Efeitos da estimulação magnética transcraniana profunda nas ataxias cerebelares: um ensaio clínico randomizado, duplo-cego e cruzado

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: França, Carina Cura
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5138/tde-25072021-180120/
Resumo: A ataxia cerebelar é atualmente um sintoma neurológico órfão de intervenções terapêuticas, apesar de ser prevalente e incapacitante. Estudos prévios investigaram de forma exploratória os efeitos da neuromodulação cerebelar em pacientes atáxicos. O presente estudo randomizado, placebo-controlado e cruzado incluiu pacientes com pontuação maior que 6 na Scale for the Assessment and Rating of Ataxia e diagnóstico genético de ataxia espinocerebelar do tipo 3, diagnóstico clínico de atrofia de múltiplos sistemas ou história de ataxia pós-lesão cerebelar ou pós-acidente vascular cerebelar. Os pacientes incluídos receberam 5 sessões de estimulação magnética transcraniana ativa neuronavegada para o núcleo denteado e 5 sessões placebo, em ordem randômica, com um intervalo mínimo de 28 dias entre as duas fases (washout). O objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos da estimulação magnética transcraniana repetitiva do cerebelo com uma bobina de alcance profundo em sintomas atáxicos. O desfecho primário foi a comparação da pontuação da Scale for the Assessment and Rating of Ataxia entre as fases ativa e placebo. Desfechos secundários incluíram a International Cooperative Ataxia Rating Scale, também utilizada para quantificar sintomas atáxicos, e outras escalas motoras, cognitivas, e de qualidade de vida. Este estudo foi registrado no clinicaltrials.gov sob o protocolo NCT03213106. Vinte e quarto pacientes com idades variando de 29-74 anos foram incluídos neste estudo. Após a fase ativa, a pontuação da Scale for the Assessment and Rating of Ataxia foi significativamente menor se comparada à pontuação após a fase placebo [mediana (interquartis 25 e 75) de 10.2 (6.2, 16.2) para a fase ativa e 12.8 (9.6, 17.8) para a fase placebo; p = 0.002]. Também houve melhora significativa nos sintomas atáxicos de acordo com a International Cooperative Ataxia Rating Scale comparando as fases ativa e placebo [mediana (interquartis 25 e 75) de 29.0 (21.0, 43.5) para a fase ativa e 32.8 (22.0, 47.0) para a fase placebo; p = 0.005]. Os outros sintomas avaliados (motores, de qualidade de vida e cognitivos) não demonstraram melhora significativa. Nenhum paciente apresentou efeitos colaterais severos, e apenas nove apresentaram efeitos colaterais leves e transitórios. Os achados do presente estudo sugerem que a estimulação magnética transcraniana repetitiva cerebelar é capaz de melhorar sintomas atáxicos em pacientes com ataxias de diferentes etiologias. Além disso, nosso protocolo de estudo mostrou-se seguro e bem tolerado. Tais resultados sugerem segurança deste protocolo para prática clínica. Estudos futuros devem avaliar o tempo de duração dos benefícios e seu efeito a longo prazo.
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O presente estudo randomizado, placebo-controlado e cruzado incluiu pacientes com pontuação maior que 6 na Scale for the Assessment and Rating of Ataxia e diagnóstico genético de ataxia espinocerebelar do tipo 3, diagnóstico clínico de atrofia de múltiplos sistemas ou história de ataxia pós-lesão cerebelar ou pós-acidente vascular cerebelar. Os pacientes incluídos receberam 5 sessões de estimulação magnética transcraniana ativa neuronavegada para o núcleo denteado e 5 sessões placebo, em ordem randômica, com um intervalo mínimo de 28 dias entre as duas fases (washout). O objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos da estimulação magnética transcraniana repetitiva do cerebelo com uma bobina de alcance profundo em sintomas atáxicos. O desfecho primário foi a comparação da pontuação da Scale for the Assessment and Rating of Ataxia entre as fases ativa e placebo. Desfechos secundários incluíram a International Cooperative Ataxia Rating Scale, também utilizada para quantificar sintomas atáxicos, e outras escalas motoras, cognitivas, e de qualidade de vida. Este estudo foi registrado no clinicaltrials.gov sob o protocolo NCT03213106. Vinte e quarto pacientes com idades variando de 29-74 anos foram incluídos neste estudo. Após a fase ativa, a pontuação da Scale for the Assessment and Rating of Ataxia foi significativamente menor se comparada à pontuação após a fase placebo [mediana (interquartis 25 e 75) de 10.2 (6.2, 16.2) para a fase ativa e 12.8 (9.6, 17.8) para a fase placebo; p = 0.002]. Também houve melhora significativa nos sintomas atáxicos de acordo com a International Cooperative Ataxia Rating Scale comparando as fases ativa e placebo [mediana (interquartis 25 e 75) de 29.0 (21.0, 43.5) para a fase ativa e 32.8 (22.0, 47.0) para a fase placebo; p = 0.005]. Os outros sintomas avaliados (motores, de qualidade de vida e cognitivos) não demonstraram melhora significativa. Nenhum paciente apresentou efeitos colaterais severos, e apenas nove apresentaram efeitos colaterais leves e transitórios. Os achados do presente estudo sugerem que a estimulação magnética transcraniana repetitiva cerebelar é capaz de melhorar sintomas atáxicos em pacientes com ataxias de diferentes etiologias. Além disso, nosso protocolo de estudo mostrou-se seguro e bem tolerado. Tais resultados sugerem segurança deste protocolo para prática clínica. Estudos futuros devem avaliar o tempo de duração dos benefícios e seu efeito a longo prazo.Cerebellar ataxia remains a neurological symptom orphan of treatment interventions, despite being prevalent and incapacitating. Previous studies have investigated the effects of cerebellar neuromodulation in ataxic patients in an exploratory manner. In this randomized, sham-controlled, crossover trial, we included patients with scores > 6 on the Scale for the Assessment and Rating of Ataxia and genetic diagnosis of spinocerebellar ataxia type 3, clinical diagnosis of multiple systems atrophy cerebellar type, or post-lesion ataxia due to neurosurgery or stroke. Patients received five sessions each of sham and active neuronavigated 1 Hz deep repetitive transcranial magnetic stimulation of the cerebellum in randomized order with a 28-day minimum washout period between phases. We aimed to study whether cerebellar deep repetitive transcranial magnetic stimulation could improve ataxia. Our primary outcome was the Scale for the Assessment and Rating of Ataxia comparing phases (active x sham). Secondary outcomes measures included the International Cooperative Ataxia Rating Scale, and other motor, cognitive, and quality of life scales. This study was registered at the clinicaltrials.gov under protocol NCT03213106. Twenty-four patients aged 29-74 years were included in our trial. After active stimulation, the Scale for the Assessment and Rating of Ataxia score was significantly lower than the score after sham stimulation [median (interquartile range) of 10.2 (6.2, 16.2) versus 12.8 (9.6, 17.8); p = 0.002]. The International Cooperative Ataxia Rating Scale score also decreased after active stimulation versus sham [median (interquartile range) of 29.0 (21.0, 43.5) versus 32.8 (22.0, 47.0); p = 0.005]. Ratings of other motor scales, quality of life, and cognitive measures were not significantly modified by stimulation. No patient presented severe side effects, and nine presented mild and self-limited symptoms. These findings suggest that deep repetitive transcranial magnetic stimulation of the cerebellum may improve ataxic symptoms in patients with different types of ataxia. These results provide reassurance about safety for clinical practice, and future studies should establish possibility to maintain these effects in the long-term.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPAndrade, Daniel Ciampi Araujo deCury, Rubens GisbertFrança, Carina Cura2021-03-25info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5138/tde-25072021-180120/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-08-19T17:50:02Zoai:teses.usp.br:tde-25072021-180120Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-08-19T17:50:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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