa associada ao shunt portossistêmico intra-hepático transjugular (PVR-TIPS) em pacientes não cirróticos com HP sintomática e/ou com progressão da trombose portal. Métodos: De maio de 2015 a dezembro de 2020, 94 pacientes consecutivos foram submetidos ao shunt portossistêmico intra-hepático transjugular (TIPS) para o tratamento de HP sintomática e/ou progressão trombótica da veia porta. Dentre estes, 31 pacientes eram não cirróticos, dos quais 87% (27/31) apresentavam trombose portal e destes 78% (21/27) OCVP com transformação cavernomatosa. Foram revisados os prontuários dos 21 pacientes não cirróticos com OCVP e transformação cavernomatosa, apresentando HP sintomática e/ou progressão do trombo portal submetidos PVR-TIPS. O último acompanhamento foi realizado em dezembro de 2023. A avaliação da eficácia foi baseada na obtenção de sucesso hemodinâmico (redução do gradiente de pressão portossistêmica durante o procedimento), bem como no sucesso clínico (sangramento gastrointestinal, dor abdominal, ascite e presença de varizes esofágicas). Exames de acompanhamento com US-Doppler foram utilizados para avaliar a perviedade do stent (primária e secundária) após 1 mês, 6 meses e anualmente. As classificações de Marot e Yerdel foram utilizadas para avaliar a gravidade da trombose portal em tomografias computadorizadas trifásicas antes e após o procedimento. A segurança foi avaliada por meio de complicações relacionadas ao procedimento, de acordo com a classificação de Clavien-Dindo. Resultados: O tempo médio entre o início dos sintomas e o procedimento de PVR-TIPS foi de 3,1 ± 1,8 anos. O tempo médio de acompanhamento após o procedimento foi de 33 meses (0-82 meses). 67% dos pacientes eram do sexo masculino, com idade mediana de 44,7 anos (24-69 anos). Após o procedimento, o gradiente de pressão portal reduziu significativamente em 10 mmHg (p < 0,001), com melhora dos sintomas da HP. Não foi observada progressão trombótica da veia porta após o procedimento. Complicações ocorreram em 33% (7/21) dos pacientes, incluindo 6 complicações de grau IIIa (1 sangramento e 5 oclusões de stent) e 1 complicação de grau V (morte após 4 dias do procedimento devido à gravidade clínica da paciente). A taxa de perviedade primária foi de 76%, com duração média de 21,3 meses (0,2-82 meses) e a perviedade secundária foi de 100% em 5 pacientes em 17,4 meses (3,8-40,8 meses). A taxa de mortalidade foi de 5%, ocorrendo um óbito em paciente com envolvimento de trombo intra-hepático distalmente, concomitante com trombose esplênico-mesentérica e isquemia intestinal. O evento foi atribuído à complicações devido à gravidade da condição do paciente e não relacionado ao procedimento. A taxa de sobrevida global ao final do período de acompanhamento foi de 90,4%, com um óbito devido a causas infecciosas relacionadas à colangiopatia sete meses após o procedimento. O transplante de fígado foi realizado em um paciente, enquanto outros três se tornaram elegíveis ao transplante após a recanalização portal. Conclusões: A PVR-TIPS é segura e eficaz em pacientes não cirróticos com OCVP e cavernoma portal apresentando HP sintomática e/ou trombose portal progressiva. Após o procedimento, observaram-se reduções significativas no gradiente pressórico portossistêmico, resultando na atenuação dos sintomas decorrentes da HP sem evidência de progressão trombótica da veia porta |
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