Perfil clínico, vulnerabilidades sociodemográficas e os desfechos de crianças e adolescentes internados por COVID-19 no Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sousa, Braian Lucas Aguiar
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5141/tde-23092022-125630/
Resumo: No final de 2019 e início de 2020, o mundo assistiu ao nascimento de uma nova doença respiratória, a COVID-19, causado pelo vírus SARS-CoV-2. A doença rapidamente ganhou o status de pandemia, causando milhares de mortes, principalmente em idosos e pacientes com comorbidades prévias. Além do impacto de saúde, a pandemia levou a uma importante recessão econômica, ampliando o abismo entre ricos e pobres. Felizmente, crianças e adolescentes são menos afetados pelo vírus, e, geralmente, evoluem com quadros leves ou assintomáticos. No entanto, não se pode dizer que sejam invulneráveis, principalmente aquelas com comorbidades prévias ou em risco social. Utilizando dados do Ministério da Saúde (SIVEP-Gripe) até dezembro de 2021, estudamos 19.642 crianças e adolescentes internados por COVID-19 no Brasil, com o objetivo de caracterizar a doença e identificar fatores de risco clínicos e sociodemográficos para internação em unidade de terapia intensiva, ventilação mecânica invasiva e morte. A apresentação clínica da doença foi inespecífica, sendo a febre e a tosse os sintomas mais comuns. Quase todas as comorbidades representaram fatores de risco para os desfechos estudados, com exceção da asma, que foi um fator protetor nesta população. Crianças e adolescentes de etnia indígena tiveram uma chance maior de necessidade de ventilação invasiva e morte quando comparadas com crianças brancas (OR 2,03 95%CI 1,19-3,47 e OR 4,33 IC95% 2,55-7,36; respectivamente). Para as pardas, a chance de morte também foi maior (OR 1,45 IC95% 1,25-1,68). Da mesma forma, crianças e adolescentes do Norte e Nordeste, e aquelas que viviam em cidades menos desenvolvidas socioeconomicamente, também morreram mais (OR 2,85 IC95% 2,14-3,79 para as do Norte; OR 3,01 IC95% 2,47-3,66 para as do Nordeste; OR 0,33 IC95% 0,26-0,42 para crianças moradoras de cidades mais desenvolvidas). Identificamos que crianças hígidas morrem proporcionalmente mais em contextos socioeconômicos desfavoráveis ou entre minorias étnicas. Além disso, estudamos a perda de dados no banco SIVEP-Gripe, concluindo que afeta diferencialmente contextos mais vulneráveis. Nossos dados apontam para um profundo impacto das comorbidades prévias e das desigualdades socioeconômicas nos desfechos das internações pediátricas por COVID-19 no Brasil, reforçando a necessidade de priorização dos grupos de risco nas políticas públicas de prevenção e combate à doença
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Felizmente, crianças e adolescentes são menos afetados pelo vírus, e, geralmente, evoluem com quadros leves ou assintomáticos. No entanto, não se pode dizer que sejam invulneráveis, principalmente aquelas com comorbidades prévias ou em risco social. Utilizando dados do Ministério da Saúde (SIVEP-Gripe) até dezembro de 2021, estudamos 19.642 crianças e adolescentes internados por COVID-19 no Brasil, com o objetivo de caracterizar a doença e identificar fatores de risco clínicos e sociodemográficos para internação em unidade de terapia intensiva, ventilação mecânica invasiva e morte. A apresentação clínica da doença foi inespecífica, sendo a febre e a tosse os sintomas mais comuns. Quase todas as comorbidades representaram fatores de risco para os desfechos estudados, com exceção da asma, que foi um fator protetor nesta população. Crianças e adolescentes de etnia indígena tiveram uma chance maior de necessidade de ventilação invasiva e morte quando comparadas com crianças brancas (OR 2,03 95%CI 1,19-3,47 e OR 4,33 IC95% 2,55-7,36; respectivamente). Para as pardas, a chance de morte também foi maior (OR 1,45 IC95% 1,25-1,68). Da mesma forma, crianças e adolescentes do Norte e Nordeste, e aquelas que viviam em cidades menos desenvolvidas socioeconomicamente, também morreram mais (OR 2,85 IC95% 2,14-3,79 para as do Norte; OR 3,01 IC95% 2,47-3,66 para as do Nordeste; OR 0,33 IC95% 0,26-0,42 para crianças moradoras de cidades mais desenvolvidas). Identificamos que crianças hígidas morrem proporcionalmente mais em contextos socioeconômicos desfavoráveis ou entre minorias étnicas. Além disso, estudamos a perda de dados no banco SIVEP-Gripe, concluindo que afeta diferencialmente contextos mais vulneráveis. Nossos dados apontam para um profundo impacto das comorbidades prévias e das desigualdades socioeconômicas nos desfechos das internações pediátricas por COVID-19 no Brasil, reforçando a necessidade de priorização dos grupos de risco nas políticas públicas de prevenção e combate à doençaIn late 2019 the world witnessed the rising of a new respiratory disease, COVID-19, caused by the SARS-CoV-2 virus. The disease spread quickly and gained pandemic status, causing thousands of deaths, mainly among the elderly and in patients with previous comorbidities. In addition to the health impact, the pandemic led to a major economic recession, widening the gap between rich and poor. Fortunately, children and adolescents are less affected by the virus, and they are usually asymptomatic or develop mild symptoms. However, they are not invulnerable, especially those with previous comorbidities or at social risk. We studied 19,642 children and adolescents hospitalized for COVID-19 in Brazil using data from the Ministry of Health (SIVEPGripe) up to December 2021, to characterize the disease and identify clinical and sociodemographic risk factors for hospitalization in intensive care units, invasive mechanical ventilation, and mortality. The clinical presentation of the disease was nonspecific, with fever and cough being the most common symptoms. Almost all comorbidities were risk factors for the outcomes studied, except asthma, which was a protective factor in this population. Indigenous children and adolescents had a higher odds of invasive ventilation requirement and death when compared to white children and adolescents (OR 2.03 95%CI 1.19-3.47 and OR 4.33 95%CI 2.55-7,36 respectively). For pardos (mixed race), the odds of death were also higher (OR 1.45 95%CI 1.25-1.68). Likewise, children and adolescents from the Northern and Northeastern regions, and those who lived in less socioeconomically developed cities also died more (OR 2.85 95%CI 2.14-3.79 for those in the Northern region; OR 3.01 95%CI 2.47 -3.66 for those in the Northeastern region; OR 0.33 95%CI 0.26- 0.42 for those living in more developed cities). We identified that healthy children die proportionately more in unfavorable socioeconomic contexts or among ethnic minorities. In addition, we studied missing data in the SIVEP-Gripe database, concluding that missingness differentially affects more vulnerable contexts. Our data reveal a major impact of previous comorbidities and socioeconomic inequalities on the outcomes of hospitalized COVID-19 children and adolescents in Brazil. This express the need for risk group prioritization in the public policies to prevent and combat the diseaseBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPFerraro, Alexandre ArchanjoSousa, Braian Lucas Aguiar2022-06-28info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5141/tde-23092022-125630/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2022-10-27T12:55:26Zoai:teses.usp.br:tde-23092022-125630Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212022-10-27T12:55:26Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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