Vulnerabilidade ao HIV entre parcerias afetivo-sexuais estáveis sorodiferentes: Desafios para o cuidado em saúde
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-19032019-183229/ |
Resumo: | Apesar da infecção pelo HIV/aids permanecer até a atualidade como uma doença incurável, os avanços científicos referentes ao tratamento medicamentoso possibilitaram atenuar o processo de adoecimento, reduzir a morbimortalidade e melhorar a qualidade e expectativa de vida das pessoas infectadas pelo vírus. Essas mudanças tornaram possível a reconstrução e/ou a manutenção de projetos de vida incluindo o estabelecimento e a manutenção dos relacionamentos afetivo-sexuais com pessoas com sorologias distintas, quando um é infectado pelo HIV/aids e o outro não, chamados de sorodiferentes. Assim, esse estudo teve como objetivo analisar a vulnerabilidade à transmissão sexual do HIV de parcerias afetivo-sexuais estáveis, heterossexuais e homossexuais, sorodiferentes. Trata-se de um estudo transversal, descritivo, com abordagem qualitativa, realizado no município de Ribeirão Preto-SP em dois serviços especializados no atendimento em HIV/aids (SAE). Adotou-se como referencial teórico conceitual a Vulnerabilidade (AYRES, 2003), operacional os marcadores de vulnerabilidade proposto por Takahashi (2006). Os dados foram coletados, no período de setembro de 2017 a março de 2018, por meio de entrevista individual com os participantes, utilizando um questionário semiestruturado para as variáveis sociodemográficas e clínicas e um roteiro temático com questões norteadoras sobre aspectos relacionadas ao comportamento afetivo-sexual e preventivo. As entrevistas foram transcritas na íntegra e organizadas seguindo as etapas: pré-análise; exploração do material e tratamento dos resultados, inferência e interpretação segundo a Análise de Conteúdo (BARDIN, 2009). O projeto foi aprovado pelo Comitê de ética em pesquisa e todos os preceitos éticos foram resguardados. Participaram da pesquisa 21 pessoas vivendo com HIV/aids que mantinham relação afetivo-sexual com parceria sorodiferente. Os resultados da análise dos discursos, a partir do material transcrito das gravações, indicam questões importantes relacionadas as três dimensões da vulnerabilidade: individual, social e programática. Referente aos marcadores de vulnerabilidade na dimensão individual podemos destacar os conhecimentos incorretos ou insuficientes sobre novos métodos preventivos, entre os quais PEP, PrEP e uso do tratamento como prevenção, desconhecimento sobre a lógica da prevenção combinada, uso inconsistente do preservativo masculino, ter parceiros casuais além do fixo/principal, uso de álcool e outras drogas antes da relação sexual. Na dimensão social verificou-se desigualdades de gênero que coloca a mulher em desvantagem na negociação de estratégias de prevenção, estigma e preconceito relacionados ao viver com HIV, dificultando a revelação da soropositividade à parceria sexual e a construção social da masculinidade em detrimento ao cuidado com a saúde do homem. Referente aos marcadores na dimensão programática observou-se ausência de protocolo para acompanhamento da parceria soronegativa, pouca visibilidade das parcerias sorodiferentes, déficit nas ações de orientação sobre novas tecnologias de prevenção da transmissão sexual do HIV, centralização do uso do preservativo, baixa testagem para o HIV pela parceria sorodiferente, suporte insuficiente de planejamento familiar, baixa oferta de atividades de educação em saúde. Estes resultados reforçam a necessidade da inclusão do parceiro HIV-negativo na dinâmica dos serviços de saúde, a importância de mudança no cuidado em saúde das pessoas que vivem e convivem com o vírus para a lógica de redução de riscos personalizada, que flexibilize as alternativas de prevenção e respeite as individualidades e dificuldades, compreendendo não só os aspectos clínicos/biológicos mas as percepções subjetivas de cada indivíduo |
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Vulnerabilidade ao HIV entre parcerias afetivo-sexuais estáveis sorodiferentes: Desafios para o cuidado em saúdeVulnerability to HIV among serodifferent couples: Challenges to healthcareHIV InfectionInfecção pelo HIVSerodiscordanceSorodiscordânciaVulnerabilidadeVulnerabilityApesar da infecção pelo HIV/aids permanecer até a atualidade como uma doença incurável, os avanços científicos referentes ao tratamento medicamentoso possibilitaram atenuar o processo de adoecimento, reduzir a morbimortalidade e melhorar a qualidade e expectativa de vida das pessoas infectadas pelo vírus. Essas mudanças tornaram possível a reconstrução e/ou a manutenção de projetos de vida incluindo o estabelecimento e a manutenção dos relacionamentos afetivo-sexuais com pessoas com sorologias distintas, quando um é infectado pelo HIV/aids e o outro não, chamados de sorodiferentes. Assim, esse estudo teve como objetivo analisar a vulnerabilidade à transmissão sexual do HIV de parcerias afetivo-sexuais estáveis, heterossexuais e homossexuais, sorodiferentes. Trata-se de um estudo transversal, descritivo, com abordagem qualitativa, realizado no município de Ribeirão Preto-SP em dois serviços especializados no atendimento em HIV/aids (SAE). Adotou-se como referencial teórico conceitual a Vulnerabilidade (AYRES, 2003), operacional os marcadores de vulnerabilidade proposto por Takahashi (2006). Os dados foram coletados, no período de setembro de 2017 a março de 2018, por meio de entrevista individual com os participantes, utilizando um questionário semiestruturado para as variáveis sociodemográficas e clínicas e um roteiro temático com questões norteadoras sobre aspectos relacionadas ao comportamento afetivo-sexual e preventivo. As entrevistas foram transcritas na íntegra e organizadas seguindo as etapas: pré-análise; exploração do material e tratamento dos resultados, inferência e interpretação segundo a Análise de Conteúdo (BARDIN, 2009). O projeto foi aprovado pelo Comitê de ética em pesquisa e todos os preceitos éticos foram resguardados. Participaram da pesquisa 21 pessoas vivendo com HIV/aids que mantinham relação afetivo-sexual com parceria sorodiferente. Os resultados da análise dos discursos, a partir do material transcrito das gravações, indicam questões importantes relacionadas as três dimensões da vulnerabilidade: individual, social e programática. Referente aos marcadores de vulnerabilidade na dimensão individual podemos destacar os conhecimentos incorretos ou insuficientes sobre novos métodos preventivos, entre os quais PEP, PrEP e uso do tratamento como prevenção, desconhecimento sobre a lógica da prevenção combinada, uso inconsistente do preservativo masculino, ter parceiros casuais além do fixo/principal, uso de álcool e outras drogas antes da relação sexual. Na dimensão social verificou-se desigualdades de gênero que coloca a mulher em desvantagem na negociação de estratégias de prevenção, estigma e preconceito relacionados ao viver com HIV, dificultando a revelação da soropositividade à parceria sexual e a construção social da masculinidade em detrimento ao cuidado com a saúde do homem. Referente aos marcadores na dimensão programática observou-se ausência de protocolo para acompanhamento da parceria soronegativa, pouca visibilidade das parcerias sorodiferentes, déficit nas ações de orientação sobre novas tecnologias de prevenção da transmissão sexual do HIV, centralização do uso do preservativo, baixa testagem para o HIV pela parceria sorodiferente, suporte insuficiente de planejamento familiar, baixa oferta de atividades de educação em saúde. Estes resultados reforçam a necessidade da inclusão do parceiro HIV-negativo na dinâmica dos serviços de saúde, a importância de mudança no cuidado em saúde das pessoas que vivem e convivem com o vírus para a lógica de redução de riscos personalizada, que flexibilize as alternativas de prevenção e respeite as individualidades e dificuldades, compreendendo não só os aspectos clínicos/biológicos mas as percepções subjetivas de cada indivíduoAlthough HIV/aids infection remains an incurable disease, scientific advances regarding medical treatment have mitigated the process of illness, decreased morbidity and mortality, and improved quality and expectancy of life for people infected with the virus. These changes yielded reconstructing and/or maintaining life projects possible, including establishment and maintenance of affective-sexual relations among people with distinct serological profiles, one infected individual and one healthy individual, which are called serodifferent. Therefore, the aim of the study was to analyze vulnerability to HIV transmission among stable, heterosexual and homosexual affective-sexual serodifferent partners. For this purpose, we used a transversal study with qualitative approach, performed at two practices of Ribeirão Preto-SP specialized in HIV/aids (SAE). The theoretical reference comprised Vulnerability (AYRES, 2003) and markers of vulnerability according to Takahashi (2006). Data was collected from September 2017 to March 2018 through individual interviewing of participants, using a semistructured questionnaire for sociodemographic and clinical variables, and a themed script with guiding questions regarding affective-sexual and preventive behavior. Interviews were fully transcribed and organized following a series of steps: preanalysis, data exploration and treatment of results, inference and interpretation, according to Content Analysis (BARDIN, 2009). The study was approved by the Ethics Committee and every ethical precept was protected. Twenty-one people living with HIV/aids and having affectivesexual relations with serodifferent partners were enrolled in the study. The results of speech analysis obtained from transcribed data of recordings indicate important matters related to three dimensions of vulnerability: individual, social and programmatic. Markers of vulnerability from the individual dimension comprised incorrect or insufficient knowledge regarding novel preventive methods, among which PEP, PrEP, use of treatment as prevention, unfamiliarity with combined prevention, inconsistent use of male preservatives, maintaining casual partners besides the main/steady partner, alcohol and drug use before sexual relations were observed. Social dimension analyses showed inequalities of gender which render women in disadvantage when negotiating prevention strategies, stigmas and prejudgment related to life with HIV, which make seropositivity revelation difficult among partners, and the social construction of masculinity over healthcare among men. Programmatic markers showed absence of a protocol for seronegative follow-up, little visibility of serodifferent partnerships, shortage of actions and orientation regarding new technologies for preventing sexual HIV transmission, centralization of preservative use, low testing for HIV among serodifferent partners, insufficient support and planning from families, and lack of activities for education on healthcare. These results reinforce the need for including HIV-negative partners in the dynamics of healthcare and the importance of changing health services for people living with the virus with regard to individualized lowering of risks, in order to improve alternatives for prevention and respect individuality and difficulties, understanding not only clinical/biological aspects of each individual, but also their subjective perceptionsBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPReis, Renata KarinaArgolo, Jamille Guedes Malta2018-10-26info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-19032019-183229/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-04-10T00:06:19Zoai:teses.usp.br:tde-19032019-183229Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-04-10T00:06:19Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Apesar da infecção pelo HIV/aids permanecer até a atualidade como uma doença incurável, os avanços científicos referentes ao tratamento medicamentoso possibilitaram atenuar o processo de adoecimento, reduzir a morbimortalidade e melhorar a qualidade e expectativa de vida das pessoas infectadas pelo vírus. Essas mudanças tornaram possível a reconstrução e/ou a manutenção de projetos de vida incluindo o estabelecimento e a manutenção dos relacionamentos afetivo-sexuais com pessoas com sorologias distintas, quando um é infectado pelo HIV/aids e o outro não, chamados de sorodiferentes. Assim, esse estudo teve como objetivo analisar a vulnerabilidade à transmissão sexual do HIV de parcerias afetivo-sexuais estáveis, heterossexuais e homossexuais, sorodiferentes. Trata-se de um estudo transversal, descritivo, com abordagem qualitativa, realizado no município de Ribeirão Preto-SP em dois serviços especializados no atendimento em HIV/aids (SAE). Adotou-se como referencial teórico conceitual a Vulnerabilidade (AYRES, 2003), operacional os marcadores de vulnerabilidade proposto por Takahashi (2006). Os dados foram coletados, no período de setembro de 2017 a março de 2018, por meio de entrevista individual com os participantes, utilizando um questionário semiestruturado para as variáveis sociodemográficas e clínicas e um roteiro temático com questões norteadoras sobre aspectos relacionadas ao comportamento afetivo-sexual e preventivo. As entrevistas foram transcritas na íntegra e organizadas seguindo as etapas: pré-análise; exploração do material e tratamento dos resultados, inferência e interpretação segundo a Análise de Conteúdo (BARDIN, 2009). O projeto foi aprovado pelo Comitê de ética em pesquisa e todos os preceitos éticos foram resguardados. Participaram da pesquisa 21 pessoas vivendo com HIV/aids que mantinham relação afetivo-sexual com parceria sorodiferente. Os resultados da análise dos discursos, a partir do material transcrito das gravações, indicam questões importantes relacionadas as três dimensões da vulnerabilidade: individual, social e programática. Referente aos marcadores de vulnerabilidade na dimensão individual podemos destacar os conhecimentos incorretos ou insuficientes sobre novos métodos preventivos, entre os quais PEP, PrEP e uso do tratamento como prevenção, desconhecimento sobre a lógica da prevenção combinada, uso inconsistente do preservativo masculino, ter parceiros casuais além do fixo/principal, uso de álcool e outras drogas antes da relação sexual. Na dimensão social verificou-se desigualdades de gênero que coloca a mulher em desvantagem na negociação de estratégias de prevenção, estigma e preconceito relacionados ao viver com HIV, dificultando a revelação da soropositividade à parceria sexual e a construção social da masculinidade em detrimento ao cuidado com a saúde do homem. Referente aos marcadores na dimensão programática observou-se ausência de protocolo para acompanhamento da parceria soronegativa, pouca visibilidade das parcerias sorodiferentes, déficit nas ações de orientação sobre novas tecnologias de prevenção da transmissão sexual do HIV, centralização do uso do preservativo, baixa testagem para o HIV pela parceria sorodiferente, suporte insuficiente de planejamento familiar, baixa oferta de atividades de educação em saúde. Estes resultados reforçam a necessidade da inclusão do parceiro HIV-negativo na dinâmica dos serviços de saúde, a importância de mudança no cuidado em saúde das pessoas que vivem e convivem com o vírus para a lógica de redução de riscos personalizada, que flexibilize as alternativas de prevenção e respeite as individualidades e dificuldades, compreendendo não só os aspectos clínicos/biológicos mas as percepções subjetivas de cada indivíduo |
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