"Exposição corporal do cliente na assistência em Unidade de Terapia Intensiva: incidentes críticos relatados por enfermeiras"
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2003 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-15032004-085130/ |
Resumo: | O propósito desta investigação foi identificar e analisar os incidentes positivos e negativos, que envolveram a exposição corporal do cliente e a invasão da sua privacidade durante a assistência em Unidade de Terapia Intensiva, visto que para a realização de vários cuidados e procedimentos a nudez parcial ou total é inevitável. A população constitui-se de 15 enfermeiras lotadas em UTIs de atendimento ao adulto, no município de Maringá - PR. Como procedimento metodológico empregou-se a Técnica do Incidente Crítico (TIC), obtendo-se 30 relatos, 15 positivos e 15 negativos, dos quais extraíram-se 22 incidentes críticos positivos (ICP) e 30 negativos (ICN). Estes foram compilados em 6 categorias denominadas como Necessidades Básicas, Admissão e Permanência na UTI, Procedimentos Terapêuticos, Avaliação Física, Horário de Visita e Manifestação da Sexualidade. Os comportamentos da equipe de saúde extraídos dos incidentes críticos foram agrupados em 5 categorias, constituindo-se em Questão de Gênero, Proteção e Manutenção da Privacidade, Atitudes do Profissional, Orientação ao Cliente e Orientação à Equipe de Saúde. Da mesma forma, os comportamentos dos clientes identificados foram distribuídos em 3 categorias, definidas como Questão de Gênero, Proteção e Manutenção da Privacidade e Atitudes do Cliente. As conseqüências para a equipe de saúde e para os clientes oriundas dos incidentes constituíram 4 categorias, formuladas como Sentimentos Negativos, Sentimentos Positivos, Prejuízo na Qualidade da Assistência e Garantia da Qualidade da Assistência. A interpretação dos resultados evidenciou que a categoria de situação mais freqüente nos ICP foi Necessidades Básicas (21,2%) e entre os ICN foi Admissão e Permanência na UTI (15,4%). A categoria de comportamento da equipe de saúde que prevaleceu nos ICP (41,1%) e nos ICN (41,4%) foi Proteção e Manutenção da Privacidade, ao passo que a categoria de comportamento dos clientes predominante entre os ICP foi Questão de Gênero (45,1%) e nos ICN foi Proteção e Manutenção da Privacidade (59,6%). A categoria de conseqüência mais freqüente para a equipe de saúde entre os ICP foi Garantia da Qualidade da Assistência (41,1%) e para os clientes foram os Sentimentos Positivos (37,6%), evidenciando-se que prevaleceram Sentimentos Negativos nos ICN para a equipe de saúde (41,5%) e para os clientes (57,3%). Verificou-se melhor preparo da enfermagem para contornar problemas relacionados ao atendimento das necessidades básicas, porém denota-se despreparo e falta de habilidade para lidar com a maioria das situações. Constatou-se que equipe de saúde e clientes, principalmente a enfermagem, manifesta os mesmos sentimentos frente à exposição corporal do cliente durante a assistência. Evidenciou-se que os aspectos que garantem melhor qualidade à assistência para ambos são proteção da intimidade, respeito, confiança, orientação e compreensão da mesma, ao passo que as que mais prejudicam a qualidade da assistência são desproteção e invasão da intimidade, desconsideração do profissional pelo cliente e dificuldade da equipe em lidar com algumas situações. Denotam-se como fatores complicadores, a diferença de gênero entre cuidador e cliente e a disposição dos leitos nestas unidades, predispondo o cliente à exposição e dificultando o resguardo da privacidade. Emergiu a necessidade de se preparar melhor a equipe para contornar situações de conflito oriundas da exposição corporal, devendo-se considerar os aspectos sócio-culturais das pessoas envolvidas. Por fim, ressalta-se que a compreensão dos aspectos que permeiam a exposição corporal na esfera do cuidado é imprescindível quando se tem por objetivo a humanização no contexto da assistência à saúde. |
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"Exposição corporal do cliente na assistência em Unidade de Terapia Intensiva: incidentes críticos relatados por enfermeiras" "CLIENTS PHYSICAL EXPOSURE IN THE ATTENDANCE IN INTENSIVE CARE UNIT: critical incidents told by nurses"corpo nucritical incidentcuidado de enfermagemIncidente críticoIntensive Care Unitnaked bodynursing careprivacidadeprivacyUnidade de Terapia IntensivaO propósito desta investigação foi identificar e analisar os incidentes positivos e negativos, que envolveram a exposição corporal do cliente e a invasão da sua privacidade durante a assistência em Unidade de Terapia Intensiva, visto que para a realização de vários cuidados e procedimentos a nudez parcial ou total é inevitável. A população constitui-se de 15 enfermeiras lotadas em UTIs de atendimento ao adulto, no município de Maringá - PR. Como procedimento metodológico empregou-se a Técnica do Incidente Crítico (TIC), obtendo-se 30 relatos, 15 positivos e 15 negativos, dos quais extraíram-se 22 incidentes críticos positivos (ICP) e 30 negativos (ICN). Estes foram compilados em 6 categorias denominadas como Necessidades Básicas, Admissão e Permanência na UTI, Procedimentos Terapêuticos, Avaliação Física, Horário de Visita e Manifestação da Sexualidade. Os comportamentos da equipe de saúde extraídos dos incidentes críticos foram agrupados em 5 categorias, constituindo-se em Questão de Gênero, Proteção e Manutenção da Privacidade, Atitudes do Profissional, Orientação ao Cliente e Orientação à Equipe de Saúde. Da mesma forma, os comportamentos dos clientes identificados foram distribuídos em 3 categorias, definidas como Questão de Gênero, Proteção e Manutenção da Privacidade e Atitudes do Cliente. As conseqüências para a equipe de saúde e para os clientes oriundas dos incidentes constituíram 4 categorias, formuladas como Sentimentos Negativos, Sentimentos Positivos, Prejuízo na Qualidade da Assistência e Garantia da Qualidade da Assistência. A interpretação dos resultados evidenciou que a categoria de situação mais freqüente nos ICP foi Necessidades Básicas (21,2%) e entre os ICN foi Admissão e Permanência na UTI (15,4%). A categoria de comportamento da equipe de saúde que prevaleceu nos ICP (41,1%) e nos ICN (41,4%) foi Proteção e Manutenção da Privacidade, ao passo que a categoria de comportamento dos clientes predominante entre os ICP foi Questão de Gênero (45,1%) e nos ICN foi Proteção e Manutenção da Privacidade (59,6%). A categoria de conseqüência mais freqüente para a equipe de saúde entre os ICP foi Garantia da Qualidade da Assistência (41,1%) e para os clientes foram os Sentimentos Positivos (37,6%), evidenciando-se que prevaleceram Sentimentos Negativos nos ICN para a equipe de saúde (41,5%) e para os clientes (57,3%). Verificou-se melhor preparo da enfermagem para contornar problemas relacionados ao atendimento das necessidades básicas, porém denota-se despreparo e falta de habilidade para lidar com a maioria das situações. Constatou-se que equipe de saúde e clientes, principalmente a enfermagem, manifesta os mesmos sentimentos frente à exposição corporal do cliente durante a assistência. Evidenciou-se que os aspectos que garantem melhor qualidade à assistência para ambos são proteção da intimidade, respeito, confiança, orientação e compreensão da mesma, ao passo que as que mais prejudicam a qualidade da assistência são desproteção e invasão da intimidade, desconsideração do profissional pelo cliente e dificuldade da equipe em lidar com algumas situações. Denotam-se como fatores complicadores, a diferença de gênero entre cuidador e cliente e a disposição dos leitos nestas unidades, predispondo o cliente à exposição e dificultando o resguardo da privacidade. Emergiu a necessidade de se preparar melhor a equipe para contornar situações de conflito oriundas da exposição corporal, devendo-se considerar os aspectos sócio-culturais das pessoas envolvidas. Por fim, ressalta-se que a compreensão dos aspectos que permeiam a exposição corporal na esfera do cuidado é imprescindível quando se tem por objetivo a humanização no contexto da assistência à saúde. This study aimed at identifying and analyzing positive and negative incidents involving clients physical exposure and the invasion of their privacy during caregiving in an Intensive Care Unit (ICU) resulting from the need of partial or total nudity for the performance of various types of care and procedures. The population consisted of 15 nurses working in the ICU for adults in the city of Maringá PR, Brazil. The Critical Incident Technique (CIT) was used as a methodological procedure, thus obtaining 30 accounts of which 15 were positive and 15 were negative. From these, 22 positive critical incidents (PCIs) and 30 negative critical incidents (NCIs) were extracted. The incidents were compiled in 6 categories: basic needs, admission and permanence in the ICU, therapeutic procedures, physical evaluation, visiting hours and sexuality manifestation. The behaviors presented by the health team which were extracted from the critical incidents were grouped in 5 categories: gender-related questions, privacy protection and maintenance, attitudes from professionals, client orientation and health team orientation. The identified clients behaviors were distributed in 3 categories defined as gender-related questions, protection and maintenance of clients privacy and attitudes. The outcomes to the health team and clients stemming from the incidents comprised four categories formulated as negative feelings, positive feelings, impairment of caregiving quality and assurance of caregiving quality. The interpretation of results showed that the most frequent situation category in the PCIs was basic needs (21.2%), whereas in the NCIs, it was admission and permanence in the ICU (15.4%). The health teams behavior category which prevailed in the PCIs (41.1%) and in the NCIs (41.4%) was privacy protection and maintenance. The predominant clients behavior category in the PCIs was gender-related questions (45.1%) and in the NCIs it was privacy protection and maintenance (59.6%). The health teams most frequent consequence category in the PCIs was assurance of caregiving quality (41.1%), and the clients was positive feelings (37.6%). It was also shown that the category negative feelings prevailed in the NCIs for the health team (41. 5%) as well as for clients (57.3%). It was verified that the nursing staff was better prepared to deal with problems related to meeting basic needs; however, lack of preparation and skills to manage most situations was also observed. It was found that the health team and clients, particularly the nursing staff, showed similar feelings concerning the clients physical exposure during caregiving. Additionally, it was shown that the aspects ensuring better caregiving quality to both were intimacy protection, respect, trust, orientation and understanding with regard to such protection, whereas those which most frequently impaired caregiving quality were lack of protection, intimacy invasion, disregard of clients by the professionals and the teams difficulty in dealing with certain situations. Gender difference between the caregiver and the client was noted as a complicating factor in addition to the arrangement of beds in the units, which predisposes the client to exposure and impairs privacy protection. The need to better prepare the health team to cope with conflict situations stemming from physical exposure arose, while the sociocultural aspects of the individuals involved must be taken into account. Finally, it is pointed out that understanding the aspects which permeate physical exposure in the realms of caregiving is essential if the humanization of health care settings is to be achieved. 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O propósito desta investigação foi identificar e analisar os incidentes positivos e negativos, que envolveram a exposição corporal do cliente e a invasão da sua privacidade durante a assistência em Unidade de Terapia Intensiva, visto que para a realização de vários cuidados e procedimentos a nudez parcial ou total é inevitável. A população constitui-se de 15 enfermeiras lotadas em UTIs de atendimento ao adulto, no município de Maringá - PR. Como procedimento metodológico empregou-se a Técnica do Incidente Crítico (TIC), obtendo-se 30 relatos, 15 positivos e 15 negativos, dos quais extraíram-se 22 incidentes críticos positivos (ICP) e 30 negativos (ICN). Estes foram compilados em 6 categorias denominadas como Necessidades Básicas, Admissão e Permanência na UTI, Procedimentos Terapêuticos, Avaliação Física, Horário de Visita e Manifestação da Sexualidade. Os comportamentos da equipe de saúde extraídos dos incidentes críticos foram agrupados em 5 categorias, constituindo-se em Questão de Gênero, Proteção e Manutenção da Privacidade, Atitudes do Profissional, Orientação ao Cliente e Orientação à Equipe de Saúde. Da mesma forma, os comportamentos dos clientes identificados foram distribuídos em 3 categorias, definidas como Questão de Gênero, Proteção e Manutenção da Privacidade e Atitudes do Cliente. As conseqüências para a equipe de saúde e para os clientes oriundas dos incidentes constituíram 4 categorias, formuladas como Sentimentos Negativos, Sentimentos Positivos, Prejuízo na Qualidade da Assistência e Garantia da Qualidade da Assistência. A interpretação dos resultados evidenciou que a categoria de situação mais freqüente nos ICP foi Necessidades Básicas (21,2%) e entre os ICN foi Admissão e Permanência na UTI (15,4%). A categoria de comportamento da equipe de saúde que prevaleceu nos ICP (41,1%) e nos ICN (41,4%) foi Proteção e Manutenção da Privacidade, ao passo que a categoria de comportamento dos clientes predominante entre os ICP foi Questão de Gênero (45,1%) e nos ICN foi Proteção e Manutenção da Privacidade (59,6%). A categoria de conseqüência mais freqüente para a equipe de saúde entre os ICP foi Garantia da Qualidade da Assistência (41,1%) e para os clientes foram os Sentimentos Positivos (37,6%), evidenciando-se que prevaleceram Sentimentos Negativos nos ICN para a equipe de saúde (41,5%) e para os clientes (57,3%). Verificou-se melhor preparo da enfermagem para contornar problemas relacionados ao atendimento das necessidades básicas, porém denota-se despreparo e falta de habilidade para lidar com a maioria das situações. Constatou-se que equipe de saúde e clientes, principalmente a enfermagem, manifesta os mesmos sentimentos frente à exposição corporal do cliente durante a assistência. Evidenciou-se que os aspectos que garantem melhor qualidade à assistência para ambos são proteção da intimidade, respeito, confiança, orientação e compreensão da mesma, ao passo que as que mais prejudicam a qualidade da assistência são desproteção e invasão da intimidade, desconsideração do profissional pelo cliente e dificuldade da equipe em lidar com algumas situações. Denotam-se como fatores complicadores, a diferença de gênero entre cuidador e cliente e a disposição dos leitos nestas unidades, predispondo o cliente à exposição e dificultando o resguardo da privacidade. Emergiu a necessidade de se preparar melhor a equipe para contornar situações de conflito oriundas da exposição corporal, devendo-se considerar os aspectos sócio-culturais das pessoas envolvidas. Por fim, ressalta-se que a compreensão dos aspectos que permeiam a exposição corporal na esfera do cuidado é imprescindível quando se tem por objetivo a humanização no contexto da assistência à saúde. |
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