Identificação de culicídeos, fontes sanguíneas e vírus em sequenciamento único por nanoporos durante surto de febre amarela na Serra da Cantareira, São Paulo
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5179/tde-02022024-122832/ |
Resumo: | O vírus da febre amarela é transmitido por fêmeas de mosquitos infectadas durante o repasto sanguíneo. Na epidemia de febre amarela de 2017/2018, regiões metropolitanas do país próximas a áreas de Mata Atlântica foram atingidas, despertando a preocupação de estabelecimento de ciclo enzoótico. No estado de São Paulo, especialmente no Parque Estadual Alberto Löfgren a população de Alouatta guariba clamitans (bugio-ruivo) foi praticamente extinta, mas outras espécies de primatas não-humanos (PNH) de menor densidade resistiram. Neste trabalho, identificamos as fontes sanguíneas de mosquitos do parque e de outras localidades da Serra da Cantareira. As coletas foram realizadas no período diurno, a partir do pico da epidemia, em dezembro de 2017, até março de 2020, totalizando 130 dias de coleta. Do total de 5001 fêmeas coletadas, 163 possuíam vestígio de sangue no abdômen, que foram individualizadas para detecção da fonte alimentar, com cabeça e tórax separados. Foi utilizada a técnica de sequenciamento por nanoporos com primers mitocondriais, para a identificação dos hospedeiros vertebrados, e primers randômicos, a fim de detectar o vírus amarílico possivelmente presente nas amostras. Foi identificada a fonte alimentar de 107 (65,6%) fêmeas distribuídas em 19 diferentes espécies. Dessas, 54,6% continham sangue de mamíferos, 6,7% continham sangue de aves e 4,3% apresentaram repastos sanguíneos mistos. As espécies de vertebrados detectadas foram: humano, Callicebus nigrifrons (PNH), cão, gambá-de-orelha-preta, rato-do-mato, urubu-preto, garça e nove diferentes espécies de aves passeriformes. Os repastos mistos foram humano e cão, e humano e ave. Não foi encontrado sangue de bugio nas amostras. Haemagogus leucocelaenus, reconhecidamente vetor do vírus amarílico, teve uma amostragem de 37 fêmeas com repasto sanguíneo, sendo 35 com sangue humano e 2 com sangue de PNH. Dois espécimes de Haemagogus janthinomys/capricornii, outro vetor conhecido, se alimentaram apenas de sangue humano. Foi detectado vírus amarílico em uma fêmea de Hg. leucocelaenus ingurgitada com sangue humano, sendo a infecção do mosquito confirmada por RT-qPCR, que apresentou resultados positivos em cabeça e tórax, separadamente. Nossos dados alertam para a antropofilia das espécies que atuam no ciclo de transmissão do vírus da febre amarela, principalmente na ausência de bugios. Além disso, os resultados confirmam a circulação do vírus na região estudada e o papel de Hg. leucocelaenus na região |
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Identificação de culicídeos, fontes sanguíneas e vírus em sequenciamento único por nanoporos durante surto de febre amarela na Serra da Cantareira, São PauloIdentification of Culicidae, blood sources and viruses in single Nanopore sequencing during yellow fever outbreak in Serra da Cantareira, São PauloArbovírusArbovirusesBlood sourceCulicidaeCulicidaeFebre amarelaFonte sanguíneaMetagenômicaMetagenomicsNanoporeNanoporosYellow feverO vírus da febre amarela é transmitido por fêmeas de mosquitos infectadas durante o repasto sanguíneo. Na epidemia de febre amarela de 2017/2018, regiões metropolitanas do país próximas a áreas de Mata Atlântica foram atingidas, despertando a preocupação de estabelecimento de ciclo enzoótico. No estado de São Paulo, especialmente no Parque Estadual Alberto Löfgren a população de Alouatta guariba clamitans (bugio-ruivo) foi praticamente extinta, mas outras espécies de primatas não-humanos (PNH) de menor densidade resistiram. Neste trabalho, identificamos as fontes sanguíneas de mosquitos do parque e de outras localidades da Serra da Cantareira. As coletas foram realizadas no período diurno, a partir do pico da epidemia, em dezembro de 2017, até março de 2020, totalizando 130 dias de coleta. Do total de 5001 fêmeas coletadas, 163 possuíam vestígio de sangue no abdômen, que foram individualizadas para detecção da fonte alimentar, com cabeça e tórax separados. Foi utilizada a técnica de sequenciamento por nanoporos com primers mitocondriais, para a identificação dos hospedeiros vertebrados, e primers randômicos, a fim de detectar o vírus amarílico possivelmente presente nas amostras. Foi identificada a fonte alimentar de 107 (65,6%) fêmeas distribuídas em 19 diferentes espécies. Dessas, 54,6% continham sangue de mamíferos, 6,7% continham sangue de aves e 4,3% apresentaram repastos sanguíneos mistos. As espécies de vertebrados detectadas foram: humano, Callicebus nigrifrons (PNH), cão, gambá-de-orelha-preta, rato-do-mato, urubu-preto, garça e nove diferentes espécies de aves passeriformes. Os repastos mistos foram humano e cão, e humano e ave. Não foi encontrado sangue de bugio nas amostras. Haemagogus leucocelaenus, reconhecidamente vetor do vírus amarílico, teve uma amostragem de 37 fêmeas com repasto sanguíneo, sendo 35 com sangue humano e 2 com sangue de PNH. Dois espécimes de Haemagogus janthinomys/capricornii, outro vetor conhecido, se alimentaram apenas de sangue humano. Foi detectado vírus amarílico em uma fêmea de Hg. leucocelaenus ingurgitada com sangue humano, sendo a infecção do mosquito confirmada por RT-qPCR, que apresentou resultados positivos em cabeça e tórax, separadamente. Nossos dados alertam para a antropofilia das espécies que atuam no ciclo de transmissão do vírus da febre amarela, principalmente na ausência de bugios. Além disso, os resultados confirmam a circulação do vírus na região estudada e o papel de Hg. leucocelaenus na regiãoThe yellow fever virus is transmitted by infected female mosquitoes during blood meals. In the 2017/2018 yellow fever epidemic, metropolitan regions of the country close to the Atlantic Forest areas were affected, raising concerns about the establishment of an enzootic cycle. In the state of São Paulo, especially in the Alberto Löfgren State Park, the population of Alouatta guariba clamitans (red howler monkey) was practically extinct, but other species of non-human primates (NHP) of lesser density resisted. In this work, we identified the blood sources of mosquitoes in the park and other locations in Serra da Cantareira. Collections were carried out during the day, from the peak of the epidemic, in December 2017, until March 2020, totaling 130 days of collection. Of the total of 5001 females collected, 163 had traces of blood in the abdomen, which were individualized for detection of the blood source, with head and thorax separated. The technique of Nanopore sequencing with mitochondrial primers was used, for the identification of vertebrate hosts, and random primers, in order to detect the yellow fever virus possibly present in the samples. The blood source of 107 (65.6%) females distributed in 19 different species was identified. Of these, 54.6% contained mammalian blood, 6.7% contained bird blood, and 4.3% contained mixed blood meals. The vertebrate species detected were: human, Callicebus nigrifrons (NHP), dog, big-eared opossum, montane grass mouse, black vulture, great egret and nine different species of passerines. The mixed meals were human and dog, and human and bird. No red howler monkey blood was found in the samples. Haemagogus leucocelaenus, a known vector of the yellow fever virus, had a sampling of 37 females with blood source, 35 with human blood and 2 with NHP blood. Two specimens of Haemagogus janthinomys/capricornii, another known vector, fed only on human blood. Yellow fever virus was detected in a female Hg. leucocelaenus engorged with human blood, and the mosquito infection was confirmed by RT-qPCR, which showed positive results in the head and thorax, separately. Our data point to the anthropophily of the species that act in the yellow fever virus transmission cycle, especially in the absence of red howler monkeys. In addition, the results confirm the circulation of the virus in the studied region and the role of Hg. leucocelaenus in the regionBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCamara, Tamara Nunes de LimaFernandes, Lícia NatalRocha, Esmenia Coelho2023-10-26info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5179/tde-02022024-122832/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-02-19T17:44:02Zoai:teses.usp.br:tde-02022024-122832Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-02-19T17:44:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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O vírus da febre amarela é transmitido por fêmeas de mosquitos infectadas durante o repasto sanguíneo. Na epidemia de febre amarela de 2017/2018, regiões metropolitanas do país próximas a áreas de Mata Atlântica foram atingidas, despertando a preocupação de estabelecimento de ciclo enzoótico. No estado de São Paulo, especialmente no Parque Estadual Alberto Löfgren a população de Alouatta guariba clamitans (bugio-ruivo) foi praticamente extinta, mas outras espécies de primatas não-humanos (PNH) de menor densidade resistiram. Neste trabalho, identificamos as fontes sanguíneas de mosquitos do parque e de outras localidades da Serra da Cantareira. As coletas foram realizadas no período diurno, a partir do pico da epidemia, em dezembro de 2017, até março de 2020, totalizando 130 dias de coleta. Do total de 5001 fêmeas coletadas, 163 possuíam vestígio de sangue no abdômen, que foram individualizadas para detecção da fonte alimentar, com cabeça e tórax separados. Foi utilizada a técnica de sequenciamento por nanoporos com primers mitocondriais, para a identificação dos hospedeiros vertebrados, e primers randômicos, a fim de detectar o vírus amarílico possivelmente presente nas amostras. Foi identificada a fonte alimentar de 107 (65,6%) fêmeas distribuídas em 19 diferentes espécies. Dessas, 54,6% continham sangue de mamíferos, 6,7% continham sangue de aves e 4,3% apresentaram repastos sanguíneos mistos. As espécies de vertebrados detectadas foram: humano, Callicebus nigrifrons (PNH), cão, gambá-de-orelha-preta, rato-do-mato, urubu-preto, garça e nove diferentes espécies de aves passeriformes. Os repastos mistos foram humano e cão, e humano e ave. Não foi encontrado sangue de bugio nas amostras. Haemagogus leucocelaenus, reconhecidamente vetor do vírus amarílico, teve uma amostragem de 37 fêmeas com repasto sanguíneo, sendo 35 com sangue humano e 2 com sangue de PNH. Dois espécimes de Haemagogus janthinomys/capricornii, outro vetor conhecido, se alimentaram apenas de sangue humano. Foi detectado vírus amarílico em uma fêmea de Hg. leucocelaenus ingurgitada com sangue humano, sendo a infecção do mosquito confirmada por RT-qPCR, que apresentou resultados positivos em cabeça e tórax, separadamente. Nossos dados alertam para a antropofilia das espécies que atuam no ciclo de transmissão do vírus da febre amarela, principalmente na ausência de bugios. Além disso, os resultados confirmam a circulação do vírus na região estudada e o papel de Hg. leucocelaenus na região |
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