Impacto do estresse crônico imprevisível sobre o eixo HPA e o comportamento do tipo ansioso em camundongos enriquecidos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Ariádne Elisa Belo da
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42136/tde-30092020-100538/
Resumo: O termo ansiedade é conceitualmente empregado a fim de definir o estado de alerta de um indivíduo frente à iminência de um determinado perigo, tratando-se, portanto, de um estado emocional de grande valor adaptativo e evolutivo, essencial para à sobrevivência. Contudo, quando o indivíduo apresenta estado ansioso persistente, além de períodos apropriados ao nível de desenvolvimento, isto pode evidenciar uma ansiedade não mais como circunstância adaptativa, e sim como transtorno psiquiátrico. Apesar de não haver uma causa clara para o desencadeamento deste transtorno, a etiologia da ansiedade inclui a associação de uma predisposição genética e fatores psicossociais tais como estresse. Regiões encefálicas como o córtex pré-frontal (CPF) e o hipocampo são essenciais na resposta ao estresse devido sua neuromodulação sobre o eixo HPA, que é o centro de controle de resposta ao estresse. Alterações no eixo HPA têm sido associadas ao desencadeamento da ansiedade. Frente a isso, modelos animais que estudam o circuito do estresse têm sido explorados a fim de correlacionar o comportamento de roedores aos processos neurais humanos. Nesta pesquisa, o modelo utilizado foi o estresse crônico imprevisível (EI), que promove estímulos estressores moderados a intensos. O enriquecimento ambiental (EA), por sua vez, é um paradigma que fornece ao animal estímulos variados e é capaz de reduzir sintomas de ansiedade e depressão. Neste projeto, o EA foi empregado com a proposta de avaliar os efeitos que esse ambiente produz diante da exposição ao EI no comportamento do tipo ansioso. Objetivo Investigar o papel do eixo HPA na modulação do comportamento tipo ansioso após EI em animais expostos ao EA. Metodologia Os camundongos foram submetidos ao EA e, posteriormente, expostos ao modelo de EI. O papel do eixo HPA foi investigado pela inibição farmacológica por Metirapona (MET), que foi administrada via i.p 30 minutos antes de cada estresse. O comportamento tipo ansioso foi então avaliado pelo labirinto em cruz elevado (LCE). As concentrações plasmáticas de corticosterona (CORT) e do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) foram avaliadas. Resultados O EA, quando associado ao EI, favoreceu um fenótipo do tipo ansioso, prevenido quando houve a sobreposição das três variáveis, que promoveu um efeito ansiolítico. Esse efeito ansiolítico do EA-EI-MET foi acompanhado por um aumento de CORT. Ao que parece, a MET agiu como um agente protetor frente à ansiedade desencadeada pelo estresse nos animais previamente enriquecidos, anulando o agente perturbador (estresse). Os animais EA submetidos ao EI apresentaram um aumento de ACTH plasmático, inibido pela MET. Alterações do eixo HPA induzidas pela administração crônica de MET revelaram um aumento de CORT plasmática inversamente proporcional ao comportamento tipo ansioso, de forma que maiores concentrações de CORT circulantes reverteram o estado ansiogênico. Quanto à expressão de receptores glicocorticoides (GR), o EA reduziu a expressão de GR hipocampal e aumentou no CPF. Conclusão O EA não exerceu efeito protetor frente ao EI, e sim intensificou o limiar de estresse, resultando em comportamento ansioso. Contudo, a administração crônica de MET promoveu alterações no eixo HPA e inibiu o comportamento ansioso induzido por EA + EI, às custas de um aumento nas concentrações de corticosterona plasmática.
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Apesar de não haver uma causa clara para o desencadeamento deste transtorno, a etiologia da ansiedade inclui a associação de uma predisposição genética e fatores psicossociais tais como estresse. Regiões encefálicas como o córtex pré-frontal (CPF) e o hipocampo são essenciais na resposta ao estresse devido sua neuromodulação sobre o eixo HPA, que é o centro de controle de resposta ao estresse. Alterações no eixo HPA têm sido associadas ao desencadeamento da ansiedade. Frente a isso, modelos animais que estudam o circuito do estresse têm sido explorados a fim de correlacionar o comportamento de roedores aos processos neurais humanos. Nesta pesquisa, o modelo utilizado foi o estresse crônico imprevisível (EI), que promove estímulos estressores moderados a intensos. O enriquecimento ambiental (EA), por sua vez, é um paradigma que fornece ao animal estímulos variados e é capaz de reduzir sintomas de ansiedade e depressão. Neste projeto, o EA foi empregado com a proposta de avaliar os efeitos que esse ambiente produz diante da exposição ao EI no comportamento do tipo ansioso. Objetivo Investigar o papel do eixo HPA na modulação do comportamento tipo ansioso após EI em animais expostos ao EA. Metodologia Os camundongos foram submetidos ao EA e, posteriormente, expostos ao modelo de EI. O papel do eixo HPA foi investigado pela inibição farmacológica por Metirapona (MET), que foi administrada via i.p 30 minutos antes de cada estresse. O comportamento tipo ansioso foi então avaliado pelo labirinto em cruz elevado (LCE). As concentrações plasmáticas de corticosterona (CORT) e do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) foram avaliadas. Resultados O EA, quando associado ao EI, favoreceu um fenótipo do tipo ansioso, prevenido quando houve a sobreposição das três variáveis, que promoveu um efeito ansiolítico. Esse efeito ansiolítico do EA-EI-MET foi acompanhado por um aumento de CORT. 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Contudo, a administração crônica de MET promoveu alterações no eixo HPA e inibiu o comportamento ansioso induzido por EA + EI, às custas de um aumento nas concentrações de corticosterona plasmática.Introduction The term anxiety is conceptually used in order to define the alertness of an individual in face of the imminence of a certain danger, being, therefore, an emotional state of great adaptive and evolutionary value, essential for survival. However, when the individual presents a persistent anxious state, in addition to periods appropriate to the level of development, this may show anxiety no longer as an adaptive circumstance, but as a psychiatric disorder. Although there is no clear cause for the onset of this disorder, the etiology of anxiety includes the association of a genetic predisposition and psychosocial factors such as stress. Brain regions such as the prefrontal cortex (PFC) and the hippocampus are essential in the response to stress due to their neuromodulation on the HPA axis, which is the control center for the response to stress. Changes in the HPA axis have been associated with the onset of anxiety. In view of this, animal models that study the stress circuit have been explored in order to correlate rodent behavior to human neural processes. In this research, the model used was chronic unpredictable stress (CUS), which promotes moderate to intense stressful stimuli. Environmental enrichment (EE), in the other hand, is a paradigm that provides the animal with varied stimuli and is capable of reducing symptoms of anxiety and depression. In this project, the EE was employed with the purpose of evaluating the effects that this environment produces in the face of exposure to CUS on the anxious behavior. Aim Investigate the role of the HPA axis in the modulation of anxious behavior after CUS in animals exposed to EE. Methodology The mice were submitted to EE and, subsequently, exposed to the CUS protocol. The role of the HPA axis was investigated by pharmacological inhibition by Metyrapone (MET), which was administered via i.p 30 minutes before each stress. Anxious behavior was then assessed using the elevated plus maze (EPM). Plasma concentrations of corticosterone (CORT) and adrenocorticotrophic hormone (ACTH) were assessed. Results EE, when associated with CUS, favored an anxious phenotype, prevented when there was an overlap of the three variables, which promoted an anxiolytic effect. This anxiolytic effect of EE-CUS-MET was accompanied by an increase in CORT. Apparently, MET acted as a protective agent against anxiety triggered by stress in animals previously enriched, canceling out the disturbing agent (stress). EE animals submitted to CUS showed an increase in plasma ACTH, inhibited by MET. Changes in the HPA axis induced by chronic administration of MET revealed an increase in plasma CORT inversely proportional to anxious behavior, so that higher concentrations of circulating CORT reversed the anxiogenic state. As for the expression of glucocorticoid receptors (GR), EE reduced the expression of hippocampal GR and increased in CPF. Conclusion EE did not have a protective effect against CUS, but intensified the stress threshold, resulting in anxious behavior. However, chronic administration of MET promoted changes in the HPA axis and inhibited anxious behavior induced by EE + CUS, at the expense of an increase in plasma corticosterone concentrations.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMunhoz, Carolina DemarchiSilva, Ariádne Elisa Belo da2020-06-30info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42136/tde-30092020-100538/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-09-03T13:28:41Zoai:teses.usp.br:tde-30092020-100538Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-09-03T13:28:41Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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