Exposição à endotoxina no ambiente de trabalho e pesquisa de associação com asma, alergia e sibilo
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17139/tde-15052014-143801/ |
Resumo: | Em países industrializados, as doenças pulmonares são as que mais se destacam quando o assunto é doença ocupacional. Entre os técnicos, cuidadores de animais, médicos e cientistas, as doenças respiratórias e alérgicas a animais de laboratório representam a principal doença ocupacional. Entre os agentes presentes na sujeira orgânica, as endotoxinas são as mais relacionadas às respostas inflamatórias e causadoras de uma série de doenças respiratórias. As endotoxinas, componentes externos das bactérias gram-negativas, são encontradas em várias concentrações em suspensão no ar ou depositadas na poeira do chão, em materiais e equipamentos, no ambiente domiciliar, urbano, rural e em alguns estabelecimentos. É inevitável a exposição à endotoxina, no entanto, o nível de exposição das vias aéreas pode ser muito variado. Alguns estudos mostraram a correlação dos sintomas apresentados pelos trabalhadores de laboratórios ou biotérios com o nível de exposição às endotoxinas. OBJETIVOS: Avaliar a exposição às endotoxinas, presentes na poeira de laboratórios e biotérios e a sua relação com asma, rinite e atopia apresentadas pelos trabalhadores. MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal, realizado na Universidade de São Paulo, campus Ribeirão Preto (USP-RP) e na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Foram coletadas amostras de poeira do chão de laboratórios e biotérios que continham rato, camundongo, cobaia, coelho ou hamster; e em laboratórios e salas administrativas que não tinham contato algum com esses animais. As amostras de poeira foram analisadas e a quantidade de endotoxina foi dosada pelo método Limulus amebocyte lysate (LAL). Esta quantidade foi relacionada com variáveis clínicas dos trabalhadores destes locais (sintomas, reatividade brônquica, espirometria e testes alérgicos). RESULTADOS: Foram coletadas amostras de poeira de 145 locais de trabalho. Destes, 74 (51%) da USP-RP e 71 (49%) da UNICAMP. Noventa e dois (63%) locais de trabalho continham animais de laboratório (57 da USP-RP e 35 da UNICAMP) e 53 não os continham (17 da USP-RP e 36 da UNICAMP). Foram utilizados os dados de 751 trabalhadores, 412 formaram o grupo exposto a animais de laboratório e 339 o grupo não exposto. O grupo exposto a animais de laboratório apresentou maior quantidade de endotoxina, 55 ± 79 UE por mg de poeira, quando comparado com o grupo não exposto, 19 ± 27 UE/mg (p < 0,001 pelo teste t de Student). Quando estratificada, a quantidade de endotoxina em elevada e baixa quantidade, a alta concentração (acima de 20,4 UE/mg) de endotoxina se associou ao relato de sibilos nos últimos 12 meses. Ou seja, 27% dos trabalhores expostos a elevadas concentrações relataram sibilos (p < 0,01 pelo teste do qui-quadrado). Porém, a quantidade de endotoxina não se associou com sintomas de rinite, com atopia, com o teste de hiperreatividade brônquica positiva. CONCLUSÃO: A exposição à endotoxina apresenta efeito no sistema respiratório dos trabalhadores mesmo não tendo se associado à asma. A alta concentração de endotoxina se associou com a presença de sibilos, ou seja, os trabalhadores de biotérios e de laboratórios que tem contato direto com animais de laboratório estão mais susceptíveis a apresentarem sibilos ao longo do ano, sendo necessárias medidas de prevenção para estes trabalhadores. |
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Exposição à endotoxina no ambiente de trabalho e pesquisa de associação com asma, alergia e sibiloEndotoxin exposition in workplaces and research association with asthma, allergy and wheezingAsmaAsthmaDoença ocupacionalEndotoxinEndotoxinaOccupational diseaseSibiloWheezingEm países industrializados, as doenças pulmonares são as que mais se destacam quando o assunto é doença ocupacional. Entre os técnicos, cuidadores de animais, médicos e cientistas, as doenças respiratórias e alérgicas a animais de laboratório representam a principal doença ocupacional. Entre os agentes presentes na sujeira orgânica, as endotoxinas são as mais relacionadas às respostas inflamatórias e causadoras de uma série de doenças respiratórias. As endotoxinas, componentes externos das bactérias gram-negativas, são encontradas em várias concentrações em suspensão no ar ou depositadas na poeira do chão, em materiais e equipamentos, no ambiente domiciliar, urbano, rural e em alguns estabelecimentos. É inevitável a exposição à endotoxina, no entanto, o nível de exposição das vias aéreas pode ser muito variado. Alguns estudos mostraram a correlação dos sintomas apresentados pelos trabalhadores de laboratórios ou biotérios com o nível de exposição às endotoxinas. OBJETIVOS: Avaliar a exposição às endotoxinas, presentes na poeira de laboratórios e biotérios e a sua relação com asma, rinite e atopia apresentadas pelos trabalhadores. MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal, realizado na Universidade de São Paulo, campus Ribeirão Preto (USP-RP) e na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Foram coletadas amostras de poeira do chão de laboratórios e biotérios que continham rato, camundongo, cobaia, coelho ou hamster; e em laboratórios e salas administrativas que não tinham contato algum com esses animais. As amostras de poeira foram analisadas e a quantidade de endotoxina foi dosada pelo método Limulus amebocyte lysate (LAL). Esta quantidade foi relacionada com variáveis clínicas dos trabalhadores destes locais (sintomas, reatividade brônquica, espirometria e testes alérgicos). RESULTADOS: Foram coletadas amostras de poeira de 145 locais de trabalho. Destes, 74 (51%) da USP-RP e 71 (49%) da UNICAMP. Noventa e dois (63%) locais de trabalho continham animais de laboratório (57 da USP-RP e 35 da UNICAMP) e 53 não os continham (17 da USP-RP e 36 da UNICAMP). Foram utilizados os dados de 751 trabalhadores, 412 formaram o grupo exposto a animais de laboratório e 339 o grupo não exposto. O grupo exposto a animais de laboratório apresentou maior quantidade de endotoxina, 55 ± 79 UE por mg de poeira, quando comparado com o grupo não exposto, 19 ± 27 UE/mg (p < 0,001 pelo teste t de Student). Quando estratificada, a quantidade de endotoxina em elevada e baixa quantidade, a alta concentração (acima de 20,4 UE/mg) de endotoxina se associou ao relato de sibilos nos últimos 12 meses. Ou seja, 27% dos trabalhores expostos a elevadas concentrações relataram sibilos (p < 0,01 pelo teste do qui-quadrado). Porém, a quantidade de endotoxina não se associou com sintomas de rinite, com atopia, com o teste de hiperreatividade brônquica positiva. CONCLUSÃO: A exposição à endotoxina apresenta efeito no sistema respiratório dos trabalhadores mesmo não tendo se associado à asma. A alta concentração de endotoxina se associou com a presença de sibilos, ou seja, os trabalhadores de biotérios e de laboratórios que tem contato direto com animais de laboratório estão mais susceptíveis a apresentarem sibilos ao longo do ano, sendo necessárias medidas de prevenção para estes trabalhadores.Respiratory diseases are the most common occupational illnesses in industrialized countries and, among them, asthma and allergies are highly prevalent. Respiratory diseases and laboratory animal allergies represent a major occupational illness among technicians, animal caretakers, doctors and scientists whose work requires such exposure. Among particles present on organic dust, endotoxin is the most related to the inflammation witch cause a numerous respiratory diseases. Endotoxin from gram-negative bacterias are airborne and found in different concentrations in dust and on the ground of home and rural environment, indoor or outdoor living areas. Exposure to endotoxin is unpreventable, but the degree of exposure may vary. Some studies have shown correlation between workers symptoms with degree of exposure. AIMS: Our aim was to evaluate amount of endotoxin exposure in laboratories and animal facilities and to test its association with asthma, rhinitis, and atopy presented by workers. METHODS: This is a cross-sectional study performed in the University of São Paulo, campus of Ribeirão Preto (USP-RP) and in the State University of Campinas (Unicamp). Dust samples were collected from laboratories and animal facilities with rat, mouse, guinea pig, rabbit or hamster. We also sampled workplaces without animals. These samples were analyzed by the method of Limulus amebocyte lysate (LAL). The concentration of endotoxin detected in those workplaces were tested for association with symptoms, bronchial hyperresponsiveness, spirometry data and skin prick test results. RESULTS: One hundred, forty-five workplaces had their dust sampled: 74 (51%) in USP-RP and 71 (49%) in Unicamp. Among those, 92 (63%) workplaces had laboratory animals (57 in USP-RP and 35 in UNICAMP) and 53 (37%) did not have animals. These workplaces had 751 workers or students, 412 were animal handlers and 339 were nonhandlers. Animal handlers workplaces were exposed to higher concentrations of endotoxin 55 ± 79 UE/mg as compared with the non-handlers group 19 ± 27 UE/mg (p < 0.001, Studentst test). We divided endotoxin concentration into two leves: high (> 20.4 UE/mg) and low concentration. The high concentration associated with wheezing prevalence, i.e. 27% of animal handlers exposed to high concentration reported wheezing in the last 12 months (p < 001, chi-squared test). The concentration of endotoxin was not associated with symptoms of rhinitis, atopy or bronchial hyperresponsiveness. CONCLUSION: Exposure to endotoxin has effect on workers respiratory system, although it is not associated with asthma. Higher endotoxin concentration is associated with wheezing. Therefore, animal handlers are prone to present wheezing and preventive measures are necessary for these workers.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPVianna, Elcio dos Santos OliveiraFreitas, Amanda de Souza2014-04-10info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17139/tde-15052014-143801/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-08-22T14:07:03Zoai:teses.usp.br:tde-15052014-143801Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-08-22T14:07:03Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Em países industrializados, as doenças pulmonares são as que mais se destacam quando o assunto é doença ocupacional. Entre os técnicos, cuidadores de animais, médicos e cientistas, as doenças respiratórias e alérgicas a animais de laboratório representam a principal doença ocupacional. Entre os agentes presentes na sujeira orgânica, as endotoxinas são as mais relacionadas às respostas inflamatórias e causadoras de uma série de doenças respiratórias. As endotoxinas, componentes externos das bactérias gram-negativas, são encontradas em várias concentrações em suspensão no ar ou depositadas na poeira do chão, em materiais e equipamentos, no ambiente domiciliar, urbano, rural e em alguns estabelecimentos. É inevitável a exposição à endotoxina, no entanto, o nível de exposição das vias aéreas pode ser muito variado. Alguns estudos mostraram a correlação dos sintomas apresentados pelos trabalhadores de laboratórios ou biotérios com o nível de exposição às endotoxinas. OBJETIVOS: Avaliar a exposição às endotoxinas, presentes na poeira de laboratórios e biotérios e a sua relação com asma, rinite e atopia apresentadas pelos trabalhadores. MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal, realizado na Universidade de São Paulo, campus Ribeirão Preto (USP-RP) e na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Foram coletadas amostras de poeira do chão de laboratórios e biotérios que continham rato, camundongo, cobaia, coelho ou hamster; e em laboratórios e salas administrativas que não tinham contato algum com esses animais. As amostras de poeira foram analisadas e a quantidade de endotoxina foi dosada pelo método Limulus amebocyte lysate (LAL). Esta quantidade foi relacionada com variáveis clínicas dos trabalhadores destes locais (sintomas, reatividade brônquica, espirometria e testes alérgicos). RESULTADOS: Foram coletadas amostras de poeira de 145 locais de trabalho. Destes, 74 (51%) da USP-RP e 71 (49%) da UNICAMP. Noventa e dois (63%) locais de trabalho continham animais de laboratório (57 da USP-RP e 35 da UNICAMP) e 53 não os continham (17 da USP-RP e 36 da UNICAMP). Foram utilizados os dados de 751 trabalhadores, 412 formaram o grupo exposto a animais de laboratório e 339 o grupo não exposto. O grupo exposto a animais de laboratório apresentou maior quantidade de endotoxina, 55 ± 79 UE por mg de poeira, quando comparado com o grupo não exposto, 19 ± 27 UE/mg (p < 0,001 pelo teste t de Student). Quando estratificada, a quantidade de endotoxina em elevada e baixa quantidade, a alta concentração (acima de 20,4 UE/mg) de endotoxina se associou ao relato de sibilos nos últimos 12 meses. Ou seja, 27% dos trabalhores expostos a elevadas concentrações relataram sibilos (p < 0,01 pelo teste do qui-quadrado). Porém, a quantidade de endotoxina não se associou com sintomas de rinite, com atopia, com o teste de hiperreatividade brônquica positiva. CONCLUSÃO: A exposição à endotoxina apresenta efeito no sistema respiratório dos trabalhadores mesmo não tendo se associado à asma. A alta concentração de endotoxina se associou com a presença de sibilos, ou seja, os trabalhadores de biotérios e de laboratórios que tem contato direto com animais de laboratório estão mais susceptíveis a apresentarem sibilos ao longo do ano, sendo necessárias medidas de prevenção para estes trabalhadores. |
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