Ineficácia, inconstitucionalidade da pena de prisão perpétua e o princípio da humanidade das penas: do Direito Penal ao Tribunal Penal Internacional

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lopes, Jodascil Gonçalves
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2134/tde-26092022-122638/
Resumo: Este trabalho se propõe a estudar a pena de prisão perpétua instituída pela Convenção de Roma para o Tribunal Penal Internacional e vedada pela Constituição Federal brasileira de 1988. A problemática se assenta na incompatibilidade indissolúvel pelos critérios jurídicos e, consequentemente, em quais atitudes devem tomar o Estado (ou os Estados) que verifiquem a incompatibilidade. Perscrutam-se a pena perpétua e sua legitimação dentro do direito penal como direito fundamental de primeira dimensão e as teorias dos fins das penas, considerando a formação do Estado e a soberania. E, também, verifica-se a posição do conflito entre as normas antagônicas, levando em consideração as teorias da integração: monismo, dualismo e pluralismo. Do mesmo modo, analisa-se a posição hierárquica dos tratados internacionais de direitos humanos na ordem interna. Estuda-se, ainda, o processo de constituição do Tribunal Penal Internacional e como se deu a instituição da pena de prisão perpétua, assim como também se consideraram os julgamentos dos Tribunais Penais Internacionais que antecederam o Tribunal permanente e a tendência de abandono do cumprimento das penas de prisão perpétua, o quadro dos tratados internacionais de direitos humanos que elevam a humanidade das penas a um patamar de ius cogens e, por via de consequência, proíbem as penas de caráter perpétuo. A tese tem por objetivo geral compreender a antinomia da pena de prisão perpétua e, por objetivos específicos, verificar se a pena de prisão perpétua se adequa às justificativas da punição e analisar a impossibilidade de aplicação da pena de prisão perpétua pelo Estado brasileiro ou de entrega de um nacional a um tribunal internacional, quando este possa exarar condenação de pena de vida. Também se tem por objetivo investigar, a partir dos tratados internacionais de direitos humanos, a existência de uma norma imperativa de direito internacional público e de direito internacional de direitos humanos a proibir o encarceramento vitalício. Para o desenvolvimento do trabalho, utilizou-se do método dedutivo, com uma abordagem qualitativa de caráter descritivo e explicativo. Após serem analisados os documentos legais e a bibliografia pertinente, ao final, concluiu-se que a humanidade das penas é um princípio de direito internacional público e de direito internacional dos direitos humanos, com força imperativa de ius cogens e a vedação da pena de prisão perpétua está contida dentro de tal princípio, gerando um dever do Tribunal Penal Internacional de não aplicar a punição perpétua ou, ainda, criando o direito dos Estados em não entregar um nacional ao citado Tribunal, se este não se comprometer a deixar de utilizar a sua punição máxima, sem que, com isso, incorra em ilícito internacional, pois o motivo da recusa se baseia em norma de direito internacional, e não em norma de direito interno.
id USP_523308b3cede00a5cce09e9c2bd2d4ba
oai_identifier_str oai:teses.usp.br:tde-26092022-122638
network_acronym_str USP
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository_id_str 2721
spelling Ineficácia, inconstitucionalidade da pena de prisão perpétua e o princípio da humanidade das penas: do Direito Penal ao Tribunal Penal InternacionalL\'inefficace, inconstitutionnalité de la peine de prison à la vie et le principe d\'humanité des peines: du Droit Pénal à la Cour Pénale InternationaleCour Pénale InternationaleDireito Internacional PenalDireito Internacional PúblicoDireito Penal -- BrasilDireitos HumanosDroit Pénal InternationalPeine de réclusion criminelle a pérpetuitéPrisão perpétuaTratados internacionaisTribunal Penal InternacionalEste trabalho se propõe a estudar a pena de prisão perpétua instituída pela Convenção de Roma para o Tribunal Penal Internacional e vedada pela Constituição Federal brasileira de 1988. A problemática se assenta na incompatibilidade indissolúvel pelos critérios jurídicos e, consequentemente, em quais atitudes devem tomar o Estado (ou os Estados) que verifiquem a incompatibilidade. Perscrutam-se a pena perpétua e sua legitimação dentro do direito penal como direito fundamental de primeira dimensão e as teorias dos fins das penas, considerando a formação do Estado e a soberania. E, também, verifica-se a posição do conflito entre as normas antagônicas, levando em consideração as teorias da integração: monismo, dualismo e pluralismo. Do mesmo modo, analisa-se a posição hierárquica dos tratados internacionais de direitos humanos na ordem interna. Estuda-se, ainda, o processo de constituição do Tribunal Penal Internacional e como se deu a instituição da pena de prisão perpétua, assim como também se consideraram os julgamentos dos Tribunais Penais Internacionais que antecederam o Tribunal permanente e a tendência de abandono do cumprimento das penas de prisão perpétua, o quadro dos tratados internacionais de direitos humanos que elevam a humanidade das penas a um patamar de ius cogens e, por via de consequência, proíbem as penas de caráter perpétuo. A tese tem por objetivo geral compreender a antinomia da pena de prisão perpétua e, por objetivos específicos, verificar se a pena de prisão perpétua se adequa às justificativas da punição e analisar a impossibilidade de aplicação da pena de prisão perpétua pelo Estado brasileiro ou de entrega de um nacional a um tribunal internacional, quando este possa exarar condenação de pena de vida. Também se tem por objetivo investigar, a partir dos tratados internacionais de direitos humanos, a existência de uma norma imperativa de direito internacional público e de direito internacional de direitos humanos a proibir o encarceramento vitalício. Para o desenvolvimento do trabalho, utilizou-se do método dedutivo, com uma abordagem qualitativa de caráter descritivo e explicativo. Após serem analisados os documentos legais e a bibliografia pertinente, ao final, concluiu-se que a humanidade das penas é um princípio de direito internacional público e de direito internacional dos direitos humanos, com força imperativa de ius cogens e a vedação da pena de prisão perpétua está contida dentro de tal princípio, gerando um dever do Tribunal Penal Internacional de não aplicar a punição perpétua ou, ainda, criando o direito dos Estados em não entregar um nacional ao citado Tribunal, se este não se comprometer a deixar de utilizar a sua punição máxima, sem que, com isso, incorra em ilícito internacional, pois o motivo da recusa se baseia em norma de direito internacional, e não em norma de direito interno.Cette thèse vise à étudier la réclusion criminelle à perpétuité établie par la Convention de Rome pour la Cour pénale internationale et interdite par la Constitution fédérale brésilienne de 1988. La question repose sur l\'incompatibilité indissoluble selon des critères juridiques et, par conséquent, sur quelles attitudes l\'État (ou les États) qui vérifie l\'incompatibilité doit-il prendre. Elle examine la peine demprisonnement à perpétuité et sa légitimité dans le droit pénal, en tant que droit fondamental de première dimension et les théories des fins de peine, en considérant la formation de l\'État et la souveraineté. La position du conflit entre les normes antagonistes est aussi vérifiée, en tenant compte des théories de l\'intégration : monisme, dualisme et pluralisme. De même, la position hiérarchique des traités internationaux relatifs aux droits de l\'homme dans l\'ordre interne est analysée. Il est également étudié le processus de constitution de la Cour pénale internationale et comment l\'institution de la peine de réclusion criminelle à perpétuité a vu le jour, ainsi que les jugements des Cours pénales internationales qui ont précédé la Cour permanente et la tendance à abandonner le respect des peines d\'emprisonnement à vie, le cadre des traités internationaux relatifs aux droits de l\'homme qui élèvent l\'humanisation des peines à un niveau de jus cogens et, par conséquent, interdisent les peines à caractère perpétuel. L\'objectif général de la thèse est de comprendre l\'antinomie de la peine de réclusion criminelle à perpétuité et, à des fins spécifiques, de vérifier si ladite peine correspond aux justifications de lemprisonnement et d\'analyser l\'impossibilité d\'appliquer la peine de réclusion criminelle à perpétuité par l\'État brésilien ou la remise dun national à un tribunal international, lorsque celui-ci peut prononcer une condamnation à perpétuité. Il vise également à enquêter, sur la base des traités internationaux relatifs aux droits de l\'homme, sur l\'existence d\'une règle impérative du droit international public et du droit international des droits de l\'homme interdisant l\'emprisonnement à vie. Pour le développement de létude, la méthode déductive a été utilisée, avec une approche qualitative de caractère descriptif et explicatif. Après avoir analysé les documents juridiques et la bibliographie pertinent, on a finalement conclu que l\'humanisation des peines est un principe du droit international public et du droit international des droits de l\'homme, avec force impérative de jus cogens, et l\'interdiction de la peine de réclusion criminelle à perpétuité y est comprise, ce qui impose à la Cour pénale internationale le devoir de ne pas appliquer la peine de réclusion criminelle à perpétuité ou, encore, crée le droit des États de ne pas remettre un national à ladite Cour, si elle ne sengage pas à ne pas appliquer sa peine maximale, sans pour autant encourir la responsabilité délictuelle internationale, puisque le motif du refus se fonde sur une règle de droit interne international et non sur une norme de droit interne.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPAmaral, Ana Paula MartinsLopes, Jodascil Gonçalves2021-09-16info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2134/tde-26092022-122638/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2022-12-15T22:32:49Zoai:teses.usp.br:tde-26092022-122638Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212022-12-15T22:32:49Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.none.fl_str_mv Ineficácia, inconstitucionalidade da pena de prisão perpétua e o princípio da humanidade das penas: do Direito Penal ao Tribunal Penal Internacional
L\'inefficace, inconstitutionnalité de la peine de prison à la vie et le principe d\'humanité des peines: du Droit Pénal à la Cour Pénale Internationale
title Ineficácia, inconstitucionalidade da pena de prisão perpétua e o princípio da humanidade das penas: do Direito Penal ao Tribunal Penal Internacional
spellingShingle Ineficácia, inconstitucionalidade da pena de prisão perpétua e o princípio da humanidade das penas: do Direito Penal ao Tribunal Penal Internacional
Lopes, Jodascil Gonçalves
Cour Pénale Internationale
Direito Internacional Penal
Direito Internacional Público
Direito Penal -- Brasil
Direitos Humanos
Droit Pénal International
Peine de réclusion criminelle a pérpetuité
Prisão perpétua
Tratados internacionais
Tribunal Penal Internacional
title_short Ineficácia, inconstitucionalidade da pena de prisão perpétua e o princípio da humanidade das penas: do Direito Penal ao Tribunal Penal Internacional
title_full Ineficácia, inconstitucionalidade da pena de prisão perpétua e o princípio da humanidade das penas: do Direito Penal ao Tribunal Penal Internacional
title_fullStr Ineficácia, inconstitucionalidade da pena de prisão perpétua e o princípio da humanidade das penas: do Direito Penal ao Tribunal Penal Internacional
title_full_unstemmed Ineficácia, inconstitucionalidade da pena de prisão perpétua e o princípio da humanidade das penas: do Direito Penal ao Tribunal Penal Internacional
title_sort Ineficácia, inconstitucionalidade da pena de prisão perpétua e o princípio da humanidade das penas: do Direito Penal ao Tribunal Penal Internacional
author Lopes, Jodascil Gonçalves
author_facet Lopes, Jodascil Gonçalves
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Amaral, Ana Paula Martins
dc.contributor.author.fl_str_mv Lopes, Jodascil Gonçalves
dc.subject.por.fl_str_mv Cour Pénale Internationale
Direito Internacional Penal
Direito Internacional Público
Direito Penal -- Brasil
Direitos Humanos
Droit Pénal International
Peine de réclusion criminelle a pérpetuité
Prisão perpétua
Tratados internacionais
Tribunal Penal Internacional
topic Cour Pénale Internationale
Direito Internacional Penal
Direito Internacional Público
Direito Penal -- Brasil
Direitos Humanos
Droit Pénal International
Peine de réclusion criminelle a pérpetuité
Prisão perpétua
Tratados internacionais
Tribunal Penal Internacional
description Este trabalho se propõe a estudar a pena de prisão perpétua instituída pela Convenção de Roma para o Tribunal Penal Internacional e vedada pela Constituição Federal brasileira de 1988. A problemática se assenta na incompatibilidade indissolúvel pelos critérios jurídicos e, consequentemente, em quais atitudes devem tomar o Estado (ou os Estados) que verifiquem a incompatibilidade. Perscrutam-se a pena perpétua e sua legitimação dentro do direito penal como direito fundamental de primeira dimensão e as teorias dos fins das penas, considerando a formação do Estado e a soberania. E, também, verifica-se a posição do conflito entre as normas antagônicas, levando em consideração as teorias da integração: monismo, dualismo e pluralismo. Do mesmo modo, analisa-se a posição hierárquica dos tratados internacionais de direitos humanos na ordem interna. Estuda-se, ainda, o processo de constituição do Tribunal Penal Internacional e como se deu a instituição da pena de prisão perpétua, assim como também se consideraram os julgamentos dos Tribunais Penais Internacionais que antecederam o Tribunal permanente e a tendência de abandono do cumprimento das penas de prisão perpétua, o quadro dos tratados internacionais de direitos humanos que elevam a humanidade das penas a um patamar de ius cogens e, por via de consequência, proíbem as penas de caráter perpétuo. A tese tem por objetivo geral compreender a antinomia da pena de prisão perpétua e, por objetivos específicos, verificar se a pena de prisão perpétua se adequa às justificativas da punição e analisar a impossibilidade de aplicação da pena de prisão perpétua pelo Estado brasileiro ou de entrega de um nacional a um tribunal internacional, quando este possa exarar condenação de pena de vida. Também se tem por objetivo investigar, a partir dos tratados internacionais de direitos humanos, a existência de uma norma imperativa de direito internacional público e de direito internacional de direitos humanos a proibir o encarceramento vitalício. Para o desenvolvimento do trabalho, utilizou-se do método dedutivo, com uma abordagem qualitativa de caráter descritivo e explicativo. Após serem analisados os documentos legais e a bibliografia pertinente, ao final, concluiu-se que a humanidade das penas é um princípio de direito internacional público e de direito internacional dos direitos humanos, com força imperativa de ius cogens e a vedação da pena de prisão perpétua está contida dentro de tal princípio, gerando um dever do Tribunal Penal Internacional de não aplicar a punição perpétua ou, ainda, criando o direito dos Estados em não entregar um nacional ao citado Tribunal, se este não se comprometer a deixar de utilizar a sua punição máxima, sem que, com isso, incorra em ilícito internacional, pois o motivo da recusa se baseia em norma de direito internacional, e não em norma de direito interno.
publishDate 2021
dc.date.none.fl_str_mv 2021-09-16
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2134/tde-26092022-122638/
url https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2134/tde-26092022-122638/
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv
dc.rights.driver.fl_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.coverage.none.fl_str_mv
dc.publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
dc.source.none.fl_str_mv
reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv virginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.br
_version_ 1809091108332896256