Tipos móveis de metal da Funtimod: contribuições para a história tipográfica brasileira
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16134/tde-01092016-154117/ |
Resumo: | Tipos móveis de metal da Funtimod: contribuições para história tipográfica brasileira A fundição de tipos móveis de metal foi uma atividade primordial para o funcionamento das artes gráficas desde seu desenvolvimento, no século 15, até meados do século 20. Entretanto, as primeiras casas fundidoras foram instaladas no Brasil apenas no começo dos anos oitocentistas - quando a técnica ainda era realizada com procedimentos manuais -, poucos anos depois da corte portuguesa ter permitido a reprodução de impressos em território nacional. Inovações tecnológicas do século 19, principalmente máquinas fundidoras e equipamentos para gravar punções e matrizes, transformaram as oficinas de fundição em indústrias. Dentro deste contexto industrial, a Funtimod, objeto de estudo desta pesquisa de doutorado, operou durante quase todo o século 20. A empresa, que pode ser considerada a maior fundição de tipos brasileira, foi fundada na cidade de São Paulo, em 1932, por uma colaboração entre os alemães Karl H. Klingspor e Josef Tscherkassky, a empresa alemã-brasileira Sociedade Técnica Bremensis e a fundição suíça Haas, que estava representando a fundição alemã D. Stempel. Com filiais em Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro, a Funtimod serviu a indústria gráfica nos quatro cantos do País, comercializando máquinas e todo tipo de material tipográfico. Embora os tipos móveis de metal fundidos pela empresa sejam o foco desta investigação, o estudo de caso Funtimod também abordou sua trajetória histórica e a fábrica de tipos, por intermédio de coleta de dados em cinco fontes de evidência diferentes: registros, documentos, entrevistas, observações não-participantes e artefatos físicos. Desse modo, foi possível salientar a dependência de empresas alemãs para o desenvolvimento dos negócios no que tange aos produtos comercializados. Se a Funtimod estava aparelhada, nos moldes das fundições europeias, para manufaturar um tipo desde o desenho até a fundição, definitivamente, o design das faces não foi uma etapa valorizada. Grande parte dos tipos encontrados em nove catálogos da Funtimod, com repertórios tipográficos diferentes, foi identificada como sendo de origem alemã, principalmente das firmas D. Stempel e Klingspor. E, apesar de algumas faces não terem sido identificadas em outras fundições brasileiras ou estrangeiras, não foram encontradas evidências de que a Funtimod tenha lançado no Brasil alguma face com desenho original. A coleção de tipos Funtimod, por outro lado, é formada por faces representativas do começo do século 20, como Futura, Kabel, Memphis e Mondial, assim como revivals da Bodoni e Garamond. Análises comparativas dos tipos móveis de metal da Funtimod revelaram práticas singulares realizadas na fábrica de tipos brasileira. No meio de designs internacionalmente conhecidos, por exemplo, alguns caracteres, em especial os conjugados com os diacríticos til e cedilha, apresentam variações de forma, posicionamento, peso e tamanho na mesma face. As considerações desta investigação contribuem para a história tipográfica brasileira de uma forma particular, numa relação intrínseca com a Alemanha, que, sobretudo, levaram-me a questionar o quão brasileira a Funtimod realmente foi. |
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Tipos móveis de metal da Funtimod: contribuições para a história tipográfica brasileiraMovable metal types from Funtimod: contributions to the Brazilian typographic historyCaracteres tipográficosFundição de tiposFuntimodFuntimodMovable metal typesTipografiaTipos móveis de metalType foundingTypographic charactersTypographyTipos móveis de metal da Funtimod: contribuições para história tipográfica brasileira A fundição de tipos móveis de metal foi uma atividade primordial para o funcionamento das artes gráficas desde seu desenvolvimento, no século 15, até meados do século 20. Entretanto, as primeiras casas fundidoras foram instaladas no Brasil apenas no começo dos anos oitocentistas - quando a técnica ainda era realizada com procedimentos manuais -, poucos anos depois da corte portuguesa ter permitido a reprodução de impressos em território nacional. Inovações tecnológicas do século 19, principalmente máquinas fundidoras e equipamentos para gravar punções e matrizes, transformaram as oficinas de fundição em indústrias. Dentro deste contexto industrial, a Funtimod, objeto de estudo desta pesquisa de doutorado, operou durante quase todo o século 20. A empresa, que pode ser considerada a maior fundição de tipos brasileira, foi fundada na cidade de São Paulo, em 1932, por uma colaboração entre os alemães Karl H. Klingspor e Josef Tscherkassky, a empresa alemã-brasileira Sociedade Técnica Bremensis e a fundição suíça Haas, que estava representando a fundição alemã D. Stempel. Com filiais em Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro, a Funtimod serviu a indústria gráfica nos quatro cantos do País, comercializando máquinas e todo tipo de material tipográfico. Embora os tipos móveis de metal fundidos pela empresa sejam o foco desta investigação, o estudo de caso Funtimod também abordou sua trajetória histórica e a fábrica de tipos, por intermédio de coleta de dados em cinco fontes de evidência diferentes: registros, documentos, entrevistas, observações não-participantes e artefatos físicos. Desse modo, foi possível salientar a dependência de empresas alemãs para o desenvolvimento dos negócios no que tange aos produtos comercializados. Se a Funtimod estava aparelhada, nos moldes das fundições europeias, para manufaturar um tipo desde o desenho até a fundição, definitivamente, o design das faces não foi uma etapa valorizada. Grande parte dos tipos encontrados em nove catálogos da Funtimod, com repertórios tipográficos diferentes, foi identificada como sendo de origem alemã, principalmente das firmas D. Stempel e Klingspor. E, apesar de algumas faces não terem sido identificadas em outras fundições brasileiras ou estrangeiras, não foram encontradas evidências de que a Funtimod tenha lançado no Brasil alguma face com desenho original. A coleção de tipos Funtimod, por outro lado, é formada por faces representativas do começo do século 20, como Futura, Kabel, Memphis e Mondial, assim como revivals da Bodoni e Garamond. Análises comparativas dos tipos móveis de metal da Funtimod revelaram práticas singulares realizadas na fábrica de tipos brasileira. No meio de designs internacionalmente conhecidos, por exemplo, alguns caracteres, em especial os conjugados com os diacríticos til e cedilha, apresentam variações de forma, posicionamento, peso e tamanho na mesma face. As considerações desta investigação contribuem para a história tipográfica brasileira de uma forma particular, numa relação intrínseca com a Alemanha, que, sobretudo, levaram-me a questionar o quão brasileira a Funtimod realmente foi.Type founding was one of the most important activities for the graphic arts since its beginning in the fifteenth century until the middle of twentieth century. However, the first type foundries were only installed in Brazil in the beginning of 1800s a few years after the Portuguese Court allowed printing in Brazilian lands, and when the technique was still performed with manual methods. Technical innovations developed in the nineteenth century, mainly, typecasting machines and pantograph punchcutting machines, which transformed type foundries into industries. Within this industrial context, Funtimod, the subject of this doctoral research and the largest Brazilian type foundry, operated during almost the entire twentieth century. Funtimod was founded in 1932 in São Paulo by a collaboration of two Germans (Karl H. Klingspor and Josef Tscherkassky), the German-Brazilian company Sociedade Técnica Bremensis, and the Swiss type foundry Haas. With branches in Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro, Funtimod supplied the graphic industry across the four corners of the country, selling all kinds of typographic materials as well as machines. Although the movable metal types cast by the company were the focus of this investigation, the case study of Funtimod also explored its historic development and the factory, through data gathered from multiple sources: specimens, documents, interviews, non-participant observations, and physical artefacts. Thereby, the evidence suggests Funtimod\'s reliance on German companies for its business development in respect to the products manufactured in Brazil. Seeing that Funtimod was equipped, like European foundries, to manufacture types from the design until the casting phases, definitely, the originality of the typeface\'s design was not considered valuable by the factory. The majority of faces, which were found in nine specimens with different typographic collections, were identified as being German, especially from D. Stempel and Klingspor foundries. Moreover, although some of the faces have not been identified in other foundries, evidence was not found that Funtimod had released in Brazil any face cast with an original design. Funtimod type collection, on the other hand, is composed with representative faces from the beginning of the twentieth century, such as Futura, Kabel, Memphis, Mondial, as well as revivals of Bodoni and Garamond. Comparative analysis of movable metal types from Funtimod revealed that singular practices were performed at the Brazilian type foundry. Among internationally well-known faces, for instance, some characters, especially the ones joined with the tilde and cedilla diacritics, presented variations in form, position, weight and size. The findings of this investigation contribute to the Brazilian typographic history in a particular way, in a intrinsic relationship with Germany, that, above all, led me to question how Brazilian Funtimod really was.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPFarias, Priscila LenaAragão, Isabella Ribeiro2016-05-06info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16134/tde-01092016-154117/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2017-09-04T21:03:48Zoai:teses.usp.br:tde-01092016-154117Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212017-09-04T21:03:48Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Tipos móveis de metal da Funtimod: contribuições para história tipográfica brasileira A fundição de tipos móveis de metal foi uma atividade primordial para o funcionamento das artes gráficas desde seu desenvolvimento, no século 15, até meados do século 20. Entretanto, as primeiras casas fundidoras foram instaladas no Brasil apenas no começo dos anos oitocentistas - quando a técnica ainda era realizada com procedimentos manuais -, poucos anos depois da corte portuguesa ter permitido a reprodução de impressos em território nacional. Inovações tecnológicas do século 19, principalmente máquinas fundidoras e equipamentos para gravar punções e matrizes, transformaram as oficinas de fundição em indústrias. Dentro deste contexto industrial, a Funtimod, objeto de estudo desta pesquisa de doutorado, operou durante quase todo o século 20. A empresa, que pode ser considerada a maior fundição de tipos brasileira, foi fundada na cidade de São Paulo, em 1932, por uma colaboração entre os alemães Karl H. Klingspor e Josef Tscherkassky, a empresa alemã-brasileira Sociedade Técnica Bremensis e a fundição suíça Haas, que estava representando a fundição alemã D. Stempel. Com filiais em Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro, a Funtimod serviu a indústria gráfica nos quatro cantos do País, comercializando máquinas e todo tipo de material tipográfico. Embora os tipos móveis de metal fundidos pela empresa sejam o foco desta investigação, o estudo de caso Funtimod também abordou sua trajetória histórica e a fábrica de tipos, por intermédio de coleta de dados em cinco fontes de evidência diferentes: registros, documentos, entrevistas, observações não-participantes e artefatos físicos. Desse modo, foi possível salientar a dependência de empresas alemãs para o desenvolvimento dos negócios no que tange aos produtos comercializados. Se a Funtimod estava aparelhada, nos moldes das fundições europeias, para manufaturar um tipo desde o desenho até a fundição, definitivamente, o design das faces não foi uma etapa valorizada. Grande parte dos tipos encontrados em nove catálogos da Funtimod, com repertórios tipográficos diferentes, foi identificada como sendo de origem alemã, principalmente das firmas D. Stempel e Klingspor. E, apesar de algumas faces não terem sido identificadas em outras fundições brasileiras ou estrangeiras, não foram encontradas evidências de que a Funtimod tenha lançado no Brasil alguma face com desenho original. A coleção de tipos Funtimod, por outro lado, é formada por faces representativas do começo do século 20, como Futura, Kabel, Memphis e Mondial, assim como revivals da Bodoni e Garamond. Análises comparativas dos tipos móveis de metal da Funtimod revelaram práticas singulares realizadas na fábrica de tipos brasileira. No meio de designs internacionalmente conhecidos, por exemplo, alguns caracteres, em especial os conjugados com os diacríticos til e cedilha, apresentam variações de forma, posicionamento, peso e tamanho na mesma face. As considerações desta investigação contribuem para a história tipográfica brasileira de uma forma particular, numa relação intrínseca com a Alemanha, que, sobretudo, levaram-me a questionar o quão brasileira a Funtimod realmente foi. |
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