Guerra de Massangano: Luísa de Goengue e o Bonga - interações sociais e poder feminino no vale do Zambeze (1867-1889)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nepomuceno, Iamara de Almeida
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-11122019-172835/
Resumo: Na segunda metade do século XIX, a família Cruz, de origem afroportuguesa, com acesso a vastos territórios de terra, denominados prazos, foi um dos grandes empecilhos para a efetivação colonial portuguesa na região de Moçambique (atual). Neste sentido, para nossa análise histórica, estabelecemos como recorte espaço-temporal o início da guerra ao Bonga, senhor do prazo de Massangano e, por fim, o período da prisão, em 1889, de sua irmã Dona Luísa do prazo do Goengue, acusada de traição pelo governador geral de Moçambique, o Augusto de Castilho. Para estabelecer a discussão sobre o Bonga, Luísa e a guerra, utilizamos como fonte os relatórios de guerra, ofícios, cartas, notícias de jornais e ainda, os relatos produzidos por viajantes que participaram da expedição luso-francesa comandada pelo oficial militar português Joaquim Carlos Paiva de Andrada durante sua viagem ao vale do Zambeze. Esta expedição mineralógica percorreu os territórios dos prazos partindo de Quelimane indo ao caminho de Tete até o Zumbo, entre os anos de 1881 e 1882 e, passando alguns nos prazos de Massangano e Goengue. Acompanharam esta expedição 12 especialistas com o objetivo de fazer a prospecção do solo e encontrar depósito de minerais, especialmente, jazidas de carvão, ouro e prata. Por intermédio de concepções e métodos advindos de uma produção recente da História Social, da História das mulheres e do movimento feminista africano, abordamos as relações de poder manifestadas pela família Cruz, e demonstramos que vários de seus membros reivindicaram a soberania política dentro de seus prazos, outros se declararam antiportugueses opondo-se a qualquer tipo de ingerência lusitana. Diante disto, nos interessou observar as múltiplas formas de fazer política, hierarquias sociais, relações de parentesco e a atuação de Dona Luísa do Goengue. Além disso, ao refletirmos sobre o papel social exercido por esta mulher, discutimos os estereótipos e mitos construídos como representativos de sua personalidade, procuramos ir além das ambiguidades atribuídas a ela e, problematizar seu lugar social no quadro sociopolítico da Zambézia.
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Para estabelecer a discussão sobre o Bonga, Luísa e a guerra, utilizamos como fonte os relatórios de guerra, ofícios, cartas, notícias de jornais e ainda, os relatos produzidos por viajantes que participaram da expedição luso-francesa comandada pelo oficial militar português Joaquim Carlos Paiva de Andrada durante sua viagem ao vale do Zambeze. Esta expedição mineralógica percorreu os territórios dos prazos partindo de Quelimane indo ao caminho de Tete até o Zumbo, entre os anos de 1881 e 1882 e, passando alguns nos prazos de Massangano e Goengue. Acompanharam esta expedição 12 especialistas com o objetivo de fazer a prospecção do solo e encontrar depósito de minerais, especialmente, jazidas de carvão, ouro e prata. Por intermédio de concepções e métodos advindos de uma produção recente da História Social, da História das mulheres e do movimento feminista africano, abordamos as relações de poder manifestadas pela família Cruz, e demonstramos que vários de seus membros reivindicaram a soberania política dentro de seus prazos, outros se declararam antiportugueses opondo-se a qualquer tipo de ingerência lusitana. Diante disto, nos interessou observar as múltiplas formas de fazer política, hierarquias sociais, relações de parentesco e a atuação de Dona Luísa do Goengue. Além disso, ao refletirmos sobre o papel social exercido por esta mulher, discutimos os estereótipos e mitos construídos como representativos de sua personalidade, procuramos ir além das ambiguidades atribuídas a ela e, problematizar seu lugar social no quadro sociopolítico da Zambézia.In the second half of the nineteenth century, the Cruz family, of Afro-Portuguese origin, with access to vast territories of land, named as lockings, was one of the major obstacles to the Portuguese colonial settlement in the (present) region of Mozambique. In this regard, for our historical analysis, we established as a spatiotemporal session the beginning of the war with Bonga, lord of the Massangano locking and, finally, the imprisonment in 1889 of his sister Dona Luísa of the Goengue locking, accused of treachery by the governor-general of Mozambique, Augusto de Castilho. In order to establish the discussion about Bonga, Luisa and the war, we have used as a source of information the reports of war, crafts, letters, news of newspapers and even, the reports produced by travelers who participated in the Portuguese-French expedition led by the Portuguese military officer Joaquim Carlos Paiva de Andrada during his trip to the Zambezi Valley. This mineralogical expedition toured the territories of the lockings from Quelimane on the way from Tete to the Zumbo, between the years 1881 and 1882 as well as through the Massangano and Goengue lockings. Accompanied this expedition 12 specialists so as to prospect the soil and find deposits of minerals, especially coal, gold and silver seams. Through conceptions and methods derived from a recent production of Social History, Women\'s History, and the African feminist movement, we approach the power relations manifested by the Cruz family, and demonstrate that several of its members have claimed political sovereignty within their lockings, others declared themselves anti-Portuguese opposed to any kind of Lusitanian interference. Given, we were interested in observing the multiple ways of doing politics, social hierarchies, kinship relations and the performance of Dona Luísa do Goengue. Moreover, by reflecting on the social role played by this woman, we discuss the stereotypes and myths constructed as representative of her personality, we seek to go beyond the ambiguities attributed to her and to problematize her social position in the socio-political framework of Zambezia.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPWissenbach, Maria Cristina CortezNepomuceno, Iamara de Almeida2019-10-07info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-11122019-172835/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-12-11T22:33:02Zoai:teses.usp.br:tde-11122019-172835Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-12-11T22:33:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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