Práticas de memória, narrativas da história: representações de alunos do curso de pedagogia para educadores do campo (UNIOESTE) sobre o ensino de história

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Fernando Henrique Tisque dos
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-30012012-101630/
Resumo: O objetivo do trabalho foi compreender as representações sobre o ensino de História de alunos do curso de Pedagogia para Educadores do Campo da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), campus da cidade de Francisco Beltrão. Trata-se da primeira experiência, no Paraná, de formação de professores, que funcionou em turma única, entre 2004 a 2008. O curso foi oferecido para integrantes de Movimentos Sociais do campo, como: Casas Familiares Rurais (CFRs), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Associação Estudos, Orientação e Assistência Rural (ASSESOAR), Comunidade Pastoral da Terra (CPT) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A proposta pedagógica pretendia formar profissionais que dominassem o conhecimento pedagógico e os conteúdos das disciplinas específicas, tendo como eixo teórico o materialismo histórico-dialético. Apresenta, ainda, como princípio de formação a Pedagogia do Movimento, na qual a Pedagogia da História considera a memória coletiva parte do processo educativo e da construção da identidade dos Sem Terra. Ao considerar estes aspectos, nos parece pertinente investigar: 1) Quais são as representações de História e do ensino de história de alunos do curso? 2) Como o curso foi estruturado e construído na UNIOESTE? O corpus documental da pesquisa se constitui em entrevistas, produzidas na perspectiva das fontes orais, com 10 alunos e 03 professoras universitárias, gravadas em janeiro de 2008. Foi elaborado um roteiro de perguntas que versavam sobre as suas experiências de escolarização no ensino de História, a atuação nos Movimentos Sociais, sua vivência no curso de formação superior e nos estágios supervisionados. Realizamos a observação das aulas da disciplina de Educação e Trabalho, sobre a qual escrevemos um diário de campo, relatando o espaço em que as aulas aconteciam e a organização dos alunos. Aplicamos um questionário para identificar o perfil sócio-cultural dos entrevistados. Realizamos, ainda, a coleta do projeto pedagógico do curso, da documentação que o oficializou e de um Dossiê, contendo alguns Boletins de Educação publicados pelo MST entre os anos de 1991 a 2001. Destacamos a produção escrita sobre educação do referido Movimento Social, por identificarmos aspectos de sua proposta educacional no projeto pedagógico do curso, em específico ao ensino de História. Nosso referencial teórico consiste na leitura de Chartier (1990), que elaborou estudos sobre a produção de representações entendendo-as como práticas sociais. Le Goff (1996), Pollak (1989) e Halbwachs (2006) subsidiaram reflexões sobre a utilização da memória coletiva como instrumento de luta de poder na sociedade e sobre seu processo de funcionamento pelos grupos sociais para a construção da identidade. Nora (1983) e Meneses (1992) nos forneceram reflexões quanto às diferenças entre História e memória. Há entre os alunos, a compreensão de que a história é um processo de luta entre classes e de que a finalidade do seu ensino é o processo de humanização dos indivíduos. Em suas lembranças emergem representações que constroem uma visão idealizada do campo, de um ensino tradicional em oposição às experiências anteriores à sua entrada nos Movimentos Sociais. São representações que correspondem às expectativas de construção da memória coletiva, visando à identificação dos trabalhadores rurais com os grupos em que estão inseridos e à formação do professor militante.
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O curso foi oferecido para integrantes de Movimentos Sociais do campo, como: Casas Familiares Rurais (CFRs), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Associação Estudos, Orientação e Assistência Rural (ASSESOAR), Comunidade Pastoral da Terra (CPT) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A proposta pedagógica pretendia formar profissionais que dominassem o conhecimento pedagógico e os conteúdos das disciplinas específicas, tendo como eixo teórico o materialismo histórico-dialético. Apresenta, ainda, como princípio de formação a Pedagogia do Movimento, na qual a Pedagogia da História considera a memória coletiva parte do processo educativo e da construção da identidade dos Sem Terra. Ao considerar estes aspectos, nos parece pertinente investigar: 1) Quais são as representações de História e do ensino de história de alunos do curso? 2) Como o curso foi estruturado e construído na UNIOESTE? O corpus documental da pesquisa se constitui em entrevistas, produzidas na perspectiva das fontes orais, com 10 alunos e 03 professoras universitárias, gravadas em janeiro de 2008. Foi elaborado um roteiro de perguntas que versavam sobre as suas experiências de escolarização no ensino de História, a atuação nos Movimentos Sociais, sua vivência no curso de formação superior e nos estágios supervisionados. Realizamos a observação das aulas da disciplina de Educação e Trabalho, sobre a qual escrevemos um diário de campo, relatando o espaço em que as aulas aconteciam e a organização dos alunos. Aplicamos um questionário para identificar o perfil sócio-cultural dos entrevistados. Realizamos, ainda, a coleta do projeto pedagógico do curso, da documentação que o oficializou e de um Dossiê, contendo alguns Boletins de Educação publicados pelo MST entre os anos de 1991 a 2001. Destacamos a produção escrita sobre educação do referido Movimento Social, por identificarmos aspectos de sua proposta educacional no projeto pedagógico do curso, em específico ao ensino de História. Nosso referencial teórico consiste na leitura de Chartier (1990), que elaborou estudos sobre a produção de representações entendendo-as como práticas sociais. Le Goff (1996), Pollak (1989) e Halbwachs (2006) subsidiaram reflexões sobre a utilização da memória coletiva como instrumento de luta de poder na sociedade e sobre seu processo de funcionamento pelos grupos sociais para a construção da identidade. Nora (1983) e Meneses (1992) nos forneceram reflexões quanto às diferenças entre História e memória. Há entre os alunos, a compreensão de que a história é um processo de luta entre classes e de que a finalidade do seu ensino é o processo de humanização dos indivíduos. Em suas lembranças emergem representações que constroem uma visão idealizada do campo, de um ensino tradicional em oposição às experiências anteriores à sua entrada nos Movimentos Sociais. São representações que correspondem às expectativas de construção da memória coletiva, visando à identificação dos trabalhadores rurais com os grupos em que estão inseridos e à formação do professor militante.The study aims to understand the representations of history and history teaching to students of Pedagogy for Educators Field State University of West of Paraná (UNIOESTE) campus in the city of San Francisco Beltrão This is the first experience in Paraná, teacher training, which ran on single gang between 2004 and 2008. The course was offered for members of rural social movements, such as Family Houses (CFRs), Movement of Dam-Affected People (MAB), Association Studies, Guidance and Rural Assistance (ASSESOAR) Community, Pastoral Land Commission (CPT) and the Movement Landless Workers Movement (MST). The pedagogical objective to train professionals capable of mastering the knowledge and pedagogical content of specific subjects, with the theoretical basis the historical and dialectical materialism. It also presents the principle of training the \"Pedagogy of the Movement,\" in which \"Pedagogy of History\" highlights the collective memory as part of the educational process, and construction of the identity of the landless. Considering these aspects, it seems pertinent to investigate: 1) What are the representations of history and teaching history students of the course? 2) How the course was structured and built in UNIOESTE? 3) What is the place of history teaching in the course? The corpus of documentary research is constituted in interviews, produced in the perspective of oral sources, with 10 students and 03 professors, recorded in January 2008. It has produced a script of questions that focused on their experiences of schooling, the experiences in social movements, the course of higher education and supervised training, when teaching history. We observe the lessons of the discipline of Education and Labor, on which we write a diary, reporting the space where the classes took place and the organization of students. We applied a questionnaire to identify the socio-cultural profile of the respondents. We also collect the pedagogical project of the course, the documentation that the official and a dossier containing several bulletins published by the MST education between the years 1991 to 2001. Emphasize in this paper the production of education of that social movement, by identifying aspects of his pedagogical proposal in the pedagogical project of the course, in particular the teaching of history. Our theoretical framework consists of reading Chartier (1990), which prepared studies on the production of representations and social practices. Le Goff (1996), Pollak (1989), Halbwachs (2006) reflections on the subsidized use of collective memory as an instrument of power struggle in society, and for its functioning in social groups for the construction of identity. Nora and Meneses gave us ideas about the differences between history and memory. There are between students, understanding of history as a process of struggle between classes and the purpose of teaching the process of humanization. In his memory representations emerge that build an idealized vision of the field, a traditional teaching as opposed to experiences prior to its entry in Social Movements. They are representations that correspond to the expectations of the construction of collective memory to build the identity of its members in the teaching of history.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMoraes, Dislane ZerbinattiSantos, Fernando Henrique Tisque dos2010-06-15info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-30012012-101630/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:30Zoai:teses.usp.br:tde-30012012-101630Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:30Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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