Relações econômicas entre educação e produto social da agricultura

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fiore, Eraldo Genin
Data de Publicação: 2001
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-20181127-154956/
Resumo: A agricultura desempenha importante papel no desenvolvimento econômico. A indústria quando incipiente depende, em grande medida, da capacidade do setor agrícola gerar excedentes para financiar seu crescimento. Quando o país se desenvolve, a importância da agricultura diminui. O setor industrial e, posteriormente, o setor de serviços passam a gerar maior parcela da renda total e empregar maior número de trabalhadores. Em muitos países em desenvolvimento, o setor não-agrícola é incapaz de absorver toda mão-de-obra que o desenvolvimento tecnológico libera da agricultura. No Brasil, isso se reflete na grande parcela da população economicamente ativa que permanece ocupada em atividades agrícolas sem remuneração ou que permitem apenas a sobrevivência. No mercado de trabalho do setor não-agrícola, a exigência por profissionais qualificados dificulta que esses trabalhadores encontrem emprego. Essa parcela da mão-de-obra normalmente tem baixa escolaridade e seu acesso a educação é complicado. Os maiores problemas na infra-estrutura educacional e mesmo na qualidade de docentes se encontram nas áreas rurais. Esse estudo procura mostrar que o investimento na educação pode contribuir positivamente para o desenvolvimento da agricultura ao possibilitar aumento na produção. Para testar essa hipótese, a importância da educação como insumo que influencia a produção agrícola foi medida utilizando modelo econométrico. O modelo escolhido permite captar tanto o efeito direto como o efeito indireto da educação. A segunda hipótese testada sugere que o efeito indireto, no geral, é maior que o efeito direto. Nas áreas de agricultura tradicional, com tecnologia estagnada, pouco espaço deve haver para ganhos na habilidade alocativa. Nesse caso, o efeito direto deve ser mais importante que o efeito indireto. O efeito total da educação sobre a produção deve ser maior nas áreas modernas quando em comparação com áreas de agricultura tradicional. Esta é a terceira hipótese testada no estudo. Os resultados da análise econométrica sugerem que a educação possibilita aumento significativo do produto adicionado na agricultura. A consistência do modelo foi testada indicando que os resultados são bastante confiáveis. O modelo mostrou, ainda, que o efeito total da educação sobre o produto adicionado agrícola é maior nas áreas de agricultura moderna, sendo o efeito indireto mais importante nessas regiões. Nas áreas tradicionais, o efeito total é menor e o efeito direto mais relevante. Os ganhos alocativos nas áreas tradicionais são pequenos. Esse resultado é importante pois indica que o aumento da educação pode ampliar as vantagens econômicas das áreas de agricultura moderna sobre as tradicionais. O menor retorno aos investimentos em educação ocorre justamente nas áreas onde é reduzida a capacidade de financiamento dos estados e municípios, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste. Como os grandes problemas de pobreza e baixa escolaridade ocorrem principalmente nestas regiões, especial atenção deve ser voltada para esta população.
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