Hesitação vacinal infantil e diferenciação social: um olhar interseccional sobre a (não) vacinação
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-10052024-124346/ |
Resumo: | A hesitação vacinal é um fenômeno complexo, multicausal e que se apresenta em diferentes formas a depender do contexto espaço-temporal. Definida pela Organização Mundial de Saúde como um estado motivacional de conflito ou oposição a ser vacinado, a produção científica sobre o tema ainda é incipiente em países de média e baixa renda, se destacando a produção e as ferramentas de pesquisa desenvolvidas no Norte Global. O Brasil, reconhecido por seu exitoso Programa Nacional de Imunizações, também enfrenta desafios na manutenção das coberturas vacinais, sendo um desses desafios a hesitação vacinal. Assim, o objetivo desta tese, apresentada em formato de compilação de artigos, é investigar o fenômeno da hesitação vacinal infantil, a partir de uma análise contexto-específica e interseccional do fenômeno, em duas capitais brasileiras (São Luís e Florianópolis), buscando compreender de que forma a diferenciação social participa dos processos de tomada de decisão em saúde. Para isso, foram conduzidas entrevistas em profundidade nas duas cidades supracitadas, entre 2021 e 2022, com famílias que tivessem, sob sua responsabilidade, crianças de até seis anos de idade. Buscou-se entrevistar os dois cuidadores principais da criança, quando esse fosse o caso. A captação dos entrevistados se deu pela técnica de bola de neve e o número final de entrevistas foi definido pelo critério de saturação. As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra, para posterior análise temática. A pesquisa de campo foi ulteriormente estendida à Cidade do Cabo, na África do Sul, em 2023, onde os mesmos procedimentos metodológicos foram conduzidos, para fins de comparação com os achados brasileiros. O corpus de artigos que compõe essa tese é formado por sete manuscritos publicados ou submetidos a periódicos científicos, sendo três deles teóricos e quatro empíricos. A seção teórica, que dá substrato para a posterior seção empírica, é composta pelo artigo de perspectiva Hesitação vacinal: tópicos para (re)pensar políticas de imunização; pela revisão de literatura Vaccine hesitancy in the Global South: towards a critical perspective on Global Health; e pelo artigo de comentário COVID-19 and its impact on immunization programs: reflections from Brazil. A seção empírica conta os artigos de pesquisa: 1) Caregivers perceptions on routine childhood vaccination: a qualitative study on vaccine hesitancy in a South Brazil state capital; 2) Eu vivo num mundo muito burguês, não moro na periferia: não-vacinação infantil e a intersecção entre raça, classe e gênero; 3) The politicisation of vaccines and its influence on Brazilian caregivers opinions on childhood routine vaccination; e 4) Exploring childhood vaccine hesitancy drivers among caregivers in Brazil and South Africa: a qualitative study. Os achados desta pesquisa reforçam a hesitação vacinal enquanto fenômeno social, que informa não apenas sobre opiniões e atitudes acerca da vacinação, mas, sobretudo, que informa sobre pertencimentos e posições sociais na teia dos marcadores sociais que estabelecem diferenciação. Ainda, tais achados vão contra os reducionismos que associam não vacinação a desinformação ou negligência parental, sendo necessário superá-los para que se compreenda o fenômeno em toda a sua complexidade e se estabeleça políticas de saúde adequadas às realidades locais e aos grupos particulares |
id |
USP_395a4775d12a4b1b9a8974b810cff60a |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:teses.usp.br:tde-10052024-124346 |
network_acronym_str |
USP |
network_name_str |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
repository_id_str |
2721 |
spelling |
Hesitação vacinal infantil e diferenciação social: um olhar interseccional sobre a (não) vacinaçãoChildhood vaccine hesitancy and social differentiation: an intersectional approach on (non) vaccinationChild healthEnquadramento interseccionalHesitação vacinalIntersectional frameworkPesquisa qualitativaQualitative researchSaúde da criançaVaccinationVaccine hesitancyVacinaçãoA hesitação vacinal é um fenômeno complexo, multicausal e que se apresenta em diferentes formas a depender do contexto espaço-temporal. Definida pela Organização Mundial de Saúde como um estado motivacional de conflito ou oposição a ser vacinado, a produção científica sobre o tema ainda é incipiente em países de média e baixa renda, se destacando a produção e as ferramentas de pesquisa desenvolvidas no Norte Global. O Brasil, reconhecido por seu exitoso Programa Nacional de Imunizações, também enfrenta desafios na manutenção das coberturas vacinais, sendo um desses desafios a hesitação vacinal. Assim, o objetivo desta tese, apresentada em formato de compilação de artigos, é investigar o fenômeno da hesitação vacinal infantil, a partir de uma análise contexto-específica e interseccional do fenômeno, em duas capitais brasileiras (São Luís e Florianópolis), buscando compreender de que forma a diferenciação social participa dos processos de tomada de decisão em saúde. Para isso, foram conduzidas entrevistas em profundidade nas duas cidades supracitadas, entre 2021 e 2022, com famílias que tivessem, sob sua responsabilidade, crianças de até seis anos de idade. Buscou-se entrevistar os dois cuidadores principais da criança, quando esse fosse o caso. A captação dos entrevistados se deu pela técnica de bola de neve e o número final de entrevistas foi definido pelo critério de saturação. As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra, para posterior análise temática. A pesquisa de campo foi ulteriormente estendida à Cidade do Cabo, na África do Sul, em 2023, onde os mesmos procedimentos metodológicos foram conduzidos, para fins de comparação com os achados brasileiros. O corpus de artigos que compõe essa tese é formado por sete manuscritos publicados ou submetidos a periódicos científicos, sendo três deles teóricos e quatro empíricos. A seção teórica, que dá substrato para a posterior seção empírica, é composta pelo artigo de perspectiva Hesitação vacinal: tópicos para (re)pensar políticas de imunização; pela revisão de literatura Vaccine hesitancy in the Global South: towards a critical perspective on Global Health; e pelo artigo de comentário COVID-19 and its impact on immunization programs: reflections from Brazil. A seção empírica conta os artigos de pesquisa: 1) Caregivers perceptions on routine childhood vaccination: a qualitative study on vaccine hesitancy in a South Brazil state capital; 2) Eu vivo num mundo muito burguês, não moro na periferia: não-vacinação infantil e a intersecção entre raça, classe e gênero; 3) The politicisation of vaccines and its influence on Brazilian caregivers opinions on childhood routine vaccination; e 4) Exploring childhood vaccine hesitancy drivers among caregivers in Brazil and South Africa: a qualitative study. Os achados desta pesquisa reforçam a hesitação vacinal enquanto fenômeno social, que informa não apenas sobre opiniões e atitudes acerca da vacinação, mas, sobretudo, que informa sobre pertencimentos e posições sociais na teia dos marcadores sociais que estabelecem diferenciação. Ainda, tais achados vão contra os reducionismos que associam não vacinação a desinformação ou negligência parental, sendo necessário superá-los para que se compreenda o fenômeno em toda a sua complexidade e se estabeleça políticas de saúde adequadas às realidades locais e aos grupos particularesVaccine hesitancy is a complex, multi-causal and context-specific phenomenon, defined by the World Health Organization as a motivational state of being conflicted about, or opposed to, getting vaccinated. Scientific production on this subject is still incipient in middle- and low-income countries, with the production and research tools developed in the Global North standing out. Brazil, renowned for its successful National Immunization Program, also faces challenges in achieving and maintaining vaccination coverage, one of which is vaccine hesitancy. Thus, the aim of this thesis, presented in the form of a compilation of articles, is to investigate the phenomenon of childhood vaccine hesitancy, based on a context-specific and intersectional analysis of the phenomenon, in two Brazilian capitals (São Luís and Florianópolis), seeking to understand how social differentiation participates in health decision-making processes. In-depth interviews were conducted in the two field cities, between 2021 and 2022, with families who were responsible for children up to the age of six. We sought to interview the child\'s two main caregivers, when this was the case. The interviewees were recruited using the \'snowball\' technique and the final number of interviews was defined by the saturation criterion. The interviews were recorded and transcribed for later thematic analysis. The field research was later extended to Cape Town, South Africa, in 2023, where the same methodological procedures were carried out, for comparison purposes with the Brazilian findings. The corpus of articles presented in this thesis is made up of seven papers published or submitted to scientific journals, three of which are theoretical and four empirical. The theoretical section, which provides the basis for the subsequent empirical section, includes the perspective article \'Vaccine hesitancy: topics for (re)thinking immunization policies\'; the literature review \'Vaccine hesitancy in the Global South: towards a critical perspective on Global Health\'; and the commentary article \'COVID-19 and its impact on immunization programs: reflections from Brazil\'. The empirical section includes the research articles: 1) Caregivers perceptions on routine childhood vaccination: a qualitative study on vaccine hesitancy in a South Brazil state capital; 2) I live in a very bourgeois world, I don\'t live in the outskirts: childhood non-vaccination and the intersection of race, class and gender; 3) The politicization of vaccines and its influence on Brazilian caregivers\' opinions on childhood routine vaccination; and 4) Exploring childhood vaccine hesitancy drivers among caregivers in Brazil and South Africa: a qualitative study. The findings of this research reinforce vaccine hesitancy as a social phenomenon, which reflects not only caregivers opinions and attitudes towards vaccination, but also their feeling of belonging and their position in the web of differentiation social markers. Furthermore, these findings go against the reductionism that links \'non-vaccination\' with \'misinformation\' or \'parental negligence\', which must be overcome in order to understand the phenomenon in all its complexity and establish health policies that are appropriate to local realities and specific groupsBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPFalcão, Marcia Thereza CoutoMatos, Camila Carvalho de Souza Amorim2024-02-06info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-10052024-124346/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-08-05T11:11:02Zoai:teses.usp.br:tde-10052024-124346Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-08-05T11:11:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
Hesitação vacinal infantil e diferenciação social: um olhar interseccional sobre a (não) vacinação Childhood vaccine hesitancy and social differentiation: an intersectional approach on (non) vaccination |
title |
Hesitação vacinal infantil e diferenciação social: um olhar interseccional sobre a (não) vacinação |
spellingShingle |
Hesitação vacinal infantil e diferenciação social: um olhar interseccional sobre a (não) vacinação Matos, Camila Carvalho de Souza Amorim Child health Enquadramento interseccional Hesitação vacinal Intersectional framework Pesquisa qualitativa Qualitative research Saúde da criança Vaccination Vaccine hesitancy Vacinação |
title_short |
Hesitação vacinal infantil e diferenciação social: um olhar interseccional sobre a (não) vacinação |
title_full |
Hesitação vacinal infantil e diferenciação social: um olhar interseccional sobre a (não) vacinação |
title_fullStr |
Hesitação vacinal infantil e diferenciação social: um olhar interseccional sobre a (não) vacinação |
title_full_unstemmed |
Hesitação vacinal infantil e diferenciação social: um olhar interseccional sobre a (não) vacinação |
title_sort |
Hesitação vacinal infantil e diferenciação social: um olhar interseccional sobre a (não) vacinação |
author |
Matos, Camila Carvalho de Souza Amorim |
author_facet |
Matos, Camila Carvalho de Souza Amorim |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
Falcão, Marcia Thereza Couto |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Matos, Camila Carvalho de Souza Amorim |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Child health Enquadramento interseccional Hesitação vacinal Intersectional framework Pesquisa qualitativa Qualitative research Saúde da criança Vaccination Vaccine hesitancy Vacinação |
topic |
Child health Enquadramento interseccional Hesitação vacinal Intersectional framework Pesquisa qualitativa Qualitative research Saúde da criança Vaccination Vaccine hesitancy Vacinação |
description |
A hesitação vacinal é um fenômeno complexo, multicausal e que se apresenta em diferentes formas a depender do contexto espaço-temporal. Definida pela Organização Mundial de Saúde como um estado motivacional de conflito ou oposição a ser vacinado, a produção científica sobre o tema ainda é incipiente em países de média e baixa renda, se destacando a produção e as ferramentas de pesquisa desenvolvidas no Norte Global. O Brasil, reconhecido por seu exitoso Programa Nacional de Imunizações, também enfrenta desafios na manutenção das coberturas vacinais, sendo um desses desafios a hesitação vacinal. Assim, o objetivo desta tese, apresentada em formato de compilação de artigos, é investigar o fenômeno da hesitação vacinal infantil, a partir de uma análise contexto-específica e interseccional do fenômeno, em duas capitais brasileiras (São Luís e Florianópolis), buscando compreender de que forma a diferenciação social participa dos processos de tomada de decisão em saúde. Para isso, foram conduzidas entrevistas em profundidade nas duas cidades supracitadas, entre 2021 e 2022, com famílias que tivessem, sob sua responsabilidade, crianças de até seis anos de idade. Buscou-se entrevistar os dois cuidadores principais da criança, quando esse fosse o caso. A captação dos entrevistados se deu pela técnica de bola de neve e o número final de entrevistas foi definido pelo critério de saturação. As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra, para posterior análise temática. A pesquisa de campo foi ulteriormente estendida à Cidade do Cabo, na África do Sul, em 2023, onde os mesmos procedimentos metodológicos foram conduzidos, para fins de comparação com os achados brasileiros. O corpus de artigos que compõe essa tese é formado por sete manuscritos publicados ou submetidos a periódicos científicos, sendo três deles teóricos e quatro empíricos. A seção teórica, que dá substrato para a posterior seção empírica, é composta pelo artigo de perspectiva Hesitação vacinal: tópicos para (re)pensar políticas de imunização; pela revisão de literatura Vaccine hesitancy in the Global South: towards a critical perspective on Global Health; e pelo artigo de comentário COVID-19 and its impact on immunization programs: reflections from Brazil. A seção empírica conta os artigos de pesquisa: 1) Caregivers perceptions on routine childhood vaccination: a qualitative study on vaccine hesitancy in a South Brazil state capital; 2) Eu vivo num mundo muito burguês, não moro na periferia: não-vacinação infantil e a intersecção entre raça, classe e gênero; 3) The politicisation of vaccines and its influence on Brazilian caregivers opinions on childhood routine vaccination; e 4) Exploring childhood vaccine hesitancy drivers among caregivers in Brazil and South Africa: a qualitative study. Os achados desta pesquisa reforçam a hesitação vacinal enquanto fenômeno social, que informa não apenas sobre opiniões e atitudes acerca da vacinação, mas, sobretudo, que informa sobre pertencimentos e posições sociais na teia dos marcadores sociais que estabelecem diferenciação. Ainda, tais achados vão contra os reducionismos que associam não vacinação a desinformação ou negligência parental, sendo necessário superá-los para que se compreenda o fenômeno em toda a sua complexidade e se estabeleça políticas de saúde adequadas às realidades locais e aos grupos particulares |
publishDate |
2024 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2024-02-06 |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
format |
doctoralThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-10052024-124346/ |
url |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-10052024-124346/ |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
|
dc.rights.driver.fl_str_mv |
Liberar o conteúdo para acesso público. info:eu-repo/semantics/openAccess |
rights_invalid_str_mv |
Liberar o conteúdo para acesso público. |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.coverage.none.fl_str_mv |
|
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
publisher.none.fl_str_mv |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP instname:Universidade de São Paulo (USP) instacron:USP |
instname_str |
Universidade de São Paulo (USP) |
instacron_str |
USP |
institution |
USP |
reponame_str |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
collection |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
repository.name.fl_str_mv |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP) |
repository.mail.fl_str_mv |
virginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.br |
_version_ |
1815256911670411264 |