Tabulae scriptae: a metalinguagem e as trajetórias de Henri Pousseur e Willy Corrêa de Oliveira
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2012 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27157/tde-08032013-111741/ |
Resumo: | Em meio aos debates (tão profícuos e numerosos quanto beligerantes) sobre os rumos da composição musical em meados do século XX, o questionamento sobre a natureza da relação a ser estabelecida com o passado (com a história da música) foi um tema privilegiado. Desde então sua pertinência crescente, na atrofia de uma prática social (e de uma linguagem comumente compartilhada) na música erudita, faz com que esse debate transcenda o contexto inicial da música de vanguarda das décadas de 1950 e 1960 e possa ser visto como um problema de base para a criação musical em nosso tempo. No enfrentamento em larga escala dessas questões, destacam-se as trajetórias de dois compositores, tanto em seu pensamento como em sua obra musical: Henri Pousseur (1929- 2009) e Willy Corrêa de Oliveira (nascido em 1938). A premissa dessa discussão, a saber, a oposição à tabula rasa da arte do passado (simbolizada aqui pela imagem das \"tábuas\" que não foram privadas de suas inscrições, \"tabulae scriptae\"), é enfrentada inicialmente pela contextualização das discussões sobre a abordagem da música erudita como linguagem em meados do século XX (e em torno da música contemporânea), para em seguida expandirmos esse universo com apontamentos de uma interpretação semiótica dessa linguagem e de sua relação com o modo de produção capitalista. Pousseur e Willy chegam paralelamente a conclusões similares, na apreciação da situação crítica da música contemporânea na sociedade atual como decorrente de uma crise generalizada das relações humanas, o que conduz a uma situação metalingüística: na ausência de uma linguagem comum, funcional, universalizante, a atividade do compositor se volta para a reflexão sobre a própria linguagem, no questionamento das premissas do processo de criação. As obras de Willy e Pousseur, de maneiras distintas (e autônomas, desenrolando-se paralelamente), registram um reflexo desse pensamento no recurso constante às mais diversas formas de operação metalingüística direta, na recuperação de materiais e procedimentos do passado (sob novas roupagens) na composição musical. Em capítulos separados, sucessivos, propomos uma apreciação panorâmica de cada uma dessas trajetórias para apontar a pertinência da operação metalingüística em suas obras de maneira geral, detalhando-a eventualmente em análises de algumas obras-chave. Antes de refletir sobre os pontos em comum e as diferenças mais marcantes entre essas duas trajetórias, insere-se ainda um testemunho de uma adesão a suas propostas, com a análise de composições de minha própria autoria |
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Tabulae scriptae: a metalinguagem e as trajetórias de Henri Pousseur e Willy Corrêa de OliveiraTabulae scriptae: metalanguage and the paths of Henri Pousseur and Willy Corrêa de OliveiraHenri PousseurHenri PousseurmetalanguagemetalinguagemMúsica do século XXTwentieth-century musicWilly Corrêa de OliveiraWilly Corrêa de OliveiraEm meio aos debates (tão profícuos e numerosos quanto beligerantes) sobre os rumos da composição musical em meados do século XX, o questionamento sobre a natureza da relação a ser estabelecida com o passado (com a história da música) foi um tema privilegiado. Desde então sua pertinência crescente, na atrofia de uma prática social (e de uma linguagem comumente compartilhada) na música erudita, faz com que esse debate transcenda o contexto inicial da música de vanguarda das décadas de 1950 e 1960 e possa ser visto como um problema de base para a criação musical em nosso tempo. No enfrentamento em larga escala dessas questões, destacam-se as trajetórias de dois compositores, tanto em seu pensamento como em sua obra musical: Henri Pousseur (1929- 2009) e Willy Corrêa de Oliveira (nascido em 1938). A premissa dessa discussão, a saber, a oposição à tabula rasa da arte do passado (simbolizada aqui pela imagem das \"tábuas\" que não foram privadas de suas inscrições, \"tabulae scriptae\"), é enfrentada inicialmente pela contextualização das discussões sobre a abordagem da música erudita como linguagem em meados do século XX (e em torno da música contemporânea), para em seguida expandirmos esse universo com apontamentos de uma interpretação semiótica dessa linguagem e de sua relação com o modo de produção capitalista. Pousseur e Willy chegam paralelamente a conclusões similares, na apreciação da situação crítica da música contemporânea na sociedade atual como decorrente de uma crise generalizada das relações humanas, o que conduz a uma situação metalingüística: na ausência de uma linguagem comum, funcional, universalizante, a atividade do compositor se volta para a reflexão sobre a própria linguagem, no questionamento das premissas do processo de criação. As obras de Willy e Pousseur, de maneiras distintas (e autônomas, desenrolando-se paralelamente), registram um reflexo desse pensamento no recurso constante às mais diversas formas de operação metalingüística direta, na recuperação de materiais e procedimentos do passado (sob novas roupagens) na composição musical. Em capítulos separados, sucessivos, propomos uma apreciação panorâmica de cada uma dessas trajetórias para apontar a pertinência da operação metalingüística em suas obras de maneira geral, detalhando-a eventualmente em análises de algumas obras-chave. Antes de refletir sobre os pontos em comum e as diferenças mais marcantes entre essas duas trajetórias, insere-se ainda um testemunho de uma adesão a suas propostas, com a análise de composições de minha própria autoriaAmong the debates (that were as useful and plentiful as they were belligerent) about the paths of musical composition in the middle of the 20th century, the question of which kind of relation was to be established with the past (with the history of music) was a favoured one. Since then its growing pertinence, alongside the atrophy of common practice (and of a thoroughly shared musical language) in contemporary music, makes this discussion surmount its original context (within avantgarde music of the 1950s and 60s) and become a fundamental problem for the creation of music in our time. In the large-scale confrontation of these questions, the paths of two composers stand out, in their musical thought inasmuch as in their compositions: Henri Pousseur (1929-2009) and Willy Corrêa de Oliveira (born in 1938). The premise of this discussion, the denial of the tabula rasa of the art of the past (represented here by the image of the \"table\" whose writings haven\'t been erased, \"tabulae scriptae\"), is faced with the contextualization of the debates on music as language in the middle of the 20th century (and around the contemporary music medium). This context is expanded pointing out to semiotics and to the relations of musical language and capitalist means of production. Henri Pousseur and Willy Oliveira come to the similar conclusions, approaching the critical situation of contemporary music in hodiernal society as a result of a generalized crisis on human relations. This leads to a consideration of the present state of musical practice as a metalanguage: in the absence of a common universal language, the composer\'s work turns to the reflexion on language itself and on the nature of the creative process. The musical works of Willy Corrêa and Henri Pousseur (independently, and in different ways) show a reflex of this thought in the frequent use of various kinds of metalinguistic procedures in composition, in their recuperation of materials and procedures of the past (in new treatments). In separate chapters, we propose a panoramic view of each of their musical paths, approaching their use of metalinguistics in their works in general, and also analyzing some of their compositions in detail. Before discussing the common points and the striking differences between their paths, one more chapter includes a testimony of an adherence to these principles, with analysis of musical compositions of my own.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPToni, Flávia CamargoBonis, Maurício Funcia de2012-04-27info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27157/tde-08032013-111741/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:35Zoai:teses.usp.br:tde-08032013-111741Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:35Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Em meio aos debates (tão profícuos e numerosos quanto beligerantes) sobre os rumos da composição musical em meados do século XX, o questionamento sobre a natureza da relação a ser estabelecida com o passado (com a história da música) foi um tema privilegiado. Desde então sua pertinência crescente, na atrofia de uma prática social (e de uma linguagem comumente compartilhada) na música erudita, faz com que esse debate transcenda o contexto inicial da música de vanguarda das décadas de 1950 e 1960 e possa ser visto como um problema de base para a criação musical em nosso tempo. No enfrentamento em larga escala dessas questões, destacam-se as trajetórias de dois compositores, tanto em seu pensamento como em sua obra musical: Henri Pousseur (1929- 2009) e Willy Corrêa de Oliveira (nascido em 1938). A premissa dessa discussão, a saber, a oposição à tabula rasa da arte do passado (simbolizada aqui pela imagem das \"tábuas\" que não foram privadas de suas inscrições, \"tabulae scriptae\"), é enfrentada inicialmente pela contextualização das discussões sobre a abordagem da música erudita como linguagem em meados do século XX (e em torno da música contemporânea), para em seguida expandirmos esse universo com apontamentos de uma interpretação semiótica dessa linguagem e de sua relação com o modo de produção capitalista. Pousseur e Willy chegam paralelamente a conclusões similares, na apreciação da situação crítica da música contemporânea na sociedade atual como decorrente de uma crise generalizada das relações humanas, o que conduz a uma situação metalingüística: na ausência de uma linguagem comum, funcional, universalizante, a atividade do compositor se volta para a reflexão sobre a própria linguagem, no questionamento das premissas do processo de criação. As obras de Willy e Pousseur, de maneiras distintas (e autônomas, desenrolando-se paralelamente), registram um reflexo desse pensamento no recurso constante às mais diversas formas de operação metalingüística direta, na recuperação de materiais e procedimentos do passado (sob novas roupagens) na composição musical. Em capítulos separados, sucessivos, propomos uma apreciação panorâmica de cada uma dessas trajetórias para apontar a pertinência da operação metalingüística em suas obras de maneira geral, detalhando-a eventualmente em análises de algumas obras-chave. Antes de refletir sobre os pontos em comum e as diferenças mais marcantes entre essas duas trajetórias, insere-se ainda um testemunho de uma adesão a suas propostas, com a análise de composições de minha própria autoria |
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