Modernização, distribuição da renda e pobreza na agricultura brasileira, 1975, 1980 e 1985

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Figueiredo, Nelly Maria Sansígolo de
Data de Publicação: 1996
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-20231122-093336/
Resumo: Este estudo analisa o processo de modernização agrícola nas Microrregiões Homogêneas e nas Unidades da Federação do Brasil no período de 1975 a 1985, procurando caracterizar as associações entre a modernização agrícola e as principais características da distribuição da renda da PEA agrícola, da distribuição da posse da terra, o emprego agrícola e a residência no meio rural. Tendo em vista que a modernização agrícola é um fenômeno que exige muitas variáveis para expressá-lo, primeiramente foram calculados índices de modernização para 299 Microrregiões do Nordeste, Sudeste, Sul, e para 21 Unidades da Federação, tendo como base de informações os Censos Agropecuários. Utilizou-se a Análise Fatorial, pelo método dos componentes principais, tendo-se obtido três fatores de modernização: “intensidade da exploração da terra”, “relação capital/trabalho” e “produção familiar”. Os resultados mostram o nível de modernização por Microrregião Homogênea e a dinâmica do processo entre 1975 e 1985, podendo-se verificar a distribuição espacial bastante desigual da modernização agrícola no Brasil, bem como a clara desaceleração do processo de modernização entre 1980 e 1985. Os resultados mostram também que a produção familiar modernizada se retraiu. Buscando caracterizar as associações entre modernização, renda média, desigualdade da distribuição da renda e pobreza nas Unidades da Federação, são ajustados diversos modelos de regressão, tendo como variáveis explicativas os fatores de modernização agrícola e, como variáveis dependentes, medidas da desigualdade da distribuição da renda e pobreza, calculadas a partir de dados individuais das PNAD de 1981 e 1985. Para estudar a relação entre modernização agrícola e as características da posse da terra são utilizados os fatores de modernização como variáveis explanatórias e dados sobre a distribuição dos estabelecimentos agropecuários segundo a área, constantes dos Censos Agropecuários de 1980 e 1985. Com base neles são calculadas a área média, a desigualdade da distribuição da posse da terra e o grau de minifundização, que é uma medida da participação dos estabelecimentos com menos de l O ha. Para estudar as relações entre a modernização, o emprego e a residência no meio rural são utilizadas informações sobre o número de pessoas ocupadas na agropecuária fornecidas pelos Censos Agropecuários de 1975, 1980 e 1985 e o número de residentes no meio rural em 1975, 1980 e 1985, obtidos a partir dos Censos Demográficos de 1970, 1980 e 1991. Observa-se que entre 1981 e 1985 ocorre aumento do grau de concentração da renda e da incidência de pobreza. A análise das relações entre a modernização agrícola e as principais características da distribuição da renda e da posse da terra mostra que a modernização contribui para elevar o rendimento médio e diminuir a pobreza absoluta. Por outro lado, a modernização agrícola no Brasil mostrou estar positivamente associada à desigualdade da distribuição dos rendimentos das pessoas ocupadas no setor. Deve-se mencionar, também, que a desigualdade da posse da terra e o grau de minifundização foram mais importantes para a determinação da pobreza na agropecuária dos Estados, no período estudado, do que a modernização: os efeitos da desigualdade da posse da terra e do grau de minifundização, que se associam positivamente à pobreza absoluta, foram mais importantes que o efeito benéfico da modernização, que diminui a pobreza na agropecuária. Entre 1980 e 1985 a área média dos estabelecimentos decresceu na maioria das Unidades da Federação, enquanto que a desigualdade da distribuição da posse da terra e a proporção de pequenas propriedades aumentaram. Estudando as relações entre a modernização da agricultura e as principais características da posse da terra verifica-se que níveis mais altos de intensidade da exploração da terra e de produção familiar estão associados a menores áreas médias dos estabelecimentos agropecuários. Por outro lado, quanto maior a relação capital/trabalho, maior a área média dos estabelecimentos. Constata-se também que quanto maiores os níveis da exploração da terra e da relação capital/trabalho, menor a desigualdade da posse da terra. O grau de minifundização mostrou estar positivamente associado à intensidade da exploração da terra e à presença da produção familiar moderna e negativamente associado à relação capital/trabalho. Com base na análise do comportamento do emprego e da residência no meio rural, é possível afirmar que os estados que se modernizaram mais rapidamente criaram menos postos de trabalho e tenderam a apresentar maior declínio da população residente no campo. Verificou-se que variações relativas à posse de terra, particularmente a desigualdade e o grau de minifundização, mostraram ter efeito mais forte sobre a ocupação do que a modernização agrícola. Quanto ao número de residentes na área rural verificou-se que, quanto menor a relação capital/trabalho e maior a produção familiar, maior o número de residentes no meio rural. Porém, também nesse caso, o efeito das variações relativas à desigualdade da posse da terra e grau de minifundização sobre o número de residentes foi mais forte do que a modernização agrícola.
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spelling Modernização, distribuição da renda e pobreza na agricultura brasileira, 1975, 1980 e 1985Modernization, income distribution and poverty in the brazilian agriculture, 1975, 1980 and 1985DISTRIBUIÇÃO DE RENDAECONOMIA AGRÍCOLAMODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURAPOBREZA RURALRENDA AGRÍCOLAEste estudo analisa o processo de modernização agrícola nas Microrregiões Homogêneas e nas Unidades da Federação do Brasil no período de 1975 a 1985, procurando caracterizar as associações entre a modernização agrícola e as principais características da distribuição da renda da PEA agrícola, da distribuição da posse da terra, o emprego agrícola e a residência no meio rural. Tendo em vista que a modernização agrícola é um fenômeno que exige muitas variáveis para expressá-lo, primeiramente foram calculados índices de modernização para 299 Microrregiões do Nordeste, Sudeste, Sul, e para 21 Unidades da Federação, tendo como base de informações os Censos Agropecuários. Utilizou-se a Análise Fatorial, pelo método dos componentes principais, tendo-se obtido três fatores de modernização: “intensidade da exploração da terra”, “relação capital/trabalho” e “produção familiar”. Os resultados mostram o nível de modernização por Microrregião Homogênea e a dinâmica do processo entre 1975 e 1985, podendo-se verificar a distribuição espacial bastante desigual da modernização agrícola no Brasil, bem como a clara desaceleração do processo de modernização entre 1980 e 1985. Os resultados mostram também que a produção familiar modernizada se retraiu. Buscando caracterizar as associações entre modernização, renda média, desigualdade da distribuição da renda e pobreza nas Unidades da Federação, são ajustados diversos modelos de regressão, tendo como variáveis explicativas os fatores de modernização agrícola e, como variáveis dependentes, medidas da desigualdade da distribuição da renda e pobreza, calculadas a partir de dados individuais das PNAD de 1981 e 1985. Para estudar a relação entre modernização agrícola e as características da posse da terra são utilizados os fatores de modernização como variáveis explanatórias e dados sobre a distribuição dos estabelecimentos agropecuários segundo a área, constantes dos Censos Agropecuários de 1980 e 1985. Com base neles são calculadas a área média, a desigualdade da distribuição da posse da terra e o grau de minifundização, que é uma medida da participação dos estabelecimentos com menos de l O ha. Para estudar as relações entre a modernização, o emprego e a residência no meio rural são utilizadas informações sobre o número de pessoas ocupadas na agropecuária fornecidas pelos Censos Agropecuários de 1975, 1980 e 1985 e o número de residentes no meio rural em 1975, 1980 e 1985, obtidos a partir dos Censos Demográficos de 1970, 1980 e 1991. Observa-se que entre 1981 e 1985 ocorre aumento do grau de concentração da renda e da incidência de pobreza. A análise das relações entre a modernização agrícola e as principais características da distribuição da renda e da posse da terra mostra que a modernização contribui para elevar o rendimento médio e diminuir a pobreza absoluta. Por outro lado, a modernização agrícola no Brasil mostrou estar positivamente associada à desigualdade da distribuição dos rendimentos das pessoas ocupadas no setor. Deve-se mencionar, também, que a desigualdade da posse da terra e o grau de minifundização foram mais importantes para a determinação da pobreza na agropecuária dos Estados, no período estudado, do que a modernização: os efeitos da desigualdade da posse da terra e do grau de minifundização, que se associam positivamente à pobreza absoluta, foram mais importantes que o efeito benéfico da modernização, que diminui a pobreza na agropecuária. Entre 1980 e 1985 a área média dos estabelecimentos decresceu na maioria das Unidades da Federação, enquanto que a desigualdade da distribuição da posse da terra e a proporção de pequenas propriedades aumentaram. Estudando as relações entre a modernização da agricultura e as principais características da posse da terra verifica-se que níveis mais altos de intensidade da exploração da terra e de produção familiar estão associados a menores áreas médias dos estabelecimentos agropecuários. Por outro lado, quanto maior a relação capital/trabalho, maior a área média dos estabelecimentos. Constata-se também que quanto maiores os níveis da exploração da terra e da relação capital/trabalho, menor a desigualdade da posse da terra. O grau de minifundização mostrou estar positivamente associado à intensidade da exploração da terra e à presença da produção familiar moderna e negativamente associado à relação capital/trabalho. Com base na análise do comportamento do emprego e da residência no meio rural, é possível afirmar que os estados que se modernizaram mais rapidamente criaram menos postos de trabalho e tenderam a apresentar maior declínio da população residente no campo. Verificou-se que variações relativas à posse de terra, particularmente a desigualdade e o grau de minifundização, mostraram ter efeito mais forte sobre a ocupação do que a modernização agrícola. Quanto ao número de residentes na área rural verificou-se que, quanto menor a relação capital/trabalho e maior a produção familiar, maior o número de residentes no meio rural. Porém, também nesse caso, o efeito das variações relativas à desigualdade da posse da terra e grau de minifundização sobre o número de residentes foi mais forte do que a modernização agrícola.This study analyzes the process of agricultural modernization in the Homogeneous Microregions and in the Brazilian States for the period from 1975 to 1985, trying to characterize the associations between agricultural modernization and the main characteristics of income distribution for agricultural labor force, land tenure distribution, agricultural employment and residency in rural area. Due to the fact that agricultural modernization is a phenomenon affected by many variables, modernization indexes were initially calculated for 299 Microregions of the Northeast, Southeast and South, and for 21 States, based on Agricultural Census (Censo Agropecuário) of 1975, 1980 and 1985. Factor Analysis by the principal components method was utilized to obtain three modernization factors: “land exploitation intensity”, “capital/labor relationship” and “modem family holding”. Results indicate the level of modernization for each Homogeneous Microregion and process dynamics during 1975 and 1985. It can be verified a very unequal spatial distribution of agricultural modernization in Brazil, as well as a clear slowdown of this process between 1980 and 1985. Also, results show that modem family holding has decreased in almost all regions. Trying to characterize association between modernization, average income, income inequality distribution and poverty in the Brazilian States, several regression models were adjusted having as explanatory variables the factors of agricultural modemization. Measurements of inequality and poverty were calculated using individual PNAD (a national households sample survey) data for 1981 and 1985. To study the relationships between agricultural modernization and characteristics of land tenure, data from agricultural Census of 1980 and 1985 were used. Based on those data, the average area, the land tenure distribution and the proportion of small holdings (less than 10 hectare) were calculated. To study the relationship between modernization and employment in rural activities, information about the number of persons found in the Agricultural Census (Censo Agropecuário) of 1975, 1985 and 1985 were used. Finally, to study the relationship between modemization and residency in the rural area, data from de Demographic Census (Censo Demográfico) of 1970, 1980 and 1991 were utilized. It can be verified an increase in the degree of income concentration and poverty incidence between 1981 and 1985. An analysis of the relationship between agricultural modemization and the main characteristics of income distribution and land tenure shows that modemization contributes to increase average income and decrease poverty. On the other hand, agricultural modemization in Brazil showed to be positively associated with inequality of income distribution of persons occupied in the sector. Also, one should say that land tenure inequality and the participation of small holdings were more important to determine poverty than modemization: the effects of land tenure inequality and the proportion of small holdings, which are positively associated to poverty, were more important than the modernization effect, that diminishes poverty in agriculture. Between 1980 and 1985 the holdings average area has lowered in most States while land tenure distribution inequality and proportion of small holdings increased. Studying the relationship between agricultural modemization and the major characteristics of land tenure, it was verified that agricultural modemization, characterized by higher leveis of land exploitation intensity and family production, is associated with lower average area of agricultural holdings. On the other hand, the higher the capital/labor relationship, the higher will be the holdings average area. Also, land tenure distribution inequality is negatively associated with land exploitation intensity and capital/labor relationship. The participation of the smaU production showed to be positively associated with land exploitation intensity and with the presence of modem family production, and negatively associated with capital/labor relationship. Based on the analysis of employment and residency in the rural area, it is possible to say that those States that went through a rapid modemization process created less jobs and presented a stronger tendency of lowering resident population. It was verified that variation in land tenure inequality and proportion of small holdings showed a stronger effect on occupation than agricultural modernization. The number of residentes in the rural area has a negative association with capital/labor relationship and a positive association with “modem family holdings”. For this same situation, the effect of land tenure inequality and the proportion of small holdings was stronger than agricultural modemization.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPHoffmann, RodolfoFigueiredo, Nelly Maria Sansígolo de1996-09-11info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-20231122-093336/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2023-11-24T17:26:03Zoai:teses.usp.br:tde-20231122-093336Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-11-24T17:26:03Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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Os resultados mostram o nível de modernização por Microrregião Homogênea e a dinâmica do processo entre 1975 e 1985, podendo-se verificar a distribuição espacial bastante desigual da modernização agrícola no Brasil, bem como a clara desaceleração do processo de modernização entre 1980 e 1985. Os resultados mostram também que a produção familiar modernizada se retraiu. Buscando caracterizar as associações entre modernização, renda média, desigualdade da distribuição da renda e pobreza nas Unidades da Federação, são ajustados diversos modelos de regressão, tendo como variáveis explicativas os fatores de modernização agrícola e, como variáveis dependentes, medidas da desigualdade da distribuição da renda e pobreza, calculadas a partir de dados individuais das PNAD de 1981 e 1985. 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A análise das relações entre a modernização agrícola e as principais características da distribuição da renda e da posse da terra mostra que a modernização contribui para elevar o rendimento médio e diminuir a pobreza absoluta. Por outro lado, a modernização agrícola no Brasil mostrou estar positivamente associada à desigualdade da distribuição dos rendimentos das pessoas ocupadas no setor. Deve-se mencionar, também, que a desigualdade da posse da terra e o grau de minifundização foram mais importantes para a determinação da pobreza na agropecuária dos Estados, no período estudado, do que a modernização: os efeitos da desigualdade da posse da terra e do grau de minifundização, que se associam positivamente à pobreza absoluta, foram mais importantes que o efeito benéfico da modernização, que diminui a pobreza na agropecuária. Entre 1980 e 1985 a área média dos estabelecimentos decresceu na maioria das Unidades da Federação, enquanto que a desigualdade da distribuição da posse da terra e a proporção de pequenas propriedades aumentaram. Estudando as relações entre a modernização da agricultura e as principais características da posse da terra verifica-se que níveis mais altos de intensidade da exploração da terra e de produção familiar estão associados a menores áreas médias dos estabelecimentos agropecuários. Por outro lado, quanto maior a relação capital/trabalho, maior a área média dos estabelecimentos. Constata-se também que quanto maiores os níveis da exploração da terra e da relação capital/trabalho, menor a desigualdade da posse da terra. O grau de minifundização mostrou estar positivamente associado à intensidade da exploração da terra e à presença da produção familiar moderna e negativamente associado à relação capital/trabalho. 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